sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Passar o ano atrás das grades

Se quiséssemos exagerar de um modo caricatural, diríamos que existem três tipos de democratas: os que estiveram presos; os que estão presos; e os que ainda não estão presos. Pode-se e deve-se contrapor, e perguntar: mas não existem também republicanos – políticos, militantes, simpatizantes, apoiantes – que têm ou que tiveram problemas com a lei? Sem dúvida, e disso já demos um exemplo (entre outros possíveis) aqui no Obamatório. Porém, a propensão dos «azuis» para a ilegalidade é claramente superior à dos «encarnados»…
… E este ano de 2011 ficou marcado, entre outros casos, pela condenação a (pesadas) penas de prisão de dois homens, ambos por crimes de corrupção e de extorsão, que foram aliados muito próximos de Barack Obama, e não só no início da sua carreira pública e política: Rod Blagojevich (14 anos) e Antoin «Tony» Rezko (10 anos e meio). Este, «empresário» nas áreas do imobiliário e da restauração, já estava encarcerado e vai passar o ano atrás das grades, enquanto o ex-governador do Illinois vai aguardar em liberdade o resultado de um recurso. Entretanto, começa já em Janeiro – a não ser que o pedido de adiamento seja aceite – o julgamento de mais um grande nome dos «burros»: John Edwards, ex-senador e ex-candidato a presidente e a vice-presidente (com John Kerry em 2004), que é acusado de conspiração e de violação da lei das finanças eleitorais, e que, se condenado, poderá passar 30 anos (!) na prisão. Outro democrata proeminente cujo julgamento em tribunal é uma possibilidade cada vez maior: Jon Corzine. O ex-governador de Nova Jersey – derrotado em 2009 por Chris Christie – tentou explicar numa audiência no Congresso, mas sem grande sucesso, o que aconteceu a mais de um bilião de dólares que desapareceram das contas de clientes da companhia de investimentos MF Global, de que ele foi CEO.
Não se pense, no entanto, que entre os democratas a vontade de deitar a mão a valores e a votos alheios se restringe aos «peixes graúdos»: os «peixes miúdos» também mostram amiúde vontade de «progredir na carreira». Dois exemplos: Mary Hayashi, representante autárquica na Califórnia, foi detida em flagrante e acusada por roubo (de roupa) – ironicamente, um dos seus pelouros é a defesa do consumidor (!); Michael Loporto, também representante autárquico, mas em Nova Iorque, que admitiu ser culpado num caso de fraude eleitoral (falsificação de documentos de inscrição de eleitores), juntamente com três cúmplices.
Enfim, há aqueles cuja ausência numa prisão ou num tribunal provoca espanto. Como James Hoffa Jr. e Richard Trumka, que são talvez os mais poderosos líderes de confederações sindicais dos EUA, organizações que, naquele país, têm um perfil quase para-criminal: extorsão, intimidação e até agressão são prácticas a que recorrem regularmente para atingir os seus objectivos, que envolvem normalmente o apoio a políticos democratas e a oposição a republicanos. E como Barney Frank, representante do Massachusetts que, finalmente, decidiu «reformar-se» da política; incrivelmente, nunca foi judicialmente acusado pela sua (ir)responsabilidade no colapso do mercado imobiliário sub-prime que, por sua vez, causou a crise financeira mundial de 2008… nem pela sua cumplicidade no negócio de prostituição homossexual masculina montado por um dos seus «namorados» na sua própria casa! Foram mais de 30 os anos em que Frank serviu no Congresso, e cada um deles representou como que um annus… horribilis. Boas saídas e melhores entradas é o que (não) lhe desejamos.    
Que 2012, na política norte-americana, não seja «horrível» é o voto do Obamatório. Mas disso só poderemos ter a certeza a 7 de Novembro…          

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

O «Grinch» existe…

… E o seu verdadeiro nome é Barack Obama. Seria de esperar que, após quase três anos a fazê-lo, o actual presidente norte-americano já se tivesse convencido de que é completamente inútil, e até contraproducente, insultar e provocar sistematicamente o Partido Republicano, os seus membros, simpatizantes e apoiantes, e todos os conservadores em geral – e essas «faltas de civilidade», ou pelo menos as principais, o Obamatório tem tentado divulgar. Mas não: apesar das várias vezes em que o «tiro» lhe saiu pela «culatra», o Nº 44 continua a insistir. Obama, obcecado? Que ideia…
A atoarda mais recente foi, imagine-se, dizer ao GOP para «não ser um "Grinch"»! Atoarda que, aliás, não tardaria a ser repetida, «papagueada», por uma «jornalista» da CBS. Aqueles que conhecem a personagem criada por Theodor «Dr. Seuss» Geisel, e encarnada, entre outros, por Jim Carrey num filme realizado por Ron Howard, sabem que o «Grinch» é um ser (imaginário) desagradável, que não só não gosta do Natal como tenta «roubá-lo», «destruí-lo». E qual é a inacreditável ironia aqui? É que foi o próprio Barack Obama, através do Departamento da Agricultura, a querer, aparentemente, «estragar» as festividades, ao propor a aplicação de uma taxa de 15 cêntimos – logo, aumentando o preço no mesmo valor – em cada árvore de Natal vendida! Porém, e perante a (previsível) contestação que começou a esboçar-se, a medida foi «adiada». Pelo que se o Sr. Hussein for reeleito no próximo ano é bem possível que então fique mais caro, em «comemoração da vitória», decorar uns ramos de pinheiro… Entretanto, isso não impede que a grande árvore em frente ao Capitólio tenha, não uma referência ao nazareno, mas sim ao havaiano – afinal, sempre é suposto ele ser o (novo) Messias…
Há que reconhecer, no entanto, que «taxar a árvore» nem é das afrontas mais graves que democratas, «progressistas» e esquerdistas regularmente – isto é, todos os anos em Dezembro – cometem contra o Natal. Desde há vários anos que se assiste nos EUA a uma autêntica guerra «politicamente/culturalmente correcta» ao carácter religioso da celebração, principalmente em entidades públicas mas não só. Abundam os casos de proibições, umas tentadas, outras concretizadas: de dizer e/ou de escrever, isto é, desejar, «Feliz Natal» («Merry Christmas»), impondo, em substituição, o mais «neutro» «Boas Festas» («Happy Holidays»); e de exibir figuras representando o Pai Natal, e Jesus, a Virgem Maria e os Reis Magos (exactamente, presépios) – ou, pelo menos, só autorizadas se existir, simultaneamente, a exibição de «símbolos do solstício». No fundo, o objectivo último é tirar o «Christ» de «Christmas». Do outro lado do Atlântico ninguém, nos últimos 15 anos (desde que a Fox News Channel começou), tem feito mais do que Bill O’Reilly para denunciar e combater estes disparates. Vejam-no e ouçam-no, só neste último mês: a recordar batalhas passadas; a zurzir numa escola do Texas e no governador de Rhode Island; a arrasar os serviços de correio do Congresso. Como ele, correctamente, lembra, o Natal é um feriado federal nos EUA, é (um)a «lei da Nação», e não uma palavra em relação à qual se deva ter vergonha.
Nada disto, claro, tem importância para a esquerda «secular» em geral e para os «burros» em particular. Mas que bom que seria que eles, neste assunto como em outros, se limitassem à crítica, mesmo que desabrida, e não se atrevessem ainda à profanação. Um exemplo? A 9 de Dezembro último, uma secção do PD de Houston realizou a sua «holiday party»… numa clínica da Planned Parenthood! Sim, isso mesmo: «celebraram» o nascimento de uma criança num local onde se fazem abortos! Muito sinceramente, começo a duvidar de que existam limites para a degenerescência dos democratas. Todavia, que a repulsa que eles suscitam não seja suficiente para impedir que tenhamos… um Feliz Natal!   

domingo, 18 de dezembro de 2011

Falta de «chá» (Parte 2)

Há quase exactamente dois meses (a 19 de Outubro), comentando os «ocupas de Wall Street» (e de outros locais), escrevi: «A questão principal que deve ser colocada é se a violência continuará a ser apenas (pouco mais do que) verbal (além das “palavras de ordem”, ameaças, actos de vandalismo, roubos, desobediência e consequentes detenções, (alegadas) violações)… ou se passará a ser literal e mais grave, isto é, com feridos e mortos. Há quem pense que isso é muito provável (e desejável?)»
Pois é: a violência deixou de ser apenas verbal; houve mesmo feridos e mortos; houve mesmo casos de violação, de assalto e de assédio sexual; venda e consumo de droga; perturbação geral da ordem pública e vandalismo. O que começou por ser (apenas, aparentemente) ingenuidade, irresponsabilidade e imbecilidade, degenerou em criminalidade. E chegou-se a um ponto em que até mayors democratas disseram «basta!» Aos «flea-baggers» foi dito que tinham de sair. Mas não o fizeram – não o estão a fazer – silenciosamente e pacificamente. E quando se recusam… arriscam-se a serem espancados, gaseados e presos.
Não se deve ter pena deles: a lista completa de ilegalidades é longa, diversificada… e assustadora. Porém, de entre o quadro geral há casos particulares que devem ser salientados: há quem apele a que… não sejam denunciados crimes; há crianças que são amedrontadas quando vão para a escola; outras que estão em tendas onde se comercializa heroína; ameaças de lançamento de cocktails Molotov… contra lojas cheias de pessoas; (tentativas de) paralisação de portos, impedindo assim o transporte de mercadorias… para todos, e não só para os «ricos»; interrupções de intervenções públicas de candidatos republicanos, como Michele Bachman e Newt Gingrich;  despedimentos em empresas prejudicadas pelas ocupações. Aliás, a questão do trabalho é tão só uma das várias em que se verificam contradições e incongruências – umas hilariantes, outras nem tanto – por parte dos «ocupas»: dizem não ter – e querer – empregos, mas rejeitam uma iniciativa que pretende precisamente solucionar esse problema; vociferam contra os bancos, mas não deixam de fazer depósitos neles; preconizam (?) a igualdade, mas subdividem-se em «classes» situadas em zonas diferentes!             
Entretanto, e por causa de todos estes episódios desagradáveis e degradantes, a esquerda em geral, o Partido Democrata em especial e a (cúmplice) comunicação social têm vindo a alterar o seu posicionamento perante os supostos representantes dos «99%»: há sinais de distanciamento e até mesmo de alguma «autofagia» - é sempre útil desmascarar os hipócritas de Hollywood… Enfim, a ocupação (de Wall Street e não só) é um falhanço: pretendia ser a resposta «progressista» ao Tea Party mas os dois movimentos não poderiam ser mais diferentes. E não só em civismo e em eficácia: um foi claramente mais protegido, e até privilegiado, em relação ao outro. Enquanto os «ocupas» puderam permanecer gratuitamente, e durante semanas, em espaços que sujavam ou mesmo destruíam, deixando a outros a «conta», os «fartos de impostos» («Taxed Enough Already») pagaram os custos, e submeteram-se aos formalismos burocráticos, inerentes à utilização legal – sempre por um dia – desses espaços. Pelo que, cada vez mais, e compreensivelmente, se fala em (exigir a) devolução do dinheiro despendido. Então uns são «filhos» e outros são «enteados»? No entanto, não há dúvida: os primeiros têm falta de «chá». E muita!

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Powell: «powerless»

Se me fosse pedido um nome que, no panorama político norte-americano contemporâneo, melhor pudesse corporizar o conceito de «traidor», eu não teria quaisquer dúvidas na minha escolha: Colin Powell.
Em 2008, ao dar publicamente o seu apoio (e o seu voto) a Barack Obama, Colin Powell traiu John McCain não de uma, não de duas, mas sim de três maneiras: enquanto «amigo», enquanto antigo «camarada de armas» (ambos foram militares e são veteranos do Vietnam) e enquanto membro do mesmo partido. O ex-secretário de Estado, aliás, levara o seu cinismo ao ponto de, previamente, ter contribuído financeiramente para a campanha do senador pelo Arizona. E, por mais justificações que desse para a sua decisão, a certeza impôs-se quanto ao verdadeiro motivo daquela: racismo – a vontade de ver um «irmão de cor» como Presidente dos EUA, não obstante as diferenças ideológicas, o passado duvidoso e as reduzidas qualificações do então senador pelo Illinois e candidato pelo Partido Democrata.
Desde esse dia de infâmia… para si próprio, Colin Powell tem-se mantido mais ou menos discreto. Porém, quando «volta à superfície» é para, invariavelmente, directa ou indirectamente, criticar o campo que já foi o seu. Nomeadamente: o Partido Republicano, que ainda tem um «problema» com o racismo; os partidários (do GOP) que continuam a «atirar» sobre Barack Obama, tentando «deitá-lo abaixo e destruí-lo como figura política»; os elementos da «franja» (direitista) que criticam o presidente, não a propósito dos assuntos (relevantes), mas sim de «absurdos»; os «birthers» (entre eles Donald Trump), que foram «arrasados» quando Obama mostrou a sua certidão de nascimento; Dick Cheney, que na sua autobiografia fez referências menos elogiosas ao general; o Tea Party que, por insistir num «tom divisivo» e não querer fazer compromissos, não conseguirá produzir um candidato presidencial ganhador. No entanto, não teve para com os «Ocupas» (de Wall Street e de outros locais) palavras igualmente ácidas, pelo contrário: protestos como aqueles «são tão americanos como a tarte de maçã»!       
Todavia, ele já veio anunciar que (ainda) não está comprometido quer com Barack Obama quer com um candidato republicano para 2012. Que «desilusão»! Mal podemos esperar pela sua decisão! Agora a sério: querem ver um exemplo de um autêntico «Uncle Tom»? Olhem para Colin Powell. Oportunista, patético, impotente… powerless. Uma vergonha.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Jon Huntsman teria uma hipótese…

… Apesar de pequena e remota, de, enquanto candidato presidencial, conseguir a nomeação pelo Partido Republicano se deixasse de acreditar nessa fraude chamada «aquecimento global». Isto é algo que eu já pensei, que eu já disse para mim mesmo há bastante tempo. Entretanto, e aparentemente, o antigo governador do Utah poderá estar a fazer isso mesmo; e não se pode dizer que se trata de uma mudança de opinião por conveniência política – isto é, um flip-flop – mas sim, pura e simplesmente, por reconhecer que já são mais do que suficientes as provas de que os «dados» foram forjados e de que o alegado «consenso» no assunto é uma mistificação. E, na verdade, o escândalo (o furacão?) conhecido como «Climategate» não só não acalmou como continua, pelo contrário, a causar devastação entre os vigaristas que se apresentam como cientistas.
Se for definitivamente removido dos seus ombros o «fardo» que a crença nas supostas «alterações climáticas» representa para as suas aspirações, poucas ou nenhumas dúvidas restarão: Jon Huntsman é, dos sete que ainda permanecem na corrida, o melhor, o mais consistente e o mais credível dos candidatos republicanos. Também é mórmon e tem experiência executiva tanto no sector público como no sector privado… mas, ao contrário de Mitt Romney, não tem uma «história» de contradições nas suas posições nem fez aprovar algo parecido com o «RomneyCare» - do qual, aliás, é opositor, tal como do «ObamaCare». Também teve enquanto governador um excelente desempenho na economia e na criação de empregos no seu Estado… mas, ao contrário de Rick Perry, nunca foi democrata nem – horror! – apoiante de Al Gore. Enfim, em relação a Newt Gingrich… bem, diga-se apenas que se ficou pela primeira esposa e que não há indícios de infidelidade da sua parte, e o único momento de humor televisivo que protagonizou foi no programa Saturday Night Live e não num anúncio com – maior horror! – Nancy Pelosi.
Outro «pecado» que eventualmente lhe poderão (continuar a) apontar é o de ter sido, até Abril último, embaixador dos EUA na China por nomeação de Barack Obama. Porém, a sua carreira diplomática – com um enfoque especial na Ásia e no Pacífico – vem de longe: por nomeação de George H. Bush foi também embaixador em Singapura. Trabalhou em Taipé, na Formosa. E colaborou igualmente nas administrações de Ronald Reagan e de George W. Bush.             
Jon Huntsman, compreensivelmente, não se cansa, sempre que tem uma oportunidade, de recordar o seu currículo e as suas credenciais – como, por exemplo, numa entrevista recente a Sean Hannity. Erick Erickson, outro conservador influente, admitiu que, perante as más opções que são Gingrich e Romney, iria reconsiderar a sua rejeição inicial do antigo governador. E três das filhas deste não têm regateado o seu apoio bem-humorado ao pai. No entanto, tudo isto, provavelmente, não será suficiente e vem tarde de mais para o tornar um sério competidor. Não obstante o seu apelido, o «caçador» terá deixado escapar a «presa».   

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Michelle ou Michele?

Na semana passada, e quase ao mesmo tempo (pouco mais de um dia de intervalo), tanto Michelle Obama como Michele Bachmann foram desrespeitadas em público. A primeira-dama dos EUA foi vaiada por uma parte do público que assistia, em Miami, a uma corrida do campeonato automobilístico NASCAR. A congressista e candidata presidencial foi convidada por Jimmy Fallon a participar no programa daquele… e a sua entrada no estúdio foi feita ao som de uma canção chamada «Lyin’ Ass Bitch».
Qual das duas tem mais razões de queixa? Qual das duas pode dizer que foi mais ofendida do que a outra? Michelle, alvo de um protesto espontâneo mas inócuo, ou Michele, alvo de um insulto premeditado e cobarde? É indubitável que é a segunda. E esta evidência não é condicionável ou alterável por divisões político-ideológicas, comparações entre as coberturas mediáticas dos dois casos, o que Rush Limbaugh disse ou não disse… e os (sinceros?) pedidos de desculpas apresentados pelos (ir)responsáveis da («surpresa»!) NBC.   
Em última análise, tratou-se de mais um caso – e são já tantos! – de (tentativa de) destruição do carácter de uma mulher política conservadora. Mais uma vez, os tão «tolerantes» liberais pouco mais fazem do que chamar «nomes feios» aos adversários… e, se não é a falar,  é a cantar. «Criatividade» não lhes falta.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Vai chamar «preguiçosos»…

… A outros! Preguiçoso és tu! Estas podem ter sido as reacções, as respostas imediatas e compreensíveis de muitos norte-americanos quando, na semana passada, e durante uma conferência no âmbito da Cooperação Económica Ásia-Pacífico realizada no Havai (território que, para Barack Obama, fica na Ásia!), ouviram o presidente a queixar-se de que os EUA têm sido um pouco «preguiçosos» na captação de investimento externo nos últimos 20 anos – período de tempo que inclui, note-se, não só as presidências dos dois George Bush (pai e filho) mas também a de Bill Clinton…
Na verdade, não constituiu uma surpresa que, mais uma vez (e já foram tantas!), o Nº 44 tenha, junto de estrangeiros, criticado, desvalorizado e até troçado (d)os seus compatriotas e/ou (d)o seu país, que considera já ter sido ultrapassado (pelos chineses) e pelo qual já pediu desculpa (aos muçulmanos)… Novamente mostrou não ter uma atitude e um comportamento «presidenciáveis», mas este incidente revestiu-se de uma ironia especial: é que o próprio Barack Obama, sempre ansioso, pressuroso, em aprovar a sua «jobs bill» (que é, sim, mais um plano de estímulo – leia-se «de despesa» - disfarçado) e em acusar o(s republicanos do) Congresso de nada fazer(em) para dinamizar a economia, se mostrou efectivamente… preguiçoso ao (não) tomar, recentemente, decisões que afectam – isto é, impedem – a aplicação de investimento e a criação de empregos!
São dois os casos principais em questão que demonstram aquela asserção. O primeiro é o da iniciativa da Boeing de construir uma nova fábrica na Carolina do Sul; o «problema» é que naquele Estado vigora o «right to work», ou seja, tem uma lei que proíbe a inscrição obrigatória em sindicatos, e estes, tradicionais apoiantes dos democratas, não hesitaram, por si próprios e através do National Labor Relations Board (um organismo do governo federal) em contestar (judicialmente) e em (tentar) impedir o investimento (interno) da conhecida companhia aero-espacial. O segundo caso é o da intenção da empresa TransCanada de construir um novo oleoduto (o Keystone XL) desde Alberta até ao Golfo do México; o «problema» é que, para não hostilizar os ecologistas – incluindo algumas «estrelas hollywoodescas» - que também são tradicionais apoiantes dos democratas, Barack Obama adiou a tomada de uma decisão para 2013… sim, exactamente, para depois da eleição presidencial!   
Porém, não se pense que estes são os únicos exemplos de sobreposição dos (seus) interesses políticos aos económicos por parte da actual administração norte-americana: sabe-se agora que o Departamento de Energia pediu à Solyndra que adiasse o anúncio de despedimentos para depois das eleições de Novembro de 2010 para, assim, não prejudicar (mais) os resultados dos democratas… Enfim, é sempre útil saber quais são as verdadeiras prioridades de quem ocupa a Casa Branca.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Recordar Mark Twain…

… Que disse, no final da sua vida, e a propósito de um seu obituário prematuramente publicado, que «as notícias da minha morte são grandemente exageradas», é o que me ocorre fazer quando leio as «previsões», ou até mesmo as «determinações» sumárias da «morte política» - ou, pelo menos, «morte política» na presente campanha presidencial norte-americana – de alguns candidatos, nomeadamente Herman Cain e Rick Perry.
É, na verdade, muito arriscado, atrevido, e até ridículo, estar a afirmar peremptoriamente, «preto no branco», que determinada pessoa está em «queda» (irreversível) ou que chegou ao «fim» («the end»!), porque cometeu (disse) um ou outro erro ou porque surgiram algumas alegações prejudiciais, e até acusações, quanto ao seu passado pessoal e/ou profissional. Regresse-se à realidade: a «queda» e o «fim» em política, e mais concretamente numa eleição específica, só acontecem a um candidato em três circunstâncias. Primeira, quando ele morre (mesmo!). Segunda, quando ele desiste (como fez Tim Pawlenty). Terceira, quando perde nos votos – uma, duas, três, várias vezes, todas as vezes, e/ou a última e decisiva vez. Não acontecem porque «especialistas (não muito) encartados» o dizem.
Herman Cain e Rick Perry não estão afastados da «corrida», e não só porque (ainda) não preenchem os três «requisitos» acima referidos. É também porque, em última análise, concorrem, não tanto um contra o outro e ambos contra os restantes candidatos pelo Partido Republicano, mas sim, principalmente, contra Barack Obama – contra o que este disse e, principalmente, contra o que fez (ou não). Compare-se: é assim tão grave que Perry tenha estado 53 segundos a tentar lembrar-se (e não conseguiu…) de qual era o terceiro departamento federal que extinguiria se fosse presidente… comparado com Obama a dizer que já tinha visitado «57 Estados»? É assim tão grave que Cain demonstre ter algumas deficiências na área das relações internacionais… comparado com Obama a dar a entender que pensa(va) que existe(ia) uma «língua austríaca»? Portanto, que tal um pouco de perspectiva, se fazem favor?
A «branca» de Rick Perry não tardou em ser (bem) aproveitada, com humor, pelo próprio e pela sua candidatura, que de imediato desafiaram os norte-americanos a indicarem qual o sector da burocracia governamental que gostariam de «esquecer»; a falha do governador do Texas poderá até ter servido para humanizá-lo e aproximá-lo ainda mais dos eleitores.
Quanto a Herman Cain… quase é preciso escolher por onde começar a desmontar a campanha de destruição que contra ele tem vindo a ser construída. Comportamentos impróprios? Compare-se com outro presidente democrata, Bill Clinton. Este, indubitavelmente, foi adúltero com várias mulheres, antes e depois de entrar na Casa Branca - com, por exemplo, e respectivamente, Gennifer Flowers e Monica Lewinski; e várias outras mulheres queixaram-se de terem recebido «propostas indecentes» de Bubba, como Paula Jones… e Kathleen Willey, que, agora, é apoiante de Cain! E no que se refere à frente externa… pois, está bem: alguma incerteza quanto à Líbia e incapacidade em dizer o nome do presidente do Uzbequistão. E daí? George W. Bush, quando se candidatou pela primeira vez, foi ridicularizado por não saber o nome do então presidente do Paquistão (Pervez Musharraf)… mas isso não o impediu de vencer e de estabelecer com o seu homólogo paquistanês uma ligação privilegiada na guerra contra o terrorismo. Agora, o que é mesmo incorrecto, e até indigno, é Hillary Clinton troçar da ignorância de um seu compatriota, mesmo que adversário político, em companhia de… Hamid Karzai, o «aliado» presidente do Afeganistão que se tem «distinguido», entre outras acções «beneméritas», por não atenuar – e até atiçar – os conflitos entre muçulmanos e cristãos, e afirmar que se colocaria ao lado do… Paquistão num eventual conflito entre aquele e os EUA! E aqui Cain estaria à vontade: ele pode (ainda) não ter certezas quanto a assuntos diplomáticos mas tem-nas sobre assuntos militares, já que foi especialista em balística na Marinha norte-americana e sabe muito bem que sistemas de mísseis (e outros) o país tem e pode utilizar em caso de conflito.
Numa campanha, numa «corrida» eleitoral, se é longa («maratona» e não «100 metros»), há sempre oportunidades para saltar para a frente… e cair para a retaguarda; e vice-versa. Nos EUA isso é ainda mais verdade. Veja-se Newt Gingrich: está a ressurgir nas sondagens e a aproximar-se do topo das preferências, mas quem iria prever isto quando, há poucos meses, estava perto do último lugar depois de ter criticado Paul Ryan e de vários dos seus colaboradores o terem deixado? E há que não esquecer outros factos que ainda o poderão prejudicar, entre os quais a sua ligação (muito bem remunerada) à Freddie Mac, a sua conta na Tiffany's, a sua (ocasional?) adesão à teoria - isto é, fraude - do «aquecimento global» e, claro, os seus divórcios... que, segundo Ann Coulter, o tornam «oficiosamente» inelegível. Nunca algum homem (previamente) divorciado se tornou presidente... com uma excepção: Ronald Reagan - mas este foi o abandonado (pela actriz Jane Wyman, sua primeira esposa) e não o que abandonou (como, por exemplo, John McCain...)
Assim, e por tudo isto, concluamos recorrendo novamente às irónicas palavras do autor das aventuras de Tom Sawyer e de Huckleberry Finn: «arranjem primeiro os vossos factos, e depois podem distorcê-los como quiserem.»  

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Hipócritas sem hipóteses

Diz-se que «mais depressa se apanha um mentiroso do que um coxo». E também se pode dizer que «mais depressa se apanha um hipócrita do que um mentiroso». Num contexto ultra-mediático como é o actual, com múltiplos e diversificados canais e recursos, dificilmente os hipócritas têm hipóteses de «escapar» a serem desmascarados.
O panorama político-cultural nos EUA não cessa de fornecer exemplos dessa evidência. Comece-se por Michael Moore: sempre pronto a criticar o capitalismo (o tema, aliás, do seu filme mais recente), não surpreendeu que viesse a público apoiar o movimento «Occupy Wall Street» e todas as suas «réplicas» a nível nacional. Porém, nem tudo lhe tem corrido bem desde então: irritou-se quando um repórter (da CBS) lhe perguntou se a sua fortuna – avaliada em 50 milhões de dólares – o tornava parte dos alegados «1%»… contra os quais os «ocupas» protestam; e talvez tenha lido um artigo escrito pelo produtor Gavin Polone e publicado no Hollywood Reporter, em que se descreve um acordo financeiro, feito em 2005, por uma empresa cinematográfica (a dos irmãos Weinstein) com… a Goldman Sachs, e do qual Moore foi um dos maiores (e poucos) beneficiados.
Na verdade, é uma característica comum a muitos «liberais» e «progressistas» a tendência para, frequentemente, «morderem a mão» de quem lhes «dá de comer». O Partido Democrata não tardou a receber inúmeros avisos vindos de uma certa rua em Nova Iorque assim que dirigentes daquele – a começar pelo actual presidente do país – começaram a manifestar simpatia e até apoio pelos «ocupas». Habituais financiadores dos «burros» avisaram: «não podem tê-lo de duas maneiras». E um empresário milionário, democrata… e afro-americano, Robert Johnson, foi claro: «penso que o presidente tem de recalibrar a sua mensagem. Não se consegue que as pessoas gostem de ti atacando-as ou rebaixando o sucesso delas.» E ainda criticou Barack Obama por optar pela demagogia «simplesmente porque Warren Buffet diz que paga mais (impostos) do que a sua secretária.»
E, ocasionalmente, nem é preciso que outros denunciem os hipócritas: os próprios se encarregam disso. Graças a um microfone ligado desapareceram as dúvidas (que já não eram muitas…) sobre o que o Sr. Hussein pensa do actual primeiro-ministro israelita; e certamente que Benjamin Nathaniahu não seria tão desrespeitado por um «comandante em chefe» republicano… qualquer que ele fosse. Como, por exemplo, Herman Cain, que actualmente enfrenta a pior das hipocrisias, a da «isenta» comunicação social, que, no que se refere a alegados casos de «assédio (ou abuso) sexual», dão ao candidato do GOP um destaque muito, muito maior do que os que deram a Bill Clinton e a John Edwards.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

«Recuperação» duvidosa

É verdade que não é a primeira vez que acontece, mas desta vez o «coro» dos meus estimados colegas-da-blogosfera-nacional-que-analisam-a-política-nos-EUA mostrou-se mais «afinado» do que nunca. A 2 de Novembro: «Obama recupera». No mesmo dia, três horas antes: «Obama recupera». A 15 de Outubro: «Barack dá sinais de vida».
Quem não soubesse do que se tratava poderia pensar, apenas pela leitura dos títulos, que o presidente norte-americano tinha sobrevivido a um grave acidente ou a uma doença… Mas não: o tema em comum era a alegada «recuperação» de Barack Obama nas sondagens, isto é, o (suposto) aumento da sua popularidade, e o (hipotético) retomar da iniciativa política por parte da sua administração. Porém, «desalinhado» e melhor informado como habitualmente, o Obamatório esclarece: quando muito, o Sr. Hussein viu diminuída, um pouco, a sua impopularidade; o seu «saldo» continua a ser negativo, pelo que o seu «estado» continua a ser… crítico.
E mesmo que se tratasse de um problema de saúde, do «ObamaCare» dificilmente viriam benefícios. O próprio Barack já admitiu que os custos irão aumentar… e, com tanta pressa em ver concretizada a sua «obra», até se engana no calendário de aplicação… O que já antes se verificava mantém-se e até se acentuou: são cada vez maiores e mais evidentes as desvantagens da «reforma» do sistema de saúde aprovada em 2009. Com efeito, o governo federal vai: desenhar um «pacote de benefícios básicos»… para cerca de 70 milhões de norte-americanos que já têm um seguro de saúde (!); exigir às seguradoras as informações e os dados constantes nos ficheiros dos seus clientes; obrigar todos os contribuintes a subsidiar abortos, contracepções e esterilizações – mesmo os que, por motivos religiosos (como os cristãos), se oponham. Alguém falou em «Grande Irmão»?          
Além de que, como não podia deixar de ser, deverá aumentar o tempo de espera para receber cuidados de saúde. Mas isso, segundo Michael Moore, não é um problema para os «americanos patriotas». E, em alternativa, ele poderá levá-los para Cuba, esse país democrático e desenvolvido…

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

… Como os democratas?

O dia 31 de Outubro significa, nos EUA, o Dia… das Bruxas (e de outros seres maléficos e sobrenaturais), isto é, o Halloween. E aqui no Obamatório voltamos a assinalar esta data, com humor, como convém…
… E neste ano de 2011 o destaque é dado a «The Ghost Breakers», um filme de 1940 realizado por George Marshall e protagonizado por Bob Hope. Porquê esta escolha? Porque a minha filha mais velha, nos seus regulares «passeios» pelo You Tube, encontrou e indicou-me este breve, extraordinário e hilariante excerto, que, ainda hoje, ajuda a «explicar» tanto do que se passa do outro lado do Atlântico. O enredo envolve um castelo (mal) assombrado onde, para além de um fantasma, existe um zombie. Diz a personagem Geoff Montgomery: «É pior do que horrível porque um zombie não tem vontade própria. É vê-los por vezes andarem às voltas cegamente, com olhos mortos, seguindo ordens, não sabendo o que fazem, não se preocupando.» Responde a personagem Larry Lawrence (desempenhada por Hope): «Quer dizer, como os democratas?»  
Sim, os tempos mudaram! Os democratas e os seus apoiantes liberais não só recusaram ser retratados como mortos-vivos como «devolveram» a descrição aos republicanos e aos seus apoiantes conservadores. Não através de uma simples piada numa comédia ingénua mas sim de um vídeo-jogo em que personalidades da política e da comunicação social como Brit Hume, Michele Bachman, Mike Huckabee, Newt Gingrich, Rick Santorum, Sarah Palin, Sean Hannity e Bill O’Reilly são apresentados como zombies prontos a serem massacrados. Estará o entretenimento electrónico de mau gosto abrangido pela «nova civilidade no discurso» pedida por Barack Obama? Provavelmente não porque, como já tantas vezes demonstrámos aqui, parece que só ao GOP é exigida contenção, e a «demonização» (vem mesmo a propósito…) de líderes democratas é «irresponsável», como se queixou Debbie Wasserman Schultz. Que depois pode, como todos os seus «camaradas», acusar os republicanos de quererem (ou, pelo menos, não se importarem) que americanos morram. 
Porém, não é «demonização» dizer, como fez Paul Ryan, o indesmentível: que os democratas, a começar por Barack Obama, têm usado (e abusado) de uma «retórica polarizadora que põe classe contra classe», e que propicia a proliferação da inveja, do medo e do ressentimento. Sentimentos que até poderiam ser apropriados… para o Halloween, mas não para a realidade do dia-a-dia. A estratégia de confronto e de perversão (de princípios, de conceitos basilares dos EUA) seguida pela actual administração tem estado a contribuir para que muitos norte-americanos se vejam a percorrer, mesmo que involuntariamente, como que uma «estrada para o Inferno». E este, como relembra Andrew Klavan, está cheio de (aparentes) «boas intenções» que tantas vezes trazem más consequências.     

domingo, 23 de outubro de 2011

O drama de Obama

Enquanto se foi tornando (mais) conhecido e até pouco depois de tomar posse como presidente, Barack Obama chegou a ser cognominado de «No Drama Obama» - porque, supostamente, ele se caracterizava pela sua calma, pelo seu tom conciliador acima das querelas político-partidárias, pela sua capacidade em unir uma nação desavinda e desunida. Não que isso alguma vez tivesse sido mesmo verdade…
Porém, agora, poucas dúvidas restam de que o Nº 44 é um(a) autêntico(a) «drama queen», sempre a exagerar (ainda mais) os floreados retóricos, e sempre pronto para fazer quer ameaças veladas (ou nem tanto…) quer exigências irrazoáveis quer súplicas arrevesadas… E parece passar rapidamente de umas para outras como que demonstrando uma indesejável instabilidade emocional para quem desempenha um cargo tão importante… No entanto, e em contrapartida, mostra ter um «talento» considerável para representar, para fazer figuras (tristes), enfim, para o teatro… ou (dadas as câmaras que normalmente o acompanham) para cinema e para a televisão. Assim, e quando se «celebram» os seus primeiros 1000 dias como presidente dos EUA, passemos em revista alguns dos seus mais recentes e notáveis «desempenhos»…
… No «drama épico». Barack Obama regularmente lança algumas «bravatas»… que, contraditórias, não soam muito convincentes: apelou a que «não se permita que o povo americano seja um dano colateral na guerra política em Washington»; ordenou aos seus conselheiros que descobrissem «como aprovar projectos de estímulo sem autorização adicional do Congresso»; pediu que «se colocassem de lado ressentimentos pessoais em prol do bem maior»; exigiu aos seus «irmãos» que «parem de se queixar e marchem (por ele)». Ao que a sempre «subtil» Maxine Waters, sem dúvida a pensar na superior taxa de desemprego entre os afro-americanos (em relação à média nacional), respondeu que «Obama nunca diria aos judeus ou aos gays para pararem de se queixar.» Curiosamente, o presidente poderia repreender-se a si próprio, porque se… queixou de que os EUA «costumavam ter as melhores coisas» (agora é a China que as tem).
… No «melodrama». Barack Obama ocasionalmente tem os seus momentos de «sinceridade», de fraqueza (?), de «carência»: declara que «perdemos a nossa ambição, a nossa imaginação, e a nossa vontade de fazer coisas (como a ponte Golden Gate, em São Francisco)»; admite que «o povo americano não está melhor agora do que estava há quatro anos»… embora esteja convencido de que «todas as escolhas que fizemos foram as acertadas»; deve ser isto que o leva a declarar «se me amam ajudem-me a passar este decreto» (!) Sim, o Congressional Black Caucus ama-o tanto que o seu líder disse que se o Sr. Hussein «não fosse o presidente, estaríamos a marchar para a Casa Branca.»     
… Na «comédia dramática». Barack Obama continua a lançar «piadas de mau gosto» sobre os republicanos… mas o riso não é muito: eles não querem (que a América seja) «um lugar onde as pessoas possam ter sucesso não obstante a sua aparência»; eles querem «o ar mais sujo, a água mais suja, menos pessoas com seguro de saúde»; e «talvez não tenham percebido o diploma para o emprego». Convém esclarecer que são os democratas no Senado que mais se opõem a que a «jobs bill» vá a votação, e que o Sr. Hussein nem sequer assegurou para si a própria designação daquela iniciativa legislativa(!)… o que pode talvez também explicar porque, desta vez, alguns humoristas resolveram gozar com o presidente, conseguindo, eles sim, algumas gargalhadas.
O que não falta a Barack Obama são palavras e, como o demonstrou (pela terceira vez) Andrew Klavan, elas têm servido principalmente para ele «falar porcaria» (isto é, fazer afirmações falsas e/ou sem sentido) . Pior, se a essas palavras forem contrapostos os números da sua governação, o quadro daí resultante é demonstrativo… e devastador. Todavia, ainda tem a protecção da maior parte dos media, que, por exemplo(s), não o ridicularizam (como fizeram a Sarah Palin sobre os jornais que ela lia) quando ele se atrapalha a (tentar) dizer quais os sítios na Internet em que navega, nem o denunciam quando ele mente sobre a situação profissional de um professor que utilizou como «adereço» num dos seus discursos . E é este autêntico «proteccionismo», esta (continuada) dualidade de critérios que constitui, precisamente, um dos maiores e verdadeiros dramas.   

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Diz-me quem te apoia…

… E dir-te-ei quem és? Que os «ocupantes de Wall Street» e de outras ruas e cidades dos Estados Unidos da América tenham recebido a solidariedade do Partido Democrata em geral, e, em particular, de Barack Obama (que para isso se atreveu a invocar o nome de Martin Luther King), Nancy Pelosi e Al Gore, entre outros, não é propriamente uma surpresa. O mesmo se pode dizer em relação às presenças, nos «protestos», de Alec Baldwin, Al Sharpton, Danny Glover, Kanye West, Keith Olbermann, Michael Moore, Susan Sarandon, Tim Robbins… enfim, os «suspeitos do costume».
Porém, o panorama começa a ficar realmente perturbador quando os «ocupas» contam igualmente com o encorajamento, e até a participação, dos («novos») Panteras Negras, dos neo-nazis e dos comunistas norte-americanos. E com o entendimento e a aprovação da China, da Coreia do Nortedo Irão, da Venezuela… Sim, tudo gente «respeitável». Tão «respeitável» como, por exemplo, dois dos principais organizadores da iniciativa: Robert Creamer, marido de Jan Schakowsky (representante do Illinois pelo Partido Democrata), operacional da campanha de Barack Obama em 2008, e que cumpriu pena de prisão por evasão fiscal e fraude bancária; e Lisa Fithian, activista sindical e anti-semita. Aliás, e tal como o anti-capitalismo, o ódio a Israel e aos judeus já se tornou um traço distintivo deste movimento.
A questão principal que deve ser colocada é se a violência continuará a ser apenas (pouco mais do que) verbal (além das «palavras de ordem», ameaças, actos de vandalismo, roubos, desobediência e consequentes detenções, (alegadas) violações)… ou se passará a ser literal e mais grave, isto é, com feridos e mortos. Há quem pense que isso é muito provável (e desejável?). E a partir do momento em que são disponibilizados mapas com alvos potenciais, como que convidando a acções mais radicais… as hipóteses de ocorrer uma tragédia aumentam. O melhor será esperar que a meteorologia permita que se «arrefeçam os ânimos», forçando os «campistas» a desmontar a «tenda», eventualmente deixando uma grande... poia. 

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Sinais de desespero

A esquerda, tanto em Portugal como nos Estados Unidos da América (e no resto do Mundo), é «sinistra» devido aos conceitos e objectivos que habitualmente a caracterizam, independentemente do contexto geográfico e histórico: primazia atribuída ao Estado, e não ao mercado, na condução da economia – um processo que habitualmente causa elevados défices e dívidas, se não mesmo falências; complacência, simpatia e até apoio para com ditadores e terroristas; disponibilidade, prioridade e até urgência na realização de acções de reengenharia social e cultural, mesmo que tenham a oposição da maioria da população. E, porque perde sempre o debate com a direita porque não tem factos e lógica para suportar aqueles seus «princípios», a esquerda recorre invariavelmente ao insulto, à mentira e até ao incitamento à violência para dissimular a perniciosidade dos seus propósitos e manter a «moral» dos seus adeptos.
Nos EUA os democratas, tanto os políticos como os seus cúmplices na comunicação social e no entretenimento, já se comportavam assim quando Barack Obama tinha acabado de tomar posse e ainda gozava de altos índices de popularidade. Mas agora que ele vai descendo nas sondagens a cada semana que passa e deverá ceder o seu lugar em Janeiro de 2013 a um republicano… seja ele qual for, os «progressistas» têm vindo a acelerar os incidentes e os seus acessos de irritação (e de idiotice), que constituem outros tantos sinais de desespero. As marchas que se têm multiplicado em várias cidades dos EUA, e de que a mais notória foi – e ainda é – a que pretende «ocupar Wall Street», representam precisamente o maior desses sinais: reúnem fundamentalmente auto-denominados socialistas e até comunistas que querem a abolição do capitalismo e a redistribuição (para eles) do dinheiro dos ricos – estes, segundo alguns, até deveriam ser decapitados se recusassem ser roubados; todos eles ou quase foram, são e vão ser votantes e apoiantes de Obama… que, claro, já demonstrou compreensão para com os manifestantes - aliás, ele incentivou-os ao acusar constantemente os «ricos» de não pagarem o que devem (como Jeffrey Immelt, CEO da GE e consultor da Casa Branca?) Entretanto, os ocupantes estão a ser organizados e pagos por sindicatos e estão a c*g*r-se – literalmente – para a polícia. Além de que constituem «distracções» de casos como o «Fast & Furious» e o Solyndra...  Ann Coulter tem (mais uma vez) razão: por questões de higiene e não só, os «OWS's» formam como que um «Flea Party» («Partido das Pulgas»)! Inevitavelmente, fazem-se comparações com os protestos do Tea Party… e as diferenças são flagrantes nos fins e nos meios, na eficácia da mensagem e no civismo do comportamento. Os «partidários do chá» sabem que é contra o(s) governos(s) que se deve protestar e não contra as empresas, sejam elas do sector industrial ou do sector financeiro… e este, convém recordar, deu em 2008 ao então senador e candidato Obama as maiores contribuições da história das campanhas norte-americanas - um cenário que até se pode repetir em 2012.
Nos media, o panorama não é o mesmo porque… está cada vez pior. Não é surpreendente que a lamestream media, em que se destacam o New York Times e a ABC (e a CBS e a NBC…), celebre os ocupantes de Wall Street e tenha condenado os tea partiers. Nem é surpreendente que na MSNBC não existam, definitivamente, limites para a falta de profissionalismo e de respeito, para o baixo nível e o mau gosto. Thomas Roberts diz que «os republicanos querem construir uma máquina do tempo para (viajarem até) quando a escravatura era “fixe”» (isto é, supõe-se, quando os democratas a defendiam). Martin Bashir serve-se das mortes de Steve Jobs e de Fred Shuttlesworth para vilipendiar, respectivamente, Sarah Palin e Herman Cain. Lawrence O’Donnell acusa Cain de não ter participado nas campanhas dos direitos civis e de ter fugido à guerra do Vietnam – note-se que o candidato foi funcionário civil da Marinha norte-americana (como especialista em balística!) enquanto o apresentador, ele sim, esteve sete anos, entre 1969 e 1976, na universidade para não ir para a Indochina!
O recrudescimento dos ataques a Herman Cain, previsíveis após o seu aumento de popularidade na corrida pela nomeação republicana, constitui outro evidente sinal de desespero por parte dos «guardiões do templo liberal», que pura e simplesmente não «encaixam» a possibilidade de vir a haver um presidente pelo GOP e… negro! É por isso que Joy Behar, essa «voz da sabedoria», diz que aquele partido «não tem sido amigo dos negros há séculos» - os que não são estúpidos nem ignorantes sabem que o PR foi fundado em meados do século XIX para combater a escravatura e, na década de 60 do século passado, o seu apoio às leis dos direitos civis foi superior ao do PD… É por isso que Cornell Belcher e Eugene Robinson, ambos negros, acusam Cain de ser racista e (como um) segregacionista! Quando o medo é muito, o ridículo mostra-se em todo o seu requinte… Como eu os compreendo: se estivesse no lugar deles, provavelmente também ficaria aterrorizado ao ouvir um discurso como este.
Enfim, é o desespero que pode explicar igualmente a «proposta» de Beverly Perdue de «suspender as eleições para o Congresso durante dois anos até a economia recuperar»... e, ao contrário de Manuela Ferreira Leite, não estava a brincar. Então e agora? Não é isto um verdadeiro sinal de «incapacidade intelectual»? Uma «aberração» (mental) da qual a governadora (democrata) da Carolina do Norte se deveria «regenerar»?

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Mais um? Quem diria!

Rezwan Ferdaus: este é o nome do mais recente potencial – ou efectivo – terrorista detectado e detido por planear – ou cometer – atentados terroristas nos EUA. E… quem diria? É mais um muçulmano! Outro que se junta à tal «galeria» (da infâmia) que já inclui nomes como o de Yonathan Melaku, o de Mohamed Osman Mohamud, o de Umar Farouk Abdulmutallab, o de Faisal Shahzad, o de Nidal Malik Hasan… enfim, tudo «boa gente» que professa a denominada «religião da paz»!
Este padrão «islamo-bombista» apenas vê aumentada com o tempo a sua intensidade – e recorde-se que os atacantes de 11 de Setembro de 2001 eram todos muçulmanos, e que os culpados do primeiro ataque ao World Trade Center, em 1993, eram todos muçulmanos. Porém, as evidências não parecem ser suficientes para o Departamento de Segurança Interna, que continua a apontar para «americanos brancos da classe média» como os «terroristas mais prováveis» - um critério que continua a ser seguido pela TSA nas suas «apalpações selectivas». Quem também resiste à realidade é a entidade – financiada por George Soros! – que organizou um «curso de jornalismo sobre o Islão», e que tinha como um dos objectivos «contextualizar» a ameaça que a Jihad representa e o número de vítimas que provoca… quando comparada com outras causas de morte, como as doenças! Uma «perspectiva» partilhada no New York Times, onde se escreve a apelar a que «não se tenha medo da lei islâmica na América»!
A (aparente) bonomia com que os seguidores de Maomé são encarados pela esquerda norte-americana parece, no entanto, ser contraditada pela práctica continuada de assassínio selectivo de terroristas muçulmanos, da qual Anwar al-Awlaqi – um cidadão norte-americano! – é o mais recente alvo atingido. É caso para perguntar onde estão todos aqueles que chamaram a George W. Bush «criminoso de guerra»… Se Barack Obama ainda hoje se queixa de que herdou do seu antecessor uma má economia, porque é que não diz também que herdou dele um bom sistema anti-terrorista? Além de que «segurança nacional e política externa de sucesso» deve ser muito mais do que matar jihadistas com mísseis teleguiados.
(Adenda: este texto constitui o post Nº 200 do Obamatório, uma marca devidamente assinalada no meu outro blog, o Octanas.) 

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Diplomacia… macia

Há uma «narrativa» que, compreensivelmente, tem vindo a ser defendida por alguns apologistas de Barack Obama, tanto do outro lado do Atlântico como deste: a de que a presidência daquele, mesmo que seja, ou venha a ser, considerada «falhada», «fracassada» no plano interno, não o é ou não o será no plano externo – pelo contrário, até se pode falar em êxito no que se refere aos negócios estrangeiros. Mas tal fantasia também não corresponde, como é óbvio, à realidade.
Ao nível doméstico, «vitórias com sabor a derrotas» (porque são contestadas pela maioria dos americanos) como a aprovação do «plano de estímulo à economia» (que não a estimulou, bem pelo contrário) e do «ObamaCare», e a revogação da «Don’t Ask, Don’t Tell», não podem nem devem ser «compensadas» pelo Prémio Nobel da Paz em 2009, que não tardaria em ser desautorizado, desvalorizado, e mesmo anulado, entre outros «belicismos», pelo recrudescimento das operações no Afeganistão e pela intervenção na Líbia (não ratificada pelo Congresso). Saindo do campo militar para o civil, as recentes críticas à União Europeia – e, mais concretamente, à forma como aquela tem estado a lidar com a crise na zona Euro decorrente do colapso da Grécia – feitas pelo presidente americano poderão finalmente, quem sabe, e a julgar pela polémica que provocaram (em especial na Alemanha, onde os comentários de BHO foram considerados «absurdos» e «arrogantes»), começar a quebrar o «muro de protecção» que a comunicação social do Velho Continente ainda mantém, na sua maioria, à volta do Sr. Hussein – divulgando pouco ou mal o que verdadeiramente acontece nos EUA.
Entretanto, o que aconteceu neste mês de Setembro em Nova Iorque, na sede da Organização das Nações Unidas, acabou por constituir mais uma demonstração da falta de tacto do Nº 44 também na frente externa… e de como a diplomacia norte-americana, liderada formalmente por Hillary Clinton mas na verdade conduzida e condicionada pelas atitudes de Barack Obama, se tem revelada… macia para com adversários e inimigos e dura para com aliados e amigos. Antes, o discurso dele perante a assembleia geral não havia sido grande coisa. Depois, a exigência feita, no mesmo local, por Mahmoud Abbas do reconhecimento unilateral da Palestina como estado independente mais não foi do que a última consequência da estratégia de apaziguamento para com o Islão preconizada por Obama. A manobra do líder da Autoridade Palestiniana não passou de um atrevimento, de uma provocação que se sabia, à partida, sem possibilidade de sucesso: o veto será sempre (?) a resposta inevitável para com um regime que não reconhece a existência de Israel, que não corta relações com o Hamas e que favorece a criação de um sistema de apartheid entre árabes e judeus. No entanto, o exibicionismo de Abbas pode ter sido estimulado pelas afirmações e acções de uma administração, e do seu chefe, que, por exemplo, e só nos últimos meses: «removeu» Jerusalém de Israel; afirma que o Islão «sempre fez parte da nossa família americana»; autoriza que militares colaborem na construção de um «centro islâmico» no Afeganistão; pressiona o Congresso a manter o apoio financeiro à AP; contacta – e, logo, reconhece oficialmente – a Irmandade Muçulmana (do Egipto); e confunde «jews» com «janitors» (porteiros) … É pois de surpreender que Obama registe uma aprovação de 80% entre os muçulmanos americanos?
Àqueles que podem achar risível a «solução de um Estado» proposta por Andrew Klavan, e que consiste em dar todo o Médio Oriente aos judeus (!), é de perguntar se não acham ridícula a «análise» de Barack Obama de que aquela região tem registado um «abalo teutónico» (!!!)… Aliás, naquela parte do Mundo e em outras têm acontecido vários «abalos tectónicos», grandes e pequenos, e de que os EUA nem sempre se saem bem: na Síria o embaixador Robert Ford foi alvo de ataques por parte de partidários do ditador Bashar al-Assad… mas a Casa Branca não protestou; do Gabão veio o ditador (e filho de ditador) Ali Bongo para a Casa Branca, a convite do filho de queniano; e para a Argentina foi o apoio dos EUA na questão da soberania das ilhas Falklands, através de uma declaração unânime da Organização dos Estados Americanos – ou seja, subscrita também por Washington – apelando a Londres para entrar em negociações com Buenos Aires relativas ao futuro daquele arquipélago.                  
Perante todas estas posições… comprometedoras da diplomacia norte-americana, compreende-se perfeitamente porque é que Vladimir Putin apoia e aguarda com entusiasmo a reeleição de Barack Obama!