A 7 de Novembro de 2008 eu respondia assim a uma mensagem de uma amiga minha que, entusiasmada com a vitória de Barack Obama na eleição presidencial ocorrida três dias antes (e que a fizera «reconciliar-se com a América»), me aconselhava a leitura do livro «Dreams From My Father»: «Não deixarei de incluir – mentalmente – (aquele livro) na mesma categoria em que se encontra também, por exemplo, a biografia do José Sócrates: a categoria de livros de, ou sobre, “políticos demagogos, mentirosos, oportunistas e populistas, que insultam os opositores e intimidam os jornalistas, com passado nebuloso e más companhias, e que, essencialmente, não passam de rufias arrogantes e incompetentes com muita bazófia e a mania das grandezas”.» Em outra mensagem para a mesma destinatária, dois dias depois, escrevi: «És tu e não eu quem tem uma “visão distorcida” do Hussein. Tal como os outros milhões de adoradores do “novo Messias”, não queres que a verdade se sobreponha à fantasia. A não ser, claro, que aches bem: que ele tenha feito amigos, mentores e apoiantes entre mafiosos, racistas, terroristas e outros extremistas; que ele concorde com o aborto muito para além dos três meses; que perfilhe uma visão marxista da sociedade e da economia; que denigra as forças armadas das quais vai ser, supostamente, comandante supremo. (…) Chamas-me “intolerante, fundamentalista, conservador e “narrow-minded”... porque não alinho em histeria de massas, ilusões colectivas e lavagens cerebrais generalizadas. Sim, confesso: sou desconfiado, lúcido, penso pela minha cabeça e procuro informar-me para além da propaganda propagada pelos pasquins. E será que sobre ti surgiu um arco-íris do qual cairam muitas flores quando escreveste “acredito no sonho, no futuro e num mundo melhor (sim, com políticos destes)”? Não te sabia tão lírica... e crente! Também acreditas que o Elvis está vivo? Enfim, e resumindo: “No, I won’t!"»
Recordando estas palavras… premonitórias, é hoje evidente, não só que elas estiveram directamente na origem do Obamatório, mas também que prefiguravam, precisamente, os factos que ainda mais confirmariam as semelhanças nas afirmações, acções e percursos de Barack Obama e de José Sócrates. Repare-se… e compare-se: ambos têm currículos escolares que suscitam dúvidas e interrogações – muitos registos desaparecidos ou inacessíveis para um, uma «licenciatura ao domingo» para outro; o presidente norte-americano tem, ou teve, como «amigos», pessoas tão «recomendáveis» como Anthony Rezko, Jeremiah Wright, Rod Blagojevich, a família Giannoulias – e o (infelizmente, ainda) primeiro ministro português apresenta por sua vez… a sua família em geral e os seus primos em particular, e ainda António José Morais, Armando Vara, Rui Pedro Soares…; BO, e os seus apoiantes, atacaram Rush Limbaugh, a Fox News, Andrew Breitbart… - JS, e os seus apoiantes, atacaram Manuela Moura Guedes, o Público, António Balbino Caldeira…; ambos levaram os respectivos Estados a atingirem dimensões e despesas excessivas e incomportáveis, ao mesmo tempo que mostram pouco rigor com os números do (des)emprego; um (os republicanos em geral e George W. Bush em particular) e o outro (governos anteriores do PSD e do CDS, a «crise mundial», os «mercados especuladores», as agências de rating…) culpam sistematicamente outros pelos problemas que enfrentam – problemas, aliás, que causaram ou para os quais contribuíram decisivamente. Acrescente-se o fascínio: pelas «energias alternativas e renováveis» – o que não impede que Obama se desloque num automóvel que é tudo menos ecológico; e por Hugo Chávez – o «tuga» já é um «compincha», o «ianque» talvez queira ser.
Assim, quando Barack Obama, em Lisboa, disse a José Sócrates que a «sua determinação para fortalecer a economia portuguesa e receber estas cimeiras (da NATO, UE-EUA, UE-Rússia) diz muito da sua liderança», isso não significou que o presidente norte-americano estivesse mal informado sobre o (infelizmente, ainda) primeiro ministro português; pelo contrário, representou de certeza um elogio sincero. O investimento público é, para os dois, a melhor forma de… estimular, de «fortalecer a economia». E, para além disso, e como acima ficou demonstrado, muito provavelmente existem vários outros aspectos da «liderança» de Pinto de Sousa que o Sr. Hussein reconhece… e aprecia – além de admitir que «o seu inglês é muito melhor do que o meu português» (ou seja, valeram a pena as «lições técnicas» na Universidade Independente). Pelo que o «menino Zézito» bem que podia ter dito ao seu ilustre visitante: «Cool, dude!»*
(* Possível tradução de «Porreiro, pá!» para inglês, sugerida pela minha filha mais velha, sendo que «Dude» passou a ser uma designação «autorizada» do Nº 44 desde que Jon Stewart assim se lhe referiu pessoalmente.)
Sem comentários:
Enviar um comentário