No passado fim de semana (especial, porque incluiu, na segunda-feira, o feriado de 4 de Julho), estreou «Larry Crowne», o novo filme de Tom Hanks. «De», significa, neste caso, não só protagonizado, mas também escrito, produzido e realizado pelo actor que ganhou Óscares por «Filadélfia» e «Forrest Gump». Com o «bónus» de contar com a participação de Julia Roberts.
Porém, nos primeiros quatro dias de exibição o filme revelou ser um (relativo) fracasso de bilheteira: facturou apenas cerca de 15 milhões de dólares. Não tardaram a surgir as explicações e as justificações: porque saiu para as salas ao mesmo tempo que «Transformadores 3»… só que tal foi deliberado, numa táctica de «contra-programação», perfeitamente lógica porque os dois filmes têm públicos-alvo diferentes; porque Hanks, e até Roberts, já estão «velhos»… só que não faltam exemplos de artistas ainda com mais anos que continuam na senda do sucesso.
Há ainda o argumento de que… o argumento (a história) não é suficientemente interessante e empolgante. Talvez. Mas a causa provável do insucesso deve ser outra: o facto de, já em plena campanha de promoção do filme, Tom Hanks ter decidido anunciar – a ano e meio das eleições (!) – que iria votar novamente em Barack Obama! Porque o presidente revelara ser suficientemente «esperto, forte e ousado», e não só correspondera às suas expectativas como até as «expandira». Como? Salvando «um bilião de empregos» na indústria automóvel norte-americana. Tratou-se, de facto, de uma enorme «expansão», já que a população dos EUA é de pouco mais de 300 milhões de pessoas…
Junte-se à actual declaração entusiasmada de Tom Hanks um «bitaite» de Julia Roberts cuspido há mais de uma década, quando era uma das «estrelas» a apoiar a candidatura de Al Gore a presidente, e que (porque será?) é regularmente recuperado e recordado: «”republicano» no dicionário vem depois de “réptil” e antes de “repugnante”». Na verdade, a alguns habitantes de Hollywood continua a custar compreender que practicamente metade da população do país não gosta de ser afrontada, insultada e ridicularizada… e que está disposta a exercer represálias comerciais, a boicotar e a «votar com as carteiras». E que está disponível para apoiar a (re)construção de uma nova «fábrica de sonhos», que se orgulhe, e não que se envergonhe, da história, da cultura e das tradições dos Estados Unidos da América.
Quanto a Tom Hanks, bem que ele pode dizer, repetindo uma frase famosa de outro filme em que entrou, «Apolo 13»: «Houston, temos um problema!» Pois tem. Mas não é tanto o do falhanço do seu filme mais recente; é mais aquele que é feito do azedume, da ignorância e da hipocrisia que ele e muitos dos seus colegas partilham, e que os leva, por exemplo, a protestar contra umas guerras mas não contra outras.
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