quinta-feira, 18 de novembro de 2010

«PALINfrasia»*

Sarah Palin «não tem» capacidade, competência e conhecimentos para desempenhar o cargo de Presidente dos Estados Unidos da América. Aliás, Sarah Palin «não tem» possibilidade de vencer uma eleição presidencial porque não é popular junto (da maioria) dos independentes. Aliás, Sarah Palin «não tem» hipótese de conseguir a nomeação pelo Partido Republicano porque não respeita o «establishment» do GOP. Aliás, Sarah Palin «não tem»…
Mas o que é que Sarah Palin – indubitavelmente – tem (e não é baiana...) que faz com que, apesar de tantas alegadas «lacunas», não parem de falar dela, em especial os liberais-democratas-progressistas, que não param de falar mal dela? S. E. Cupp é quem deve ter dado a explicação mais correcta: o que mais os irrita é a felicidade da «Mama Grizzly». E, dizemos nós, também a coerência e a persistência. Mais do que sucesso político, trata-se de sucesso pessoal e familiar. Que, depois dos livros «Going Rogue» e «America by Heart», está bem patente na série de televisão «Sarah Palin’s Alaska», cujo primeiro episódio bateu os recordes do canal TLC ao conseguir a atenção de cinco milhões de espectadores! Como se isso não bastasse, a filha mais velha Bristol está na fase final do programa «Dancing with the Stars», o que até já causou algumas reacções… radicais.
Críticos, tanto à esquerda como à direita, continuam a mostrar que nada aprenderam com Ronald Reagan – que também foi governador, e jornalista, e (média) estrela de (grande e pequeno) ecrã... Os preconceitos mantêm-se, agora tingidos com machismo e até com misoginia: se um homem é de direita quase de certeza que é estúpido; se uma mulher é de direita e, ainda por cima, é bonita, de certeza que é estúpida! (Veja-se mais um exemplo português desta atitude aqui.) Não adianta ser-lhes provado – e aqui no Obamatório isso tem sido feito regularmente – que praticamente todas as supostas «gaffes» e insuficiências de Sarah Palin são falsas, exageradas, distorcidas pela imprensa inimiga ou apenas insignificantes; e que para cada eventual erro «autêntico» dela se podem contrapor cinco de Barack Obama, dez de Joe Biden e quinze de Harry Reid/Nancy Pelosi.
E parece que nem aqueles de quem seria de esperar uma maior lucidez conseguem por vezes evitar cair nos lugares comuns dos ditos «mitos», ou sabem distinguir «intromissões autorizadas» de «intromissões não autorizadas»… E, destas, não só a do «vizinho indesejado» Joe McGinniss. David Kernell – filho de Mike Kernell, proeminente político democrata do Tennessee – foi agora condenado em tribunal por, em 2008, ter entrado numa caixa de correio electrónico da então governadora do Alaska e candidata a vice-presidente. Não é «curioso» que tal caso não tenha sido mais… divulgado?
De uma vez por todas, habituem-se! A mulher tem carácter, tem força, tem inteligência, e - que «chatice»! - é ambiciosa. Porque não há de ela querer viver na Casa Branca? Bem pode o «biógrafo» do Sr. Hussein apostar que isso não acontecerá. Bem pode Kathleen Parker orgulhar-se de que «liderou o assassinato» dela. Bem pode Tina Fey, pateticamente, continuar a servir-se da sua (muito superior) «sósia» para as suas «piadas» (pelos vistos, nada de mais relevante lhe resta…). Bem pode Lisa Murkowski dizer – com a «autoridade» de quem reprovou quatro vezes (!) no exame de advocacia – que a sua conterrânea não tem «qualidades de liderança e curiosidade intelectual». Enfim, e numa palavra: invejosas!
Sarah Palin é «aquela máquina», e veio para ficar. E já demonstrou que não é condicionada pelas manifestações de alguma estranha «variante» de «palinfrasia»* que parece afectar muitos dos seus compatriotas.
(* Palinfrasia: s. f. MEDICINA perturbação da elocução caracterizada pela repetição da última sílaba das palavras e, às vezes, de todas as sílabas de cada palavra (principalmente no atraso mental e na demência precoce) (Do gr. pálin, «de novo» + phrásis, «elocução» + ia) ) («Dicionário da Língua Portuguesa 2006», Porto Editora, página 1240)

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