sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Doutrina da cobardia

(Duas adendas no final deste texto.)
Em resumo, é assim: Barack Obama, e todos os que o acompanham na sua administração (e no Congresso e no Partido Democrata), já admitiram que estão receptivos para falar, para negociar sobre armamentos (nucleares, químicos, e outros) – aliás, já o fizeram – com Vladimir Putin e a Rússia, e, indirectamente, com Bashar al-Assad e a Síria… e também, eventualmente, com Hassan Rouhani e o Irão! Entretanto, recusam-se a falar e a negociar com o Partido Republicano sobre assuntos de política doméstica, em que se destacam o funcionamento do governo federal e o financiamento do «ObamaCare». Aliás, o Sr. Hussein já deixou bem claro que «tal não vai acontecer». O que dizer, pois, de um presidente disposto a fazer cedências a inimigos estrangeiros mas não a adversários seus compatriotas?
John Boehner e o seu gabinete rapidamente se aperceberam desta contradição e produziram e divulgaram um vídeo que a denuncia. Entretanto, e como não podia deixar de ser, Harry Reid e Nancy Pelosi, duas completas – e concretas – caricaturas de tudo o que a política nos EUA tem de mais desprezível e risível, ajudaram à «festa», acusando os membros do GOP – e em especial os mais inconformados como Ted Cruz – de serem «anarquistas» e «incendiários» - o que vem na sequência de «elogios» anteriores como «assassinos» e «terroristas». A votação efectuada a 20 de Setembro, na Casa dos Representantes, de uma resolução que aprova a remuneração dos serviços públicos excepto os que tenham a ver com a implementação do denominado «Affordable Care Act» mais enfureceu o Nº 44, que, em novo acesso de narcisismo, se queixou de que os republicanos estavam a «tentar meter-se com ele»! Então, neste segundo mandato, a «flexibilidade» vai toda, apenas e exclusivamente, para o estrangeiro? Que «discriminação» tão injusta!
O facciosismo e o fanatismo para «consumo interno» já estão de tal modo entranhados entre os «azuis» que nem sequer a ocorrência de atentados e/ou de tragédias os demove de criticar os opositores. A 16 de Setembro último, e enquanto Aaron Alexis procedia a um massacre no Navy Yard de Washington, Barack Obama não sentiu a necessidade de adiar um discurso em que acusava os republicanos de «extremistas» por – alegadamente – estarem dispostos a «afundar toda a economia» do país unicamente para «marcarem pontos políticos». Este (mais um) ataque partidário a partir da Casa Branca – algo que, como Brit Hume salientou, este presidente practica mais do que qualquer um dos seus antecessores – foi, obviamente, considerado «inteiramente apropriado» (!) por Jay Carney. Digamos que esta prestação do Sr. Hussein foi tão má, mas mesmo tão má, que até na MSNBC se imaginou o que aconteceria (não é difícil) se tivesse sido George W. Bush a portar-se daquela maneira lamentável, e se avisou que, feita a asneira, já era tarde para se voltar atrás e fazer tudo de novo...
«Suave com os russos, duro com os republicanos»: como faz notar Matt K. Lewis, este não é tanto um «paradoxo (unicamente) de Obama» porque esta tendência já existia entre os democratas muito antes de o Nº 44 tomar posse. Porém, mais do que um paradoxo, trata-se de uma filosofia da fraqueza, de uma doutrina da cobardia, causa – e consequência – de uma «diplomacia macia». E essa insólita mundividência, essa «extraordinária capacidade» que os democratas em geral – e este presidente em particular – têm para ignorar a realidade ficou bem nítida a 24 de Setembro último: no discurso que então proferiu perante a assembleia geral das Nações Unidas, Barack Obama afirmou que «o Mundo é mais estável agora do que era há cinco anos». Não, não é brincadeira, ele disse-o mesmo… poucos dias depois de terroristas islâmicos terem assassinado no total mais de 200 cristãos em atentados no Quénia (aqui incluindo uma colaboradora, grávida, de Bill Clinton) e no Paquistão, poucas semanas depois de gás Sarin ter sido utilizado contra civis na Síria, no ano de mais uma revolução – e muitos mortos – no Egipto, em que o Irão e a Coreia do Norte (aqui apesar dos esforços desse grande «diplomata» que é Dennis Rodman) ainda constituem ameaças nucleares, em que as vítimas aumentaram no Iraque e no Afeganistão após o Sr. Hussein ter anunciado as datas da retirada das tropas norte-americanas naqueles dois países…
… Sim, tanta «estabilidade»! No entanto, o que seria de esperar por parte de alguém que não só lê quase exclusivamente o New York Times mas que também recorre aos colunistas daquele jornal para o aconselharem em matérias de negócios estrangeiros? O mesmo NYT que aceitou publicar um artigo de opinião de Vladimir Putin em que este aproveitou para achincalhar os EUA e o seu actual presidente? Que Garry Kasparov classificou de «patético» por providenciar ao presidente russo uma «plataforma para propaganda condescendente»? Todavia, e como bem recordou Sean «Jim Treacher» Medlock, a perspectiva de Putin sobre o «excepcionalismo americano» nem é diferente da de Obama. Como Charles Krauthammer observou, estes são «os frutos de uma política externa epicamente incompetente». E o novo presidente do Irão, ao recusar um encontro na ONU com o seu homólogo norte-americano… que este havia solicitado (!), também já sabe que pode provar e saborear esses «frutos». Fica a dúvida: quem será o próximo ditador a dar a «Obambi» uma «bofetada de luva branca» (ou de outra cor)?
(Adenda – Barack Obama não se encontrou pessoalmente em Nova Iorque com Hassan Rouhani porque este não quis… aliás, recusou por cinco vezes o pedido da Casa Branca nesse sentido! Porém, o presidente iraniano, para não dizerem que é de todo impaciente para com insistências «infantis», lá concordou – e já não foi mau! – com uma conversa por telefone. E o Sr. Hussein ficou tão contente por finalmente falar com um ayatollah que até lhe ofereceu depois uma taça de prata, oriunda da antiga Pérsia e com cerca de 2700 anos, no valor de um milhão de dólares! Uma prenda um «pouco» mais cara do que aquelas que ofereceu à Rainha Isabel II e a Gordon Brown – respectivamente, um iPod com os seus discursos e uma caixa com 25 DVD’s.)
(Segunda adenda – Barack Obama e os democratas não negoceiam – ou não querem negociar – com republicanos, que acusam de ser «bombistas suicidas» («pessoas com bombas ligadas ao peito»). Mas negoceiam com iranianos que, de facto, apoia(ra)m «bombistas suicidas». E acusam os republicanos de «fazerem reféns»… mas falam com iranianos que, em 1979, aprisionaram norte-americanos da embaixada dos EUA e que, efectivamente, fizeram deles reféns. Entretanto, descobre-se que o Sr. Hussein «enfiou um barrete».. persa, o que não espanta, e explica muita coisa.)         

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