Por
entre o alvoroço causado, sucessivamente, pelas eleições intercalares de 4 de Novembro e a grande victória do Partido Republicano naquelas, o anúncio por
Barack Obama da sua (segunda) amnistia a imigrantes ilegais (dois assuntos já
abordados aqui no Obamatório) e as manifestações e os motins em Ferguson – e em
outros pontos do país – após a não acusação do polícia que matou um adolescente
negro (assunto que será abordado aqui no Obamatório), quase passou despercebida
a demissão de Chuck Hagel de secretário da Defesa…
…
O que faz dele o terceiro homem a (deixar de) ocupar aquela pasta em menos de
seis anos da presidência de Barack Obama – e, assim, a cessar a sua
cumplicidade activa no «desarmamento» (material e mental) em curso no Pentágono
desde 2009. Será que, tal como os seus antecessores Robert Gates e Leon
Panetta, também escreverá e publicará em breve um livro de memórias em que
criticará, explícita ou implicitamente, o Nº 44? É muito provável, dado que, ao
contrário dos outros dois, Chuck Hagel não se demitiu mas foi demitido. Porquê?
Aparentemente, por divergências com BHO em vários pontos de uma política de
defesa cada vez mais… desguarnecida. Entre os quais: o envio de militares para África a fim de combater a epidemia de ébola; e, no que terá tido um conflito com a amiga e conselheira do Sr. Hussein (e mentirosa reincidente) Susan Rice, a
libertação de presos de Guantánamo (logo, é de supor que não tivesse concordado
com a troca que permitiu a libertação de Bowe Bergdahl) – a saída de outros quatro combatentes da Al Qaeda foi anunciada no mesmo dia do discurso da
amnistia (provavelmente para passar despercebida), e mais alguns (quantos?)
deverão ser soltos em breve. Como Charles Krauthammer notou, e vários exemplos
existem que o demonstram, «Obama pode tolerar a desorientação, a incompetência, a preguiça, mas não a crítica.» Entretanto, e compreensivelmente, o ISIS – que Hagel
desde logo classificou como uma ameaça séria, ao contrário do Nº 44 – celebrou
o que tomou como um «triunfo» seu…
Para
se compreender quão polémico (e causador de perturbação) terá sido o
«despedimento» de Chuck Hagel bastará referir que até Joe Biden não terá gostado da forma como o seu ex-colega do Senado – que, recorde-se, formalmente
continua a ser republicano – saiu da administração e foi transformado como que num «bode expiatório» dos falhanços, dos fracassos, daquela. Falhanços,
fracassos inevitáveis quando, nos (frequentemente maus) negócios estrangeiros,
a atitude dominante é a de relativismo, hesitação e até de submissão:
considere-se a reacção ambígua de Barack Obama ao recente atentado contra uma sinagoga em Jerusalém, e a paciência de John Kerry para com um «diplomata» iraniano que lhe grita (e o insulta?) consecutivamente. Nunca o «Grande Satã»
foi tão dócil.
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