terça-feira, 26 de abril de 2016

«Saudades»? Nenhumas! (Parte 2)

Segue-se a segunda (e última) parte do «especial» dedicado, no Obamatório, à minha recente discussão virtual com Pedro Correia a propósito do texto «Saudades antecipadas de Obama» que aquele escreveu e publicou no blog Delito de Opinião, e que acabou por constituir um pretexto para uma (breve) «revisão da matéria dada» nos últimos sete anos. Na primeira parte terminei expressando o meu espanto – sim, ainda é possível ele dizer e/ou fazer algo que até a mim surpreende – por Barack Obama ter equiparado o capitalismo ao comunismo… isto na Argentina onde dançou o tango enquanto em Bruxelas se choravam os mortos de mais um atentado terrorista perpetrado por muçulmanos extremistas, e depois de Cuba, onde confraternizou com repressores comunistas…
… E Pedro Correia ripostou com a relativização que já usara antes, recordando episódios, factos históricos anteriores de presidentes norte-americanos que foram ao encontro… de homólogos pouco respeitáveis e recomendáveis, e isto porque «os interesses são permanentes e as alianças variam em função dos interesses e submetem-se a eles.» Eu contrapus: «O que diria hoje eu se visse um presidente americano a deslocar-se ao encontro de um Estaline? Ou de um Mao (e a Revolução Cultural, em 1972, já terminara ou estava a cessar)? Reitero o que disse no meu comentário anterior: dependeria da confiança que esse presidente inspirasse. Roosevelt, Nixon, Reagan, e até Bill Clinton, inspiravam. Apesar das suas falhas em algumas (e diferentes) matérias, ninguém duvidava de que acreditavam na supremacia do capitalismo sobre o comunismo, e lutavam efectiva, contínua e consistentemente nesse sentido. Barack Obama não. Sem dúvida que há que enterrar os últimos resquícios da Guerra Fria. O problema é que esses... resquícios não querem ser enterrados. Cuba e Coreia do Norte não só não melhora(ra)m como estão cada vez mais arrogantes, agressivos. O Pedro soube, leu, (d)o artigo (supostamente) escrito por Fidel Castro depois da visita de Obama? Nenhuma abertura promete(u), tal como não são sinais de desanuviamento as constantes ameaças apocalípticas feitas pelo mais novo dos Kim. Ambos não respeitam, não receiam, o actual presidente dos EUA... e também por o terem visto a fazer vénias, a curvar-se, perante o rei da Arábia e o imperador do Japão. Concordo que há uma equivalência entre o nazismo e o terrorismo de matriz islâmica - que, aliás, não é só de agora, porque muitos muçulmanos, incluindo o seu então líder “espiritual” máximo, eram apoiantes declarados de Hitler. Porém, é uma ingenuidade falar-se apenas do “terror sunita” quando existe um “terror xiita” pelo menos tão perigoso e preocupante quanto aquele. No Irão também se executam “blasfemos” e homossexuais. O regime de Teerão, além de ser ele próprio uma organização terrorista, apoia terroristas no estrangeiro há quase 40 anos. E, agora, com a “generosa” contribuição da actual administração norte-americana, esse apoio vai aumentar.»
O meu interlocutor «voltou à carga» e (re)começou por dizer que «a história precisa de tempo para sedimentar-se. Roosevelt e Truman, por exemplo, beneficiam hoje de uma distância temporal para serem avaliados com a justiça que só o distanciamento permite. Mas você certamente não ignora que foram ambos alvos das mais duras críticas enquanto exerceram funções. A corrente isolacionista, muito forte nos EUA, lançou os insultos mais desprimorosos a Roosevelt, acusando-o de envolver o país no conflito mundial. E só Pearl Harbor silenciou essas críticas. Truman, por sua vez, foi acusado de ser um dos mais impreparados presidentes de sempre - incluindo por gente do Partido Democrata. Foi reeleito à tangente e impiedosamente ridicularizado por cartunistas e colunistas até ao último dia na Casa Branca. Chamaram-lhe de tudo, incluindo "criminoso de guerra" por ter mandado arrasar Hiroxima e Nagasáqui.» Depois regressou a casos mais recentes… Pela minha parte, reconheci e concordei que «o Pedro - tal como muitas outras pessoas - é “incapaz de compará-lo (o regime cubano) com o regime totalitário da Coreia do Norte, imensamente pior.” Sem dúvida. Porém... Cuba e Coreia do Norte mantêm relações - diplomáticas, culturais, económicas e militares (incluindo tráfico de armas... há três anos um navio norte-coreano carregando armamento cubano foi arrestado no Panamá) - muito próximas há mais de 50 anos. Aliás, Teerão tem em Havana outros dos seus maiores amigos. Um autêntico (outro) “eixo do mal” que a fraqueza, a incompetência e o relativismo ideológico de Barack Obama e dos “democratas” norte-americanos mais não têm feito do que reforçar.»
O criador e coordenador do DdO considerou, enfim, que seria preferível esperar «pelo próximo ciclo político para avaliar inteiramente o que ainda não se esgotou. O tempo é o melhor juiz, como creio já ter dado alguns exemplos.» No entanto, neste caso a minha opinião é a de que já passou tempo suficiente: «eu não preciso de esperar pelo próximo ciclo político (norte-americano) para avaliar (quase) definitivamente a presidência de Barack Obama. A menos que aconteça um milagre de autênticas características mágicas, avassaladoras, a apreciação será sempre negativa. E desde 2007-2008 que eu sei que tipo de pessoa ele é: educado, inspirado, por Frank Marshall Davis, comunista; na juventude (ele admite-o) procurava rodear-se de marxistas - aliás, os seus registos universitários (incluindo trabalhos, teses, que escreveu) continuam selados, o que só aumenta as suspeitas de que proporcionariam revelações desagradáveis; já na idade adulta, e em Chicago, tornou-se próximo de fanáticos (Jeremiah Wright, seu pastor durante 20 anos, que o casou, conhecido por gritar “God damn America!”), terroristas (Bill Ayers e Bernardine Dohrn, casal em cuja casa iniciou a sua carreira política), corruptos (Rod Blagojevich, actualmente preso) e mafiosos (Tony Rezko, que lhe arranjou uma casa em condições favoráveis). Entrado na Casa Branca, mostrou-se pior do que Richard Nixon: ameaças a jornalistas e a “whistleblowers”, escutas telefónicas e processos em tribunal; assédio, perseguição e sabotagem a/de opositores políticos (republicanos, conservadores) através, principalmente, do serviço de IRS; libertação (perdão) constante de criminosos, tanto nacionais (traficantes de droga) como estrangeiros (jihadistas); instrumentalização de todo o aparelho do Estado, do governo federal, na prossecução de causas “fracturantes” e “politicamente correctas”, em especial a “agenda LGBT” e as “alterações climáticas”. Não, nem é necessário considerar a sua (desastrosa) diplomacia, feita de fraqueza, “linhas vermelhas” transpostas sem consequências, negligência e até desrespeito por aliados, e transigência com inimigos, para se poder afirmar, com certeza, que estes oito anos constituem uma catástrofe para os EUA e para o Mundo. “Saudades”? Nenhumas!»
Pedro Correia não é, no entanto e infelizmente, o único jornalista português a manifestar antecipadamente «saudades» por Barack Obama deixar de ser presidente dos EUA. Teresa de Sousa, em artigo no Público do passado domingo, exprimiu exactamente o mesmo sentimento. O que demonstra, mais uma vez, que a experiência e o (suposto) conhecimento adquirido dos assuntos proporcionado (em princípio) por aquela não são obstáculos a que se caia em equívocos e se passe por situações embaraçosas, e não propriamente dignas da profissão que se tem. 

domingo, 17 de abril de 2016

«Saudades»? Nenhumas!

Há cerca de três meses escrevi aqui no Obamatório que, quanto ao «balanço» da actividade deste meu blog, a fazer no próximo ano, seria pouco provável que a avaliação final resultante desse balanço não fosse «de desilusão, de fracasso, de “missão não conseguida”: a minha meta de influenciar, de alterar, mesmo que ligeiramente, a perspectiva predominante em Portugal sobre a realidade política norte-americana, não foi alcançada; a desinformação, a omissão, e por vezes a pura e simples mentira, beneficiando “burros” e prejudicando “elefantes”, ainda são constantes e até ridiculamente hilariantes. (…) Consequência habitual e quase inevitável: a multiplicação de leitores-consumidores-cidadãos ignorantes, iludidos, pouco exigentes, prontos a ceder aos seus preconceitos, e capazes de escreverem – e de acreditarem – em imbecilidades.»
Se já é grave que isto aconteça com alguém mais ou menos anónimo e não muito atento a estes assuntos (e facilmente manipulável), que dizer quando acontece com pessoas já com algum estatuto e perfil público, que estimamos e de quem esperaríamos muito mais e melhor? Foi essa a situação com que me deparei quando li – e me espantei – com o texto «Saudades antecipadas de Obama», escrito por Pedro Correia no seu blog Delito de Opinião no passado dia 30 de Março. Tal como eu um jornalista que «cresceu» no papel mas que encontrou no digital o seu espaço preferencial, PC não é um comentador qualquer mas «apenas» um dos mais atentos, conhecedores, lúcidos, multifacetados e sensatos da blogosfera portuguesa. Tal como eu um opositor incansável do AO90, quase sempre me revejo no que escreve e faço minhas as palavras dele… e não só em questões de ortografia. É por isso que a desilusão foi muita quando li… «inexactidões» como: «Barack Obama não foi o santo milagreiro que alguns desejavam. Mas prepara-se para deixar um país melhor do que encontrou ao tomar posse, em Janeiro de 2009. Os Estados Unidos, embora longe da prosperidade de outrora, registam crescimento económico, o desemprego foi reduzido para metade, a inflação situa-se a níveis residuais e nunca tantos americanos beneficiaram de medidas de protecção social como no seu mandato. No plano externo, o Presidente agiu com prudência no vespeiro do Médio Oriente, enfrentou com firmeza as tentativas de expansionismo russo e pôde anunciar ao mundo a captura (na verdade, foi a morte) de Bin Laden. (…) Venha quem vier depois dele, pressinto que não tardaremos a ter saudades de Obama. Do seu gesto inspirador, da sua palavra eloquente, da sua apaziguadora bonomia. Em suma: da sua decência, que parece um pouco fora de moda e muito deslocada no tempo.»
Estava dado o «mote» para uma discussão virtual (porque não presencial mas à distância, electrónica) intensa mas cordial. Respondi ao texto notando que «nada nele corresponde à verdade; pelo contrário, e como demonstro há mais de sete anos em blog próprio, Barack Obama deixa(rá) os EUA e o Mundo piores do que os encontrou. Por arrogância, cobardia, incompetência, inexperiência, extremismo ideológico. “Apaziguadora bonomia”? Sim... para inimigos e ditadores estrangeiros, não para aliados e opositores domésticos. “Decência”? Não a tem quem é a favor do “late term abortion” e considera o (inexistente) “aquecimento global” uma ameaça mais grave do que o terrorismo islâmico. “Saudades”? “Tantas” vou ter que, provavelmente, darei uma festa no dia em que ele sair da Casa Branca, mesmo que seja substituído (“vade retro, Satanás”!) por outro democrata.» Pedro Correia justificou a sua avaliação: «Comparo os EUA de 2009 com o país actual. E verifico que no mundo ocidental são uma ilha de prosperidade - o que basta para constituir um sinal de esperança. Tímida prosperidade, é certo, mas tomáramos nós aqui na Europa termos a dinâmica de crescimento deles aliada à baixíssima taxa de desemprego lá existente. (…) Dizer que o actual inquilino da Casa Branca cortejou ditadores estrangeiros é ignorar décadas de política externa norte-americana. Roosevelt reuniu-se em três cimeiras com Estaline - e é difícil conceber pior interlocutor para o chamado líder do mundo livre. Nixon visitou Mao e Brejnev. Na altura recebeu críticas muito mais duras do que aquelas agora escutadas por Obama nesta deslocação a Cuba.»
Eu reafirmei qual é a minha perspectiva permanente nesta área (e em outras) e esclareci que não se deve comparar, ou mesmo confundir, o que é diferente, factual e/ou contextualmente: «O Pedro não consegue “raciocinar - ou escrever - sobre política com base em ódios ou animosidades viscerais”, é “absolutamente incapaz disso”. Eu também: raciocino e escrevo com base em factos. E, no que se refere a Barack Obama e à sua presidência, repito que observo, registo e comento... factos (afirmações, atitudes, comportamentos, acções, decisões) há mais de sete anos. Não só se pode como se deve “retirar mérito à administração Obama na gestão da economia.” Se esta melhorou (pouco) tal aconteceu apesar dele, e não por causa dele. Sobre o desemprego, existem muitos norte-americanos - segundo os últimos dados, mais de 93 milhões (!) - que desistiram de procurar trabalho. Além de que o intervencionismo estatizante da actual administração causa estagnação e mesmo retrocesso nos EUA: na saúde, o “ObamaCare”, autêntica (tentativa de) nacionalização do sector da prestação de cuidados médicos, tem causado o aumento dos preços dos seguros, afastado utentes dos seus médicos e diminuído a liberdade de escolha, enquanto as empresas diminuem as horas de trabalho e até despedem para reduzir as despesas de saúde dos seus funcionários; no ambiente, a EPA, apenas para “demonstrar liderança” (a sua directora admitiu-o recentemente), está empenhada em destruir as indústrias assentes na utilização de carvão e em sustentar (artificialmente) as ditas “energias renováveis”, despendendo milhões em projectos que depois não revelam eficiência... ou entram em falência. Quanto à política externa, as épocas e os protagonistas não são propriamente comparáveis. Franklin Roosevelt encontrou-se com Josef Stalin... porque havia que derrotar Adolf Hitler. E Richard Nixon e Ronald Reagan visitaram a China e a União Soviética em contextos de “arrefecimento internacional”. Moscovo, com Brejnev, aceitara reduzir o número de armas nucleares, e, com Gorbatchov, iniciara mesmo, com a “Perestroika”, um processo de incipiente democratização. Pelo contrário, agora, Barack Obama nada de concreto, nenhuma melhoria efectiva, consegue de Cuba e do Irão, tendo inclusivamente facultado aos “ai-as-tolas” 150 biliões de dólares em fundos “descongelados” que o próprio John Kerry admitiu que serão canalizados, em parte, para apoiar terroristas! Mais: nenhumas dúvidas existem de que Roosevelt, Nixon e Reagan - aliás, todos os presidentes até 2008 - eram anticomunistas. Porém, com BHO não há essa certeza; não só por ter sido educado por esquerdistas, marxistas, comunistas; também por, há dias na Argentina, ter dito a uma audiência de jovens que, entre o capitalismo e o comunismo, escolhessem o que funcionasse (“choose from what works”)! Digamos que não é (não era) suposto, mais de 25 anos depois da queda do Muro de Berlim, o suposto “líder do Mundo livre” dizer isto.»

sábado, 9 de abril de 2016

Não é «Verdade»

Estreou em Portugal no passado dia 7 de Abril o filme «Verdade» - «Truth», no original – que tem Robert Redford e Cate Blanchett como protagonistas e James Vanderbilt como realizador. Porém, seria mais apropriado ter-se estreado no dia 1 porque, ao contrário do que o título indica, tem por base uma (enorme) mentira. E, 12 anos depois dos «factos» que lhe deram origem, continua a haver muitas pessoas que acreditam nela – as suficientes, pelo menos e precisamente, para fazer um filme com um orçamento e um elenco consideráveis pelos actuais padrões de Hollywood…
… Mas que, no entanto, não foram suficientes para evitar que fosse um fracasso de bilheteira assim que estreou nos EUA, em Outubro do ano passado. Pior, além de falhanço comercial foi também um falhanço crítico – até em órgãos de comunicação social mais à esquerda, como Bloomberg, New York Times, Vox, e em vários outros, entre os quais o Daily Beast e o Guardian, se sucederam as apreciações desvalorizadoras, quando não arrasadoras. A CBS, estação de televisão insuspeita de simpatias pró-republicanas e onde o «caso» em causa originalmente ocorreu em 2004, recusou inclusivamente exibir qualquer publicidade ao filme – digamos que preferiram perder (algum) dinheiro a colaborarem em algo que os incluía entre os «maus da fita» e os deixava – injustamente, reconheça-se – mal vistos.
Para os que não sabem e/ou que já se esqueceram, eis, em poucas palavras, o que aconteceu: aquando da campanha eleitoral para a presidência dos EUA em 2004, Dan Rather, principal jornalista, apresentador, «rosto» da informação da CBS, e a sua produtora Mary Mapes, decidiram realizar e difundir uma reportagem numa emissão do programa «60 Minutos» sobre documentos que tinham obtido e que alegadamente demonstrariam que George W. Bush – então a procurar a reeleição e um segundo mandato contra John Kerry – teria sido beneficiado ilegítima e ilegalmente de facilidades e de favores no seu serviço militar, cumprido n(a Guarda Aérea Nacional d)o Texas e não no Vietnam. A palavra fundamental aqui é «alegadamente»… porque os documentos foram desmascarados como falsos por vários «cidadãos-jornalistas» na Internet, em especial no blog Powerline. O que aconteceu depois? Rather e Mapes demitiram-se – ou foram demitidos – da CBS; as suas carreiras praticamente terminaram. Desde então, ele aparece ocasionalmente neste ou naquele canal mandando «bitaites» invariavelmente irrelevantes e ocasionalmente ridículos – incluindo equiparar insultuosamente Barry Goldwater a George Wallace e, incrivelmente, aconselhar o GOP a «colocar-se em contacto com um Mundo baseado em factos»!..
… E ela decidiu escrever um livro – de que o filme em questão é uma adaptação – em que procura desculpar-se, desresponsabilizar-se, juntamente com Rather, do que aconteceu; na sua perspectiva, ambos foram vítimas inocentes e manipuladas num processo em que outros – políticos republicanos, executivos da CBS, indivíduos indeterminados movendo-se na sombra – cometeram erros… ou crimes; não admitem que o que aconteceu se deveu à sua falta de prudência, de profissionalismo, algo à partida inadmissível e incompreensível em pessoas com os anos de experiência deles… a não ser que dessem prioridade, como acabaram por dar, aos seus preconceitos ideológicos, aos seus «bias», falta de isenção, e assim tentarem destruir a candidatura, e a presidência, de um homem de quem não gostavam. Tal como não gostavam do pai dele: outro ponto baixo da carreira de Dan Rather foi, é, a entrevista que fez em 1988 ao então vice-presidente e candidato à presidência George H. Bush, e em que, tentando encurralar o Nº 2 de Ronald Reagan com o escândalo «Irão-Contras», acabou por se aperceber de que tinha «telhados de vidro».
Rather é tão desavergonhado que ainda hoje continua a acreditar, e a afirmar, que era… verdade o que ele transmitiu naquela famigerada emissão. Sem vergonha é também Mary Mapes, que, igualmente em promoção de «Truth», inventou – isto é, mentiu – que o próprio pai tinha dado uma entrevista a Rush Limbaugh em que a criticava! E, enfim, tão ou mais desavergonhado é Robert Redford, um dos maiores e mais patéticos liberais de Los Angeles, que decidiu gastar o seu tempo e o seu talento com esta treta, com esta teoria da conspiração, com esta tentativa de reescrita da História levada ao cinema. Para ele tudo não passou de uma «tecnicalidade». Que distância, em anos (em 2016 passam 40) e em qualidade, de «Todos os Homens do Presidente», de que ele também foi protagonista. Só que Bob Woodward não é Dan Rather, e Richard Nixon não é George W. Bush. 

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Até parece mentira… (Parte 7)

… Que Barack Obama tenha culpado as «alterações climáticas» pelos ataques de asma que a filha Malia teve, mas não o seu vício de fumador. Mas, sim, é mesmo verdade.
… Que Geil Lundestad, ex-director do Instituto Nobel da Noruega, tenha confessado num seu livro que a atribuição, em 2009, do Prémio da Paz a Barack Obama havia sido um erro. Mas, sim, é mesmo verdade.
… Que Jimmy Carter, que continuamente critica Israel e compara este país à África do Sul do apartheid, e apoia o movimento BDS (boicote, desinvestimento e sanções) contra o Estado judaico, tenha recebido e beneficiado de um tratamento com um medicamento contra o cancro desenvolvido inicial e principalmente naquela nação. Mas, sim, é mesmo verdade.
… Que a Casa Branca tenha convidado vários sacerdotes homossexuais e activistas transsexuais para a recepção ao Papa Francisco realizada naquela aquando da visita do pontífice aos EUA em Setembro último. Mas, sim, é mesmo verdade. 
… Que James Carville tenha afirmado que o comité do Congresso que investiga(va) o ataque ao consulado norte-americano em Benghazi é(ra) «uma criação de Rupert Murdoch e dos irmãos Koch». Mas, sim, é mesmo verdade (que ele o disse, não o que disse).
… Que Kareem Abdul-Jabbar tenha escrito um artigo (publicado na revista Time) intitulado «Ben Carson é terrível para os americanos negros». Mas, sim, é mesmo verdade (que ele o escreveu, não que Carson fosse, ou seja, terrível).
… Que Dan Kimmel, democrata candidato a um lugar de representante no congresso estatal do Minnesota, tenha afirmado (num tweet) que o «ISIS não é necessariamente mau («evil»)». Mas, sim, é mesmo verdade (e, o que não surpreende, depois desistiu de se candidatar).
… Que a 27 cristãos iraquianos tenha sido recusado asilo por perseguição religiosa e sido dada ordem de expulsão dos EUA (enquanto milhares de imigrantes ilegais conseguem permanecer no país). Mas, sim, é mesmo verdade.
… Que Barack Obama tenha cometido, durante o discurso que proferiu ao país aquando do atentado em São Bernardino, um (relativamente grave) erro na definição do estatuto de Tashfeen Malik, uma de dois terroristas (o outro era o marido) culpado daquele – um erro que a Casa Branca, à semelhança de tantos outros anteriores, teve de corrigir. Mas, sim, é mesmo verdade.  
… Que uma caricaturista do Washington Post tenha «retratado» as duas filhas (menores, ambas com menos de 10 anos) de Ted Cruz como macacas. Mas, sim, é mesmo verdade (e imaginem se fizessem algo semelhante às duas filhas do Sr. Hussein).
… Que o Departamento de Estado tenha considerado, no seu balanço de 2015, como um dos seus maiores sucessos «estar a levar («bringing») paz e segurança à Síria». Mas, sim, é mesmo verdade (que eles se vangloriam de algo que não acontece(u).) 
… Que Barack Obama não saiba quantos anos os EUA têm enquanto nação independente. Mas, sim, é mesmo verdade.
… Que 40% das cartas de condução emitidas na Califórnia em 2015 tenham sido para imigrantes ilegais, «não documentados», que deste modo passaram a ser (indevidamente) documentados. Mas, sim, é mesmo verdade.
… Que políticos democratas tenham recebido de sindicatos cerca de 420 milhões de dólares entre 2012 e 2014. Mas, sim, é mesmo verdade.
… Que (pelo menos) um batalhão do exército dos EUA tenha sido obrigado a assistir a um seminário sobre «privilégio branco». Mas, sim, é mesmo verdade.
 … Que o Departamento de Justiça tenha considerado a possibilidade de, em colaboração com o FBI, acusar criminalmente os «negadores» da existência de «alterações climáticas» (causadas pela humanidade). Mas, sim, é mesmo verdade (Loretta Lynch admitiu-o).  
… Que uma «jornalista» do Politico, Susan Glasser, tenha afirmado que a administração de Barack Obama nunca foi afectada por escândalos. Mas, sim, é mesmo verdade (que ela o disse, não o que disse).
… Que Barack Obama tenha considerado Cecile Richards, presidente da Planned Parenthood, uma «super-heroína da vida real». Mas, sim, é mesmo verdade (que ele o disse, não o que disse).
… Que Gina McCarthy, directora da Agência de Protecção Ambiental, tenha admitido que as directivas que a EPA tem imposto às indústrias, com destaque para as centrais a carvão, servem não para diminuir eventuais impactos negativos no ambiente mas sim para demonstrar «liderança». Mas, sim, é mesmo verdade.
… Que Jill Abramson, ex-editora executiva do New York Times, considere que Hillary Clinton é «fundamentalmente honesta». Mas, sim, é mesmo verdade (que Jill acredita, não que Hillary seja).