segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Dividir, e não «reinar»

Barack Obama afirmou recentemente que «suspeito sempre de políticas que dividem o povo em vez de o unir». Quer isto dizer que ele também «suspeita»… das que ele próprio preconiza e protagoniza? Como a «reforma» do sistema de saúde?
Tem que suspeitar porque, após tornar-se presidente, e apesar das promessas em contrário, parece que quase não perde uma oportunidade para deixar bem «claras» as «diferenças» que existem, precisamente, entre «nós» e «eles». E não é só por culpar George W. Bush, em particular, por quase tudo o que de mal (ainda) acontece nos Estados Unidos. O Sr. Hussein também acusa: os republicanos em geral – uma, duas, três, quatro vezes… apesar de o seu partido (ainda) ser maioritário nas duas câmaras do Congresso; a Fox News, por ser «destructive» - mas a MSNBC já é («surpresa»!) «invaluable»; organizações não governamentais – como a Câmara de Comércio dos EUA – por, alegadamente, actuarem como grupos de pressão a favor da oposição e receberem fundos do estrangeiro.
O peculiar entendimento de Barack Obama sobre o que é «unir» e o que é «dividir» parece ser partilhado por muitos dos seus comparsas democratas, embora estes por vezes caiam em extremos. Como Loretta Sanchez, congressista californiana, que «alertou» que asiáticos estão a tentar tomar «um posto que é dos hispânicos» – o seu oponente republicano, Van Tran, é de ascendência vietnamita, e, segundo a Sra. Sanchez, ele é muito «anti-imigração»(!!); enfim, é uma «excelente» forma de promover a «união» entre diferentes comunidades étnicas. Ou como Jerry Brown, que terá chamado «prostituta» a Meg Whitman, sua adversária na eleição de governador(a) da Califórnia; enfim, é uma «excelente» forma de promover a «união»… entre homens e mulheres!
A perspectiva de o Partido Democrata vir a sofrer, no próximo mês de Novembro, talvez a sua mais pesada derrota eleitoral de sempre tem provocado também uma (ainda) maior radicalização nos discursos do presidente: está «impaciente com o ritmo da mudança», embora «se tenha levado tempo a libertar os escravos» (ele devia saber que foi o seu próprio partido que mais contribuiu para o atraso…); e avisa que uma vitória do Partido Republicano significará um (posterior e permanente) «combate corpo-a-corpo» - esse combate já deve ter começado, por exemplo, em Nova Jersey, onde um colaborador do congressista democrata Frank Pallone agrediu uma colaboradora da sua oponente republicana Anna Little… que reagiu! Estará a política norte-americana, graças aos democratas, a transformar-se numa variante do wrestling? E Linda McMahon ainda nem ganhou no Connecticut!

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