sábado, 3 de março de 2012

Obituário: Andrew Breitbart

Este é o primeiro obituário no Obamatório, e é inesperado, doloroso, inacreditável. Mas não são todos? Na verdade, uns são mais do que outros. Quanto se trata de alguém ainda muito novo (43 anos, nasceu a 1 de Fevereiro de 1969), incrivelmente activo, quase que omnipresente, e que se preparava provavelmente para fazer deste ano de 2012 um dos mais marcantes da sua – e das nossas – vida(s), a surpresa, e a tristeza, são maiores. É o caso de Andrew Breitbart, falecido a 1 de Março último em Los Angeles.
O primeiro livro dos vários que ilustram, do lado direito (obviamente!), este blog, é dele: «Righteous Indignation» detém a posição cimeira porque os autores estão alinhados segundo a ordem alfabética dos seus primeiros nomes; porém, aquela obra merece igualmente estar no topo porque relata o percurso pessoal, profissional e político de Andrew Breitbart, da esquerda para a direita, ao som de grupos da New Wave britânica e num meio cultural e social totalmente hostil a essa transição ou «traição» (tão bem que o compreendo, tanto que me posso identificar com ele…), começando quando ele se interrogou, e se indignou, com o tratamento que os «progressistas» e «liberais» deram a Clarence Thomas quando foi nomeado para o Supremo Tribunal de Justiça dos EUA; fala dos muitos anos em que ele foi o Nº 2 de Matt Drudge no Drudge Report, e depois quando ajudou Arianna Huffington a fundar o Huffington Post; finalmente, quando se lançou por conta própria com o Breitbart.com e os seus vários «Big’s» (Governo, Hollywood, Jornalismo, Paz). E é aqui que está a sua (outra) ascendência sobre o Obamatório: ainda não fiz essas contas (nem sei se alguma vez as farei), mas não tenho dúvidas de que a maioria das ligações que inseri nos meus textos neste blog desde há mais de três anos provém, precisamente, dos sítios na Internet criados e liderados por ele; um facto que se deve não ao acaso ou à ordem alfabética mas sim à importância, à qualidade, à relevância das informações acedidas através daquelas ligações.
Andrew Breitbart não se distinguiu apenas pelo seu espírito de empreendedor, de agregador de notícias e de aglutinador de talentos, de congregador de personalidades, mas também, e talvez principalmente, enquanto possuidor de uma espantosa coragem, tanto física como intelectual: abundam os exemplos, e respectivos registos audiovisuais, dos confrontos mais ou menos animados, exaltados, intensos, que manteve com opositores, em programas de rádio e de televisão, em conferências, em manifestações. E em que, frequentemente, para os desarmar, para os vencer, nem era necessário repetir os seus ideais e as suas ideias, os seus argumentos: bastava perguntar aos seus interlocutores: «porque estão aqui?»; «sabem porque, ou contra, estão a protestar?»; «que disseram ou fizeram de negativo aqueles contra os quais se estão a insurgir?». E era depois vê-los, invariavelmente, a repetirem palavras de ordem, a balbuciarem algo de ininteligível, a ficarem calados, a afastarem-se ou a serem afastados das câmaras… e, frequentemente, descobria-se que aqueles «protestos espontâneos» tinham sido (e continuam a ser) organizados e financiados por instituições tão «beneméritas» como os sindicatos pró-Partido Democrata e a ACLU… AB foi também diferente e inovador porque foi dos primeiros a proclamar claramente, alto e bom e som, que acabara o tempo em que os conservadores se limitavam a «comer e a calar», em que não respondiam aos insultos e às provocações.
Andrew Breitbart parecia imparável, incansável, indestrutível. Ainda recentemente havia escrito e publicado dois artigos, dois perfis, sobre um homem que era como que o seu «Némesis», o seu «inimigo de estimação», o seu inverso não só ideologicamente (porque foi da direita para a esquerda) mas também em carácter: David Brock, da Media Matters for America, «traidor» e «auto-proclamado mártir» ao serviço da esquerda radical e totalitária; antes, voltara a abordar a questão dos «Ocupas», mais concretamente as violações que ocorreram nos «acampamentos» destes «neo-anarquistas» espalhados pelos EUA. Ele estava sempre pronto para o combate, sempre disponível para o debate. Era uma «força da Natureza», o «guerreiro alegre». Tanto que, aparentemente, terá sido o coração que desistiu de o acompanhar. No entanto, e sabendo-se da predilecção norte-americana pelas teorias da conspiração, já há quem adiante a hipótese de ele ter sido assassinado…      

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