sábado, 29 de agosto de 2015

... Que ele ficasse de férias

(DUAS adendas no final deste texto.)
Barack Obama já regressou a Washington depois de mais umas férias dispendiosas numa mansão de luxo em Martha's Vineyard, no Massachusetts - um hábito em completa contradição com as acusações de «desigualdade de rendimento» que os democratas fazem constantemente contra os «um por cento». Mas que bom que seria... que ele ficasse de férias indefinidamente, mesmo que isso proporcionasse, ao nível da imagem, mais algumas comparações desfavoráveis com Vladimir Putin no que se refere a demonstrações de masculinidade...
... Pois isso significaria que ele concentraria todas as suas energias no golfe em vez de voltar a fazer afirmações e acções deploráveis, assim continuando na sua «missão» de prejudicar os EUA interna e externamente, directa e indirectamente. No regresso ao trabalho, nada como seguir (em mais uma) viagem no Air Force One - um veículo, recorde-se, não conhecido por poupar combustível - para participar numa «Cimeira de Energia Limpa» em Las Vegas... onde aproveitou, novamente e ridiculamente, para classificar as «alterações climáticas» como a maior ameaça para o futuro - muito mais, por exemplo, do que aqueles (islâmicos) indivíduos que insistem em (tentar) matar o maior número possível de pessoas em qualquer lugar do Mundo. Na cidade dos casinos ele aproveitou para se encontrar, abraçar e elogiar um seu camarada local, Harry Reid, com quem, realçou o Sr. Hussein, nos últimos anos tem tentado lidar com os «malucos» que (o são porque) se opõem às suas posições. Enfim, o Nº 44 continua a fazer o «possível» para «elevar» o nível do discurso, aumentar a «civilidade» na política e «reforçar» a coesão nacional, o que «não» é seguramente prejudicado por uma ocasional linguagem mais excessiva... reconhecida não pelo próprio mas sim pelo porta-voz adjunto Eric Schultz. Já o principal, Josh Earnest, querendo aparentemente voltar ao trabalho em grande estilo, declarou aos jornalistas reunidos em mais um briefing na Casa Branca, e em resposta às perguntas crescentes sobre a possibilidade de Joe Biden se candidatar a Nº 1 em 2016, que a escolha daquele para vice-presidente tinha sido a «decisão mais inteligente» («smartest decision») que BHO havia tomado em toda a sua carreira. Mais palavras para quê?
Um dos que gostam da atitude do tipo «estou-me c*g*nd*» de Barack Obama é Quentin Tarantino. Talvez este realizador venha a poder contar, a partir de 20 de Janeiro de 2017, com o Sr. Hussein como actor nos seus próximos filmes. Afinal, talento para a representação não lhe falta, pois desde 20 de Janeiro de 2009 que ele vem fingindo ser um presidente que quer o melhor para o seu país. Pelo que não lhe custaria simular que utilizaria armas, objectos tão proeminentes nas obras do autor de «Cães de Reservatório» e «Ficção de Polpa». No cinema os democratas - a começar pelo seu «querido líder» - não costumam ter qualquer problema em (ver) disparar muito... ao contrário da vida real, onde aproveita(m) todo e qualquer crime para, demagogicamente, tentarem desproteger os outros cidadãos e torná-los (mais) indefesos perante ladrões, raptores, violadores, assassinos... e o Estado.
No fundo, os próprios democratas até gostariam que Barack Obama ficasse de férias para sempre, já que, como já se notou mas nunca é demais recordar, têm vindo a perder lugares ao nível estadual desde que ele é presidente, e a um ritmo nunca antes verificado na história norte-americana. Quase se poderia dizer que as «alterações no clima»... político induzidas pelo Sr. Hussein coloca(ra)m uma «espécie (não muito) inteligente» em risco de extinção - a dos «liberais» e «progressistas». A... evolução não lhes será favorável, pelo menos enquanto o Nº 44 continuar, ao (ocasionalmente) «fugir-lhe a boca para a verdade», a denunciar e a culpar (inconscientemente?) os seus «camaradas» de partido por determinados problemas e situações. Como aconteceu esta semana em Nova Orleães a propósito do décimo aniversário do furacão Katrina.  
(Adenda – A viagem de Barack Obama ao Alaska já era, e é, suficientemente afrontosa por ser mais uma – dispendiosa – acção de propaganda de uma fraude científica e política, a das «alterações climáticas/aquecimento global», a que os laivos apocalípticos só tornam mais absurda e ainda mais desfasada das autênticas ameaças aos EUA, tanto internas como externas; como todas as fraudes, todas as mentiras, todas as vigarices, está sujeita (felizmente!) a ser subvertida a qualquer momento por todo o tipo de – hilariantes e ridículas – contradições; concretamente, por exemplo, a de se mostrar preocupação por um glaciar (naturalmente) se reduzir, derreter, no Verão, ou a de anunciar a intenção de construir-adquirir-utilizar mais navios quebra-gelos… num momento em que, alegadamente, esses mesmo gelos s(er)ão cada vez menos. Porém, a expedição obamista ao Estado mais a Norte conseguiu tornar-se mais insultuosa ao ser precedida do anúncio de que, com mais uma acção executiva, o Sr. Hussein decidiu rebaptizar o Monte McKinley – a montanha mais alta do país e do continente – como Denali, o seu indígena nome original; é de perguntar se o Nº 44 tomaria a mesma decisão se estivesse em causa um anterior presidente… democrata; e, de qualquer forma, não é a primeira vez que ele desrespeita a memória de um presidente republicano… e assassinado.)   
(Segunda adenda - Enquanto Barack Obama «prolongava» as suas férias de Verão com uma viagem ao Alaska onde reincidiu nos (cada vez mais ridículos) disparates de âmbito ambiental, cinco navios de guerra chineses foram-se aproximando daquele Estado até ficarem a cerca de 12 milhas da costa. Mais uma provocação de Pequim, que sabe bem que tipo de pessoa ocupa ainda a Casa Branca.

domingo, 23 de agosto de 2015

Títulos enganadores

(Uma adenda no final deste texto.)
Dizer que em Portugal (e não só…) a comunicação social em geral proporciona um panorama incompleto e deturpado da realidade dos Estados Unidos da América é como dizer, citando Grace Slick, que houve uma Terça-feira na semana passada… e, aliás, foi por isso, nunca é de mais repetir, que o Obamatório foi criado. Neste âmbito, pode ser um exercício útil referir alguns dos mais recentes (e que podem ser enganadores) títulos – e primeiros parágrafos, e mesmo excertos mais à frente – de notícias e de artigos sobre os EUA de um jornal do qual sou leitor deste o primeiro número, com o qual colaboro regularmente há vários anos e pelo qual tenho elevada estima, principalmente pela sua rejeição do «acordo ortográfico de 1990», mas não só.
«Donald Trump embaraça republicanos com comentários misóginos»? Seriam misóginos se ele insultasse unicamente, ou principalmente, mulheres, mas, na verdade, e pelo contrário, ele insulta muito mais homens do que mulheres. Ainda sobre o candidato do GOP: «Mr. Trump, está despedido, diz o Partido Republicano ao candidato desbocado». A sério?! Como é que o PR o «despediu»? Acaso a liderança do partido através do seu órgão de cúpula – o RNC – ordenou-lhe que retirasse a sua candidatura? Não. Um número significativo de militantes, simpatizantes, eleitores do GOP retirou-lhe o seu apoio? Não, pelo contrário: Trump não parou de subir nas sondagens desde então. Na verdade, quem o tentou «despedir» foram vários dos outros candidatos, que muito teriam a ganhar se ele não concorresse à nomeação. Quanto a este título, «Televisões, lojas e artistas boicotam Donald Trump por declarações xenófobas», há que dizer que não menos «xenófoba» foi a expressão de Barack Obama ao referir-se – tal como Trump – a alguns imigrantes ilegais: «gang bangers». Porém (porque seria? ;-)), aqueles que ficaram chocados com as palavras de DT não o ficaram com as de BHO…
Mudando para outros assuntos, bem mais importantes e preocupantes… «Polícia branco mata mais um jovem negro desarmado um ano depois de Ferguson». Até parece que polícias brancos só matam jovens negros (nem sempre desarmados)… o que não é verdade. Até parece que polícias (brancos e negros) não matam também brancos… o que não é verdade. É por isso que é errado afirmar-se que «Michael Brown torna-se símbolo da injustiça e discriminação racial na América». Não, o caso ocorrido naquela cidade do Missouri não é, não foi, um símbolo de «injustiça», «discriminação racial» e/ou «violência policial». No entanto, é, foi, de facto um exemplo de racismo... no sentido de os habituais agitadores raciais (ligados ao Partido Democrata) terem manipulado as emoções e estimulado a violência porque um polícia branco matou (em legítima defesa) um delinquente negro - os mesmos agitadores que não costumam mostrar a mesma «indignação» quando é um negro a matar outro(s) negro(s), circunstância que é, aliás, a mais frequente nos EUA, em especial em cidades como Baltimore e Chicago, geridas há muitos anos, décadas, por políticos democratas… Tal como Milwaukee, objecto da reportagem «Aprender a ser pai», e onde se lê, a dado ponto, que aquela «é uma das cidades com maior segregação dos Estados Unidos». A explicação de tal facto pode ser encontrada na lista de mayors desta urbe do Wisconsin, onde desde 1908 (!) não houve um que fosse republicano, mas, em «compensação», três se assumiram como socialistas… De qualquer forma, é um exagero ridículo, e revelador da mais pomposa ignorância, escrever um artigo de opinião cujo título, «EUA: O racismo está em toda a parte», sintetiza eloquentemente o seu lamentável conteúdo.  
E existem os casos em que a contradição, a dúvida, a interrogação, é imediata. O título afirma que «Republicanos receberam dinheiro de supremacista branco que inspirou Dylann Roof». Mas no lead lê-se que «Ted Cruz quer desvincular-se do grupo que pode ter inspirado o atirador de Charleston. Outros dois candidatos receberam dinheiro do presidente de grupo racista.» Afinal, «inspirou» ou «pode ter inspirado»? E há ainda a questão de definir o que significa «inspirar». Segundo o que pude apurar, o(s) «supremacista(s)» visado(s) garante(m) não incitar nem apoiar qualquer acção violenta. E, aliás, porque algum doido resolve ler e citar o que escrevemos antes de proceder a um assassínio em massa, isso significa que passamos a ser moralmente cúmplices? Outro exemplo de deficiente descrição: «Dois nomes controversos juntam-se à corrida republicana para a Casa Branca». Trata-se de Ben Carson e de Carly Fiorina… e são «controversos» porquê? Por não serem (nunca terem sido) políticos profissionais? E no Partido Democrata não há candidatos «controversos», mesmo que por outros motivos? Bernie Sanders, que se assume como «socialista», não é «controverso»? Outro pormenor interessante é o de aqueles «controversos» candidatos, segundo o autor da notícia, terem «vozes estridentes» e fazerem «discursos inflamados». Das duas uma: ou ele nunca ouviu o médico e a executiva falarem, e inventou, ou ouviu, e mentiu…
… E o alegado tom de voz utilizado e o suposto comportamento adoptado por republicanos estão igualmente em destaque no texto «Republicanos acusam Obama de “acarinhar ditadores e tiranos”». Onde se lê: «os primeiros sinais de tréguas entre os Estados Unidos e Cuba em meio século provocaram um acesso de fúria sem precedentes entre a ala mais conservadora dos republicanos, com destaque para os presidenciáveis Marco Rubio e Ted Cruz, ambos descendentes de cubanos.» Quando se lê «acesso de fúria» e, ainda por cima, «sem precedentes», é quase inevitável que se pense em, que se imagine, reacções histéricas, gritos, quiçá arrepelar de cabelos, arremesso de objectos, contorções no chão... e outras possíveis manifestações excessivas. Todavia, não foi isso que aconteceu, nem com Marco Rubio (como aliás se pode constatar através da ligação, inserida no artigo, para a entrevista com o senador da Flórida), nem com Ted Cruz, nem, tanto quanto eu sei, com qualquer outro dirigente destacado do Partido Republicano. Aqueles dois senadores criticaram, condenaram, certamente, a iniciativa de Barack Obama, com firmeza mas sempre com serenidade, com ponderação; nada que se assemelhasse a um «acesso de fúria sem precedentes». Outro aspecto insólito do texto acima citado é o facto de não ter informado que a reprovação desta acção de Barack Obama não se limitou aos republicanos: pelo menos um senador democrata, Robert Menendez, também de ascendência cubana, insurgiu-se contra este restabelecimento de relações que não pressupõe a efectiva democratização do regime de Havana. 
Do lado de cá do Atlântico já se tornou tão «natural», tão «normal», pressupor – e mesmo inventar – que os republicanos, invariável e generalizadamente, se caracterizam por afirmações, acções, atitudes desagradáveis, negativas, reprováveis que se chega ao cúmulo de (tentar) prever o futuro deles… inevitavelmente desfavorável, apesar de (e a seguir a) um triunfo eleitoral! Leia-se este título: «Republicanos preparam-se para gozar uma vitória que lhes pode sair cara em 2016». E o primeiro parágrafo do mesmo artigo: «Sem uma supermaioria de 60 senadores, que poderia alterar de forma séria o equilíbrio no Congresso e perturbar a recta final do mandato de Barack Obama, os republicanos vão continuar a lutar internamente, prejudicando as suas ambições de voltarem a conquistar a Casa Branca.» Pode-se e deve-se perguntar: a vitória «lhes pode sair cara» porquê? Custou-lhes muito dinheiro a falsificar os resultados? Na verdade, os democratas é que costumam fazer isso... Enfim, eu percebo: enquanto alternância poder-se-ia esperar que, da próxima vez, os «burros» triunfassem... mas a que propósito? Em 2006 eles também alcançaram a maioria nas duas câmaras no Congresso, e isso ficou tão «caro» que... o seu candidato alcançou a Casa Branca em 2008! Quanto às «lutas internas» entre republicanos... que tal falar-se também das - muito piores - que ocorre(ra)m entre os democratas? Porque não referir os vários candidatos, incumbentes e não só, que mantiveram distância de Barack Obama durante a campanha em 2014, que juraram que discorda(va)m dele em diversas matérias, que não queriam ser vistos com ele, que não respondiam «on the record» quando se lhes perguntava se haviam votado nele em 2008 e em 2012, e que, com o gravador desligado, acusavam-no, e à sua administração de incompetência e de desinteresse?
Por várias vezes eu já me ofereci para falar com os autores dos artigos acima mencionados e, de colega para colegas de profissão, explicar-lhes o que fizeram mal. Contudo, e até hoje, a minha ajuda não foi aceite.
(Adenda - No texto intitulado «Jornalista expulso de conferência de imprensa de Donald Trump», lê-se que o candidato do Partido Republicano «recusou-se a responder a todas as perguntas do conhecido jornalista Jorge Ramos durante uma conferência de imprensa no Estado do Iowa». Na verdade, Trump não se recusou a responder a perguntas... porque Ramos não as fez: sem mostrar respeito nem pelo candidato nem pelos outros colegas presentes (um dos quais interrompeu), começou a arengar acusações àquele, qual activista partidário que efectivamente é. Recusando tanto esperar pela sua vez como portar-se profissionalmente, foi obviamente conduzido para fora da sala. Depois, Ramos foi autorizado a reentrar, e então, melhor comportado, pôde, quando autorizado, estabelecer um diálogo com o candidato. Refira-se, por ser relevante, que o apresentador da Univision - que, aliás, o Donald processou por quebra de contrato - tem uma filha a trabalhar na campanha presidencial de Hillary Clinton.)

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

«Hillarity» (Parte 3)

(DUAS adendas no final deste texto.)
No passado mês de Março, quando abordei anteriormente em mais detalhe a pessoa de Hillary Clinton, o seu percurso político mais recente e a sua então provável candidatura a presidente dos EUA (a qual ainda duvidava que lançasse), dei numerosos exemplos dos erros e possíveis ilegalidades que cometera, e que já incluíam o servidor e a(s) conta(s) de correio privadas para assuntos de (Departamento de) Estado, além das doações – tanto internas como externas – que a Fundação Clinton recebia e que seriam incompatíveis com o cargo de chefe da diplomacia norte-americana que ela desempenhou no primeiro mandato de Barack Obama…
… Mas nem eu conseguia imaginar que essas suspeitas, revelações e escândalos viessem de tal modo a aumentar e a agravar-se que, depois de ela ter anunciado – duas vezes! – que estava na corrida para a Casa Branca em 2016, não só Hillary Clinton tem vindo a descer nas sondagens como à esquerda se sucedem as previsões – de Camile Paglia, por exemplo, mas não só – de que ela acabará por desistir, ao mesmo tempo que se sucedem os apelos a que outros entrem na compita. E já não se fala apenas de Joe Biden: também Howard Schultz, CEO da Starbucks, tem sido referido! Como é que se chegou a este ponto? Motivos não faltam. Assim, e não pretendendo ser exaustivo…
… Pode-se começar por referir (algum)as (das mais recentes) hipocrisias, as contradições (há quem diga «evoluções»), as mentiras, que até para os esquerdistas são visíveis: em Abril estimou-se que dois milhões dos seus seguidores no Twitter eram falsos ou inactivos; ela disse que os seus quatro avós foram imigrantes… quando só um é que foi; disse que nunca recebeu intimações do Congresso para depor sobre o seu correio electrónico… mas recebeu; criticou os (alegados) baixos impostos que os gestores de fundos financeiros pagam… «esquecendo-se» talvez que o seu genro é um desses gestores; condenou o (fictício) «flagelo contínuo de assalto sexual» que se verifica nos campus universitários norte-americanos… «esquecendo-se» talvez que está casada com um verdadeiro abusador sexual e adúltero; depois de apelar ao combate contra as «alterações climáticas» através da redução drástica das emissões de dióxido de carbono, tomou um avião particular com um elevado consumo de combustível (algo que também é frequente em Barack Obama); exigiu que seja retirado definitivamente das eleições o «dinheiro não contabilizado» («unaccountable money»), designação, está visto, que ela não aplica aos muitos milhões que a Fundação Clinton recebe e que é utilizado nas despesas daquela família… dos quais uma grande parte são de doações estrangeiras que ela prometeu que cessariam enquanto ela fosse secretária de Estado, ou seja, uma promessa que ela não cumpriu; agora assume-se como opositora da denominada «Parceria (comercial) Trans-Pacífica» quando, antes, por 45 vezes (!) a defendeu. Lanny Davis, um dos mais fiéis «cães de guarda» dos Clintons, chegou ao cúmulo de dizer que Hillary «nunca mudou uma única posição em toda a sua carreira», mas os exemplos do contrário não faltam…
… E não seria mau se os problemas da mãe de Chelsea apenas adviessem da sua permanente tendência para o «flip-flop». Porém, e como muitos previram, a situação piorou, e bastante, a partir do momento em que os seus métodos de enviar, receber, (não) guardar e (não) entregar correio electrónico se tornaram um caso de polícia: a 4 de Agosto foi noticiado que o FBI decidiu iniciar uma investigação do tal servidor privado e da sua utilização, o que vem na sequência de, uma semana antes, se ter sabido que dois inspectores-gerais do governo federal haviam pedido ao Departamento de Justiça que fizesse o mesmo; e, esta semana, soube-se que o aparelho foi finalmente entregue... e que a empresa encarregada da «manutenção» daquele foi acusada de actividades ilegais! Estará Hillary Clinton mesmo muito perto de ir para a prisão? Quase se diria que o número cinco anda a «assombrá-la» neste âmbito: premonitório, Rudy Giuliani – que, recorde-se, antes de ser mayor de Nova Iorque foi procurador – declarou que a ex-secretária de Estado devia estar sob investigação por cinco crimes; John Sexton enunciou as cinco razões pelas quais, na sua opinião, ela está em apuros; e vieram de cinco agências de inteligência as informações confidenciais altamente sensíveis já detectadas nas mensagens que passaram pelo servidor dela e analisadas por funcionários do Departamento de Estado. Ou, mais precisamente, as mensagens que ela entregou e que não apagou… uma tarefa para a qual, aliás, ela procurou bibliografia actualizada e específica; um esforço talvez supérfluo, pois segundo Mike Morell, ex-director adjunto da CIA, provavelmente alguns governos estrangeiros (não necessariamente amigos…) acederam a essas mensagens.
O governo da Rússia pode não ter obtido (uma parte d)o correio electrónico de Hillary Clinton – e, logo, uma porção considerável das comunicações confidenciais do governo dos EUA – mas o que obteve de certeza, e graças à ex-secretária de Estado e actual candidata à presidência, foi um quinhão assinalável – cerca de um quinto, ou 20%! – das reservas norte-americanas de urânio: ainda sob a liderança da Sra. Rodham, o Departamento de Estado autorizou que a agência de energia nuclear russa adquirisse o controlo de uma firma canadiana proprietária de uma mina daquele metal no Wyoming… e, posteriormente, a Fundação Clinton recebeu – por «coincidência», obviamente – uma generosa contribuição; enfim, tratou-se de uma operação que deu indubitavelmente um novo significado ao «reset» com a Rússia e à promessa a Vladimir Putin de maior «flexibilidade» por parte de Barack Obama… Perante esta transacção que mais parece uma traição, não têm tanta importância, em comparação, o dinheiro recebido pela FC: de uma igreja africana (concretamente, dos Camarões) notória pelas críticas que os seus líderes fazem à homossexualidade; e do banco suíço UBS depois de Hillary ter intercedido a favor daquele numa disputa com o IRS norte-americano. Este organismo também terá deixado passar durante (pelo menos) cinco anos as irregularidades nas declarações de impostos da fundação…
Como é que é possível que, perante todos estes problemas, e com os seus números nas sondagens a diminuírem constantemente e a tornarem-se «nixonianos», a Sra. Clinton persiste em prosseguir em campanha? Porque, principalmente, ela conta com a colaboração d(a grande maioria d)a comunicação social. E tanta é essa confiança que ela não hesita em isolar e em conduzir repórteres que a acompanham com cordas (!), como se fossem gado – uma práctica, aliás, que não é nova para ela. E tanta é essa confiança, igualmente, que a sua equipa consegue pressionar o New York Times a alterar uma notícia que lhe era desfavorável. No entanto, nem todos na «lamestream media» estão já dispostos a permanente e incondicionalmente servirem como extensão do gabinete de imprensa de Hillary. Entre os que se atreve(ra)m a sair (ocasionalmente?) do «curral» estão: Carl Bernstein, que disse que Hillary tem «um relacionamento difícil com a verdade» e que se tornou uma «especialista» em «ofuscação»fudging») devido também à defesa que tantas vezes decidiu fazer do marido contra as mulheres que o acusavam de comportamentos impróprios; Ron Fournier, que disse que sabe «do que os Clintons são capazes» e que «talvez o cão tenha comido o correio electrónico dela»; Jonathan Chait, que a acusou, e ao marido, de serem «desorganizados e gananciosos».
Todavia, existirão sempre aqueles que a apoiarão incondicionalmente ou quase, não obstante as vicissitudes. Como Nancy Pelosi, para quem o mais importante não são as (diferentes) posições que Hillary Clinton assumiu ao longo dos anos mas sim o facto de ela poder vir a ser a primeira mulher na presidência. Como as (moralmente superiores à líder da minoria democrata na Casa) p(rostit)utas do Bunny Ranch, o famoso – e legal - bordel no Nevada, o que muito deve ter agradado a Bill. Sim, este e outros episódios – como os relacionados com o logo e o lema da sua campanha, e ainda com um veículo em que se fez transportar – podem tê-la tornado numa piada.
Contudo, as consequências das suas (in)acções, em especial enquanto secretária de Estado, não dão vontade de rir; e em nenhum país a sua incompetência foi mais catastrófica do que na Líbia, onde, para além de terem sido assassinados quatro compatriotas (em Benghazi), têm partido as sucessivas vagas de imigrantes ilegais que atravessam o Mediterrâneo em direcção à Europa – um fluxo tornado possível pela decisão dos EUA em apoiar o derrube de Mohammar Khadaffi sem acautelar, ao contrário do que George W. Bush fez no Iraque, a instalação de um novo regime político minimamente sólido e tendencialmente democrático. Não, nem sempre Hillary é sinónimo de hilaridade.
(Adenda - Não é de agora que Hillary Clinton, pelas suas atitudes, pelos seus comportamentos, até pelo seu percurso, é comparada com Richard Nixon - algo que, aliás, e justificadamente, também se faz em relação a Barack Obama. Porém, ouvi-lo da boca de Bob Woodward... é outra coisa. E não me parece que o 37º presidente dos EUA brincasse - como ela o faz - com a gravidade das acusações que lhe eram feitas.)
(Segunda adenda - Hillary Clinton continua a afirmar - e fê-lo novamente na sua mais recente (e desastrosa) conferência de imprensa - que, enquanto secretária de Estado, nunca recebeu nem enviou mensagens contendo informações confidenciais. Porém, 305 dessas mensagens... problemáticas já foram encontradas pelos funcionários do Departamento de Estado encarregados da contagem (das que foram entregues, isto é, não apagadas)... e esta está muito longe de terminada. Entretanto, em mais um novo e inacreditável desenvolvimento, soube-se que o servidor privado da Sra. Clinton estava, não na sua casa em Nova Iorque, mas sim numa pequena empresa informática do Colorado... e, mais concretamente, num armário de casa de banho!) 

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Eis os candidatos

(DUAS adendas no final deste texto.)
Hoje realizam-se na Fox News os primeiros debates – um à tarde, outro à noite – entre os candidatos do Partido Republicano a próximo(a) Presidente dos Estados Unidos da América. É, pois, um pretexto oportuno para, finalmente, apresentar a lista (definitiva?) dos principais nomes – porque, efectivamente, há (vários) outros, que não estão propriamente nas «primeiras filas» em termos de notoriedade e de potencialidade, e que concorrem por agrupamentos políticos mais pequenos – dos dois partidos, ordenados por ordem alfabética do apelido (porque o nome próprio que usam nem sempre corresponde ao original)…
… E, além de saber se Joe Biden ainda tentará – dependendo de quanto mais a esposa de Bill Clinton irá descer nas sondagens – uma nova candidatura, não propriamente à Casa Branca, porque já lá está, mas sim como Nº 1 e não como Nº 2, a questão que mais se coloca neste momento é discernir, de entre as diversas hipóteses disponíveis, quem tem mais capacidades e quem eventualmente deveria ser «desqualificado». Um debate, ou debates, que agora começa(m) a sério, e uma corrida que só terminará a 8 de Novembro de 2016.
(Adenda – Sobre o primeiro debate a opinião parece ser consensual: Carly Fiorina foi a grande vencedora; ela, depois, ficou também com a «cereja» do «bolo» ao «meter na ordem» Chris Matthews que ficara indignado por a candidata republicana ter chamado «mentirosa» a Hillary Clinton. Sobre o segundo debate, pelo contrário, as opiniões dividiram-se: Ted Cruz, Marco Rubio e Donald Trump foram considerados, por diferentes comentadores e painéis, os vencedores; Charles Krauthammer disse que Trump «colapsou», mas ele e outros haviam pensado e dito o mesmo aquando dos comentários sobre os imigrantes ilegais e sobre John McCain; portanto, as notícias da «morte» (política) do Donald podem ter sido, mais uma vez, muito exageradas… o que não quer dizer, claro, que aquela não possa mesmo eventualmente concretizar-se. A ler também as opiniões de Camille Paglia, Dan Gaynor, Douglas E. Schoen, John Nolte, Joe Concha e Liz Peek.)    
(Segunda adenda - Esta peça (de m*rd*) representa mais uma entrada na «galeria da infâmia» de Márcia Rodrigues em particular e da RTP em geral no que se refere à cobertura da actualidade dos EUA: não só as declarações de Donald Trump são truncadas e descontextualizadas como as acusações - isto é, as invenções - de Hillary Clinton a todos os candidatos republicanos são reproduzidas sem contestação, sem contraditório. Decididamente, o DNC deveria pagar a alguns «tugas» - e não só os do «serviço público de televisão» - a constante e dedicada propaganda.