Diz-se que «mais depressa se apanha um mentiroso do que um coxo». E também se pode dizer que «mais depressa se apanha um hipócrita do que um mentiroso». Num contexto ultra-mediático como é o actual, com múltiplos e diversificados canais e recursos, dificilmente os hipócritas têm hipóteses de «escapar» a serem desmascarados.
O panorama político-cultural nos EUA não cessa de fornecer exemplos dessa evidência. Comece-se por Michael Moore: sempre pronto a criticar o capitalismo (o tema, aliás, do seu filme mais recente), não surpreendeu que viesse a público apoiar o movimento «Occupy Wall Street» e todas as suas «réplicas» a nível nacional. Porém, nem tudo lhe tem corrido bem desde então: irritou-se quando um repórter (da CBS) lhe perguntou se a sua fortuna – avaliada em 50 milhões de dólares – o tornava parte dos alegados «1%»… contra os quais os «ocupas» protestam; e talvez tenha lido um artigo escrito pelo produtor Gavin Polone e publicado no Hollywood Reporter, em que se descreve um acordo financeiro, feito em 2005, por uma empresa cinematográfica (a dos irmãos Weinstein) com… a Goldman Sachs, e do qual Moore foi um dos maiores (e poucos) beneficiados.
Na verdade, é uma característica comum a muitos «liberais» e «progressistas» a tendência para, frequentemente, «morderem a mão» de quem lhes «dá de comer». O Partido Democrata não tardou a receber inúmeros avisos vindos de uma certa rua em Nova Iorque assim que dirigentes daquele – a começar pelo actual presidente do país – começaram a manifestar simpatia e até apoio pelos «ocupas». Habituais financiadores dos «burros» avisaram: «não podem tê-lo de duas maneiras». E um empresário milionário, democrata… e afro-americano, Robert Johnson, foi claro: «penso que o presidente tem de recalibrar a sua mensagem. Não se consegue que as pessoas gostem de ti atacando-as ou rebaixando o sucesso delas.» E ainda criticou Barack Obama por optar pela demagogia «simplesmente porque Warren Buffet diz que paga mais (impostos) do que a sua secretária.»
E, ocasionalmente, nem é preciso que outros denunciem os hipócritas: os próprios se encarregam disso. Graças a um microfone ligado desapareceram as dúvidas (que já não eram muitas…) sobre o que o Sr. Hussein pensa do actual primeiro-ministro israelita; e certamente que Benjamin Nathaniahu não seria tão desrespeitado por um «comandante em chefe» republicano… qualquer que ele fosse. Como, por exemplo, Herman Cain, que actualmente enfrenta a pior das hipocrisias, a da «isenta» comunicação social, que, no que se refere a alegados casos de «assédio (ou abuso) sexual», dão ao candidato do GOP um destaque muito, muito maior do que os que deram a Bill Clinton e a John Edwards.
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