quarta-feira, 24 de outubro de 2012

«Criminoso de guerra»…

(Uma adenda no final deste texto.)
… Foi como, há um mês, Ralph Nader, figura histórica da defesa do consumidor, da ecologia e da esquerda norte-americanas, cinco vezes candidato presidencial, classificou Barack Obama, Prémio Nobel da Paz em 2009.
Sim, «pior» do que George W. Bush: porque há quatro anos se opôs, tal como os seus apoiantes, a políticas que, afinal, continuou e até, em alguns casos, acentuou – em especial o programa de assassinatos selectivos e à distância através de drones, várias vezes com danos colaterais, e em que cidadãos dos Estados Unidos da América no estrangeiro podem igualmente ser alvos. E isto por parte daqueles que condena(ra)m a «tortura» do waterboarding – que, recorde-se, não causou qualquer morte e proporcionou muitas informações úteis, algo que terroristas… perdão, «combatentes inimigos» abatidos não podem dar. Osama Bin Laden pode estar morto (apesar de as imagens do cadáver não terem sido divulgadas…) mas a Al-Qaeda está viva, e não se recomenda. Muitos «progressistas pacifistas» do outro lado do Atlântico estão muito desiludidos com o actual presidente, mesmo que não se manifestem tão ruidosamente como faziam contra o antecessor…
… E sem dúvida que essa opinião se manteve, ou agravou-se, ao ouvirem na passada segunda-feira, durante o terceiro e último debate presidencial de 2012, o Nº 44 a pretender «explicar», arrogantemente, condescendentemente, ridiculamente (e orgulhosamente?), a Mitt Romney que as forças armadas são actualmente muito diferentes e melhores do que eram há 100 anos, que se utilizam menos cavalos (é verdade), menos baionetas (não é) e que existem umas coisas chamadas porta-aviões… Mais uma vez, os «jornalistas» membros do «clube de fãs» do Sr. Hussein riram e aplaudiram o suposto «momento alto do debate», mas eles já deviam saber que aquilo que parece, imediatamente, positivo, acaba por tornar-se, posteriormente, negativo… Na verdade, e novamente, Romney pareceu (e é) mais presidenciável, o incumbente, e Barack Obama um challenger… algo irritado e irritante. E que, também novamente, se enganou ou mesmo mentiu no debate, não só em questões técnicas mas também no que se refere às questões de financiamento da máquina militar, dizendo que não faria… aquilo que já fez: cortes consideráveis nas verbas para o Pentágono. E é Bob Woodward quem o confirma
Parece impossível, é incrível, que ainda exista quem insista que na política externa e de defesa Barack Obama tem vantagem, que é o seu «ponto forte», quando a cada dia se torna mais evidente o comportamento incompetente, irresponsável e até, eventualmente, criminoso desta administração nos negócios estrangeiros, tanto civis como militares. Exemplos? Um presidente que prescinde de encontros nas Nações Unidas com outros líderes mundiais mas não de uma entrevista para falar de futebol. Uma porta-voz (do Departamento de Estado) que admite que é paga para ser «mais parva» («dumber»). Aliás, parvoíce (ou algo pior…) é o que não falta na instituição liderada por Hillary Clinton, como ficou demonstrado através da nomeação de Salam al-Marayati, apologista de terroristas e «truther» (alegou que Israel poderia ser responsável pelos ataques em 2001/9/11!), como representante dos EUA numa conferência da OSCE sobre direitos humanos. Vários islamitas radicais fizeram centenas de visitas à Casa Branca para encontros, se não com o Sr. Hussein, pelo menos com elementos de topo do governo federal. Entretanto, soldados no Afeganistão recebe(ra)m ordens dos comandantes norte-americanos para não disparar sobre guerrilheiros taliban que colocam minas… porque isso pode incomodar os habitantes! Muitos homens e muitas mulheres de uniforme, ausentes no estrangeiro, arriscam-se a não participar na eleição presidencial devido a atrasos (deliberados?) no envio de boletins de voto. São cada vez mais, e maiores, as provas de negligência dolosa perante (antes e depois d)o ataque ao consulado de Benghazi, na Líbia. E ainda há bastante para esclarecer sobre as fugas de informação – confidencial, e mesmo secreta (sobre operações no estrangeiro) – para o New York Times ocorridas este ano.
Uma verdadeira, mais realista, aferição do sucesso (ou falta dele) de uma política externa é habitualmente dada… por pessoas de outras nações, aliadas ou não. Nesse sentido, são muito significativas as perguntas feitas por Ahmad Abu-Risha, um dos principais líderes tribais iraquianos, a Barack Obama, queixando-se da falta de colaboração e de empenho da actual administração, comparando-a – desfavoravelmente – com a anterior: «Porque deixaram o Iraque para o Irão? Porque desistiram depois de tantos sacrifícios feitos pelos americanos?» Não é de todo implausível que, depois de tanta diplomacia… macia por parte do Nº 44, se tenha de enfrentar militarmente Teerão, e então, aí sim, poderá fazer sentido uma pergunta recente de Joe Biden, susceptível de fazer parte do seu «best of».
(Adenda - Há quatro anos teve algum significado, mas tratou-se, fundamentalmente, de uma traição. Agora, o impacto é insignificante e é pouco menos do que ridículo. Colin Powell expressou mais uma vez o seu apoio a - e o seu voto em - Barack Obama. Se da primeira vez poderia haver alguma atenuante, algum benefício da dúvida, neste momento, em que há um registo, um «cadastro» das decisões do actual presidente, não há qualquer desculpa. Powell bem que podia tornar-se membro do Partido Democrata: este, ontem e hoje sempre racista, adora afro-americanos dispostos a colocarem as grilhetas neles próprios.) 

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