… A outros! Preguiçoso és tu! Estas podem ter sido as reacções, as respostas imediatas e compreensíveis de muitos norte-americanos quando, na semana passada, e durante uma conferência no âmbito da Cooperação Económica Ásia-Pacífico realizada no Havai (território que, para Barack Obama, fica na Ásia!), ouviram o presidente a queixar-se de que os EUA têm sido um pouco «preguiçosos» na captação de investimento externo nos últimos 20 anos – período de tempo que inclui, note-se, não só as presidências dos dois George Bush (pai e filho) mas também a de Bill Clinton…
Na verdade, não constituiu uma surpresa que, mais uma vez (e já foram tantas!), o Nº 44 tenha, junto de estrangeiros, criticado, desvalorizado e até troçado (d)os seus compatriotas e/ou (d)o seu país, que considera já ter sido ultrapassado (pelos chineses) e pelo qual já pediu desculpa (aos muçulmanos)… Novamente mostrou não ter uma atitude e um comportamento «presidenciáveis», mas este incidente revestiu-se de uma ironia especial: é que o próprio Barack Obama, sempre ansioso, pressuroso, em aprovar a sua «jobs bill» (que é, sim, mais um plano de estímulo – leia-se «de despesa» - disfarçado) e em acusar o(s republicanos do) Congresso de nada fazer(em) para dinamizar a economia, se mostrou efectivamente… preguiçoso ao (não) tomar, recentemente, decisões que afectam – isto é, impedem – a aplicação de investimento e a criação de empregos!
São dois os casos principais em questão que demonstram aquela asserção. O primeiro é o da iniciativa da Boeing de construir uma nova fábrica na Carolina do Sul; o «problema» é que naquele Estado vigora o «right to work», ou seja, tem uma lei que proíbe a inscrição obrigatória em sindicatos, e estes, tradicionais apoiantes dos democratas, não hesitaram, por si próprios e através do National Labor Relations Board (um organismo do governo federal) em contestar (judicialmente) e em (tentar) impedir o investimento (interno) da conhecida companhia aero-espacial. O segundo caso é o da intenção da empresa TransCanada de construir um novo oleoduto (o Keystone XL) desde Alberta até ao Golfo do México; o «problema» é que, para não hostilizar os ecologistas – incluindo algumas «estrelas hollywoodescas» - que também são tradicionais apoiantes dos democratas, Barack Obama adiou a tomada de uma decisão para 2013… sim, exactamente, para depois da eleição presidencial!
Porém, não se pense que estes são os únicos exemplos de sobreposição dos (seus) interesses políticos aos económicos por parte da actual administração norte-americana: sabe-se agora que o Departamento de Energia pediu à Solyndra que adiasse o anúncio de despedimentos para depois das eleições de Novembro de 2010 para, assim, não prejudicar (mais) os resultados dos democratas… Enfim, é sempre útil saber quais são as verdadeiras prioridades de quem ocupa a Casa Branca.
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