terça-feira, 15 de maio de 2018

Indisponibilidade para o sacrifício

É algo que não constitui propriamente uma surpresa, mas o assunto é demasiado importante para não se fazer (mais) uma referência: muitas reacções negativas causou, na Grã-Bretanha e na França, o discurso de Donald Trump na mais recente convenção da National Rifle Association, realizada em Dallas, no Texas, nos passados dias 4, 5 e 6 de Maio, e em especial a parte em que ele apontou e criticou – correctamente – o quão indefesos estavam, e ainda estão, os cidadãos daqueles países europeus, e outros, perante ataques de criminosos «comuns» e de terroristas, por não disporem, como nos EUA, do mesmo nível de acesso ao porte e uso de armas, tal como previsto e permitido pela Segunda Emenda da Constituição norte-americana, e apesar dos esforços contínuos dos democratas para a restringir e mesmo reverter. É um assunto que demonstra bem, talvez mais do que qualquer outro, como são diferentes as perspectivas em ambos os lados do Atlântico sobre questões básicas, fundamentais, relativas a prioridade moral, iniciativa individual e organização social…
… Que eu já abordei, e destaquei, previamente, não só aqui no Obamatório mas também, em especial, num artigo publicado no Público a 14 de Dezembro de 2015, intitulado «Os cidadãos não têm armas» - sendo os cidadãos em causa, obviamente, os europeus, e em particular os franceses. Então escrevi: «Porque é que isto aconteceu… novamente? Porque houve mais, tantos, mortos e feridos? Os atacantes são “(des)educados” desde cedo a odiar os valores e as liberdades da Civilização de matriz judaico-cristã, tudo o que não esteja conforme ao Islão? Sim, mas não só nem principalmente. Porque os atacantes não receiam as consequências, não tanto para eles, que no fundo são todos suicidas e estão dispostos a morrer, mas mais para as suas comunidades, pois sabem que os seus familiares não serão expulsos, as suas casas não serão demolidas – como acontece em Israel – e as suas mesquitas não serão encerradas? Sim, mas não só nem principalmente. Eis a resposta, a explicação, principal e incontestável: tantas vidas se perde(ra)m ou fica(ra)m marcadas para sempre, tanta destruição é causada, tanto medo e tanta mágoa é acumulada, porque, muito simplesmente, os atacantes sabem que vão encontrar inexistente, ou reduzida, ou atrasada, resistência… armada. Aqueles parisienses, permanentes ou ocasionais, estavam completamente indefesos, totalmente à mercê da fúria impiedosa e incansável dos assassinos. A polícia não está – não consegue estar – permanentemente presente junto de quaisquer possíveis alvos, que, actualmente, e cada vez mais, são, podem ser, todos, é, pode ser, tudo. Pelo que é fundamental, prioritário, urgente, que aos indivíduos (maiores de idade e sem cadastro criminal), às famílias, às empresas (incluindo restaurantes e salas de espectáculos…), às instituições não estatais e/ou que não têm a dimensão suficiente para disporem de protecção pública, sejam providenciados os meios – isto é, as armas e o treino para correctamente as utilizar – que aumentem a sua segurança. E isto, obviamente, sempre em articulação, em colaboração, com as forças da ordem.» Ano e meio depois, a 19 de Julho de 2017, em artigo publicado no blog Delito de Opinião intitulado «Mulheres de(s)arma(da)s», desenvolvi, basicamente, o mesmo argumento (sustentado com outros factos), mas desta vez focado no caso específico da «epidemia» que parece grassar em Portugal de homens que matam – ou tentam matar – ex-esposas ou ex-namoradas. Mensagem, e conclusão, fundamental: ser vítima não tem de ser uma inevitabilidade, não faltam meios que podem ajudar à protecção de cada um e dos que lhe (e)s(t)ão próximos.
As críticas, as queixas, os protestos, provenientes de Londres e de Paris contra o actual Presidente dos EUA pela sua intervenção no encontro anual mais importante da NRA não diferem, na sua essência, dos que vieram… um pouco de todo o Mundo, mas em (vergonhosos, embora previsíveis) «particulares» de diversos pontos do Ocidente, contra a actuação do exército de Israel na sua fronteira com (a faixa de) Gaza na última semana. Uma vez mais, parece haver «confusão» sobre quem são, verdadeiramente, os agressores e os agredidos, e o consequente direito – e dever – de se utilizar, para defesa própria, os instrumentos adequados e necessários. Os palestinianos do Hamas – incentivados, apoiados, pelo Irão – não são «manifestantes pacíficos»: são terroristas, combatentes inimigos e armados, que procuram quebrar as barreiras para tentarem infiltrar-se em território hebreu e causarem – são eles que o admitem – o máximo de destruição e de morte possível; não há que ter qualquer comiseração para com estes permanentes candidatos a «mártires», suicidas, genocidas, literalmente «carne para canhão» enviada por líderes que ficam na retaguarda a aproveitarem para os seus luxos o dinheiro do auxílio humanitário, fantoches manipulados e doutrinados desde a infância para odiarem judeus (e cristãos), autênticos zombies, sub-pessoas, que não hesitam em colocar mulheres e crianças na linha da frente como «escudos humanos» para melhor ludibriarem a crédula maioria da comunicação social internacional e convencerem-na da suposta «crueldade» dos militares que ostentam a estrela de David, e de outras mentiras expelidas pela propaganda muçulmana. A celebração do 70º aniversário da (re)fundação de Israel e a inauguração da embaixada dos EUA em Jerusalém, esta uma acção justificada e que já tardava, promessa feita por Bill Clinton, George W. Bush e Barack Obama mas só finalmente cumprida por Donald Trump, não (nunca) seriam precisas como pretextos para a violência.
Ao contrário do que acontece em vários (quase todos?) países da Europa, cujos respectivos governos parecem ter-se conformado com a ocorrência de sucessivas matanças, consecutivos massacres, levados a cabo pelos adoradores de Alá, em Israel e nos EUA – estes desde que, obviamente, liderados pelo Partido Republicano – há uma clara indisponibilidade para o (auto) sacrifício. Os inocentes não têm que morrer; do outro lado, quase todos são culpados, e a sua eliminação, temporária ou definitiva, não deve ser lamentada.