Quase uma semana depois da – extraordinária, histórica, transformadora – victória na eleição especial («recall») para o governador de Wisconsin, ainda não é tarde para se proceder a uma breve análise daquela. Pelo contrário, esta é até a melhor altura, pois já se pode avaliar os acontecimentos mais «a frio» e não «a quente»…
… O que é
algo que, definitivamente, os democratas não conseguem. As suas reacções ao
triunfo de Scott Walker – por uma diferença superior à verificada no acto
eleitoral anterior! – oscilaram entre os extremos habituais: entre o «choradinho»
ridículo de vitimização, expresso, por exemplo, naquela inacreditável
declaração «a democracia morreu esta noite», e as habituais ameaças de violência e desejos de morte – por assassinato ou por doença – contra políticos
republicanos, os «burros» daquele Estado, e também do resto do país, nada mais
fizeram do que se comportar como é seu hábito, ou seja, (muito) mal. Vá lá que
(ainda) não voltaram a fugir para Chicago de forma a não existir quórum
suficiente para as votações… Queixam-se muito mas, afinal, o que aconteceu foi
apenas por culpa deles: foram os operativos democratas e os seus aliados nos
sindicatos da função pública – com destaque desonroso para os professores – que
promoveram esta eleição especial, culminar de uma campanha de confrontação e de intimidação iniciada há ano e meio, quando Walker demonstrou que iria cumprir o
que prometeu, ou seja, acabar com os abusos, os privilégios, as regalias sem
justificação – e também, cada vez mais, sem sustentação financeira – que
ameaçavam levar o seu Estado à falência. Já há muito que se tornou evidente que,
nos EUA, estes «sindicalistas» pouco mais são do que chantagistas e extorsionistas:
em troca de apoio eleitoral a políticos democratas, estes concedem-lhes salários
e outros benefícios muito superiores aos que são auferidos por trabalhadores no
sector privado, e sempre à custa do dinheiro dos contribuintes. Finalmente este
«círculo vicioso» foi, por uma vez e num local, quebrado, e tal acção foi
aprovada pelos eleitores – e é precisamente essa «dupla qualidade» que
constitui um exemplo que poderá ser seguido em outros Estados… aliás, já o foi,
e, incrivelmente, na Califórnia!
Desculpam-se
os democratas com a acusação de que a eleição foi «comprada» com o dinheiro –
algumas dezenas de milhões de dólares – que os apoiantes de Scott Walker
providenciaram… «esquecendo-se», convenientemente, de que o seu lado despendeu
não muito menos em todas as acções, manifestações e petições feitas nos últimos
18 meses. E alguns tentam «consolar-se» alegando, anedoticamente, que Barack Obama foi o «verdadeiro vencedor» (!!) em Wisconsin… por uma sondagem feita «à boca
das urnas» aos eleitores da «recall» ter indicado que o actual presidente estar
à frente de Mitt Romney nas intenções de voto; «esquecendo-se»,
convenientemente, que se tratou da mesma sondagem que apontava para um equilíbrio de 50%/50% entre Walker e Tom Barrett… que depois se «transformou»
numa vantagem de sete por cento a favor do incumbente.
O desolado mayor de Milwaukee nem sequer se livrou de ser agredido por uma apoiante (?) após ter feito o discurso de admissão da derrota – apenas um dos
vários momentos bizarros que este processo proporcionou, para além dos
interlúdios cómicos previsivelmente providenciados pela MSNBC. Ao mesmo tempo,
Scott Walker celebrava a vitória garantindo que iria continuar a diminuir a
dívida e o desemprego, e a «mover o Wisconsin para a frente» («moving Wisconsin
forward»)! Pareceu uma provocação a Barack Obama, que nem sequer se dignou a
aparecer em Madison ou em qualquer outra cidade do «badger state» para apoiar
os seus «camaradas» - uma ausência que, quase de certeza, irá ter os seus custos, pois não é certo que os sindicatos lhe desculpem tal «desfeita» até
Novembro próximo… eles que tanto fizeram pelo Sr. Hussein em 2008. Como afirmou
Peggy Noonan, depois de Wisconsin a actual administração parece subitamente um «castelo de cartas».
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