sábado, 28 de novembro de 2015

Fazer as vidas negras

(DUAS adendas no final deste texto.)
Imaginem que um grupo de estudantes universitários norte-americanos tornava público o seu desagrado por os protestos que tinham vindo a fazer – a propósito de algo que, eventualmente grave (na verdade, nem por isso), não implica(ra) porém perda de vidas – terem sido preteridos, em termos de cobertura mediática, pelos recentes atentados terroristas em Paris. Custa a crer, não é? No entanto, foi precisamente isso que aconteceu na Universidade do Missouri…
… Que constitui, desde há várias semanas, o principal foco difusor da «vertente académica» do «Black Lives Matter», movimento que, tomando como pretexto(s) alguns casos – mediaticamente empolados – de mortes de afro-americanos por polícias, pretende combater o alegado racismo que tais mortes têm implícito através da disseminação de… um autêntico racismo, mas de direcção contrária, de negros contra brancos. Racismo esse que se tem expressado, principalmente nas ruas e nos campus universitários mas não só, não apenas em palavras – em exigências absurdas, em insultos e em ameaças – mas também em actos, em agressões – e em que os alvos «privilegiados», além de quaisquer brancos, são também os negros conservadores.  Escusado será dizer – mas eu digo na mesma – que a «inclinação» político-partidária dos manifestantes é para a esquerda… mas para uma esquerda radical, assustadoramente semelhante e reminiscente de movimentos de outras épocas e de outros lugares, de totalitarismos que advogavam a restrição ou a supressão da liberdade de expressão, a «reeducação» dos que «não seguem a linha», dos que são apanhados «em falta» e que admitem as suas «culpas», e, em casos extremos, a prisão e a eliminação física. A Roger L. Simon e a Bill Maher, homens situados em campos ideológicos opostos, ocorreu-lhes ambos a China como ponto de referência…
O Partido Democrata só pode estar «orgulhoso»: conseguiu tornar (muit)os negros tão racistas como os brancos do KKK… ou seja, tem, teve, os extremos de ódio racial nas suas fileiras. É o resultado inevitável, previsível, de anos, décadas, de doutrinação de radicalismo, de relativismo moral, de multiculturalismo, promovida, ministrada, por ex-hippies que encontraram refúgio da realidade nas escolas e nelas procuraram criar, ou pelo menos (continuar a) conceber, utopias. E os seus alunos são como que «criaturas de Frankenstein» que, literalmente, e numa espécie de «justiça poética», estão a colocar em perigo os seus «criadores»… embora, infelizmente, não só, pois põem em causa toda a coesão e coexistência entre comunidades na sociedade norte-americana. O de 2015 foi um «Verão quente» nos EUA que se prolongou pelo Outono, um «PREC» (Processo Revolucionário Em Curso) «à americana» que, todavia, mais não é, no fundo, do que uma continuação – muitos dos protagonistas, dos incitadores, são os mesmos – do «Occupy Wall Street». Os radicais têm que estar sempre a protestar, e, eventualmente, também a destruir…
A lista de incidentes, entre o ridículo e o revoltante, que a seguir se apresenta, está, infelizmente, longe de ser exaustiva: em Boston, brancos são excluídos de participarem num fórum do «Black Lives Matter»; na Universidade de Rutgers, uma professora (negra) considera que todas as pessoas brancas representam «a face da opressão»; na Universidade de Cleveland, activistas do «BLM» impediram um jornalista (branco) de fazer o seu trabalho; no Gabinete de Recenseamento (um organismo federal) em Washington, um escritor e activista social controverso (e negro) foi pago para fazer uma conferência de cariz conspirativo e racista; no Texas, membros dos New Black Panther Party ameaçaram polícias do condado de Waller… duas semanas antes de um agente da autoridade daquele Estado ser assassinado; na CNN, um activista do «BLM» disse que «todas as vidas importam» (em oposição a que apenas as «vidas negras importam») é uma «declaração violenta»; no Maryland, um homem foi preso por, na sua conta de Twitter, apelar a que se matassem todos os brancos da sua cidade; no Wisconsin, Gwen Moore, representante democrata daquele Estado, acusou Scott Walker, governador do mesmo, de estar a «apertar a corda, literalmente, à volta dos pescoços dos afro-americanos»; em Nova Iorque, uma professora (branca) de uma escola de Long Island colocou um processo em tribunal contra o agrupamento escolar a que aquela pertence por os respectivos responsáveis não terem punido um aluno (negro) que a ameaçara violar; na Universidade da Pensilvânia, uma professora (negra) chamou a Ben Carson «escarumba («coon») do ano»; em Seattle, dão-se aulas de yoga reservadas a afro-americanos; em St. Louis, activistas do «BLM» entoaram ameaças de morte a polícias durante uma manifestação… escoltada por polícias; na Universidade do Missouri, estudantes houve que se segregaram a eles próprios, neste caso por vontade dos afro-americanos; na Universidade do Minnesota, a assembleia de alunos votou contra a realização de uma homenagem às vítimas do 11 de Setembro de 2001 por isso poder representar uma demonstração de «islamofobia»; na Universidade de Dartmouth, estudantes negros invadiram a biblioteca daquela e incomodaram estudantes brancos que lá se encontravam, não só através de insultos mas também de empurrões, fazendo chorar alguns dos colegas.  
Como reagir, como responder, a tanta histeria, a tanta idiotice, e, pior, a tanta violência, apenas latente ou até declarada? Do lado da direita, dos conservadores, do Partido Republicano, condenando com clareza, com firmeza, tal como o fizeram, por exemplo Ted Cruz e Scott Walker, e até com alguma dureza, tal como foi feito por (apoiantes de) Donald Trump… embora nunca se deva esquecer de que se está perante agitadores racistas capazes de passarem da agressão verbal à física. Do lado da esquerda, dos «progressistas», do Partido Democrata, capitulando, apoiando, por cobardia, conveniência e/ou convicção, tal como o fizeram, por exemplo, Bernie Sanders, Martin O’Malley e Valerie Jarrett, que recebeu representantes do «BLM» na Casa Branca, assim dando-lhes credibilidade e mesmo legitimidade. Também não ajuda a que os ânimos se acalmem que «activistas de gabinete», supostos «intelectuais» como Charles Blow, Marc Lamont Hill – este em uma, duas e três ocasiões, entre outras – e Theodore R. Johnson – que propõe que os votos dos negros valham mais que os dos brancos! – continuem a alimentar a falsa narrativa da vitimização dos afro-americanos, da (suposta) contínua conspiração contra eles e da necessidade de «reparações». Do lado dos «liberais» uma das poucas vozes sensatas continua a ser Alan Dershowitz, que, perante este panorama, não hesita em afirmar que «o nevoeiro do fascismo» está a descer sobre as universidades, e, deste modo, igualmente sobre toda a sociedade norte-americana.                  
Quando se chega ao cúmulo de ver democratas – extremistas entre extremistas, mas democratas – exigirem «o apagamento da História» de presidentes como Thomas Jefferson e Woodrow Wilson, tem-se a certeza de que a situação se tornou (definitivamente?) surreal. Os membros do «Black Lives Matter» apenas estão a fazer as vidas negras a eles próprios... e a muitos outros.
(Adenda – O fim-de-semana de Acção de Graças foi – negativamente – marcado em Chicago por violentos protestos contra a morte de (mais) um negro por um (polícia) branco… que, note-se, foi acusado de homicídio e se encontra detido, a aguardar julgamento. Porém, não é habitual ver semelhantes iniciativas sobre – e contra – o chamado «black on black crime», cujos números são assustadores e de que a «Windy City» é uma «amostra» particularmente preocupante. Faltam líderes entre os afro-americanos que tenham a coragem de reconhecer, enfrentar e (tentar) resolver o problema, e um deles é, ou poderia ser, um desportista: Richard Sherman. Entretanto, crimes violentos de negros contra brancos não recebem a mesma cobertura mediática; quem conhece os casos, por exemplo, do jornalista racista, homossexual e apoiante de BHO que assassinou – em directo na televisão! – dois ex-colegas, e dos ladrões que mataram a tiro uma grávida?)
(Segunda adenda – Ainda na maior cidade do Illinois, é de destacar (negativamente): o elogio, feito – a curta distância da sede da polícia da «Windy City»! - por um «activista» (não caucasiano), de Assata Shakur, uma das mais notórias – e não capturadas – assassinas de agentes da autoridade; e a detenção de outro que ameaçou matar 16 «demónios brancos», isto é, um por cada bala que atingiu Laquan McDonald. Mas acaso isto é de surpreender numa cidade onde está o quartel-general de Louis Farrakhan, uma das mais odiosas figuras dos EUA, que em Agosto último apelava a que se lhe juntassem «dez mil homens sem medo» dispostos a «erguerem-se e matarem aqueles que nos matam»? Este, sim é um exemplo extremo de – verdadeira - «retórica violenta», apenas mais explicita do que a usada por Bomani Jones, que se interrogou se a morte de negros por polícias seria deliberada, «algo de inserido na equação, inserido no desenho». Com estes «incentivos», também não é de surpreender que, aqui e acolá, surjam casos de falsas ameaças de brancos a negros, inventadas por… negros, como o recentemente desmascarado na Universidade de Kean.)              

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Um «contratempo» sem «racionalidade»

(QUATRO adendas no final deste texto.)
Eu imagino, até quase consigo «ouvir», a pergunta: «Octávio, vai mesmo aproveitar também o mais recente, e terrível, atentado terrorista em Paris para criticar Barack Obama?» E a minha resposta é: obviamente que vou! E não é por má vontade minha; não tenho de inventar e/ou «forçar», de distorcer ou deturpar factos e argumentos, afirmações e acções (o que, aliás, nunca faço) porque o próprio presidente norte-americano e os seus comparsas do Partido Democrata têm-se encarregado de providenciar todo o «material» necessário nesse sentido.
em Janeiro, aquando do primeiro ataque terrorista deste ano à capital francesa, que teve como principal (mas não único) alvo o jornal satírico Charlie Hebdo, foi evidente a ligação entre o acontecimento e a (vergonhosa) proclamação feita por BHO na sede da ONU em 2012 – pouco depois do ataque ao consulado em Benghazi, recorde-se e realce-se – de que «o futuro não deve pertencer àqueles que insultam o profeta do Islão». Desta vez a conexão é mais directa, tanto material como temporalmente: poucas horas antes do ataque foi difundida na ABC uma entrevista ao Nº 44 em que ele declarou que o ISIS – que viria a reivindicar a autoria do atentado na «Cidade-Luz» - estava, em resultado da estratégia seguida pela actual administração, «contido». As críticas sucederam-se, e não só por republicanos: vários foram os democratas e liberais, políticos ou não, que manifestaram a sua surpresa, a sua discordância e o seu desagrado, com destaque para Dianne Feinstein (senadora da Califórnia), Tim Kaine (senador da Virgínia), Seth Moulton (representante do Massachusetts)… e Jake Tapper e Christiane Amanpour (ambos jornalistas da CNN). Só mesmo os patéticos «fact-checkers» do Politifact consideraram a atoarda do «contained» como sendo verdadeira…
Porém, piores, muito piores, foram as declarações do Sr. Hussein depois do multi-atentado da passada sexta-feira em Paris, feitas ainda nos EUA, e a seguir na Turquia (na cimeira do G-20) e nas Filipinas (na cimeira da APEC). Começou por um «não quero especular» (sobre quem teriam sido os perpetradores dos ataques, como se tal fosse difícil de adivinhar…); continuou com a classificação do massacre na «cidade-luz» como sendo um «terrível e doentio contratempo»; reafirmou (como se tal fosse necessário…) que «não estou interessado em seguir qualquer noção de “liderança americana” ou de “América ganhadora”»; e reiterou, como de costume, as críticas aos republicanos, acusando os membros do GOP – em especial os governadores de «Estados vermelhos» - que recusam receber refugiados da Síria ou, pelo menos, que advogam restrições à entrada daqueles, de serem ofensivos e «contrário(s) aos valores americanos», e de darem ao ISIS «a mais potente ferramenta de recrutamento». Aqueles que duvidam dos que, como Rush Limbaugh, asseguram que Barack Obama é muito mais duro com os opositores internos do que com os terroristas externos talvez, desta vez, tenham ficado definitivamente esclarecidos.
BHO não é, no entanto, e evidentemente, o único democrata a proferir os disparates mais inacreditáveis nas ocasiões menos apropriadas. Depois de o seu «chefe» ter equiparado a um «contratempo» a morte de mais de 130 pessoas e o ferimento de mais de 400, John Kerry resolveu também ele ofender os franceses – e em Paris, na embaixada dos EUA! – ao afirmar que, ao contrário dos ataques da semana passada, que foram «absolutamente indiscriminados», houve, nos de Janeiro, «uma espécie de foco particularizado e talvez mesmo uma legitimidade… não, mais uma racionalidade» porque se poderia dizer «está bem, eles estão realmente zangados por causa disto e daquilo»; o «isto» e o «aquilo» terão sido, seguido a «lógica» distorcida do secretário de Estado, o Charlie Hebdo e as irreverentes, iconoclastas caricaturas (de figuras e de temáticas muçulmanas, mas não só) que aquele jornal satírico francês regularmente publica(va)… e talvez ainda, quem sabe, os judeus que frequenta(va)m o supermercado kosher Hypercacher; é, mais uma vez, a justificação perversa, a «desculpa» cobarde através da culpabilização das vítimas, que Rui Rocha, presciente e sem memória curta, logo denunciou no Delito de Opinião.          
O ex-senador do Illinois (que conseguiu ser presidente) e o ex-senador do Massachusetts (que não conseguiu) não foram, como seria de esperar, os únicos «burros» a soltar alarvidades a (des)propósito do que aconteceu na última sexta-feira, 13. No sábado, 14, em mais um debate televisivo (na CBS), todos os três candidatos democratas a presidente «sobreviventes» recusaram dizer que os EUA estão em guerra com o «Islão radical». Um deles, Bernie Sanders foi mais longe: o assumido socialista continua a acreditar – à semelhança, afinal, dos seus «camaradas» do PD – que as «alterações climáticas» são «a maior ameaça à segurança nacional» do país – e não uns milhares (ou milhões) de algozes dedicados a capturar, violar, escravizar, torturar e matar (de todas as formas possíveis e imaginárias), um pouco por todo o Mundo, o maior número possível de pessoas que recusam submeter-se (totalmente ou «correctamente») a Alá. E não se ficou por aí: o senador do Vermont não duvida de que o (inexistente) «aquecimento global antropogénico» é uma causa directa do terrorismo – uma crença que é partilhada, entre muitos outros, por Martin O’Malley… e por Barack Obama.
E tanto que é essa, «de facto», a maior ameaça que, na segunda-feira, 16, a Organizing for America (agregação de devotos do «messias») retomou as suas «verdes» acções de «conversão» - um «assunto importante» que, aparentemente, toma precedência sobre muitos outros. O que muito terá agradado a Al Gore e atenuado a desilusão que ele terá sentido por o seu concerto-conferência ironicamente intitulado «24 Horas de Realidade», organizado e transmitido a partir de Paris… na sexta-feira, ter sido, como não podia deixar de ser, interrompido pouco depois de ter começado. O ex-vice-presidente deverá ter uma nova oportunidade no final deste mês, quando (mais um)a (inútil) cimeira internacional sobre o clima decorrer na capital francesa, e pela qual Barack Obama não se sentirá incomodado por queimar mais umas quantas toneladas de combustível de avião. Se houvesse um mínimo de vergonha por parte de determinados «líderes» mundiais, o evento não se realizaria por respeito aos que morreram no passado fim-de-semana. Como eles não o têm, pelo menos que o Sr. Hussein consiga controlar a língua e não acrescente mais um insulto ao seu já longo rol.
(Adenda – Comentei também os recentes atentados em França no blog Delito de Opinião, em textos escritos por Luís NavesPedro Correia.)
(Segunda adenda – Seria mesmo engraçado, daria vontade de rir às gargalhadas se não estivessem em causa assuntos tão sérios e até a morte de muitas pessoas… mas pode-se sorrir: provando mais uma vez que (muit)os democratas são tão estúpidos que não conseguem ficar calados quando as circunstâncias o aconselhariam, no passado dia 20, e horas depois de John Kerry ter manifestado a esperança de que o ISIS será neutralizado tal como a Al Qaeda foi «neutralizada», um grupo terrorista associado… à Al Qaeda atacou um hotel em Bamako, capital do Mali, causando 21 mortos. E, sim, o recrudescimento da violência islâmica extremista naquele país africano também foi previsto por Mitt Romney! Lembram-se? Aquele que foi ridicularizado, por supostamente ter uma «política externa dos anos 80», por um fanfarrão ignorante e incompetente que continuou a ser presidente dos EUA. Este, entretanto, continuando a confirmar que é um incontinente verbal que perde mais do que ganha ao abrir a boca sucessivamente para lançar o primeiro disparate que lhe vem à cabeça (como o de que os republicanos «têm medo de crianças de três anos»), viu – sem dúvida também por causa disso – 47 representantes democratas juntarem-se à maioria republicana para a aprovação do Safe Act, uma lei («à prova de veto» devido ao número de votos que recebeu) que impede a entrada de refugiados sírios no país sem um processo mais rigoroso de controlo e de verificação. Um representante democrata afirmou, sob anonimato, que a derrota aconteceu porque «a Casa Branca f*d** realmente isto tudo». Não foi a primeira vez, longe disso, e, infelizmente (para os «burros»), não será decerto a última…)
(Terceira adenda – Afirmar que o Partido Republicano está a fazer «o trabalho dos terroristas por eles», que agora muitas famílias estão a falar sobre o terrorismo «pela primeira vez desde o 11 de Setembro», que a realização da cimeira sobre o clima em Paris constituirá uma «refutação poderosa» dos terroristas, que «a comunicação social deve ajudar nisto» (o combate ao ISIS, o que é o mesmo que dizer que tem ajudado aquele), é revelador, mais do que de alheamento e de incompetência, de uma imbecilidade que desespera os norte-americanos e desmotiva os estrangeiros, em especial os europeus. Sim, Barack Obama é um desastre, uma vergonha cuja capacidade de auto-ridicularização parece não ter fim. Porém, muito mais grave do que fazer declarações tresloucadas é acontecer que essas declarações, e a «mundividência» - enfim, a ideologia – que lhe está subjacente influenciem os relatórios dos serviços de inteligência de modo a sustentar aquelas… como neste momento se suspeita. De resto, é o previsível quando na Casa Branca está um irresponsável desta envergadura sem respeito pelo cargo que ocupa, sempre a dividir, sem sentido de dignidade: o número de mortos por actos terroristas em todo o Mundo quadruplicou desde que o Nº 44 tomou posse; o FBI tem actualmente cerca de mil (!) processos de investigação relativos a potenciais elementos do ISIS já a operarem no país; o Departamento de Estado emitiu um «alerta de viagem mundial», ou seja, é perigoso para os cidadãos dos EUA visitarem… qualquer parte do Mundo - o que é insólito, dado que alguém afiançara que o ISIS estava «contido» (ao planeta Terra, presume-se agora); e, sim, bastantes refugiados estiveram envolvidos em atentados (tentados e/ou concretizados) no país… aparentemente, muitos já se esqueceram dos irmãos Tsarnaev e do que eles fizeram em Boston em 2013.)
(Quarta adenda – Na anterior falei na «capacidade de auto-ridicularização (que) parece não ter fim» demonstrada pelo Nº 44. De facto, não tem: agora, decidiu, em discurso de dia de Acção de Graças, pegar numa «dica» do Huffington Post e equiparar os refugiados sírios aos peregrinos (britânicos) ingleses que vieram no Mayflower! Obviamente, não são comparáveis por vários motivos, um dos quais é o de que os colonos do século XVII trocaram a relativa segurança de uma civilizada – apesar de discriminatória e persecutória para eles – Europa pelo perigo de uma selvagem, desconhecida América… uma situação totalmente oposta à dos que agora vêm do Médio Oriente. Rush Limbaugh, perspicaz e oportuno como sempre, chegou a uma conclusão inevitável: os «novos peregrinos» vão (querer) cometer um genocídio… afinal, é disso que a esquerda, rotineiramente, acusa os pioneiros de Seiscentos de terem feito ao referir-se ao posterior «extermínio» dos índios. Entretanto, Michael Morell, ex-director-adjunto da CIA, afirmou que Barack Obama não atacou o sistema de captação e de transporte de petróleo do ISIS – fundamental fonte de financiamento dos terroristas – também por não querer causar «danos ambientais». É difícil não concordar com Ted Cruz: já nem o «Saturday Night Live» consegue parodiar este presidente.)     

domingo, 8 de novembro de 2015

Atirar m*rd* às «paredes»

(Uma adenda no final deste texto.)
Sim, o «debate» entre os candidatos republicanos realizado na CNBC no passado dia 28 de Outubro foi uma vergonha, foi escandaloso e degradante… não por causa daqueles mas sim dos «moderadores» que de moderados nada tiveram; e que confirmaram – como se tal fosse ainda necessário – que a maior parte dos «jornalistas» nos principais órgãos de comunicação social dos EUA mais não são do que activistas do Partido Democrata que manobram a coberto de uma suposta «objectividade». O comportamento dos três «jornalistas» foi de tal modo insultuoso que Ted Cruz, como que emulando o que Newt Gingrich fez há quatro anos, denunciou o que se estava a passar, assim dando um «mote» que Marco Rubio e Chris Christie também «glosaram». Na NBC não se preocuparam muito em defender os seus funcionários das acusações que lhes foram dirigidas – se não de preconceito, pelo menos de incompetência – e, mesmo que o fizessem, não surtiria grande efeito dado que o presidente da companhia organizou depois um evento de angariação de fundos para Hillary Clinton
Sim, o que aconteceu há quase duas semanas foi um «espectáculo de m*rd*» (de «proporções épicas»), mas esta, e não tanto apenas «barro», tem sido como que atirada às «paredes» dos candidatos do GOP – para verem se alguma «pega», fica «colada» (yuk!) – desde que anunciaram que estavam na corrida. Evidentemente, a uns mais do que a outros, dependendo de quanto são considerados, em dado momento, uma ameaça ao que for o – ou «a» - nomeado(a) democrata. E, obviamente, seguindo uma tendência que dura há décadas e que atinge logicamente o seu apogeu quando é escolhido o nomeado pelo Partido Republicano. Sim, vários dos (piores) ataques aos «elefantes» são feitos a partir dos opositores «burros» e das suas equipas de campanha, mas outros são iniciativas da imprensa «isenta» em nome de um «vetting» (investigação, comprovação) «rigoroso». Exemplos não faltam, e nas anteriores votações presidenciais é de destacar, em 2012, o suposto bullying exercido sobre Mitt Romney sobre um colega de liceu «revelado» pelo Washington Post, e, em 2008, o «adultério» de John McCain «revelado» pelo New York Times. Aliás, há que não esquecer, como demonstração definitiva da perversidade de muitos «repórteres», a criação e actuação, há quase oito anos, do «colectivo» denominado «Journolist», em que muitos daqueles, favoráveis a Barack Obama, coordenavam – e, de facto, conspiravam – a edição e a divulgação das suas peças de modo a contribuírem para a eleição do então senador do Illinois.   
Neste mais recente ciclo eleitoral, Scott Walker foi, até desistir da corrida, um dos mais visados – mas não seriamente atingido – pelos «disparos» mediáticos vindos de, entre outros, «profissionais» da PBS, New Yorker, Political Wire, Daily Beast, New York Times, Politifact e Politico; os alvos incluíam o (supostamente inexistente) conhecimento de política externa por parte do governador do Wisconsin, a sua fé religiosa, despedimentos de professores de que ele teria sido responsável (não foi), a compra de roupa (!) e, mais grave, uma alegada eliminação intencional (inexistente) de estatísticas sobre violações naquele Estado. Outros candidatos-governadores (actuais ou ex) a estarem nas miras (pouco precisas) dos media: Bobby Jindal, vítima de insinuações racistas vindas de MSNBC, Vox e Washington Post; e Jeb Bush, cuja esposa Columba foi tema de uma reportagem no Washington Post e, mais especificamente, os seus elevados gastos em jóias e em roupas feitos… há 15 anos (compare-se o tratamento dado pelo WP a Michelle Obama no início da campanha do seu marido). E não se deve esquecer a prolongada, cerrada, campanha contra Chris Christie a propósito do seu suposto envolvimento no escândalo dito «Bridgegate», cujo «veredicto» - a ilibação do governador de Nova Jersey de todas e quaisquer ilegalidades – mereceu muito menos espaço e tempo do que a «acusação».
Quanto aos candidatos-senadores, Marco Rubio é, sem dúvida, o mais regularmente «agredido» por pouco consistentes – e ridículos – casos. Da Associated Press, ESPN, New York Times, Politico, Washington Post, vieram: «verificações de factos» relativas ao passado… e ao futuro; dúvidas quanto à sua capacidade enquanto adulto resultantes da sua credulidade enquanto criança; investigações «aprofundadas» sobre as multas de trânsito do candidato e da esposa (17 em 18 anos, sendo quatro dele) que, porém, não se estenderam às de Barack Obama (pagou as suas 17 anos depois, em 2007); relatos que prometiam ser «explosivos» - mas que apenas tinham «pólvora» seca – sobre a sua situação financeira em geral, dada (falsamente) por alguns como sendo difícil e até mesmo de pré-insolvência, e sobre, em particular, a aquisição de um «luxuoso» barco e a utilização de um cartão de crédito atribuído pelo GOP. Ted Cruz também tem tido a sua quota-parte de faltas de respeito: na Bloomberg exigiram que demonstrasse a sua herança hispânica; na Associated Press «apontaram-lhe» uma arma à cabeça; e o New York Times recusou-se durante algum tempo a incluir o novo livro do senador do Texas, «A Time for Truth», na sua lista dos mais vendidos dando como motivo supostas aquisições irregulares daquele… que nunca demonstrou. E que dizer da «sondagem» (muito pouco fiável) feita por NBC, Telemundo e Wall Street Journal junto do eleitorado latino que «convenientemente» deixou de fora… os únicos candidatos latinos, precisamente Cruz e Rubio?
Os candidatos republicanos de «fora do sistema» não têm sido menos poupados do que os políticos profissionais. Sobre Donald Trump, e deixando de parte por agora uma avaliação do seu percurso, das suas afirmações e das suas acções, muitas indubitavelmente controversas, a verdade é que practicamente toda a comunicação social mostrou dificuldade e mesmo incapacidade em lidar com (e até acreditar n)a sua candidatura; no Washington Post, pelo menos, houve quem fizesse um «acto de contrição». Quanto a Carly Fiorina: no Politico interrogaram(-se) sobre se a recente vaga de despedimentos na Hewlett-Packard (cerca de 30 mil) a poderia prejudicar… apesar de ela ter deixado a empresa há 10 anos; no Washington Post classificaram como «falsa» a afirmação dela – totalmente verdadeira! – de que, profissionalmente, ela foi de secretária (numa imobiliária) a presidente (da HP, precisamente); e o New York Times publicou um «perfil» dela que, se fosse sobre uma candidata democrata, suscitaria muito provavelmente acusações de sexismo. Já Ben Carson, em consequência previsível, inevitável, de se ter tornado o novo frontrunner dos republicanos, e de ficar à frente de Hillary Clinton em diversas sondagens, é quem tem recebido recentemente o tratamento mais violento… e deturpado, inclusivamente com contornos racistas: na CNN colocaram em causa a veracidade de episódios problemáticos e até violentos da sua infância e juventude; e no Politico deram como verdade que o conceituado e retirado neurocirurgião, agora candidato, mentiu quanto a ter-lhe sido oferecida uma bolsa de estudos para a academia militar de West Point, e que, pior, admitiu ter mentido… no entanto, nada disso aconteceu de facto; em Portugal também houve quem acreditasse nesta atoarda, apesar de ter maior obrigação do que outros de duvidar do que é habitualmente propalado pela comunicação social «sinistra»…
Enfim, e porque, como dizem, «uma imagem vale por mil palavras», nada melhor, para ilustrar este tema, do que recordar uma capa da New Yorker de Maio último, que contrapõe, enquanto candidatos a presidente, Hillary Clinton a um grupo de homens brancos do GOP, três dos quais, note-se, então ainda não tinham anunciado que estavam na corrida… e ocultando os factos de já nessa altura haver igualmente uma mulher e um homem afro-americano a concorrerem como republicanos. A desinformação também pode ser desenhada, e não apenas escrita.
(Adenda – Depois do que foi provavelmente o pior debate de sempre – na CNBC – veio o que foi provavelmente o melhor debate de sempre – na FBN. O que, reconheça-se, não era difícil… Entretanto, o Washington Post e o New York Times continuam a atacar (e a mentir sobre) Ben Carson e a NBC continua a defender (e a mentir sobre) Hillary Clinton. Tudo «normal», portanto.)