segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

A marca amarela

Faz hoje um mês que foi entregue em Oslo o Prémio Nobel da Paz de 2010... ou nem tanto: o galardoado, Liu Xiaobo, activista chinês pelos direitos humanos, não compareceu à cerimónia na capital da Noruega porque continua na prisão por ordem do Partido Comunista da China – aliás, a nenhum representante do dissidente, familiar ou outro, foi permitido fazer a viagem. E é de realçar a confissão do vencedor anterior: «Xiaobo é muito mais merecedor deste prémio do que eu.»
Nem seria preciso que, previsivelmente, Pequim promovesse o boicote da entrega do galardão, ameaçando inclusivamente (e com sucesso em vários casos) outros países com represálias caso se fizessem representar, para se dissiparem quaisquer dúvidas quanto ao – continuado – carácter maligno, perigoso, perverso, do regime dos descendentes de Mao-Tse-Tung. Que chega ao cúmulo de prender, condenar e enviar para um «campo de trabalho», sob a acusação de «perturbar a estabilidade social», uma mulher por escrever comentários (irónicos) no Twitter. Que persiste em desafiar o Vaticano ao ordenar «bispos católicos» que não são reconhecidos pela Santa Sé. Que, enfim, constitui uma ameaça, imensa e inquestionável, a todo o Mundo pela sua combinação letal de capitalismo selvagem e de totalitarismo surrealista, mesmo que «maquilhado». O «Império do Meio» quer voltar a ser... um império. E, enquanto isso, vai deixando uma marca amarela... de insídia por todo o planeta.
Assim, é fundamental saber qual é o posicionamento actual dos Estados Unidos da América em relação à China, para se avaliar até que ponto Washington tem capacidade, e vontade, para contrariar as crescentes ambições hegemónicas de Pequim. Com Barack Obama e a sua administração esse posicionamento é dúbio; vários «sinais» têm sido emitidos, por vezes contraditórios. Por um lado, emitiu aquela mensagem acima referida, sem dúvida louvável e positiva, apesar do habitual narcisismo; por outro, «aliviou» as restrições à venda de material militar aos chineses (que duravam desde 1989 e Tiananmen)... no dia a seguir ao anúncio do Nobel. Entretanto, registe-se: que Ben Bernanke criticou a política monetária de Pequim (de manter o yuan em valores artificialmente baixos); que um relatório da US-China Economic and Security Review Commission (ligada ao Congresso) alerta para a possibilidade real, da qual existem indícios em número cada vez maior, de os chineses quererem, tentarem e conseguirem controlar a Internet.
Porém, estas atitudes e actividades meritórias são como que «sabotadas» pelos (senis) «suspeitos do costume»: George Soros, para quem «a China tem um governo que funciona melhor do que o dos Estados Unidos» (é uma das «vantagens» de um sistema de partido único); e Ted Turner, para quem a política de «um filho» deveria ser estendida à América... e a todo o Mundo. Aliás, não faltam nos EUA simpatizantes do socialismo - e, sim, também militantes, até no Congresso!
E depois, evidentemente, há aquele «pequeno problema» chamado... Coreia do Norte. Uma ditadura anacrónica ao mais puro e duro estilo estalinista-maoísta, que só sobrevive porque a China o quer – por «remorsos», talvez, por se ter «desviado» do caminho apontado no «livro vermelho». Daí que Pequim avise («repreenda») os EUA e a Coreia do Sul por causa de manobras militares conjuntas... enquanto transporta peças de mísseis entre Pyongyang e Teerão!
Em suma: atrás da Grande Muralha refugia-se um regime que, como demonstra (com vários exemplos) Peter R. Huessy, não merece qualquer confiança. Mais: é um «gigante com pés de barro», talvez prestes a «cair do pedestal», como explicam Chriss W. Street - «o milagre económico acabou» - e Peter Schweizer - «a bolha está prestes a rebentar». Esperemos que tal aconteça antes que a «balança global de poder» se desequilibre... a favor do «prato» errado.

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