Não deixa de ser curioso que as «eleições de meio termo» de 2010 se realizem apenas dois dias depois do Halloween… porque a palavra (e a imagem de) «bruxa» tem estado, nesta campanha eleitoral, particularmente em foco.
Principalmente por causa de Christine O’Donnell, que confessou que na sua juventude participou em algumas «práticas mágicas»… por brincadeira e por namoro. Mas isso foi há mais de 20 anos. Hoje, concorre ao cargo de senador(a) pelo Delaware com base em conceitos e em propostas que assentam na limitação do poder do governo e na responsabilidade fiscal… mas as suas ideias foram desfavorecidas em favor de supostos devaneios de adolescência. E, no que é mais uma prova de como nos EUA os políticos – em especial as mulheres – são tratadas pela «lamestream media» de modo diferente consoante o partido a que pertencem, compare-se as pueris incursões pela «feitiçaria» de O’Donnell com as «conversas com mortos», em sessões espíritas na Casa Branca, feitas por Hillary Clinton quando era primeira dama!
Entretanto, é de salientar – e de saudar – a grande probabilidade de os dias de «susto» provocados pela maior «bruxa» da política norte-americana – autêntica «Wicked Witch of the West» (ela é de São Francisco) - estarem a terminar: Nancy Pelosi poderá não perder a sua eleição, mas se os democratas perderem a maioria na Câmara de Representantes ela deixará de ser speaker. Porém, e enquanto pode, ela não desiste de provocar alguns «arrepios»: aconselha os jovens a manterem-se dependentes dos pais; diz que a culpa é de George W. Bush (algo que não é original num democrata); acredita que há um problema na distribuição da riqueza no país; queixa-se de que «não ficámos com o crédito pelo que fizémos» (ela que não se preocupe porque já amanhã, e devido ao débito nacional que ajudou a acumular, esse «crédito» vai chegar).
Outras «bruxas» há que, embora não tão malignas como Nancy Pelosi, são capazes de desagradáveis «maus olhados»: Parry Bellasalma, presidente da secção californiana da National Organization for Women, que apoia Jerry Brown para governador daquele Estado e que diz que Meg Whitman é uma «political whore» (sim, é isto que passa por «feminismo» nos EUA actualmente); Joy Behar, que chamou, não «witch», mas sim «bitch» a Sharron Angle, «mandando-a» também para o «Inferno» – e que repetiu o insulto quando recebeu flores da candidata do GOP ao Senado pelo Nevada (!); Arianna Huffington, que afirma que quando os republicanos vencem isso significa que os votantes utilizaram o «lado lagarto do cérebro» (?!); Olivia Wilde, que «viajou» (de vassoura?) até a um… «futuro terrível» em que Sarah Palin é presidente.
Este breve e ridículo exercício em «ficção científica» protagonizado pela bonita, mas não muito inteligente, actriz da série televisiva «House, M. D.» é tão só mais um de inúmeros exemplos dos extremos a que os democratas-liberais-progressistas estão dispostos a ir para «denunciar» a ex-governadora do Alaska como… uma bruxa, entre muitos outros epítetos desagradáveis. Por exemplo, Jon «Restaurador da Sanidade» Stewart disse-lhe para se «ir f*d*r». No entanto, esses esforços têm invariavelmente, e estrondosamente, falhado, e o «feitiço» costuma virar-se contra o «feiticeiro». O «aprendiz» Markos Moulitsas aprendeu isso recentemente, e dolorosamente, à sua custa, depois de ter troçado da «running mate» de John McCain por ela ter advertido que ainda era cedo para «festejar como em 1773». Mas… o que aconteceu naquele ano? Bem, «nada» de especial… «apenas» a «Tea Party» original!
O que está fundamentalmente em causa nestas eleições é a escolha entre (mais) poder (para os políticos) e (mais) liberdade (para os outros cidadãos). Andrew Klavan ilustra com humor, mas didacticamente, este dilema no seu «Night of the Living Government». De meter medo!
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