sexta-feira, 27 de julho de 2012

Que os Jogos comecem!

Começam hoje, em Londres, os Jogos Olímpicos de 2012. Apesar de a vertente desportiva dever ser sempre a mais importante e a que mais atenção, interesse e participação deve suscitar, é quase inevitável que outras questões, polémicas e controversas, especialmente de âmbito político ou económico, surjam ocasionalmente. Felizmente, e nas últimas edições, nenhuma foi tão grave e drástica como os boicotes consecutivos aos jogos de 1980, em Moscovo, e de 1984, em Los Angeles…
… Mas desta vez há uma controvérsia que traz incontestavelmente um leve «aroma» de «outros (bons e velhos?) tempos», de «guerra fria». Qual? Soube-se recentemente que os uniformes da representação dos Estados Unidos da América foram fabricados… na China! E este facto originou protestos de alguns políticos, quase todos democratas, indignados por as roupas não terem sido produzidas no próprio país, por empresas norte-americanas e por trabalhadores norte-americanos. O mais veemente foi Harry Reid, líder da maioria democrata no Senado, que declarou inclusivamente que o comité olímpico dos EUA «deveria ter vergonha» e que todas aquelas peças de vestuário deveriam ser amontoadas e queimadas! «Ecos» desta «bronca» chegaram a Pequim: a agência noticiosa (ou seja, de propaganda) Xinhua denunciou a «hipocrisia» e a «irresponsabilidade» da política norte-americana – que, recorde-se, e ao contrário da chinesa, (ainda) permite mais do que um ponto de vista.
Não consta – pelo menos tal não foi referido explicitamente – que o desagrado dos democratas também se devesse às (re)conhecidas deficientes condições de trabalho de muitas unidades industriais chinesas, habituais fornecedoras de várias empresas estrangeiras, incluindo norte-americanas – algumas, como a Apple e a Nike, já se ressentiram nas suas imagens devido a essas «ligações (algo) perigosas». E é de perguntar se, antes de terem decidido protestar, se sabiam – ou se recordavam – que a pessoa responsável pela decisão de fabricar na China os uniformes olímpicos norte-americanos é Ralph Lauren, famoso estilista e empresário, multimilionário, e que é também um dos mais notórios apoiantes e financiadores do Partido Democrata!
Há quem, como Ben Shapiro, suspeite que esta atitude dos democratas contra este «outsourcing têxtil-desportivo» mais não é do que a preparação de outra fase da campanha deles contra Mitt Romney sobre o mesmo tema: em 2002, os atletas norte-americanos que participaram nos Jogos Olímpicos de Inverno em Salt Lake City terão envergado uniformes fabricados… no Canadá. Porém, deve-se fazer duas ressalvas: Romney foi «apenas» o responsável máximo do evento, e, como tal, pouca ou nenhuma influência teve na escolha do equipamento das equipas; e, fazendo a comparação em termos políticos e económicos, com enfoque em «direitos, liberdades e garantias», antes o «grande vizinho do Norte» (cujos habitantes, entretanto, já são mais ricos do que os americanos) do que o «Império do Meio»… 
De qualquer forma, e também neste âmbito, a vantagem é toda do ex-governador do Massachusetts: a sua acção enquanto CEO dos Jogos de 2002, com inegáveis e consideráveis custos pessoais, levando ao sucesso desportivo e financeiro uma organização que, antes de ele entrar, parecia inevitavelmente condenada ao fracasso, é uma enorme mais-valia no seu currículo profissional… e eleitoral. Por seu lado, Barack Obama limitou-se a ser o «padrinho» de uma candidatura fracassada de Chicago aos Jogos de 2016 (perdeu para o Rio de Janeiro). Assim, e se forem bem aproveitados pela sua campanha, estes Jogos Olímpicos que hoje se iniciam na capital inglesa poderão, mesmo que indirectamente, funcionar como uma poderosa manobra de promoção a favor de Mitt Romney nos seus... jogos políticos.      

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Um gajo simpático?

John McCain cometeu esse erro em 2008, e talvez tenha sido o principal da sua campanha: considerou Barack Obama «a nice guy», um gajo simpático, uma boa pessoa, um candidato responsável, em vez de o ter atacado com… a verdade, que se podia depreender do que já então se sabia: um político «educado» na «Escola de Chicago», com tudo o que isso implica de corrupção, crime, golpes baixos e troca de favores, e que recebeu (por vontade própria) «formação complementar» de uma «galeria de notáveis» extremistas, marxistas, racistas e terroristas.
Mitt Romney pareceu, em 2012, e até determinado momento, repetir o erro do seu predecessor. Mas isso não faria qualquer sentido nem teria qualquer justificação, antes de mais porque quase quatro anos de constantes afirmações e acções ofensivas e divisivas, não só contra o Partido Republicano mas também contra todo o país, desvaneceram qualquer dúvida que pudesse subsistir acerca do mau carácter e dos poucos escrúpulos do homem que se tornou – inacreditavelmente, porque não tinha competência, experiência e qualificações (pessoais e profissionais) para tal – o 44º presidente dos EUA. E, agora que os «cães de ataque» do Sr. Hussein, como David Axelrod, Debbie Wasserman Schultz, Rahm Emanuel e Stephanie Cutter lhe chamam, com a maior das calmas e a bênção e o beneplácito do chefe, «ou criminoso («felon») ou mentiroso», é provável que Romney se tenha convencido definitivamente de que o seu opositor não inspira nem merece respeito, confiança e (um resto de) benefício da dúvida.
E repare-se no «raciocínio» (retorcido) dos obamistas: acusa-se o «inimigo» apenas com insinuações, sem apresentar provas; e, se ele responder, protestar, negar, está a ser «queixinhas», ou, pior, racista. É claro que isto só funciona se houver a complacência, e a cumplicidade, d(e algum)a comunicação social, raramente ou nunca disposta a apontar as contradições, as duplicidades, as hipocrisias, com uma memória maior ou menor consoante as pessoas e os partidos em causa. Lá como cá: será apenas ignorância e ingenuidade, ou algo pior, que faz com que uma jornalista supostamente com experiência na área internacional escreva que «para o presidente, é uma estratégia arriscada porque quebra a imagem de pureza firmada nas eleições de há quatro anos: o candidato que não usava tácticas sujas contra os seus rivais.» Eis uma «notícia de última hora»: Barack Obama nunca foi «puro» na política; nas suas campanhas para o Senado e na primária democrata de 2008 não faltaram exemplos de «tácticas sujas» - e outras tantas queixas de Hillary Clinton contra aquelas.
Mitt Romney «exportou» empregos americanos para o estrangeiro? Não há certeza disso; mas é certo que Obama o fez, directamente com o «estímulo» às «energias limpas», e indirectamente através do seu amigo e conselheiro Jeffrey Immelt, da General Electric. O presidente e os seus capangas sugerem que Romney é um criminoso? Então, nada melhor do que apresentar uma lista dos dez maiores, e verdadeiros, criminosos (há mais) com quem BHO tem ou teve relações – aliás, a suspeita persiste de que o Sr. Hussein seja o maior criminoso de todos. O presidente e os seus capangas exigem que Romney divulgue mais declarações de rendimentos dos que as legalmente exigidas (o que ele já fez)? Então, nada melhor do que apresentar uma lista dos dez principais documentos (há mais) que Barack Obama ainda não divulgou… em que se destacam os relativos à sua educação (ou falta dela). Em Portugal discute-se muito, actualmente, o percurso académico de Miguel Relvas (e, retroactiva e comparativamente, o de José Sócrates), mas não seria surpreendente se viesse a descobrir-se que o de Obama foi ainda mais tortuoso.
Que ninguém se deixe enganar pela propaganda e pela histeria, papagueada, entre outros, pelo anedótico o(Bama)nanista Chris Matthews, que, depois talvez de mais um «arrepio pela perna» (e consequente molhar das calças), declarou, surpreendido e indignado pelo «ódio» e pelas críticas que os republicanos fazem a BHO (pois é, porque será?), que «ele é o pai perfeito, o marido perfeito, o americano perfeito». Na verdade… ele não presta. Nem enquanto americano (se de facto o é) nem enquanto presidente. Como pai talvez, mas não como irmão e sobrinho: George Obama (sobre)vive num bairro de lata em Nairobi, e Onyango Obama e Zeituni Onyango tornaram-se imigrantes ilegais nos EUA. O Nº 44 não poderia «redistribuir» um pouco da sua riqueza para ajudar os seus familiares? Ou, por via de mais uma ordem executiva, vai conceder-lhes uma amnistia?  

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Acertar contas na Suíça

Não é novidade, e já referi aqui no Obamatório, que a campanha de Barack Obama, por nada ter de positivo a defender, optou por fazer consecutivas críticas e acusações – pessoais e profissionais – a Mitt Romney. Até agora todas – «bully», «tax cheat», «outsourcer» – se revelaram falsas, mas isso não tem impedido os «burros» de persistirem e de insistirem em «atirar barro à parede» - ou lama, ou m*rd* - a ver se alguma coisa «pega».
A mais recente dessas (risíveis) tentativas tem «Suíça» como palavra-chave. Aparentemente, o candidato do Partido Republicano e/ou a sua família tem ou teve dinheiro em pelo menos uma conta de um banco daquele país europeu, alegadamente no valor de três milhões de dólares – o que, só por si, não significa, logicamente, qualquer comportamento criminal ou incorrecto. Porém, isso não tem impedido várias figuras de relevo do Partido Democrata e da lamestream media de lançarem as mais torpes insinuações. Matthew Yglesias, da Slate, «descobriu» que Adolf Hitler também tinha uma conta na Suíça – sim, é tão «original» comparar um conservador ao líder nazi. Robert Gibbs disse que «o autocarro (de Mitt Romney) provavelmente foi feito na Suíça» - embora, «estranhamente», não tenha falado no de Barack Obama, que foi feito (de certeza) no Canadá. Martin O’Malley, governador do Maryland, afirmou – na mesma ocasião em que a sua repetitiva lengalenga feita de ocos talking points foi estilhaçada pelos factos e números apresentados pelo seu homólogo do Louisiana Bobby Jindal – que Romney «apostou contra os EUA» ao abrir uma conta na Suíça; no entanto, melhor faria O’Malley em mudar ele próprio de políticas, em especial as fiscais, que estão a afastar investidores do seu Estado. E não podia faltar Debbie Wasserman Schultz que, justificando o seu «título» de «A mais estúpida de 2011» e tentando repeti-lo em 2012, declarou que o ex-governador do Massachusetts não está «comprometido com a América» por ter contas bancárias no estrangeiro, na Suíça e não só; todavia, vem a descobrir-se que… a própria «Dumb Debbie» colocou parte do seu dinheiro num fundo de reforma que investiu, entre outras instituições, no maior grupo bancário privado suíço! E em empresas de países como o Reino Unido, Dinamarca, Alemanha, Índia, China e Japão!
Também não ajuda muito a credibilizar esta atoarda que George Clooney, não satisfeito com realizar jantares milionários de angariação de fundos para Barack Obama em Los Angeles, faça o mesmo… em Genebra. Enfim, que mais se pode dizer de tão deprimentes demonstrações de dualidade de critérios? Talvez que tais «quebras de memória» se devam a um excesso de consumo de queijo… suíço

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Dia da «Dependência»

Hoje, 4 de Julho, é o Dia da Independência, o dia nacional dos Estados Unidos da América. Porém, neste ano de 2012, várias são as pessoas, a começar por Andrew Klavan, que se interrogam, que perguntam se este não será verdadeiramente o – primeiro - «Dia da Dependência». No seu livro «Da Democracia na América», Alexis de Toqueville avisou para a possibilidade de, no futuro, as imensas liberdades de que os norte-americanos goza(va)m virem a ser postas em causa por um «governo de gentileza tirânica», que «degradaria as pessoas sem as atormentar», tornando o Estado mais indispensável ao substituir a iniciativa privada em várias áreas e sectores de actividade, tornando os indivíduos cada vez mais dependentes e subordinados das instituições, e das ajudas, públicas, estabelecendo autênticas «políticas de dependência».
Com a recente decisão do Supremo Tribunal dos EUA de considerar constitucional o «Affordable Care Act» ou «ObamaCare», muitos receiam que esse momento tenha finalmente chegado. Mais concretamente, estará enfim aparentemente cumprida a promessa de Barack Obama de «transformar fundamentalmente» o país… que, em vez de USA, deveria chamar-se URSA? E tal não se infere apenas da – burocratizante, socializante - «reforma da saúde», cuja aprovação significa, para todos os efeitos, que o governo passa a ter o poder para obrigar os cidadãos a comprarem o que, e a comportarem-se como, aquele achar mais adequado. Tal mudança essencial também se depreende: da amnistia dada por Obama a quase um milhão de imigrantes ilegais, ao mesmo tempo que a sua administração tenta assegurar-lhes o direito de voto, combatendo os esforços de alguns Estados – como a Flórida – de «limpar» os cadernos eleitorais e de exigir uma identificação; da nomeação de Richard Griffin, um advogado com ligações à Máfia, para o Conselho Nacional de Relações Laborais; da classificação, pelo Departamento de Segurança Doméstica, como (potenciais) «terroristas» de cidadãos que «reverenciam a liberdade individual» e que «suspeitam de uma autoridade federal centralizada»; da (primeira) celebração pelo Pentágono do «orgulho gay», da homossexualidade, da bissexualidade e da transsexualidade, incluindo mensagens do presidente e do secretário da Defesa, Leon Panetta; do pedido de desculpas oficial apresentado por Hillary Clinton ao Paquistão pela morte acidental de civis daquele país por forças da NATO – mas ainda não há um pedido de desculpas do governo de Islamabad pela ajuda dada a Osama Bin Laden durante anos, nem se prevê que Shakil Afridi, que ajudou a localizar o líder da Al-Qaeda, seja libertado brevemente; enfim, da «inclinação» contínua de Obama perante homólogos estrangeiros – a mais recente foi com Felipe Calderon, presidente do México – no que é já uma indubitável «tradição» do seu mandato.
Outras tradições «vermelhas, brancas e azuis» mais antigas e genuínas parecem estar cada vez mais em risco ou mesmo em vias de extinção. Hastear e ostentar bandeiras das «estrelas e listras» são actos crescentemente condicionados, e até já se suspende o lançamento de fogo-de-artifício para não assustar pássaros! Sim, os EUA de 2012 são uma nação diferente – e pior – do que era em 2008. Ao menos, e enquanto não é proibido, que se ouça a música daquele que foi considerado a «primeira super-estrela» norte-americana: John Philip Sousa, que era filho de um português

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Leiam os lábios dele

Um facto incontestável: a decisão, tomada a 28 de Junho pelo Supremo Tribunal dos Estados Unidos da América, de considerar constitucional o «Affordable Care Act», mais conhecido como «ObamaCare», representou uma grande – e inesperada – victória para Barack Obama, a sua administração e o Partido Democrata. Outro facto tão ou mais incontestável: tratou-se de uma «victória de Pirro», uma «victória com sabor a derrota», cujas desvantagens a médio e a longo prazo serão muito maiores para os liberais do que as (virtuais?) vantagens imediatas e de curto prazo. Eles vão desejar – aliás, quase de certeza desejavam, antes da decisão – terem sido derrotados…
… Porque assim têm agora menos uma «força de bloqueio», o ST, contra a qual possam protestar e «motivar as tropas» nas «batalhas» desta «guerra eleitoral» que vai durar até 6 de Novembro. E o triunfo implica aceitar, mesmo que implicitamente, mesmo que contrariados, o argumento utilizado pelo tribunal para aprovar o «ObamaCare»: o mandato individual é um imposto. Habituados ao «hoje é verdade, amanhã é mentira», a mudarem de posições conforme as conveniências, a quererem «sol na eira e chuva no nabal», a não aceitarem as consequências pelos seus actos, os democratas ainda têm o descaramento de dizer que não se trata de um imposto. Esforço inútil, mas compreensível. Tal como os de George H. Bush (o pai) há 20 anos (a famosa e funesta frase «read my lips, no new taxes»), leiam os lábios dele: Barack Obama tinha dito e prometido – em especial numa entrevista a George Stephanopoulos em 2009 – que o AFA não constituía um novo imposto. Mas é, e vai afectar principalmente os menos ricos, ou seja, os que ganham menos de 250 mil dólares por ano – ou até mesmo os que ganham menos de 120 mil, sobre os quais, segundo algumas previsões, vão incidir 75% dos custos. Na verdade, e mais correctamente, a aplicação da «reforma da saúde» vai traduzir-se no aumento e/ou na introdução de sete impostos; centenas de biliões de dólares em novas despesas; maior carga fiscal sobre os militares; e, sim, estão previstos «painéis da morte» (embora não com esse nome, claro). Como se apercebeu imediatamente Rush Limbaugh após o veredicto, está-se perante «o maior aumento de impostos da história mundial».  
Naturalmente decepcionados, desanimados, desiludidos, com a decisão do Supremo Tribunal, os republicanos pouco ou nada beneficiarão questionando e criticando John Roberts, que, para surpresa geral, desempatou a favor dos «azuis», confirmando, aparentemente, as reservas que a sua nomeação suscitou, nomeadamente, a Ann Coulter e a Ben Shapiro. Terá o chief justice sucumbido às ameaças e às pressões dos democratas? Terá o juízo do juiz sido afectado pelos medicamentos contra a epilepsia? Nem deve o GOP deixar-se perturbar e provocar pelas comemorações dos «burros», previsivelmente caracterizadas pela arrogância e pela ordinarice de que até o presidente deu mostras – embora alguns mais lúcidos, como Ed Rendell e Geraldo Rivera, pressintam o perigo. O importante para os conservadores, para a direita norte-americana, é saber se, num contexto em que a reforma da saúde se tornará o assunto mais importante da campanha eleitoral, Mitt Romney, autor do «RomneyCare», será o candidato, o «porta-estandarte» ideal do movimento político contra o «ObamaCare». As dúvidas nunca desapareceram, e a recente, e desastrada, intervenção do seu conselheiro Eric Fehrnstrom apenas veio aumentá-las. Decididamente, é difícil não pensar que Rick Santorum tinha (alguma) razão.