Na semana passada um ligeiro «arrepio» de satisfação e até de excitação percorreu os «obamistas» mais ou menos convictos, os apologistas do actual presidente norte-americano. A causa? A taxa de desemprego teria (alegadamente) registado o valor mais baixo dos últimos três anos. Porém, como aqui no Obamatório se presta mais atenção a factos do que a ficções e não se hesita em, quando é preciso, desempenhar a função de «desmancha-prazeres», não tardei a descobrir qual poderá ter sido um dos principais (ou até o principal dos) motivos para tal: é que o número de cidadãos activos – isto é, desempregados mas à procura de trabalho – baixou em 1,2 milhões no espaço de um mês. Portanto, o que aconteceu não foi tanto que aumentou o emprego mas sim, mais, que aumentou o número de pessoas que… desistiram de o procurar. E, obviamente, escusado será dizer – mas eu digo na mesma – que George W. Bush não beneficiou das mesmas «ginásticas» aritmético-gramaticais practicadas pelos media; então, em 2004 uma taxa de 5,6% era má mas em 2012 uma de 8,3 é boa?
Este «episódio» não representa mais do que apenas um entre tantos de uma «série» que caracteriza as «Obamanomics» como uma sucessão de pouco mais do que efeitos especiais, de «smoke and mirrors», mesmo que tenham uma aparência high-tech, de alta tecnologia. E, aqui, a Solyndra continua a ser o pior exemplo, o maior escândalo entre vários de uma aposta nas «energias verdes» em que o verde mais nítido… é o das notas que transitaram dos cidadãos comuns para amigos e apoiantes dos democratas. Enquanto na sede da falida fabricante de painéis solares se destruiam dispendiosos e valiosos materiais, ia-se sabendo que: quase 180 milhões de dólares foram concedidos à Ener1 que… faliu; 1,4 biliões de dólares foram concedidos à BrightSource – empresa de Robert Kennedy Jr.! – que… faliu; 529 milhões de dólares para a Fisker Automotive que… já está a despedir pessoal; aquisição (para as forças armadas) de biocombustível à Solazyme (onde pontifica um ex-conselheiro de Bill Clinton)… a um preço quatro vezes superior ao de mercado. Ou seja, porque os comparsas não pagaram o que deviam… foram os contribuintes que pagaram.
É inevitável a conclusão: os democratas preferem empresas «limpas»… que fracassam, a empresas «sujas»… com sucesso. Mais uma vez, é a ideologia a sobrepor-se à economia, é a teoria - a utopia, a miopia… - a impor-se à práctica. Só isso pode explicar a rejeição do oleoduto Keystone, para a qual se ouviram «justificações» inacreditáveis: há uma tentativa de «distorção das realizações» de Barack Obama por parte do «grande petróleo»; o «impacto ambiental» seria elevado e havia que proteger «a água e o ar que as nossas crianças bebem e respiram»; 20 mil empregos… «não são assim tantos empregos»; mais postos de trabalho s(er)ão criados pelo «alargamento do seguro de desemprego» do que seriam pelo oleoduto. Esta última afirmação, aliás, é apenas uma entre várias que demonstram a inabalável fé dos liberais-progressistas no Estado como incentivador/interventor/investidor da/na economia; como «explica» o actual presidente, «não somos bem sucedidos apenas por causa de nós próprios»; os cidadãos devem muito aos funcionários públicos, alguns dos quais – como os que estão nas agências federais – são «as pessoas que mais trabalham» no país!
Assim, e porque diminuir a dimensão do Estado, do governo federal, da administração pública, está, para os «burros», fora de questão, a ênfase é colocada não na redução da despesa mas sim no aumento da receita – ou seja, na subida de impostos. É por isso que cada vez mais se ouve Barack Obama e os seus «camaradas» - como Jan Schakowsky (a mesma que disse que 20 mil «não são muitos empregos»), cujo marido esteve preso por evasão fiscal – a insistirem que os «ricos» devem pagar a sua «fair share». Os mais ingénuos e/ou os menos informados poderão talvez ser levados a pensar que existe nos EUA uma fuga aos impostos em larga escala… mas não. Na verdade, e ao contrário do que dizem «ideólogos úteis» como Warren Buffett (que pode beneficiar bastante das políticas de BHO), os ricos já pagam, e muito, a sua «fair share». Por exemplo, em Nova Iorque 1% dos seus oito milhões de residentes paga 43% dos impostos. Entretanto, e curiosamente, soube-se que 36 assessores da Casa Branca devem mais de 800 mil dólares em impostos atrasados. Quem diria?! Logo, uma pergunta impõe-se: e se pagassem o que devem? De preferência antes de, hipocritamente, exigirem mais aos outros?
Não é só por isto que se deve duvidar das declarações de Barack Obama e da sua administração relativamente à economia – note-se que, neste âmbito, o Washington Post já lhes atribuiu a classificação de «três Pinóquios»! Não se deve esquecer, igualmente, que durante o mandato do Nº 44 já aumentaram, e muito: os preços de vários bens essenciais; e, evidentemente, e principalmente, a dívida norte-americana… mais do que todos os presidentes antes dele! E houve um certo senador pelo Illinois que teve o descaramento de dizer que o Nº 43 não era patriota por ter aumentado (mas menos) a dívida! Em resumo: deve-se desconfiar sempre quando é divulgado um indicador – taxa de desemprego, ou outro – positivo por parte deste presidente... aliás, é o que os próprios assessores dele não hesitam em fazer! Contrariamente ao que foi apregoado através de alguns sound bytes, não há (ainda) qualquer, e credível, «retoma económica» nos EUA - o próprio Obama admite que ela só deverá ocorrer dentro de um ou dois anos.
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