Se me fosse pedido um nome que, no panorama político norte-americano contemporâneo, melhor pudesse corporizar o conceito de «traidor», eu não teria quaisquer dúvidas na minha escolha: Colin Powell.
Em 2008, ao dar publicamente o seu apoio (e o seu voto) a Barack Obama, Colin Powell traiu John McCain não de uma, não de duas, mas sim de três maneiras: enquanto «amigo», enquanto antigo «camarada de armas» (ambos foram militares e são veteranos do Vietnam) e enquanto membro do mesmo partido. O ex-secretário de Estado, aliás, levara o seu cinismo ao ponto de, previamente, ter contribuído financeiramente para a campanha do senador pelo Arizona. E, por mais justificações que desse para a sua decisão, a certeza impôs-se quanto ao verdadeiro motivo daquela: racismo – a vontade de ver um «irmão de cor» como Presidente dos EUA, não obstante as diferenças ideológicas, o passado duvidoso e as reduzidas qualificações do então senador pelo Illinois e candidato pelo Partido Democrata.
Desde esse dia de infâmia… para si próprio, Colin Powell tem-se mantido mais ou menos discreto. Porém, quando «volta à superfície» é para, invariavelmente, directa ou indirectamente, criticar o campo que já foi o seu. Nomeadamente: o Partido Republicano, que ainda tem um «problema» com o racismo; os partidários (do GOP) que continuam a «atirar» sobre Barack Obama, tentando «deitá-lo abaixo e destruí-lo como figura política»; os elementos da «franja» (direitista) que criticam o presidente, não a propósito dos assuntos (relevantes), mas sim de «absurdos»; os «birthers» (entre eles Donald Trump), que foram «arrasados» quando Obama mostrou a sua certidão de nascimento; Dick Cheney, que na sua autobiografia fez referências menos elogiosas ao general; o Tea Party que, por insistir num «tom divisivo» e não querer fazer compromissos, não conseguirá produzir um candidato presidencial ganhador. No entanto, não teve para com os «Ocupas» (de Wall Street e de outros locais) palavras igualmente ácidas, pelo contrário: protestos como aqueles «são tão americanos como a tarte de maçã»!
Todavia, ele já veio anunciar que (ainda) não está comprometido quer com Barack Obama quer com um candidato republicano para 2012. Que «desilusão»! Mal podemos esperar pela sua decisão! Agora a sério: querem ver um exemplo de um autêntico «Uncle Tom»? Olhem para Colin Powell. Oportunista, patético, impotente… powerless. Uma vergonha.
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