(DUAS adendas no final deste texto.)
Tal já havia acontecido antes, mas ver e (sobretudo) ouvir um (outro) democrata – de alguma nomeada – a criticar o actual presidente é algo que tem vindo a repetir-se recentemente com alguma insistência.
Tal já havia acontecido antes, mas ver e (sobretudo) ouvir um (outro) democrata – de alguma nomeada – a criticar o actual presidente é algo que tem vindo a repetir-se recentemente com alguma insistência.
É
o caso de Tulsi Gabbard, representante do Havai, veterana da guerra no Iraque, que
há uma semana voltou a criticar a estratégia (ou a falta dela) da actual
administração para lidar com o ISIS, e a relutância em utilizar a expressão
«Islão radical». As suas preocupações, e as de outros (tanto democratas como
republicanos), decerto aumentaram e ganharam maior justificação nos últimos
dias com a notícia da tomada da cidade de Ramadi pelas «forças do (bárbaro,
brutal) Califado», que dista apenas cerca de 100 quilómetros de Bagdad… e com a
«reacção» (ou falta dela) da Casa Branca: Josh Earnest afirmou que tem sido «um sucesso» a actuação dos EUA em relação ao ISIS, e que não se deve «incendiar o cabelo de cada vez que há um contratempo». Enfim, uma contínua atitude de
negação que vem dar razão à sugestão de Liz Cheney: a de, em vez de se perguntar
aos candidatos republicanos para presidente se, sabendo-se agora o que se sabe,
se invadiriam o Iraque de Saddam Hussein, perguntar a Barack Obama e a Hillary Clinton se, vendo actualmente o avanço dos «homens de negro» de Alá e
as matanças feitas por eles, teriam retirado todas as tropas daquele país em
2011…
Outro
tema de âmbito internacional, embora ao nível «civil», que causou um conflito
entre o Nº 44 e bastantes dos seus camaradas no Congresso é o acordo de comércio que aquele quer estabelecer com países da Ásia, denominado «Trans-Pacific Partnership»… e que foi, está, bloqueado no
Senado não tanto por acção de republicanos mas sim de democratas! O motivo
oficial desta relutância é o da perda de postos de trabalho por parte de
trabalhadores norte-americanos mas, na verdade, é a consequente redução do
poder dos sindicatos, habituais aliados dos «burros»… Josh Earnest, mais uma
vez, desvalorizou a situação e usou de eufemismos, classificando-a como uma
«barafunda processual» («procedural snafu»). Porém, esta disputa originou um
incidente «secundário» que pode até ter revelado uma tensão principal: tanto
Sherrod Brown, senador (D) do Ohio como a Organização Nacional das Mulheres
(insuspeita de simpatias direitistas) consideraram «sexista» a atitude de
Barack Obama de se referir a
Elizabeth Warren, a senadora do Massachusetts que é uma das mais veementes
opositoras do acordo comercial, como… Elizabeth! Novamente Earnest veio tentar
pôr ordem nas hostes, como que exigindo a Brown um pedido de desculpas ao presidente que,
tanto quanto se pode apurar, (ainda) não aconteceu.
Para
«piorar» ainda mais o panorama, Martin O’Malley, ex-mayor de Baltimore e ex-governador
do Maryland que, com a «bênção» de Bill Clinton, estará a preparar-se para
juntar-se a Bernie Sanders na corrida contra Hillary na nomeação presidencial
democrata, afirmou, igualmente há cerca de uma semana, que o governo federal
falhou na tentativa de evitar o declínio das (grandes) cidades americanas,
estando estas piores do que há oito anos. São (pequenos?) «dramas» representados
pelos seus próprios correligionários que o Sr. Hussein bem dispensaria nesta
altura. No entanto, e longe de ser, como já se verificou, o «no drama Obama»
que alguns chegaram a apregoar, Barack continua a promover não a união mas a
divisão, a alimentar controvérsias, a fomentar conflitos irrelevantes e mesmo
imaginários…
…
Como as cíclicas alusões (e acusações) à Fox News, indignas de alguém na sua
posição, mas que vários funcionários e colaboradores – um, dois, três, quatro exemplos –
daquela estação agradecem pela publicidade grátis. Como a admoestação aos que
preterem as escolas públicas e colocam os filhos em escolas privadas…
«esquecendo-se», desavergonhadamente, que ele próprio frequentou as segundas e
que tem as filhas numa delas. Como a permanente obsessão – que é, afinal, o
cerne, ontem como hoje, do Partido Democrata – pela(s) raça(s) e pelo racismo,
aumentando uma desconfiança e uma divisão que se diria que estavam (quase)
extintas, e em que até a sua «cara-metade» participa uma e outra vez. Como a
reiterada – e ridícula – asserção de que as alterações climáticas (significando
«aquecimento global antropogénico) são reais, que negá-las representa uma
«renúncia ao dever» («dereliction of duty») e que causam tudo e mais alguma
coisa, incluindo o (recrudescimento do) terrorismo. Enfim, do «drama» passou-se
à «comédia». E bem rasca.
(Adenda
- … E a «comédia rasca» continua, com piadas de um mau gosto cada vez pior. Não
fui só eu a lembrar-me: também Charles Krauthammer e outros observadores
atentos e de boa memória pensaram no famigerado «Bagdad Bob» (Muhammad Saeed
al-Sahhaf, ministro da Informação de Saddam Hussein aquando da invasão do Iraque)
ao ouvirem Josh Earnest e o próprio Barack Obama continuarem a negar que o ISIS
está a ganhar a (mais recente) guerra no Iraque (e na Síria). A (má) teimosia é
tanta que Richard Engel, jornalista da NBC (outra organização insuspeita de direitismo) afirmou que é uma «definição de estupidez» a manutenção da mesma
«estratégia» por parte da Casa Branca.)
(Segunda
adenda – Até Shepard Fairey, o artista que desenhou o famoso cartaz «Hope» a
partir de uma fotografia de Barack Obama, está agora desiludido e frustrado com
aquele que retratou e apoiou. E ele tem razão ao dizer que muitos norte-americanos são não-educados, complacentes, ignorantes e preguiçosos: a prova disso é que, em 2008 e 2012, elegeram o Sr. Hussein.)
5 comentários:
Sem dúvida que a política internacional é um fracasso iniludível. Mas será isso por incapacidade?
Ainda não consegui perceber as razões da atribuição do Nobel a Obama.
A ascensão meteórica de Obama é algo que sempre me intrigou.
Barack Obama recebeu o Prémio Nobel da Paz porque... o início da sua presidência significou também o fim da de George W. Bush. Porque prometeu encerrar a prisão de Guantánamo (o que não cumpriu). Porque prometeu retirar as tropas dos EUA do Iraque (o que cumpriu, com os maus resultados que estão à vista.)
Meu caro, estranho prémio que é atribuído por algo que ainda não realizou e que não se sabia se iria realizar. Promessas de político…
Ou seja, foi-lhe creditado um Nobel porque prometeu algo. Ahahaha!
Um contra-senso que me leva a concluir que há outras razões. Trata-se de uma tentativa de prestigiar Obama.
Conseguir que o Comité Nobel premeie um candidato que não tem obra que o justifique, ocorre por vezes com políticos dissidentes em regimes totalitários, que se teme sejam liquidados.
Neste caso, a razão não é fácil de perceber, nem de onde partiu. Porém, todo o efeito tem uma causa.
Feliz casamento :)
http://www.lalibre.be/light/insolite/50-vaches-70-moutons-et-30-chevres-pour-la-main-de-la-fille-d-obama-5564d4393570fde9b36ee417
Não sei porquê, mas algo me diz que o «pai da noiva» não irá aceitar a proposta... ;-)
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