Estreia em Portugal na próxima quinta-feira, 29 de Março, o filme «We Bought a Zoo», realizado por Cameron Crowe e protagonizado por Matt Damon e por Scarlett Johansson. E que decidi aproveitar como uma oportunidade, um pretexto para abordar brevemente a utilização de nomes de animais na política norte-americana, e não apenas «burros» (democratas) e «elefantes» (republicanos)… um autêntico «Fungagá da Bicharada» no outro lado do Atlântico. Pode ser, sem dúvida, «fun»… e sem ter de se ficar «gagá».
Poderá parecer perseguição da nossa parte… mas factos são factos: foi Barack Obama quem mais contribuiu recentemente para «(re)introduzir» a zoologia na ideologia, e começou a fazê-lo logo na campanha presidencial de 2008. Sim, Sarah Palin identificou-se a ela própria como «pitbull» e «Mama Grizzly», mas isso não implicou qualquer ofensa a qualquer adversário – enquanto o Sr. Hussein chamou à ex-governadora do Alaska uma «porca com batôn» e a John McCain um «peixe velho». Já depois de eleito e empossado como presidente, Obama comparou-se a um cão – primeiro favorável, depois desfavoravelmente – e queixou-se várias vezes dos «fat cats» que, supostamente, estariam a prejudicar a economia… sem reconhecer que muitos desses «gatos gordos» (da alta finança de Wall Street) foram, e ainda são, seus apoiantes. Além disso, não deixou de promover uma espécie de «caça» a uma «raposa» (isto é, a Fox News), e deixou algumas «hienas» andarem – e «rirem» – à solta a propósito do atentado que feriu a congressista Gabrielle Giffords. Entretanto, e previsivelmente, «ganhou» alguns «amigos da onça»…
… E foi comparado a um macaco por uma republicana – que não tardou a ser criticada e desautorizada pelos seus colegas de partido. O mesmo não aconteceu a David Axelrod depois de ter declarado, referindo-se a Newt Gingrich, que «quanto mais alto um macaco sobe a um poste, mais se pode ver o seu rabo». Mas já todos sabemos que a «civilidade no discurso» só é obrigatória para um dos lados… Ed Schultz é disso outro exemplo: para ele, os republicanos são como «ratos de esgoto». Já Harry Reid consegue ser mais fantasista, e até poético: para ele os milionários que criam empregos são como «unicórnios»… porque «não existem»!
Enquanto os bichos – reais e imaginários – forem usados unicamente como figuras de retórica no debate e no combate partidário, mesmo que de uma forma excessiva, isso não será muito grave. Pior é quando eles são vítimas verdadeiras de opções políticas. Passaram despercebidas em Portugal duas decisões – duas autorizações – da responsabilidade da actual administração que configuram um desrespeito chocante para com os direitos dos animais... ou, mais correctamente, de alguns animais: uma, o abate de cavalos para alimentação; outra, o sacrifício de (duas) águias – a ave que é o símbolo nacional dos EUA! – num ritual religioso de uma tribo índia. E há ainda o plano de matar exemplares de uma espécie de coruja... para proteger outra! É caso para perguntar: por onde é que anda a PETA quando ela é precisa?
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