sexta-feira, 28 de setembro de 2012

«Vão se f*d*r!» ;-)

Na língua inglesa existem poucas palavras mais… evocativas do que «fuck». Esta, e todas as expressões que dela derivam, como «fuck off», «fuck yourself» e «motherfucker», entre outras, são uma garantia de polémica se forem utilizadas. Nos EUA são frequentemente ouvidas, e lidas, nas artes e no entretenimento, mesmo que tal implique críticas e penalizações – mas, enfim, para alguém que queira ser «edgy», ousado, «prafrentex», é «de rigor» proferi-las.
Por exemplo, Bill Maher e Jon Stewart, assumidos e conhecidos apoiantes dos democratas e de Barack Obama, (ab)usam muito – talvez até demais… – (d)a palavra «fuck» (e d)e todas as suas variantes, em especial contra adversários ideológicos. E Madonna, outra apoiante do Sr. Hussein, que, num recente concerto em Washington, apelou aos espectadores e admiradores para votarem no «fucking Obama», o «muçulmano negro na Casa Branca» que «está a lutar pelos direitos dos gays» (?!). Será que uma senilidade precoce está a afectar a «material girl»?
Porém, o caso muda de figura quando são os próprios políticos a utilizar, directa e/ou indirectamente (eles próprios e/ou os seus apoiantes e ajudantes), mas sempre deliberadamente, a palavra «f*d*r». Na campanha eleitoral para a reeleição do actual presidente, e na actividade da actual administração, tal tem acontecido com alguma frequência.
Para começar, recorde-se a expressão dita por Joe Biden a Barack Obama quando o Affordable Care Act, ou «ObamaCare», foi aprovado: «this is a big fucking deal»; pois bem, este ano uma camisa com as palavras «Health reform is still a BFD» foi posta à venda pela organização de candidatura do presidente e re-candidato… «Excelente» propaganda, sem dúvida! E pode-se continuar com um espectáculo de angariação de fundos para Obama, em que este esteve presente, e em que Cee Lo Green cantou a sua canção «Fuck You» - aproveitando também para fazer o «tal sinal» com o dedo do meio. E há o anúncio televisivo protagonizado por Samuel L. Jackson em que este declara «wake the fuck up, vote for Obama» - convém recordar que aquele actor afirmou que votou em BHO porque ele (também) é negro… E para terminar (por agora), nada melhor do que revelar o que escreveu Philippe Reines, porta-voz de Hillary Clinton, ao jornalista Michael Hastings, após este ter questionado repetidamente o Departamento de Estado sobre o ataque terrorista na Líbia, que vitimou o embaixador dos EUA e outros três norte-americanos: «Fuck off».
Depois disto tudo, parece-nos que o melhor que os democratas têm a fazer é meterem-se em aviões (ou em navios), atravessarem o Atlântico em direcção à Europa, aterrarem em Viena e dirigirem-se a uma pequena cidade chamada Fucking, onde sem dúvida se sentirão completamente à vontade. E Barack Obama poderá então aproveitar a oportunidade para aperfeiçoar o seu domínio da «língua austríaca».
(Adenda - Como referi, Bill Maher e Jon Stewart nunca «desiludem»...)

domingo, 23 de setembro de 2012

«Silly Season» (Parte 3)

(Duas adendas no final deste texto.)
O Verão terminou na semana passada, e, mais uma vez, aqui no Obamatório destaca-se alguns dos acontecimentos mais hilariantemente deprimentes da estação estival nos EUA… que, por um motivo ou por outro, não foram referidos em textos anteriores. Porque, deve-se novamente lembrar, a parvoíce na política norte-americana não acontece apenas quando o clima está mais quente e o calor aperta…
… E pode-se começar pelo – ou regressar ao – maior evento humorístico da temporada: a convenção nacional do Partido Democrata. Onde, para rir, não houve só a «trapalhada» da «reinserção de Deus e de Jerusalém» na plataforma do PD. Mencione-se a utilização de botões de lapela, por mulheres (feministas contra a «guerra às mulheres», sem dúvida), dizendo «Sluts Vote» («galdérias votam»), ou a existência de uma cabina onde se podia «abraçar um rufia sindical». O «respeito», a «simpatia», a «tolerância» dos «burros» para com os «elefantes» também ficaram demonstradas. E como não soltar uma boa gargalhada com a revelação de que os navios e os aviões militares cujas imagens foram mostradas como cenário eram, não norte-americanos, mas sim, respectivamente, russos e turcos? Já uma «anedota» sem muita graça foi o encerramento, por imperativos de segurança e de circulação, de um centro de tratamento de cancro por causa da convenção. E ainda se atrevem a acusar Mitt Romney de ter morto uma mulher?!
Nas últimas semanas também se pôde assistir, com um sorriso, a algumas contradições… curiosas. Como, por exemplo, o protesto, junto da Organização Mundial de Comércio, contra a China por este país dar apoios estatais à sua indústria automóvel… por um governo que não quer desfazer-se da sua participação accionista na General Motors, que entretanto se desvalorizou, significando mais um prejuízo para as finanças públicas - aliás, o bailout correu «tão bem» na GM que BHO quer repetir o processo em todas as indústrias! Ou as ameaças, através do Departamento de Justiça, a mais de 50 estabelecimentos – legais – de venda de marijuana do Colorado, por parte de uma administração liderada por alguém que, quando mais novo, usou drogas (erva e cocaína) frequentemente.
Continuando no tema «lei e ordem», merece uma referência (e um riso abafado) a revelação recente – que confirma o que já se suspeitava – de irregularidades graves na eleição em 2008, no Minnesota, de Al Franken (democrata) para o Senado, em detrimento de Norm Coleman (republicano), por uma diferença final de 312 votos; o «problema» é que se descobriu igualmente que votaram mais de mil presidiários daquele Estado, o que é (supostamente) ilegal! Franken não só não foi preso como continua no seu cargo, tal como Kathleen Sebelius, que fez campanha eleitoral a favor de Barack Obama enquanto secretária (ministra) da Saúde e Serviços Humanos. Quem já está mesmo preso e a aguardar julgamento, acusado de corrupção e de extorsão, é Tony Mack, ex-mayor da cidade de Trenton, em Nova Jersey. Quem já foi julgado e condenado, mas ainda não está preso, é Don Siegelman, ex-governador do Alabama, que foi a Charlotte à procura de um perdão presidencial. A que partido pertencem eles? Mas… é mesmo necessário fazer (e responder a) essa pergunta?
A terminar, aquele que, mesmo sem uma audiência alargada, poderá ter sido o maior «sketch de comédia» dos últimos tempos em Washington: depois de uma troca de palavras algo desagradável, David Axelrod e Eric Holder terão quase andado à pancada um com o outro! Uma «batalha dos bigodes»! Quando ambos deixarem a Casa Branca, poderão, quem sabe, iniciar uma nova e fulgurante carreira no wrestling!
(Adenda – Ironicamente, é no início do Outono, e, logo, ainda com alguns «ecos» do Verão, que a mais «silly» desta «season» ocorreu… a alegada (mais uma…) gaffe de Mitt Romney em que este terá dado a entender que deveria ser possível abrir as janelas dos aviões… Obviamente, foi uma piada, mesmo que mal metida e contada. Alguém com um mínimo de inteligência e de sensatez («o Sr.» Rachel Maddow não tem nem uma nem outra) acreditaria por um instante que um homem com duas licenciaturas por Harvard, empresário de sucesso, organizador de Jogos Olímpicos, governador de um Estado e «frequent flyer» pudesse dizer aquilo a sério? Porém, houve quem acreditasse, em Portugal e não só… o que, infelizmente, é «normal», dados os muitos anos de desinformação, de propaganda, de mentira que «transforma(ra)m» todos os republicanos, conservadores, norte-americanos em estúpidos, ignorantes, preconceituosos… Há quem, com tanta pressa em ser «engraçado» (até se pede a opinião de uma professora de Física!), não consiga, nem queira, esperar, parar para pensar… Deveriam ter vergonha, e pedir desculpa. Mas duvido que alguma vez tenham, e que peçam.)
(Segunda adenda - Mais uma «piada» envolvendo Mitt Romney que muitos dos «suspeitos do costume» levaram a sério. Não aprendem...)

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

O partido dos Pinóquios

(Uma adenda no final deste texto.)
Até parece mentira… que o Partido Democrata e a candidatura de Barack Obama continuem a inventar mentira após mentira sobre o Partido Republicano e a candidatura de Mitt Romney de modo a (tentar) distrair do fracasso da sua governação – depois da «guerra às mulheres», das declarações de impostos, das contas na Suíça, dos empregos enviados para o estrangeiro, da mulher que morreu de cancro, agora a alegação é de que Romney e Paul Ryan pura e simplesmente… mentem. Mas não é verdade.
Um conselho aos mais inexperientes e ingénuos: desconfiem sempre que um democrata insiste que um republicano mente. Os factos demonstram que, quase sempre, não só o republicano não mente como é o democrata que está a tentar dissimular uma verdadeira (e maior) mentira. O mesmo se aplica aos «idiotas úteis» que infestam o Huffington Post, o New York Times – em geral e as suas páginas de opinião em particular – e a Rolling Stone (que melhor faria em se limitar ao entretenimento), autênticos operativos camuflados (ou nem tanto) do PD; e também aos ditos «fact-checkers», que – eu sei que isto chocará algumas «almas sensíveis» – não são impolutos e isentos, esterilizados, divinos «donos da verdade» mas sim também… autênticos operativos camuflados (ou nem tanto) do PD. Dar credibilidade tanto a uns como a outros... é ridículo.
Para começar, Neil Newhouse, elemento da equipa de Mitt Romney, não disse, obviamente, que «os factos não iriam ditar a mensagem da campanha» dos republicanos; ele referiu-se, sim, aos «fact-checkers». E Paul Ryan não mentiu, obviamente, durante o seu discurso da convenção republicana – o «problema» é que quando são confrontados com factos ditos de forma apelativa por um opositor credível, como é o caso do representante do Wisconsin candidato a vice-presidente, os «burros» fazem «birras», queixam-se de «discurso de ódio» e de «mentiras», embora estas, habitualmente, não sejam mais do que «verdades de que os democratas não gostam». E só mesmo os estúpidos e os mal-intencionados é que podem dar grande importância ao engano de Ryan quanto ao tempo que fez quando correu uma maratona há 20 anos, um assunto «sem dúvida» muito mais importante do que as autênticas mentiras proferidas – e preferidas – pelos (dos) democratas, entre as quais a maior sem dúvida é…
… Que os Estados Unidos da América estão hoje melhores do que há quatro anos. É uma ideia tão idiota que está para além de qualquer diferença de opinião: factos são factos, e os números não mentem. Porém, «obedientes» como são, contrariando as evidências e expondo-se às gargalhadas, Martin O’Malley (que se «descuidara» antes), «Dumb» Debbie Wasserman-Schultz e Stephanie Cutter lá repetiram a «profissão de fé». Mas estas duas meninas merecem uma menção especial por se terem revelado autênticas «Pinóquias» capazes das mais despudoradas «pinocadas» sobre a verdade. Cutter, com um descaramento e uma descontracção característicos de uma profissional já muito batida e rodada, afirmara antes que os republicanos «pensam que mentir é uma virtude» - quando ela, sim, é que mentiu quando disse não conhecer o homem que acusara Mitt Romney da morte da esposa por cancro nem saber da sua «história» antes da transmissão daquele anúncio indecoroso. Schultz, por sua vez, viu-se em apuros ainda maiores quando fez declarações – de que há gravação – garantindo que o Embaixador de Israel nos EUA teria criticado o Partido Republicano, algo que aquele diplomata prontamente desmentiu, e ainda acusou um jornalista de ter deturpado as suas palavras.
O Partido Democrata mente sobre a sua própria história. Rotinado nas patranhas e nos plágios, é um partido de Pinóquios, e eles não faltaram na convenção em Charlotte. «Ó avozinha, porque tens um nariz tão grande? É porque menti melhor, minha netinha…» Michelle Obama mentiu no seu discurso. Bill Clinton mentiu no seu discurso – e o «entusiasmo» com que «apoiou» Obama consistiu apenas num (grande) esforço para depois não ser acusado da derrota do Nº 44, além de querer apagar a má impressão (mais uma) resultante da sua desconsideração (mais uma) de ter dito que BHO, noutros tempos, não faria mais do que «carregar-lhe as malas». E o presidente, evidentemente, mentiu no seu discurso, embora para ele e para os seus cúmplices faltar à verdade não seja algo de anormal. Aliás, o próprio local do discurso representou uma mentira: não foi (a previsão de) um clima adverso que impediu que aquele ocorresse no Bank of America Stadium, mas sim o receio – justificado – de não conseguirem ocupar todos os 75 mil lugares, apesar de ainda terem tentado oferecer bilhetes!
Porém, a mentira mais grave da convenção democrata acabou por ser a resultante da «trapalhada» da (tentativa) de reinserção na plataforma (programa do partido) de referências a Deus e a Jerusalém como capital de Israel, que haviam sido retiradas com a concordância de Barack Obama. Um «espectáculo» (degradante e deprimente) para mais tarde recordar, devido principalmente às vaias com que a proposta foi recebida por uma grande parte dos delegados, mas também por causa do próprio modo displicente com que foi «aprovada», à terceira, sem verdadeira contagem (nem sequer houve braços no ar à maneira comunista): o que contou foi a comparação da «potências sonoras» dos «sins» e dos «nãos»… practicamente idênticas! Pelo que, constrangido e embaraçado, Antonio Villaraigosa disse «que na opinião do chairman (ele) a proposta foi aprovada.» Um resultado por opinião! Aliás, o resultado, o texto, já estava no teleponto que o mayor de Los Angeles leu… Não há qualquer dúvida de que não foram registados os dois terços necessários para fazer a alteração. Mais uma vez, os democratas não quiseram saber de cumprir as regras… nem mesmo as deles! O que não é de admirar: num partido que é contra a apresentação de um cartão de identificação com fotografia nas eleições e em que tantos são a favor de que imigrantes ilegais votem, o que aconteceu na Time Warner Arena não tem muita importância…
Após a convenção, as mentiras continuaram sob a forma de sondagens que davam a Barack Obama um «salto», um aumento da vantagem sobre Mitt Romney – sem qualquer credibilidade porque, habitualmente, as amostras da ABC, CBS, NBC e CNN contêm mais democratas do que republicanos. Nem a Gallup é agora inteiramente confiável, depois de ter sido – no que constituiu um autêntico acto de represália – alvo de um processo em tribunal pelo Departamento de Justiça na sequência de ter realizado e divulgado outra sondagem não propriamente favorável à actual administração…
(Adenda - Barack Obama, o «Pinóquio-Chefe», continua a dizer mentiras descaradamente, com quantos dentes tem na boca... a mais recente é a de que a operação «Fast & Furious» começou na presidência anterior. Quatro anos depois, o principal «argumento» democrata continua a ser «blame Bush»! Sim, continuem a criticar Mitt Romney e a sua campanha, continuem... porque «não há» assuntos mais importantes neste momento!)

terça-feira, 11 de setembro de 2012

A pior das escumalhas

(Sete adendas no final deste texto.)
11 anos depois do 11 de Setembro… Lenta, mas sólida e seguramente, tem sido feita a reconstrução dos espaços atingidos pelos atentados de 2001. Em Washington a do Pentágono foi concluída em 2008 com a inauguração de um memorial. Outro, o de homenagem aos passageiros e tripulação do United 93, foi aberto há um ano na Pensilvânia. Em Nova Iorque a reconstrução do World Trade Center continua, e em Maio último o principal edifício do novo complexo tornou-se, apesar de ainda inacabado, o mais alto da cidade, superando novamente o Empire State Building.
Porém, pode-se repor os objectos mas não as pessoas que se perderam. A mágoa mantém-se, mesmo que mitigada pelo passar do tempo. E se o sofrimento de sobreviventes e de familiares das vítimas já é elevado o suficiente pela constante evocação daquele dia e do que então aconteceu, é agravado de cada vez que os «truthers» – adeptos da teoria d(e um)a conspiração – se fazem ouvir. Invariavelmente, todas estas anedotas asquerosas são «inclinadas» à esquerda, «progressistas», (próximas dos) democratas. Há os «truthers» (mais ou menos) famosos, com destaque para «estrelas» do entretenimento; há os políticos como Rabbi Alam (muçulmano apesar do nome), apoiante de Barack Obama e que já visitou a Casa Branca. E há os anónimos, ou quase, sempre à procura dos seus 15 minutos (ou segundos) de fama, cidadãos comuns… excepto no que se refere às suas obsessões – como aquele que apareceu em meados de Agosto em Wisconsin para protestar contra Mitt Romney e Paul Ryan, e que não duvida de que George W. Bush liderou um «inside job» no 9/11; alguns (candidatos a) «spin doctors» tugas, adeptos da «meia bola e força», que falam da «raiva anti-Obama» republicana (sem dar exemplos), deveriam ouvir este espécimen dizer que «adoramos republicanos mortos»…
… E depois de verem, como eu vi – «grande momento» da televisão portuguesa – no passado dia 22 de Agosto, na TVI24 (um canal que, não há dúvida, pugna pela «credibilidade»), numa emissão do programa «Observatório do Mundo», um «documentário» do «colectivo» conhecido como «Loose Change», que elevou a paranóia a novos patamares de «sofisticação» e chegou ao cúmulo de apontar Prescott Bush – pai de George H. e avô de George W. – como um «pioneiro» de modernas e maquiavélicas conspirações. Pelos vistos, o «mal» é de família e vem de trás… No entanto, os «truthers» costumam «esquecer-se» de um «pequeno», «insignificante» pormenor… é que terroristas islâmicos já tinham tentado destruir o World Trade Center em 1993, detonando um veículo cheio de explosivos no parque de estacionamento subterrâneo de uma das torres. O «cérebro» dessa operação foi o mesmo da de oito anos depois: Khalid Sheik Mohammed. Porque é que não surgiram «teorias alternativas» dessa vez? Será porque, então, o presidente era o democrata Bill Clinton? Agora, o seu «sucessor» decidiu assinalar a data: quebrando (mais) uma promessa, a de não fazer campanha eleitoral hoje; e enviando uma mensagem de saudação ao... Fórum Árabe de Recuperação de Activos (!) Um comportamento que não espanta em alguém que chegou a apoiar publicamente a construção de uma mesquita perto do «Ground Zero» de Nova Iorque.
Os «truthers» estão entre a pior das escumalhas, e bem perto deles estão os que consideram a invasão do Iraque um «crime de guerra» pelo qual GWB e Tony Blair (e José Maria Aznar e Durão Barroso?) deveriam ser julgados no Tribunal Internacional de Haia. Porquê? Porque hoje naquele país «não» existe uma democracia minimamente digna desse nome e sem as regressões sociais que se estão a verificar, por exemplo, no Egipto e na Tunísia após a «Primavera Árabe»? Porque Saddam Hussein «não» era um ditador sanguinário, responsável material e moral por cerca de um milhão de mortes? Porque ele «não» invadiu o Irão e o Kuwait? Porque «não» acolheu terroristas? Porque «não» desrespeitou várias resoluções do Conselho de Segurança da ONU? Porque «não» tinha, «não» utilizara contra os curdos, e «não» planeava utilizar novamente, armas de destruição maciça? Aliás, de tal forma essas armas «não» existiram que, numa breve notícia divulgada discretamente no final de Julho último, se revela que elas afinal… ainda existem: a Grã-Bretanha vai auxiliar o Iraque a eliminar o que resta do arsenal químico do «carniceiro (e ladrão) de Bagdad»; o mais curioso está no título – fala-se em «resíduos»… que ocupam «apenas» o espaço de dois bunkers!  
Venham os do costume dizer que os americanos (republicanos) mentiram por causa do petróleo… Decididamente, já não há paciência, já não há pachorra, para esta gentalha, «parentes», por sua vez, dos que negam o Holocausto – e que, aliás, certamente têm em Mahmoud Ahmadinejad um ídolo, já que o presidente do Irão é um autêntico «três em um» em termos de teorias da conspiração. Não é preciso, nem vale a pena, mandá-los à m*rd*… porque eles já são m*rd*.
(Adenda – Nada «melhor» para assinalar o 11 de Setembro, e para confirmar o «sucesso» da política externa de Barack Obama, do que ataques de muçulmanos a representações diplomáticas norte-americanas no Egipto e na Líbia, tendo neste país morrido o respectivo embaixador e outras três pessoas. Não era suposto que eles deixassem de odiar os EUA depois da eleição do Sr. Hussein e de este ter pedido desculpa por «erros passados» e apoiado os derrubes de Hosni Mubarak e de Muhammar Khadaffi? As primeiras reacções da actual administração foram previsíveis: cobardes, contraditórias e vergonhosas. Previsivelmente, histéricos «jornalistas» da treta optararam por dar maior destaque às declarações de Mitt Romney do que à impotência e à incompetência (houve avisos que foram ignorados) do presidente. Este, entretanto, não encontra espaço na sua agenda para se encontrar em Nova Iorque com o primeiro-ministro de Israel… mas encontra-o para visitar David Letterman e também Beyonce. Alguém falou em 1979 e no  assalto à embaixada de Teerão com tomada de reféns? Jimmy Carter perdeu o Irão e Obama - ele próprio o reconhece - perdeu o Egipto. Sinceramente, como é possível que (em Portugal e não só) ainda exista gente com descaramento para defender os democratas e a sua permanência na Casa Branca por mais quatro anos?)
(Segunda adenda – «O que estamos a ver no ecrã é o derretimento, o colapso da política de Obama no mundo muçulmano. A ironia é que começou no Cairo, no mesmo local onde ele fez um discurso no início da sua presidência, e em que ele disse que queria um novo começo com respeito mútuo, dando a entender que sob outros presidentes, particularmente (George W.) Bush, havia uma falta de respeito mútuo. O que foi um insulto aos Estados Unidos, que foram à guerra seis vezes nos últimos 20 anos a favor de muçulmanos oprimidos, no Kuwait, no Kosovo, Bósnia, Iraque, Afeganistão, e outros lugares.» Charles Krauthammer)
(Terceira adenda - Eis os EUA na era pós-Obama... «autoridades federais» procuram, localizam e revelam a identidade dos autores do filme que, supostamente, «ofendeu» os muçulmanos; a Casa Branca, cedendo aos chantagistas islamitas, pede ao YouTube que aquele seja removido. Ainda estamos no Verão, pelo que as «Boas Férias com Alá» continuam. Já se nota a «flexibilidade», e não apenas perante Vladimir Putin.)
(Quarta adenda - «Hillary Clinton, defensora da infidelidade e dos assassinos de infiéis», Jeannie DeAngelis. Aliás, depois de receber os caixões com os americanos mortos na Líbia, a secretária de Estado celebrou o fim do Ramadão com o embaixador daquele país.)
(Quinta adenda - John Nolte, brilhantemente irónico, aqui e aqui.)
(Sexta adenda - John Kerry, em 2004, e o próprio Barack Obama, em 2008, acusaram, em plena campanha eleitoral, George W. Bush aquando das mortes de norte-americanos em ataques de muçulmanos. Quem agora critica Mitt Romney mas se recusa - mesmo retroactivamente - a criticar Kerry e Obama não tem um mínimo de credibilidade.)
(Sétima adenda - A actriz Kerry Washington, ao discursar na convenção democrata, alertou contra as «pessoas» que querem «tentar tirar os nossos (das mulheres) direitos, de voto, de escolha, de educação de qualidade, de pagamento igual, de acesso à saúde...» Sim, ela tinha, e tem, razão: essas pessoas são os muçulmanos fanáticos que querem impôr a Sharia. De «certeza» que ela não se estava a referir aos republicanos... isso seria muito, muito estúpido.)

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

George R. R. Martin é um idiota

Sou um firme defensor da ideia de que se pode e deve admirar um(a) artista mesmo que se desgoste ou até despreze (d)o cidadão, (d)o homem (ou cidadã e mulher) que habita o mesmo corpo; que se pode e deve apreciar, desfrutar, preferir uma obra, o resultado da imaginação e do trabalho mesmo que se abomine as afirmações e/ou as acções em outros âmbitos do indivíduo que criou aquela. Exemplos? José Saramago apesar do seu comunismo e iberismo. Louis-Ferdinand Céline apesar do seu anti-semitismo. Ezra Pound apesar do seu fascismo.
Vem isto a propósito de outro caso no mesmo género, não obstante ser menos grave. Mas não deixa de ser decepcionante, e há que afirmá-lo claramente, inequivocamente, «branco no preto»: George R. R. Martin é um idiota. E bem grande, por sinal. O autor de «A Game of Thrones» («Um Jogo de Tronos», mas que em Portugal recebeu o título «A Guerra dos Tronos» - sim, concordo, há traduções piores…), um dos grandes nomes da FC & F actuais, elogiado pelos críticos, escolhido e consumido pelos leitores, norte-americano, é também – soube-o apenas recentemente – apoiante, simpatizante, votante, do Partido Democrata. Pelo que não surpreende que ele seja capaz: de acreditar, e de declarar, que Barack Obama é «o presidente mais inteligente que tivemos desde Jimmy Carter»; de celebrar a aprovação do «ObamaCare»; de sugerir que se devia retirar a cidadania a Joe Lieberman (teria a mesma opinião se aquele senador não fosse judeu?)   
Porém, a estupidez (na política, pelo menos…) de Martin atingiu um nível verdadeiramente delirante… e indefensável quando decidiu (voltar a) vituperar o Partido Republicano por este, supostamente, querer «suprimir votos» e, dessa forma, «negar o mais básico e importante direito de qualquer cidadão americano a centenas e a milhares de pessoas». Afinal, de que se trata? Simplesmente, isto: aprovar leis – nos Estados em que tal ainda não é obrigatório – que fazem depender a possibilidade de votar da apresentação prévia de um cartão de identificação com fotografia. Como acontece em Portugal e em qualquer país civilizado. Para impedir ou diminuir os casos de fraude eleitoral, que os «burros» insistem que não existem em número considerável nos EUA, apesar de diversas investigações criminais e acusações judiciais demonstrarem o contrário – e em que os arguidos são, normalmente, democratas (Adenda - Esta semana mais um foi acrescentado à desonrosa lista) (Segunda adenda - E mais outra!). No entanto, o autor das «Crónicas de Gelo e Fogo» vê naquelas iniciativas não mais do que a «escassa consideração pela nossa república e os seus valores» por parte de «oligarcas e racistas envoltos em peles de elefantes mortos». Verdadeiramente «épico»! Será esta a sinopse do seu próximo livro?      
George R. R. Martin, que tem sempre de apresentar, tal como em várias outras situações do quotidiano, um cartão de identificação com fotografia quando quer viajar (e ele viaja muito…), vive mesmo num mundo de fantasia. E, muito provavelmente, ele nem sabe quanto. (Também no Simetria.)

domingo, 2 de setembro de 2012

Respeitar as convenções

Está-se num momento de «transição» entre as convenções nacionais dos dois principais partidos políticos dos Estados Unidos da América. A republicana, realizada em Tampa, na Flórida, terminou na passada quinta-feira, dia 30 de Agosto, e confirmou Mitt Romney e Paul Ryan como candidatos aos cargos, respectivamente, de presidente e de vice-presidente. A democrata, que vai realizar-se em Charlotte, na Carolina do Norte, começa amanhã, dia 3 de Setembro, e confirmará Barack Obama e Joseph Biden como recandidatos aos mesmos cargos.
Porém, os dois eventos não são, obviamente, imunes a acontecimentos políticos prévios mais ou menos relevantes. E um «incidente verbal» - mais um entre muitas dezenas (a justificarem, provavelmente e proximamente, um texto especial) – protagonizado há cerca de duas semanas precisamente por Joe Biden exemplifica, simboliza perfeitamente as diferenças de atitude não só entre as duas candidaturas mas também entre os dois partidos. A 14 de Agosto, num comício de campanha em Danville, na Virgínia, frente a uma audiência predominantemente afro-americana, o vice-presidente «avisou» que os republicanos, se vencerem, «vão voltar a pôr-vos em correntes». É preciso explicar até que ponto isto é ofensivo, estúpido e quase criminoso? Um alto dirigente de um partido que tem na sua essência e no seu historial a escravatura, o racismo e a segregação a dizer que os herdeiros dos abolicionistas é que querem «acorrentar» negros?
As reacções, as respostas, multiplicaram-se (houve em Portugal algum outro local, sem ser no Obamatório, onde tenham tido conhecimento disto?), umas mais previsíveis do que outras. Os democratas, obviamente, a começar por Barack Obama, desculparam, desvalorizaram este (mais um) vómito verbal de Biden (porque, como se sabe, há uma «competição» permanente no campo azul para expelir o mais repelente), mas o que mais continua a surpreender (ou já nem isso…) é a atitude de alguns (talvez representando a maioria, mas não todos) afro-americanos do PD perante alarvidades como esta. Douglas Wilder foi uma das (muito) poucas vozes que não chegam para compensar, para contrabalançar as fracas figuras de Emanuel Cleaver, Russell Simmons e William Keen, autênticos «Tios Tomás» dos tempos modernos, novos e voluntários escravos dos seus «donos e senhores» democratas, que renunciam a ser pessoas e se contentam em serem coisas, adereços, de disputas políticas dos «patrões brancos». E esta «reprodução» de miserabilismo (mental, pelo menos) continua: repare-se em Touré Neblett, quiçá sobrevivente da Planned Parenthood (apesar de tentarem incansavelmente, os continuadores de Margaret Sanger não conseguem abortar todos os «bebés pretos feios»), tão novo e já tão sacana, a dizer que Mitt Romney promove a «escarumbização» («niggerization», no original) de Barack Obama! E porquê? Porque o candidato republicano, defendendo-se das inacreditáveis e injustas acusações de que tem sido alvo (que incluem assassinato e fuga aos impostos), caracterizou, e correctamente, a campanha do seu adversário como sendo animada por sentimentos de «divisionismo, zanga e ódio»… e, para aquele fedelho, um homem branco equipara «zangado» a «negro»! Atente-se nisto: Biden faz uma afirmação realmente racista… mas os democratas dizem que não foi; Romney riposta, e por o fazer os democratas dizem que ele é racista! Claro que eles querem que os republicanos fiquem calados, porque só assim talvez não haja «perigo»… por exemplo, de os «Novos Panteras Negras», tão «conhecedores» da história dos EUA, atacarem ou até matarem aqueles. Infelizmente, homens como Allen West ainda são excepções à regra.
No entanto, e no dia seguinte, 15 de Agosto, aconteceu um acto pior do que quaisquer palavras: um indivíduo entrou no escritório de Washington do Family Research Council, uma instituição católica, conservadora, que se opõe ao aborto e ao «casamento» entre pessoas do mesmo sexo; depois de afirmar que se opunha às posições do FRC, sacou de uma pistola (tinha igualmente dezenas de munições) e, no átrio, disparou sobre um segurança que, apesar de ferido, conseguiu desarmar e imobilizar o atacante com a ajuda posterior de alguns colegas – impedindo assim, quase de certeza, a concretização de um massacre com dezenas de vítimas caso o invasor tivesse conseguido aceder aos gabinetes.
As reacções, as respostas, multiplicaram-se (houve em Portugal algum outro local, sem ser no Obamatório, onde tenham tido conhecimento disto?), umas mais previsíveis do que outras. Como as dos principais membros da lamestream media, que pouca, nenhuma – ou muito atrasada – cobertura deram ao assunto. Soube-se depois o mais que provável motivo: o criminoso é, ou tinha sido até recentemente, voluntário em organizações LGBT, organizações essas que haviam classificado o FRC como… um «hate group», um «grupo que promove o ódio» por… ser contra o «casamento» entre pessoas do mesmo sexo! Decididamente, há ironias mais perigosas do que outras… Não será demais lembrar que essas organizações LGBT, que classificam de «odiosas» outras que têm ideias diferentes das suas e que são (i)moralmente responsáveis pelo ataque ao FRC, estão agora plenamente integradas no Partido Democrata – e serão sem dúvida bem visíveis na convenção que começa amanhã – devido à «conversão», ao «sair do armário» de Barack Obama a favor do «casamento» gay – no que representou, na verdade, pelo menos a sua segunda mudança de posiçãoflip-flop») sobre este assunto enquanto político. Porque, como fizeram notar, respectivamente, Rahm Emanuel e Chuck Todd, o dinheiro dos judeus e o de Wall Street (nas campanhas eleitorais democratas) foram, ou estão a ser, substituídos pelo dinheiro dos homossexuais.
Esta é, aliás, outra área em que se podem estabelecer analogias entre José Sócrates e Barack Obama: tanto Portugal como os EUA estão, ficaram, muito piores depois da passagem de ambos pelo poder, mais fragilizados financeira e socialmente, mais deprimidos anímica e materialmente; só numa matéria se verificaram «avanços», «progressos», e essa é a dos «direitos LGBT», pelo que não surpreende que seja entre os activistas da homossexualidade que tanto Sócrates como Obama têm os seus defensores mais empenhados; todavia, há que reconhecer que, por exemplo, Eduardo Pitta e Miguel Vale de Almeida, apesar de serem intelectualmente desonestos, nunca, até agora (que eu saiba), atingiram os extremos de abjecção de que, por exemplo, Andrew Sullivan e Dan Savage mostraram ser capazes… tal como alguns dos seus «companheiros de luta» convidados a visitar a Casa Branca em Junho último e que decidiram «posar», à maneira deles, frente ao retrato de Ronald Reagan. (Adenda: e há outros daqueles... activistas portugueses, também intelectualmente desonestos, que defendem o actual presidente norte-americano.)  
E que «bom» que seria que os democratas limitassem os seus comportamentos desviantes às campanhas eleitorais. Contudo, e para cúmulo, estendem-nos ao próprio acto de votar. Uma das suas maiores «taras» é contestar, combater, a obrigatoriedade de apresentar um cartão de identificação com fotografia aquando de eleições, porque isso, para eles, significa «discriminar» os eleitores mais desfavorecidos, em especial os das minorias («racismo»!) e impedi-los de ir às urnas! É claro que esse requisito é também exigido para tarefas tão prosaicas como, entre muitas outras, alugar um DVD, comprar bebidas alcoólicas e tabaco… e entrar na convenção democrata! Face a estes argumentos, Bernard Whitman, «estratega» dos «azuis», limitou-se a desconversar, e não respondeu quando Sean Hannity lhe perguntou: «você não tem vergonha? Vocês (democratas) não têm vergonha?!» Não, não têm. Nem todos querem respeitar as mais básicas convenções… da civilidade. Todd Akin fez afirmações gravíssimas? Sim, e todos os principais dirigentes do GOP foram inequívocos em criticá-lo, em condená-lo… e em «convidá-lo» a desistir da sua candidatura ao Senado; do outro lado, o mesmo não aconteceu com as afirmações de Joe Biden… a começar com o actual presidente dos EUA. E esta é (um)a grande diferença.