Hoje celebram-se os 100 anos do nascimento de Ronald Reagan. Porém, muito antes de se chegar a este número especial – aliás, ainda durante a sua vida – já se havia compreendido e reconhecido o extraordinário legado politico e cultural que o 40º presidente dos Estados Unidos da América deixou ao seu país e ao Mundo. Não foi um homem e um estadista perfeito, obviamente; no entanto, as suas qualidades excederam em muito os seus defeitos, e a sua figura continua a constituir um exemplo e uma referência fundamental para muitos. Tanto que há quem queira «outro RR»... para reparar os estragos feitos por BO.
É entre a direita, os conservadores e os republicanos que o tantas vezes desvalorizado (no passado, e pelos opositores ideológicos) «actor de Série B» e «cowboy» é, logicamente, mais tido como modelo a seguir. Todavia, há uma recente – e insólita – tendência em que se tenta apresentar Barack Obama quase como que um «herdeiro» de Ronald Reagan. Esta «operação» (falhada) de rebranding do Nº 44 teve o seu meio e momento culminantes na revista Time, em especial com uma foto-montagem abusiva – da qual não tardou a ser feita uma versão bem humorada na «perspectiva contrária»... Na verdade, não é só no conteúdo que um e outro são irredutivelmente diferentes: também o são na forma, e se Reagan ficou conhecido como o «grande comunicador» isso deveu-se igualmente à sua capacidade de adaptação, de improvisação, à sua naturalidade – atributos que Obama, quase sempre com um teleponto atrás (ou à frente...), só tem num grau ínfimo. Este aproveitamento não deixou de ser denunciado e desmascarado por vários comentadores, entre os quais Michael Reagan (um dos seus filhos) e Peter Robinson (autor de vários dos seus discursos, entre os quais o famoso «Tear down this wall» em Berlim).
Não é difícil descobrir o motivo desta manipulação, desta «colagem»: Barack Obama tem sido constantemente comparado – justificadamente – com James Carter, e, porque este não pode ser propriamente classificado como um «presidente de sucesso», os actuais spin doctors da Casa Branca não hesitaram em «recorrer», ironicamente, a um adversário contra o qual os democratas sempre tiveram, e têm, um enorme ressentimento. Uma missão... impossível, porque, com Cairo em 2011 a fazer cada vez mais lembrar Teerão em 1979, os «carterismos» de Obama e da sua administração têm-se sucedido.
O que a lamestream media, compreensivelmente, não faz, é reconhecer que, actualmente, a única pessoa que pode verdadeiramente reclamar ser a principal herdeira política de Ronald Reagan é Sarah Palin – no estilo, na substância, até no modo como é subestimada e ridicularizada. E, adequadamente, ela esteve presente, no passado dia 4, no rancho de Reagan em Santa Bárbara, onde discursou perante os membros da Young America Foundation em celebração do centenário.
Há mais de 30 anos dizia-se que o ex-governador da Califórnia não tinha qualquer hipótese de derrotar o ex-governador da Geórgia. Pelo que, agora, aqueles que insistem em fazer «vaticínios» categóricos e definitivos bem que podiam aprender com algumas lições que a História dá... e não confundir, prematuramente, os seus desejos com a realidade.
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