domingo, 30 de novembro de 2014

Desguarnecer a defesa

Por entre o alvoroço causado, sucessivamente, pelas eleições intercalares de 4 de Novembro e a grande victória do Partido Republicano naquelas, o anúncio por Barack Obama da sua (segunda) amnistia a imigrantes ilegais (dois assuntos já abordados aqui no Obamatório) e as manifestações e os motins em Ferguson – e em outros pontos do país – após a não acusação do polícia que matou um adolescente negro (assunto que será abordado aqui no Obamatório), quase passou despercebida a demissão de Chuck Hagel de secretário da Defesa
… O que faz dele o terceiro homem a (deixar de) ocupar aquela pasta em menos de seis anos da presidência de Barack Obama – e, assim, a cessar a sua cumplicidade activa no «desarmamento» (material e mental) em curso no Pentágono desde 2009. Será que, tal como os seus antecessores Robert Gates e Leon Panetta, também escreverá e publicará em breve um livro de memórias em que criticará, explícita ou implicitamente, o Nº 44? É muito provável, dado que, ao contrário dos outros dois, Chuck Hagel não se demitiu mas foi demitido. Porquê? Aparentemente, por divergências com BHO em vários pontos de uma política de defesa cada vez mais… desguarnecida. Entre os quais: o envio de militares para África a fim de combater a epidemia de ébola; e, no que terá tido um conflito com a amiga e conselheira do Sr. Hussein (e mentirosa reincidente) Susan Rice, a libertação de presos de Guantánamo (logo, é de supor que não tivesse concordado com a troca que permitiu a libertação de Bowe Bergdahl) – a saída de outros quatro combatentes da Al Qaeda foi anunciada no mesmo dia do discurso da amnistia (provavelmente para passar despercebida), e mais alguns (quantos?) deverão ser soltos em breve. Como Charles Krauthammer notou, e vários exemplos existem que o demonstram, «Obama pode tolerar a desorientação, a incompetência, a preguiça, mas não a crítica.» Entretanto, e compreensivelmente, o ISIS – que Hagel desde logo classificou como uma ameaça séria, ao contrário do Nº 44 – celebrou o que tomou como um «triunfo» seu…
Para se compreender quão polémico (e causador de perturbação) terá sido o «despedimento» de Chuck Hagel bastará referir que até Joe Biden não terá gostado da forma como o seu ex-colega do Senado – que, recorde-se, formalmente continua a ser republicano – saiu da administração e foi transformado como que num «bode expiatório» dos falhanços, dos fracassos, daquela. Falhanços, fracassos inevitáveis quando, nos (frequentemente maus) negócios estrangeiros, a atitude dominante é a de relativismo, hesitação e até de submissão: considere-se a reacção ambígua de Barack Obama ao recente atentado contra uma sinagoga em Jerusalém, e a paciência de John Kerry para com um «diplomata» iraniano que lhe grita (e o insulta?) consecutivamente. Nunca o «Grande Satã» foi tão dócil.      

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Os ditadores derrubam-se

(DUAS adendas no final deste texto.)
Barack Obama já não é um aprendiz de ditador: com o seu discurso do passado dia 20 de Novembro, e a decisão nele anunciada de conceder, na práctica, uma amnistia a cerca de cinco milhões de pessoas, ele já é, de facto, um ditador de… «pleno direito» - ou falta dele. E os ditadores derrubam-se, são – devem ser – destituídos. Porém, o «impeachment», a impugnação, a demissão, já não é suficiente; agora, o Sr. Hussein deve ser também preso, julgado e condenado; ele é – na verdade, e por vários outros motivos, já era – um criminoso; porque está a ajudar criminosos, a premiar comportamentos criminosos e, logo, a incentivar a ocorrência de mais comportamentos criminosos. Com efeito, e como seria de esperar, já há novos «candidatos» para «visitarem», sem autorização, os Estados Unidos da América que se sentem «inspirados» pela iniciativa do presidente…
A atitude de desafio e de desrespeito de BHO para com a Constituição dos EUA, a separação de poderes, o Congresso, a vontade dos eleitores, explica-se pelo seu narcisismo – e um sentimento de infalibilidade e de impunidade – que um culto da personalidade persistente mais não tem feito do que agravar. Culto esse que começa, obviamente, pelos que lhe estão mais próximos: é ouvir, por exemplo, Denis McDonough, chefe de gabinete do Nº 44, dizer que em Washington se trabalharia melhor se «este presidente impusesse a sua vontade»; é ouvir, por exemplo, Josh Earnest, porta-voz da Casa Branca, dizer que «o presidente está sempre disponível para autorizar o speaker a mudar de opinião», e que para BHO «ser chamado de “imperador” é um distintivo de honra».
Jeff Sessions, portanto, não exagerou ao chamar a Barack Obama «imperador dos Estados Unidos». Aliás, essa e outras designações, como «rei» e «monarca», não faltaram nesta última semana a propósito de mais um (grande, e talvez o mais grave) atropelo à lei por parte do Sr. Hussein, utilizadas, nomeadamente, por Joel B. Pollak, Andrew P. Napolitano e Matthew Boyle. Com tal sentimento de superioridade não surpreende, pois, que o Nº 44 não tenha seguido o conselho de Mitt Romney: «aprender (convencer-se de) que perdeu a última eleição» e, por isso, «respirar fundo (…) e deixar o Congresso e o eleitorado tomarem a palavra». Com efeito, após as midterms, Obama afirmou que os resultados daquelas significavam que os americanos queriam que (republicanos e democratas) trabalhassem em conjunto. Mas será que uma acção unilateral, polémica e provocatória é «trabalhar em conjunto»? Claro que não; irritado pela derrota, decidiu fazer uma «birra» para (re)conquistar relevância e, assim, negar que seja um «lame duck».
Saliente-se, no entanto, que o descontentamento não existe apenas entre os republicanos: são vários os democratas que duvidam, e que até discordam, da decisão do presidente. Na CNN, Jay Carney (quem diria!), finalmente liberto da necessidade de mentir diariamente, reconheceu… o óbvio: que o seu ex-chefe decidiu fazer o que antes afirmou, várias vezes, que não podia nem devia fazer. No Capitólio, quatro senadores «burros» - Claire McCaskill, Heidi Heitkamp, Joe Donnelly e Joe Manchin – expressaram a sua oposição à ordem executiva do Sr. Hussein de impedir as deportações de cinco milhões de imigrantes ilegais. E no Oregon, Estado que continuou maioritariamente «azul» em 4 de Novembro, nesta data foi também aprovada – com 66% dos votos! – uma proposta – apresentada por republicanos! – denominada «Medida 88» que proíbe a concessão de cartas de condução a imigrantes ilegais – no que pode ser entendido como que uma rejeição, por antecipação, por parte de (bastantes) liberais de mais uma amnistia obamista – mais grave do que a de há dois anos, porque esta aplica-se a adultos que cruzaram consciente e irregularmente a fronteira.      
BHO, com esta decisão, conseguiu igualmente irritar: segmentos importantes da população afro-americana – que, aliás, já haviam condenado outra «evolução» do Nº 44, mais concretamente a sua «aceitação» do «casamento gay»; todos os imigrantes legais que muito tempo e muito dinheiro gastaram nos seus processos e que agora se sentem, compreensivelmente, defraudados… e alguns exigem até ser reembolsados(!); a generalidade dos agentes da autoridade, que passam a sentir-se desautorizados e até inúteis. Não se pense, todavia, que Barack Obama tem uma grande consideração por aqueles que agora veio proteger: em dois discursos – o primeiro na Casa Branca quando anunciou a ordem executiva, e o segundo em Las Vegas no dia seguinte – referiu-se àqueles como sendo principalmente apanhadores de fruta, trabalhadores domésticos e limpadores de arrastadeiras… o que não tem qualquer importância, desde que votem no Partido Democrata. Apesar de humildes, tais funções são bem mais honrosas do que as de ladrão, violador e assassino, e que caracterizam practicamente todos os quase 170 mil criminosos que são imigrantes ilegais actualmente à solta nos EUA, muitas vezes libertados após pressões da administração junto dos procuradores estaduais.
Barack Obama apresenta como «argumento» principal desta amnistia-que-não-se-chama-amnistia-mas-que-é, marcada por flagrantes mentiras e ilegalidades, e que não deverá servir – que «surpresa»! – de precedente e de pretexto legítimo para que, por exemplo, futuros presidentes diminuam e até eliminem impostos, a impossibilidade de deportar, de expulsar, cerca de 11 milhões de pessoas – pois é, ainda há mais uns quantos por lá que ainda não beneficiaram da magnanimidade de «Barack I»… Mas será que tal não é mesmo possível? Provavelmente é; levaria mais tempo, seria mais difícil, mas, havendo vontade, bastaria aplicar novamente o «método» que Dwight Eisenhower aplicou quando foi presidente, na década de 50 do século passado. 
(Adenda – Os que acreditaram na promessa de Barack Obama e dos democratas de que a «despenalização» de imigrantes ilegais traria benefícios, para a economia em especial e para o país em geral, podem estar interessados em saber que, na verdade, tal «integração» poderá acarretar para os contribuintes um custo de cerca de dois triliões de dólares nas próximas décadas. Porém, não é novidade que os «azuis» têm sempre alguns problemas em fazer contas correctamente: há uma semana soube-se igualmente que os números de adesões ao «ObamaCare» foram artificialmente – e irregularmente – inflacionados com as subscrições de… planos dentários! O que dá uma especial acuidade à expressão «mentir com quantos dentes se tem na boca».
(Segunda adenda - Era só uma questão de tempo - e não muito - até BHO se «descair» e admitir que a sua acção executiva, efectivamente, «alterou» a(s) lei(s) da imigração. O presidente não foi, porém, o único dos «burros» principais a ter recentemente uma «crise» de sinceridade: Chuck Schumer afirmou que, em retrospectiva, não terá sido acertado privilegiar a aprovação e a aplicação do «ObamaCare»; o senador por Nova Iorque pode ser mais um «rato» a abandonar o «navio» do «obamismo»... mas não é um «rato»  qualquer.)  

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

«D» de degenerescência (Parte 2)

Nos Estados Unidos da América o «D» de (Partido) Democrata(s) é – tem sido – também, como já se viu, o «D» de degenerescência, e ainda de desequilíbrio, demagogia, desagregação… destruição. Tanto antes como depois das eleições intercalares do passado dia 4 de Novembro, deputados e dirigentes dos «azuis», a começar pelo actual presidente do país, dão contínuas demonstrações de incompetência, de irresponsabilidade, de indiferença para com o que – de mau – realmente acontece no país e no estrangeiro, e que é – tem sido – a consequência directa das suas debilidades. 
Confirmando, mais do que a expectativa, a já autêntica teoria de que dificilmente passa um mês – ou até uma semana – sem se descobrir mais um abuso de poder, mais uma «bronca», mais um escândalo, perpetrado e/ou protagonizado pela actual administração e/ou pelos seus aliados, o período seguinte às midterms tem sido marcado pela revelação e divulgação de vários vídeos com Jonathan Gruber, economista do Massachusetts Institute of Technology e que foi um dos principais colaboradores – há até quem diga o «arquitecto» - do processo de elaboração do Affordable Care Act, mais conhecido por «ObamaCare. E são mesmo vários: um, dois, três, quatro… O que têm em comum? Basicamente, a admissão de que aquele que é considerando o grande – e único – «sucesso» da presidência de Barack Obama é uma fraude, uma mentira, concretizada à custa da falta de transparência e ainda da convicção de que o cidadão (e votante, e contribuinte) médio norte-americano é «estúpido» - embora útil para pagar a Gruber remunerações no valor de milhões de dólares. Para se ter uma ideia de quão má é esta situação, basta referir o comentário de Howard Dean, que não é propriamente um esquerdista moderado, sobre aquela: o problema principal com a «maldita lei» (o «ObamaCare»), como o demonstra as afirmações de Gruber, é que «foi feita («put together») por um amontoado de elitistas que não percebem fundamentalmente o povo americano». Claro que não, mas isso não interessa, porque, como disse o Sr. Hussein, o objectivo último é… «transformar fundamentalmente» os EUA.
Como já aconteceu anteriormente em quase todos os «incidentes» que têm caracterizado o consulado do Nº 44, é espantoso assistir às tentativas dos democratas em negar o inegável, ou pelo menos em desvalorizá-lo; é hilariante observar o esforço posto em criar uma realidade alternativa, um mundo de fantasia em que, por «artes mágicas», não existem gravações, registos, que desmentem ontem o que eles afirmam hoje. Tanto Nancy Pelosi como Barack Obama garantiram ou não conhecer Jonathan Gruber ou, se o conheceram, apenas vagamente… mas, na verdade, não foi bem isso que aconteceu. Já em 2006 o actual presidente assumia ter «roubado liberalmente» as ideias de Gruber, e este não era só um ocasional «conselheiro»: era uma «figura importante» que, nas suas quase 20 visitas à Casa Branca, terá convencido o Nº 44 a criar os mandatos individual e empresarial, isto é, a obrigação de adquirir seguros de saúde, sob pena de multa, para pessoas e empresas.
A contradição constante, a alteração injustificada de opiniões e de atitudes, a negação de factos, a dissonância flagrante entre o que se diz e o que se faz são «prácticas» que nada têm de novo: afinal, o Sr. Hussein que agora parece tão determinado em amnistiar imigrantes ilegais por acção executiva é o mesmo que, antes, garantia, enquanto jurista especializado em direito constitucional, que não podia nem devia fazê-lo… além de que a legalização de milhões de estrangeiros prejudicaria os «trabalhadores de colarinho azul» norte-americanos; é o mesmo que, enquanto acusa o GOP de ser o partido dos ricos, participa em eventos de angariações de fundos promovidos por bilionários, incluindo um que se chama… Rich Richman! Ou será que os dois não são a mesma pessoa? É caso para perguntar, novamente: onde está o senador Obama? A todos os outros democratas podem e devem ser apontadas culpas pelo actual panorama político nos EUA, porque, por acção (colaboração) ou por omissão, permitiram que um dos seus colocasse consecutivamente em causa os princípios pelos quais o país se rege. De que serve o senador Ron Wyden lamentar a «cultura de desinformação» existente no Departamento de Justiça se a sua colega Kristen Gillibrand admite que «todos nós sabíamos que algumas das promessas do “ObamaCare” eram falsas»?
Mais preocupante, a ousadia demonstrada por BHO para «consumo interno» não tem continuação no estrangeiro: até Chris Matthews regista (e repreende?) que «Obama negoceia com o Irão (sobre armas nucleares) mas não com os republicanos sobre imigração». Não é bem «negociar», é mais «suplicar», como se pode deduzir por mais uma carta («privada») que o Sr. Hussein enviou aos «ai-a-tolas». A fraqueza detecta-se… e é aproveitada: a Rússia envia, provocadoramente, os seus bombardeiros para o Golfo do México e para a ilha de Guam, e na Turquia militares norte-americanos são agredidos. A degenerescência do Partido Democrata, em si, não é, ou não seria, um problema… se não estivesse a causar, também, a degenerescência dos EUA.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Que tem Cuomo para ter medo?

Não foram muitas, nem significativas, as victórias alcançadas por candidatos do Partido Democrata no passado dia 4 de Novembro. Uma que se destacou foi a reeleição de Andrew Cuomo para governador do Estado de Nova Iorque… conseguida também à custa de uma campanha que recorreu tanto à distorção e à demagogia que até Sheila Astorino, esposa de Rob Astorino, o candidato pelo GOP a governador de NY, se sentiu obrigada a responder em vídeo… Porém, e como que para «estragar a festa», nem no «Empire State» os «azuis» viram todas as suas esperanças e expectativas concretizadas… porque, ao mesmo tempo, o Partido Republicano alcançou a maioria no senado estadual!
Para o filho do ex-governador Mario Cuomo, que ainda «espreita» uma oportunidade como eventual candidato a presidente pelo Partido Democrata em 2016, o triunfo da semana passada – quanto mais não seja por ter «aguentado o forte» ao contrário dos seus correligionários no Illinois, no Maryland e no Massachusetts – serviu para reforçar a sua credibilidade como «reserva» dos «azuis» no caso de Hillary Clinton não querer, ou não conseguir, impor-se como nomeada «natural» daqueles. No entanto, e como acontece com practicamente todos os «burros» de alguma envergadura e nomeada, também Andrew Cuomo parece ter alguns «esqueletos no armário»: para além daqueles que «coleccionou» enquanto secretário da Habitação e Desenvolvimento Urbano da administração de Bill Clinton (e que um dia poderão ser objecto de abordagem aqui no Obamatório), há a suspeita de que mais terão sido recentemente acrescentados ao «espólio» a partir do seu gabinete em Albany. Acossado pelas frequentes queixas de corrupção que grassam no funcionalismo público nova-iorquino, Cuomo deu posse, em 2013, a uma comissão de investigação… que dissolveu, já neste ano, quando aquela se preparava para apresentar conclusões e propor acusações! Porquê? Será porque se descobriu que uma das empresas visadas prestara serviços à organização da campanha eleitoral do governador-candidato?
O que é certo é que Andrew Cuomo, na promoção do seu livro «All Things Possible» – do qual vendeu, na primeira semana, menos de mil exemplares (!), e pelo qual recebeu 700 mil dólares de adiantamento (!!) – nem sequer se deslocou, acedendo aos seus convites, à Comedy Central e à MSNBC, espaços que, à partida, e previsivelmente, lhe seriam simpáticos, mas onde, deve reconhecer-se, tanto Jon Stewart como Joe Scarbourough o criticaram pelo seu comportamento relativamente à Comissão Moreland. Que tem Cuomo para ter medo? É de registar que a CNN – onde trabalha o irmão, Chris – practicamente ignorou o escândalo envolvendo Andrew, o que contrasta com a cobertura maciça que aquela estação dedicou a Chris Christie aquando do denominado «Bridgegate». De qualquer modo, e mesmo sendo mínima, a promoção do seu livro já suscitou ao governador queixas por alegada violação de normas éticas e criminais. A ver vamos se Andrew Cuomo ainda irá fazer companhia ao seu camarada Rod Blagojevich.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Para acabar de vez com o Partido Democrata

(TRÊS adendas no final deste texto.)
Não costumo, em qualquer contexto, mencionar, dar (muita) importância e acreditar (incondicionalmente) em sondagens, e, no que se refere à política nos EUA, e depois do que aconteceu nas presidenciais de 2012, essa minha renitência mais não foi do que reforçada. Foi por isso que, na aproximação às midterms – eleições intercalares – do passado dia 4 tentei não ficar (muito) optimista com as previsões que indicavam uma sólida victória do GOP e, em especial, a (re)conquista de uma maioria no Senado. E com razão: practicamente todas as sondagens se enganaram… ao subestimarem a diferença com que, em quase todas as corridas, os candidatos republicanos venceram!  
Indo directamente ao que interessa: estes foram, de um modo geral, os melhores resultados para o GOP no Congresso desde, pelo menos, o final da Segunda Guerra Mundial. Para já, e no momento em que escrevo, o Partido Republicano: na Casa tem por enquanto 243 representantes, significando que ganhou 15 e perdeu dois – um «resultado líquido» de 13, que, neste caso, não é um número de azar…; e no Senado tem 52, significando que ganhou sete e perdeu nenhum – Cory Gardner (Colorado), Joni Ernst (Iowa), Mike Rounds (Dakota do Sul), Shelley Moore Capito (Virgínia Ocidental), Steve Daines (Montana), Thom Tillis (Carolina do Norte) e Tom Cotton (Arkansas); e ainda poderá conquistar mais três, porque no Alaska falta confirmar a victória de Dan Sullivan, na Virgínia haverá uma recontagem em Dezembro, e no Louisiana, também no próximo mês, realizar-se-á uma segunda volta (lá o vencedor tem de ter mais de 50% mais um dos votos).
Alguns dos desfechos para a câmara alta do Congresso merecem ser salientados: no Kansas, Pat Roberts, contra um democrata «disfarçado» de independente (Joe Biden confirmou-o), «tremeu», mas não caiu; no Novo Hampshire, Scott Brown «prometeu», mas não conseguiu; o Minnesota confirma o seu estatuto de esquisitice nacional ao manter o «bobo» Al Franken como senador e, desta vez, com uma vantagem dilatada face ao seu opositor republicano, melhor do que há seis anos, em que ganhou graças a algumas centenas de votos ilegais de presidiários – afinal, convém não esquecer que o Estado natal de Bob Dylan e de Prince foi o único a não dar, em 1984, o triunfo a Ronald Reagan (em 1972 a «excepção à regra» foi o Massachusetts, único Estado onde o então reeleito Richard Nixon não venceu.)
As eleições de terça-feira não foram apenas para as (duas) câmaras federais mas também para (várias) estaduais – onde os democratas se afundaram para níveis de antes da década de 20 - e para cargos de governador. E também aqui os republicanos conseguiram melhor do que se esperava: mais do que compensando a perda da Pensilvânia, alcançaram, nomeadamente, surpreendentes (e desmoralizadores para os democratas) triunfos no Massachusetts (Charles Baker), no Illinois (Bruce Rauner) e no Maryland (Larry Hagan), com a particularidade de neste o candidato «burro», Anthony Brown, ter descido nove pontos nas sondagens após Barack Obama lhe ter feito uma visita e participado num comício de campanha… «obrigado», senhor presidente! Já outro Brown, Jerry, «dinossauro» democrata, conquistou o seu quarto mandato e confirmou o «progressivo» declínio da Califórnia em direcção ao Terceiro Mundo. Entretanto, do lado dos «elefantes», Scott Walker, no Wisconsin, e os dois Rick’s, Scott na Flórida (este contra o «vira-casacas» Charles Crist) e Snyder no Michigan, mantiveram os seus postos apesar de disputas renhidas.    
A «ressaca» da derrota para os políticos democratas e para os seus muitos apoiantes na «lamestream media» tem sido muito dura. Não têm faltado as tentativas – pouco convincentes e mesmo falhadas – de desvalorizar e de diminuir o triunfo do GOP, com alusões à «negatividade» da(s) campanha(s) (na verdade, practicada quase exclusivamente pelos «azuis»), «justificações» de que a abstenção foi elevada (sim, mais nuns Estados do que noutros, principalmente de habituais votantes no PD que, desiludidos com o seu partido, não foram às urnas) e insinuações de que esta victória do Partido Republicano é como que ilegítima, frágil, provisória, não é uma garantia para daqui a dois anos, e «avisos» de que os «encarnados» é que devem «dialogar» e «procurar um compromisso»… com quem nunca quis nem uma coisa nem outra, apenas a submissão! Já antes de terça-feira estas «narrativas» estavam a ser ensaiadas… e até em Portugal tiveram «ecos». Basta ver e ouvir, na televisão (RTP, pela quase desaparecida Márcia Rodrigues, e TVI), breves peças… com alguns «bitaites» rancorosos. 
Tão ou mais hilariante do que constatar, agora, as reacções à derrota, é relembrar a certeza que alguns, importantes, dirigentes do PD alardeavam quanto a, pelo menos, manter o controlo do Senado. Joe Biden, Debbie Wasserman Schultz e Chuck Schumer cometeram essa imprudência, e o senador por Nova Iorque foi até ao ponto de declarar, nesse objectivo, a importância do «trabalho no terreno»ground game») dos democratas. O que não deixou de causar alguns calafrios, porque deduz-se o que essa expressão pode querer dizer. E, na verdade, nos dias anteriores às eleições, e com estas a começarem mais cedo em alguns locais, não faltaram notícias com eventuais exemplos desse «ground game»: no Colorado, democratas disfarçados de (fiscais) republicanos em mesas de voto; no Illinois e no Maryland, máquinas que «transformam» votos nos republicanos em votos nos democratas; na Carolina do Norte (e em mais uma descoberta e denúncia pelo incansável James O’Keefe), adição – e mesmo multiplicação – de boletins de voto; ainda no Maryland e na Carolina do Norte, votação de «não cidadãos», em especial imigrantes ilegais; no Estado de Nova Iorque, ameaças de que cidadãos que não votassem teriam os seus nomes divulgados. Aos que não acreditam, e negam, que a fraude eleitoral, nos seus vários «formatos», existe nos EUA, basta recordar alguns exemplos mais ou menos recentes. Aliás, o próprio Barack Obama sabe isso, pois no Wisconsin, num comício da candidata a governadora Mary Burke, ele avisou que «só se pode votar uma vez, isto não é Chicago» (algumas dúvidas restam sobre como John Kennedy ganhou em 1960?) Após esta visita a Milwaukee do Nº 44, Scott Walker passou a ter uma vantagem de sete pontos nas sondagens… «obrigado», senhor presidente!
E qual foi, precisamente, a reacção, a resposta, do Sr. Hussein ao triunfo do Partido Republicano no dia 4? Aparentemente, a indiferença, ou até o desafio; a habitual atitude de arrogância, de sobranceria, mantém-se, tal como a teimosia em concretizar as mesmas causas «politicamente correctas»… à custa da integridade, da segurança e do (verdadeiro) desenvolvimento do país. Porém, depois do «banho de sangue» e do «desastre» (palavras do Huffington Post!) que as intercalares representaram, e para acabar de vez com o Partido Democrata, Barack Obama mais não tem de fazer do que concretizar a ameaça e legalizar, de uma assentada e por acção executiva, quase dez milhões de imigrantes ilegais. É difícil olhar para os mapas pós-eleitorais, e em especial para o relativo à Casa, e não pensar que o PD está em vias de extinção.
(Adenda – Quanto aos três lugares no Senado que estavam em disputa e não ficaram decididos no dia 4, eis os mais recentes desenvolvimentos… Na Virginia, Ed Gillespie concedeu a victória a Mark Warner, apesar de ter o direito de exigir uma recontagem por a diferença de votos para com o democrata estar acima do mínimo exigido por lei. No Alaska, pelo contrário, Mark Begich teima em não reconhecer a derrota; espera, talvez, que a ele lhe aconteça o mesmo que a Al Franken em 2008, ou seja, que surjam à última hora os votos suficientes para superar a desvantagem que tem relativamente a Dan Sullivan. No Louisiana, Mary Landrieu deve ser a única pessoa que ainda acredita que irá ganhar; como se não fosse suficiente ver o DSCC desistir de comprar espaços publicitários nos órgãos de comunicação social daquele estado (o que indica uma grande «confiança» no resultado), ela teve a infeliz ideia de, para (re)começar a campanha, perguntar onde estava o seu opositor republicano, Bill Cassidy, quando o furacão Katrina atingiu Nova Orleães, e a resposta daquele, que, note-se, então ainda não havia entrado na política, não podia ser mais devastadora (para Landrieu) – como médico, estava a dar assistência aos feridos…)
(Segunda adenda – Mike Huckabee, no seu programa semanal na Fox News, perguntou precisamente – a uma conterrânea do Arkansas, Blanche Lincoln, ex-senadora do outro partido – se os democratas… do Sul dos EUA estarão em extinção. Não só aqueles mas de todo o país correm esse risco se acreditarem, como a equipa de Barack Obama parece acreditar, que a 4 de Novembro «os republicanos tiveram uma noite boa mas os nossos resultados foram melhores»! Nem todos os liberais, contudo, recorreram, além da negação, à raiva ou à paranóia para se consolarem: Bill Maher, que não conseguiu derrotar o representante do GOP – John Kline – que tomara como alvo na sua iniciativa «Flip a District», reconheceu igualmente, com humor, a ocorrência de um «banho de sangue» - e em que o «pirilau» de Anthony Weiner e as «balls» de todos os «burros» em geral estiveram entre as maiores «vítimas»… ;-))  
(Terceira adenda - Custou mas foi: está confirmada, no Alaska, a victória de Dan Sullivan sobre Mark Begich. Foi mais um incumbente democrata a ir abaixo; agora, só falta Mary Landrieu no Louisiana.)