quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Um «contratempo» sem «racionalidade»

(QUATRO adendas no final deste texto.)
Eu imagino, até quase consigo «ouvir», a pergunta: «Octávio, vai mesmo aproveitar também o mais recente, e terrível, atentado terrorista em Paris para criticar Barack Obama?» E a minha resposta é: obviamente que vou! E não é por má vontade minha; não tenho de inventar e/ou «forçar», de distorcer ou deturpar factos e argumentos, afirmações e acções (o que, aliás, nunca faço) porque o próprio presidente norte-americano e os seus comparsas do Partido Democrata têm-se encarregado de providenciar todo o «material» necessário nesse sentido.
em Janeiro, aquando do primeiro ataque terrorista deste ano à capital francesa, que teve como principal (mas não único) alvo o jornal satírico Charlie Hebdo, foi evidente a ligação entre o acontecimento e a (vergonhosa) proclamação feita por BHO na sede da ONU em 2012 – pouco depois do ataque ao consulado em Benghazi, recorde-se e realce-se – de que «o futuro não deve pertencer àqueles que insultam o profeta do Islão». Desta vez a conexão é mais directa, tanto material como temporalmente: poucas horas antes do ataque foi difundida na ABC uma entrevista ao Nº 44 em que ele declarou que o ISIS – que viria a reivindicar a autoria do atentado na «Cidade-Luz» - estava, em resultado da estratégia seguida pela actual administração, «contido». As críticas sucederam-se, e não só por republicanos: vários foram os democratas e liberais, políticos ou não, que manifestaram a sua surpresa, a sua discordância e o seu desagrado, com destaque para Dianne Feinstein (senadora da Califórnia), Tim Kaine (senador da Virgínia), Seth Moulton (representante do Massachusetts)… e Jake Tapper e Christiane Amanpour (ambos jornalistas da CNN). Só mesmo os patéticos «fact-checkers» do Politifact consideraram a atoarda do «contained» como sendo verdadeira…
Porém, piores, muito piores, foram as declarações do Sr. Hussein depois do multi-atentado da passada sexta-feira em Paris, feitas ainda nos EUA, e a seguir na Turquia (na cimeira do G-20) e nas Filipinas (na cimeira da APEC). Começou por um «não quero especular» (sobre quem teriam sido os perpetradores dos ataques, como se tal fosse difícil de adivinhar…); continuou com a classificação do massacre na «cidade-luz» como sendo um «terrível e doentio contratempo»; reafirmou (como se tal fosse necessário…) que «não estou interessado em seguir qualquer noção de “liderança americana” ou de “América ganhadora”»; e reiterou, como de costume, as críticas aos republicanos, acusando os membros do GOP – em especial os governadores de «Estados vermelhos» - que recusam receber refugiados da Síria ou, pelo menos, que advogam restrições à entrada daqueles, de serem ofensivos e «contrário(s) aos valores americanos», e de darem ao ISIS «a mais potente ferramenta de recrutamento». Aqueles que duvidam dos que, como Rush Limbaugh, asseguram que Barack Obama é muito mais duro com os opositores internos do que com os terroristas externos talvez, desta vez, tenham ficado definitivamente esclarecidos.
BHO não é, no entanto, e evidentemente, o único democrata a proferir os disparates mais inacreditáveis nas ocasiões menos apropriadas. Depois de o seu «chefe» ter equiparado a um «contratempo» a morte de mais de 130 pessoas e o ferimento de mais de 400, John Kerry resolveu também ele ofender os franceses – e em Paris, na embaixada dos EUA! – ao afirmar que, ao contrário dos ataques da semana passada, que foram «absolutamente indiscriminados», houve, nos de Janeiro, «uma espécie de foco particularizado e talvez mesmo uma legitimidade… não, mais uma racionalidade» porque se poderia dizer «está bem, eles estão realmente zangados por causa disto e daquilo»; o «isto» e o «aquilo» terão sido, seguido a «lógica» distorcida do secretário de Estado, o Charlie Hebdo e as irreverentes, iconoclastas caricaturas (de figuras e de temáticas muçulmanas, mas não só) que aquele jornal satírico francês regularmente publica(va)… e talvez ainda, quem sabe, os judeus que frequenta(va)m o supermercado kosher Hypercacher; é, mais uma vez, a justificação perversa, a «desculpa» cobarde através da culpabilização das vítimas, que Rui Rocha, presciente e sem memória curta, logo denunciou no Delito de Opinião.          
O ex-senador do Illinois (que conseguiu ser presidente) e o ex-senador do Massachusetts (que não conseguiu) não foram, como seria de esperar, os únicos «burros» a soltar alarvidades a (des)propósito do que aconteceu na última sexta-feira, 13. No sábado, 14, em mais um debate televisivo (na CBS), todos os três candidatos democratas a presidente «sobreviventes» recusaram dizer que os EUA estão em guerra com o «Islão radical». Um deles, Bernie Sanders foi mais longe: o assumido socialista continua a acreditar – à semelhança, afinal, dos seus «camaradas» do PD – que as «alterações climáticas» são «a maior ameaça à segurança nacional» do país – e não uns milhares (ou milhões) de algozes dedicados a capturar, violar, escravizar, torturar e matar (de todas as formas possíveis e imaginárias), um pouco por todo o Mundo, o maior número possível de pessoas que recusam submeter-se (totalmente ou «correctamente») a Alá. E não se ficou por aí: o senador do Vermont não duvida de que o (inexistente) «aquecimento global antropogénico» é uma causa directa do terrorismo – uma crença que é partilhada, entre muitos outros, por Martin O’Malley… e por Barack Obama.
E tanto que é essa, «de facto», a maior ameaça que, na segunda-feira, 16, a Organizing for America (agregação de devotos do «messias») retomou as suas «verdes» acções de «conversão» - um «assunto importante» que, aparentemente, toma precedência sobre muitos outros. O que muito terá agradado a Al Gore e atenuado a desilusão que ele terá sentido por o seu concerto-conferência ironicamente intitulado «24 Horas de Realidade», organizado e transmitido a partir de Paris… na sexta-feira, ter sido, como não podia deixar de ser, interrompido pouco depois de ter começado. O ex-vice-presidente deverá ter uma nova oportunidade no final deste mês, quando (mais um)a (inútil) cimeira internacional sobre o clima decorrer na capital francesa, e pela qual Barack Obama não se sentirá incomodado por queimar mais umas quantas toneladas de combustível de avião. Se houvesse um mínimo de vergonha por parte de determinados «líderes» mundiais, o evento não se realizaria por respeito aos que morreram no passado fim-de-semana. Como eles não o têm, pelo menos que o Sr. Hussein consiga controlar a língua e não acrescente mais um insulto ao seu já longo rol.
(Adenda – Comentei também os recentes atentados em França no blog Delito de Opinião, em textos escritos por Luís NavesPedro Correia.)
(Segunda adenda – Seria mesmo engraçado, daria vontade de rir às gargalhadas se não estivessem em causa assuntos tão sérios e até a morte de muitas pessoas… mas pode-se sorrir: provando mais uma vez que (muit)os democratas são tão estúpidos que não conseguem ficar calados quando as circunstâncias o aconselhariam, no passado dia 20, e horas depois de John Kerry ter manifestado a esperança de que o ISIS será neutralizado tal como a Al Qaeda foi «neutralizada», um grupo terrorista associado… à Al Qaeda atacou um hotel em Bamako, capital do Mali, causando 21 mortos. E, sim, o recrudescimento da violência islâmica extremista naquele país africano também foi previsto por Mitt Romney! Lembram-se? Aquele que foi ridicularizado, por supostamente ter uma «política externa dos anos 80», por um fanfarrão ignorante e incompetente que continuou a ser presidente dos EUA. Este, entretanto, continuando a confirmar que é um incontinente verbal que perde mais do que ganha ao abrir a boca sucessivamente para lançar o primeiro disparate que lhe vem à cabeça (como o de que os republicanos «têm medo de crianças de três anos»), viu – sem dúvida também por causa disso – 47 representantes democratas juntarem-se à maioria republicana para a aprovação do Safe Act, uma lei («à prova de veto» devido ao número de votos que recebeu) que impede a entrada de refugiados sírios no país sem um processo mais rigoroso de controlo e de verificação. Um representante democrata afirmou, sob anonimato, que a derrota aconteceu porque «a Casa Branca f*d** realmente isto tudo». Não foi a primeira vez, longe disso, e, infelizmente (para os «burros»), não será decerto a última…)
(Terceira adenda – Afirmar que o Partido Republicano está a fazer «o trabalho dos terroristas por eles», que agora muitas famílias estão a falar sobre o terrorismo «pela primeira vez desde o 11 de Setembro», que a realização da cimeira sobre o clima em Paris constituirá uma «refutação poderosa» dos terroristas, que «a comunicação social deve ajudar nisto» (o combate ao ISIS, o que é o mesmo que dizer que tem ajudado aquele), é revelador, mais do que de alheamento e de incompetência, de uma imbecilidade que desespera os norte-americanos e desmotiva os estrangeiros, em especial os europeus. Sim, Barack Obama é um desastre, uma vergonha cuja capacidade de auto-ridicularização parece não ter fim. Porém, muito mais grave do que fazer declarações tresloucadas é acontecer que essas declarações, e a «mundividência» - enfim, a ideologia – que lhe está subjacente influenciem os relatórios dos serviços de inteligência de modo a sustentar aquelas… como neste momento se suspeita. De resto, é o previsível quando na Casa Branca está um irresponsável desta envergadura sem respeito pelo cargo que ocupa, sempre a dividir, sem sentido de dignidade: o número de mortos por actos terroristas em todo o Mundo quadruplicou desde que o Nº 44 tomou posse; o FBI tem actualmente cerca de mil (!) processos de investigação relativos a potenciais elementos do ISIS já a operarem no país; o Departamento de Estado emitiu um «alerta de viagem mundial», ou seja, é perigoso para os cidadãos dos EUA visitarem… qualquer parte do Mundo - o que é insólito, dado que alguém afiançara que o ISIS estava «contido» (ao planeta Terra, presume-se agora); e, sim, bastantes refugiados estiveram envolvidos em atentados (tentados e/ou concretizados) no país… aparentemente, muitos já se esqueceram dos irmãos Tsarnaev e do que eles fizeram em Boston em 2013.)
(Quarta adenda – Na anterior falei na «capacidade de auto-ridicularização (que) parece não ter fim» demonstrada pelo Nº 44. De facto, não tem: agora, decidiu, em discurso de dia de Acção de Graças, pegar numa «dica» do Huffington Post e equiparar os refugiados sírios aos peregrinos (britânicos) ingleses que vieram no Mayflower! Obviamente, não são comparáveis por vários motivos, um dos quais é o de que os colonos do século XVII trocaram a relativa segurança de uma civilizada – apesar de discriminatória e persecutória para eles – Europa pelo perigo de uma selvagem, desconhecida América… uma situação totalmente oposta à dos que agora vêm do Médio Oriente. Rush Limbaugh, perspicaz e oportuno como sempre, chegou a uma conclusão inevitável: os «novos peregrinos» vão (querer) cometer um genocídio… afinal, é disso que a esquerda, rotineiramente, acusa os pioneiros de Seiscentos de terem feito ao referir-se ao posterior «extermínio» dos índios. Entretanto, Michael Morell, ex-director-adjunto da CIA, afirmou que Barack Obama não atacou o sistema de captação e de transporte de petróleo do ISIS – fundamental fonte de financiamento dos terroristas – também por não querer causar «danos ambientais». É difícil não concordar com Ted Cruz: já nem o «Saturday Night Live» consegue parodiar este presidente.)     

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