quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Diplomacia… macia (Parte 4)

(Uma adenda no final deste texto.)
Antecipemos desde já um aspecto - quiçá o fundamental - de um «balanço final» da presidência de Barack Obama… e novamente, pois aqui foi mencionado, de uma forma ou de outra, mais do que uma vez: os oito anos do Sr. Hussein na Casa Branca caracterizaram-se pelo contínuo, «progressivo», enfraquecimento dos Estados Unidos da América. No plano interno, uma economia estagnada, um sistema de saúde sabotado (já não restam dúvidas de que o ObamaCare é tudo menos «affordable»), hostilidade ideológica e racial agudizada, criminalidade aumentada…
… E, no plano externo, uma perda de influência e de prestígio do país em praticamente todos os pontos do globo. Com BHO os EUA deixaram de impor o respeito… e o medo que outrora impunham. A era da «diplomacia macia» começou. E isso, não duvido, foi deliberado. Tudo começou, deve-se recordar, com a «digressão de desculpas» («apology tour») que o Nº 44 iniciou logo a seguir a tomar posse em 2009. E que continuou a fazer ao longo dos quase oito anos seguintes; o mais recente «concerto» desta «tournée» foi em Hiroshima, em Maio último, onde, na opinião de Ben Shapiro, Obama não só pediu perdão ao Japão pelo triunfo na Segunda Guerra Mundial como proferiu «um dos mais repulsivos discursos da história americana». Algo que não surpreende da parte de pessoas que são capazes de «riscar» Jerusalém de Israel em comunicados oficiais. E que têm o descaramento de «celebrar» os 25 anos da independência da Ucrânia depois de nada terem feito para ajudar militarmente aquele país aquando da invasão russa e consequente ocupação e anexação da Crimeia.
Entretanto, mais pormenores escabrosos continuam a ser conhecidos da rendição… perdão, do «acordo» com o Irão relativo a armas e a centrais nucleares – concretamente, que Teerão poderá instalar mais modernas e eficientes centrifugadoras e retomar o desenvolvimento do seu programa de mísseis balísticos. Quanto ao Iraque, e contrariando as garantias do «comandante-em-chefe» de que a guerra acabara, o Pentágono tem vindo a (re)enviar para lá sucessivas levas de soldados, estando o número total actualmente à volta de 6500. Quanto à Síria, desaparecidas há bastante tempo as «linhas vermelhas» que não era suposto serem passadas, resta a Barack Obama alegar que o «aquecimento global» contribuiu para o eclodir da guerra civil naquele país, e permitir que John Kerry volte à mesa das negociações com o seu homólogo russo Sergei Lavrov depois de terem sido feitas acusações de crimes de guerra a Moscovo – devido a bombardeamentos na cidade-mártir de Aleppo que causaram demasiadas vítimas, incluindo em hospitais. É a isto que está reduzida a diplomacia norte-americana perante o Kremlin? Fazer «birras», ameaçar que já não conversa mas, depois, voltar atrás porque percebeu que o interlocutor não irá alterar nem o seu comportamento nem as suas posições? Aliás, as relações com o Kremlin constituem o maior fracasso da diplomacia d(est)a Casa Branca, previsível desde o falhado «reset» de Hillary Clinton e (mais agora, quatro anos depois) visível na tentativa de Obama em ridicularizar Mitt Romney por este considerar o país mais a leste da Europa como o principal rival geoestratégico dos EUA. Desde então não faltaram as oportunidades ao ex-governador do Massachusetts para «rir por último»: uma das mais recentes aconteceu com a acusação, feita pelo Departamento de Segurança Doméstica, que provinham da Rússia os ataques informáticos contra «organizações políticas e sistemas eleitorais estatais» norte-americanos. De qualquer forma, parece ainda não estar no horizonte um pedido de desculpas ao candidato republicano em 2012.
A incompetência internacional e «internacionalista» desta administração tem-se manifestado igualmente em outras ocasiões, algumas hilariantes, outras nem tanto. Por exemplo, pessoas como Marian Tupy, do Instituto Cato, Daniel Hannan e Nigel Farage, ambos deputados europeus, não têm dúvidas de que a interferência directa de Barack Obama no referendo tido em Junho último no Reino Unido sobre a permanência na União Europeia (que o Nº 44 favorecia) foi decisiva para o triunfo do «Brexit» - realçou-se em especial uma declaração do Sr. Hussein garantindo que, em caso de saída da UE, os britânicos iriam para o «fim da fila» em futuros acordos de comércio com os EUA. Outros europeus estão à mercê da arrogância e/ou da ignorância dos «burros»… como os italianos, dos quais o actual primeiro-ministro, Matteo Renzi, ficou a saber, pela boca de John Kerry, e durante uma visita a Washington esta semana, que as «festas de toga» que as fraternidades de alunos realizam regularmente nas universidades são uma prova dos fortes laços entre transalpinos e norte-americanos!
Após quase uma década com um governo a mostrar não saber como lidar nem com aliados e amigos nem com adversários e inimigos, talvez seja aconselhável que o(a) próximo(a) presidente dos EUA inicie uma nova – mas diferente - «digressão de desculpas»… porque Barack Obama deixa(rá) muitos, mas mesmo muitos, motivos de arrependimento.
(Adenda - Hoje, 9 de Novembro de 2016, e após quase três semanas de «silêncio» (o maior enquanto tal aqui no Obamatório desde a sua criação), volto para avisar que... «este blog segue dentro de momentos». Não se tratou claro, de um fim antecipado (eu já esclarecera em que moldes este espaço iria continuar, pelo menos, no próximo ano), mas sim de umas «férias» que concedi a mim próprio para melhor desfrutar os últimos dias desta espantosa, inesquecível... e, ultimamente, jubilatória campanha presidencial de 2016. Obviamente, e como é meu hábito, acompanhei tudo ao pormenor, e recolhi informações e tirei notas que servirão de base a próximos textos. Portanto, e se tiverem paciência para esperar...)     

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

O «sexo dos anjos», mais uma vez

É do conhecimento (quase) geral e comum, uma infeliz curiosidade (mais ou menos) histórica: diz-se que em Constantinopla (actual Istambul), não muito antes da tomada daquela cidade em 1453 pelos muçulmanos, vários dos líderes da cidade, religiosos e não só, gastavam grande parte do seu tempo e do seu esforço em fúteis discussões teológicas – em especial sobre se os anjos teriam sexo(s) ou não – em vez de mais e melhor contribuírem para a defesa daquela que era então a capital do império romano (e cristão) do Oriente, e que, após a derrota, passou a ser a mais importante urbe do império otomano e dos seguidores de Alá…  
… E é difícil não pensar neste episódio (lendário?) do passado quando se observa o que ocorre presentemente nos Estados Unidos da América sob (ainda) a liderança de Barack Obama. Porém, há uma diferença, e não é assim tão pequena: neste caso não existe qualquer dúvida de que a actual administração – e os órgãos de comunicação social que, mais ou menos abertamente, a apoia – prefere impor as suas noções de «género», de «identidade sexual» ao país (e sem discussão…) em vez de responder decisivamente às continuadas ameaças dos extremistas islâmicos. Na verdade, parece que do outro lado do Atlântico os atentados terroristas se estão a tornar, se não diários, pelo menos semanais ou quinzenais – alternando, ou até mesmo coincidindo, com motins raciais. E não são apenas os que causam mortos e/ou feridos, como os levados a cabo por Ahmad Rahami (afegão naturalizado, em Nova Iorque e em Nova Jérsia), por Dahir Adan (somali, no Minnesota) e Arcan Cetin (turco, em Washington, que, apesar de estrangeiro, votou por várias vezes… e depois os «burros» afiançam que não existe fraude eleitoral!): «incidentes» menos graves como o ocorrido numa estrada da Califórnia a 1 de Outubro, quando um veterano foi abalroado por um muçulmano, a mais de 150 quilómetros por hora e «em nome de Alá», fazem recear qual é, e qual poderá ser, a verdadeira dimensão de uma jihad que, efectivamente, já se desenrola, latente ou manifesta, de costa a costa.
As reacções, as respostas dos democratas, progressistas e liberais, ao acumular destas ocorrências não mudaram. Ainda recentemente (foi a 23 de Agosto), Joe Biden garantiu – repetindo, aliás, o que Barack Obama já dissera – que o terrorismo não é uma «ameaça existencial». Não é de crer que as vítimas (e os familiares destas) dos ataques acima referidos, perpetrados, poucas semanas depois, por adeptos de Maomé em quatro Estados dos EUA concordem com tal asserção. Nem com a afirmação de John Earnest, porta-voz da Casa Branca, feita na MSNBC, após os atentados dos dois lados do rio Hudson, de que, com o ISIS, «de alguma maneira, esta é de facto apenas uma guerra de narrativas»! Poucas horas depois, Martha MacCallum, da Fox News, perguntou-lhe se as pessoas que haviam ficado com «estilhaços nos ombros» (quando não com balas e feridas de facas em outras partes do corpo) não teriam dificuldade em aceitar que tudo se resumia a «narrativas». Entretanto, em Minneapolis, e logo após o crime cometido por Dahir Adan, tanto a mayor Betsy Hodges como o jornal Star Tribune se pronunciaram, alertando contra a… islamofobia. Esta atitude foi também a tomada em Nova Iorque por Bill de Blasio, que, além disso, se pronunciou – em artigo de opinião escrito e assinado juntamente com os socialistas Anne Hidalgo e Sadiq Khan, respectivamente presidentes das câmaras de Paris e de Londres (cidades que já foram igualmente alvo do terrorismo islâmico) – a favor do aumento do número de imigrantes muçulmanos, com poucas ou nenhumas restrições.
O mayor da «Grande Maçã», não surpreendentemente, tem sido ainda um dos mais destacados «participantes» na moderna discussão do «sexo dos anjos», que nas mentes dos esquerdistas norte-americanos tem preponderância em relação a outros problemas e temas mais candentes: em Maio último ficou a saber-se que ele decidira multar as empresas da cidade – em especial estabelecimentos comerciais abertos ao público – cujos funcionários não se dirigissem aos clientes pelos «pronomes de género» adequados! Obviamente, há outros exemplos extremos em absurdo nesta área. O Departamento de Habitação e de Desenvolvimento Urbano pretendia que «transgéneros» pudessem pernoitar nos lares para sem-abrigos da sua escolha – ou seja, homens que se identificam como mulheres poderiam dormir ao lado de mulheres, e, se estas reclamassem, seriam ignoradas (há que não esquecer que os «azuis» costuma(va)m mostrar-se muito preocupados com a existência de uma alegada «rape culture» nas universidades). E, nas Forças Armadas, continua a emasculação: a Marinha anunciou em Setembro que todos os seus membros irão receber «educação de comportamento transgénero», antecipando e preparando a admissão de indivíduos em transição sexual em Julho de 2017; e, também no passado mês, o Pentágono anunciou que irá pagar, aos militares que o solicitarem, operações de mudança de sexo.
Prova adicional de que as confusões… perdão, opções identitárias estão no topo das prioridades dos democratas é a circunstância de até o candidato deles a vice-presidente parecer estar… afectado. Tim Kaine – que, como se ecoasse os bizantinos de há quase 600 anos, também não acha que a ameaça muçulmana aumentou desde que o Sr. Hussein é presidente – revelou, no debate (da passada terça-feira) com o seu homólogo no GOP Mike Pence, que o seu papel principal será o de «right hand person» de Hillary Clinton. Assumindo-se desde já como uma «pessoa» e não como homem, será provável que, no futuro, veremos o senador da Virgínia de vestido e a querer entrar nos balneários para senhoras?