Também porque (previsivelmente?) outros não o fizeram, o Obamatório assinala o facto mais importante da política norte-americana em 2011... até agora, ocorrido na semana passada, mais concretamente a 19 de Janeiro: a rejeição, na Casa dos Representantes, com 245 votos a favor e 189 contra, do «Patient Protection and Affordable Care Act», mais conhecido como... «ObamaCare».
Esta decisão, tomada na câmara baixa (a mais importante) do Congresso norte-americano, que recentemente abriu a sua 112ª legislatura, representa o cumprimento da (mais importante) promessa do Partido Republicano, que passou a ser maioritário na «House» após as eleições de 2 de Novembro último, e reverte assim, em parte, a votação feita no mesmo local há pouco menos de um ano. Este acto do GOP tem também muito de simbólico, porque, para ser completa, a rejeição do «ObamaCare» necessitaria igualmente de ser confirmada no Senado... o que não deverá acontecer, porque naquele os democratas estão (ainda...) em maioria, embora alguns «azuis» pudessem, provavelmente, votar ao lado dos «vermelhos» - aliás, a questão está em saber se Harry Reid permitirá ou não que haja uma votação... Enfim, e na hipótese remota de todo o Congresso reprovar a «reforma» do sistema de saúde, a rejeição nunca se concretizaria porque Barack Obama utilizaria, logicamente, o seu poder de veto.
Porém, é de assinalar, e de louvar, que existam políticos, respeitando os compromissos assumidos perante os seus eleitores, dispostos a exercerem as suas prerrogativas até ao limite, mesmo que não alcancem, à partida e para já, resultados concretos. Fica o benefício, e o registo, da coerência e da persistência. Que contraste, por exemplo, com o presidente da república de um certo país do Sul da Europa que, calculisticamente e cobardemente, opta por não vetar uma lei iníqua (outras houve...) com a qual não concorda(va) - assim como a maioria da população desse país – porque esse veto seria anulado pelo parlamento.
Nos EUA e no caso do «ObamaCare» não há qualquer dúvida: aquele que tem sido apresentado como o grande feito... até agora do mandato de Barack Obama é, foi e continua a ser rejeitado pela maioria da população. Tanto que, precisamente, constituiu o principal factor na vitória dos republicanos; tanto que, actualmente, 26 Estados já entraram com um processo em tribunal. O que é compreensível, porque na «reforma» imposta pelos democratas abundam os aspectos dúbios ou mesmo degradantes. Fundamentalmente, os norte-americanos não querem ser obrigados a comprar seguros de saúde... se não quiserem; não gostam que se «nacionalize», ou se «federalize», o equivalente a um sexto da economia do país; e não aceitam que, para colmatar as (inegáveis) carências de uma pequena minoria, o Estado se intrometa nas opções de uma grande maioria.
O Partido Republicano poderá, e deverá, (tentar) desmantelar o «ObamaCare» pacientemente, peça a peça, e/ou concentrar os seus esforços na eliminação das medidas mais controversas e prejudiciais. E terá de resistir ao inevitável coro de críticas por parte dos «esquerdistas progressistas». Com efeito, e a julgar pelas comparações... com nazis (!), o alegado «novo tom de civilidade» na política «pós-Tucson» terá acabado ainda antes de ter começado.
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