quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Que tem Cuomo para ter medo?

Não foram muitas, nem significativas, as victórias alcançadas por candidatos do Partido Democrata no passado dia 4 de Novembro. Uma que se destacou foi a reeleição de Andrew Cuomo para governador do Estado de Nova Iorque… conseguida também à custa de uma campanha que recorreu tanto à distorção e à demagogia que até Sheila Astorino, esposa de Rob Astorino, o candidato pelo GOP a governador de NY, se sentiu obrigada a responder em vídeo… Porém, e como que para «estragar a festa», nem no «Empire State» os «azuis» viram todas as suas esperanças e expectativas concretizadas… porque, ao mesmo tempo, o Partido Republicano alcançou a maioria no senado estadual!
Para o filho do ex-governador Mario Cuomo, que ainda «espreita» uma oportunidade como eventual candidato a presidente pelo Partido Democrata em 2016, o triunfo da semana passada – quanto mais não seja por ter «aguentado o forte» ao contrário dos seus correligionários no Illinois, no Maryland e no Massachusetts – serviu para reforçar a sua credibilidade como «reserva» dos «azuis» no caso de Hillary Clinton não querer, ou não conseguir, impor-se como nomeada «natural» daqueles. No entanto, e como acontece com practicamente todos os «burros» de alguma envergadura e nomeada, também Andrew Cuomo parece ter alguns «esqueletos no armário»: para além daqueles que «coleccionou» enquanto secretário da Habitação e Desenvolvimento Urbano da administração de Bill Clinton (e que um dia poderão ser objecto de abordagem aqui no Obamatório), há a suspeita de que mais terão sido recentemente acrescentados ao «espólio» a partir do seu gabinete em Albany. Acossado pelas frequentes queixas de corrupção que grassam no funcionalismo público nova-iorquino, Cuomo deu posse, em 2013, a uma comissão de investigação… que dissolveu, já neste ano, quando aquela se preparava para apresentar conclusões e propor acusações! Porquê? Será porque se descobriu que uma das empresas visadas prestara serviços à organização da campanha eleitoral do governador-candidato?
O que é certo é que Andrew Cuomo, na promoção do seu livro «All Things Possible» – do qual vendeu, na primeira semana, menos de mil exemplares (!), e pelo qual recebeu 700 mil dólares de adiantamento (!!) – nem sequer se deslocou, acedendo aos seus convites, à Comedy Central e à MSNBC, espaços que, à partida, e previsivelmente, lhe seriam simpáticos, mas onde, deve reconhecer-se, tanto Jon Stewart como Joe Scarbourough o criticaram pelo seu comportamento relativamente à Comissão Moreland. Que tem Cuomo para ter medo? É de registar que a CNN – onde trabalha o irmão, Chris – practicamente ignorou o escândalo envolvendo Andrew, o que contrasta com a cobertura maciça que aquela estação dedicou a Chris Christie aquando do denominado «Bridgegate». De qualquer modo, e mesmo sendo mínima, a promoção do seu livro já suscitou ao governador queixas por alegada violação de normas éticas e criminais. A ver vamos se Andrew Cuomo ainda irá fazer companhia ao seu camarada Rod Blagojevich.

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