Não faltaram «analistas», comentadores e observadores da política norte-americana que afirmaram e escreveram, animados, que o acordo que a administração de Barack Obama estabeleceu com o Partido Republicano – decorrente da vitória deste nas eleições intercalares de Novembro – para o prolongamento dos chamados «cortes de impostos de George W. Bush» seria o regresso à cortesia, até a um consenso institucional, enfim, a um (salutar) bipartidarismo.
Generosidade, ingenuidade… ou ignorância? Quem efectivamente sabe como se processa a dinâmica político-partidária dos EUA sabe também perfeitamente que com o Partido Democrata a civilidade e a sensatez nunca estão garantidas. A começar pelo próprio presidente, para quem, durante as discussões que conduziram ao acordo (de que ele não gosta mas que teve de «engolir»), os republicanos se portaram como «tomadores de reféns» - uma designação, aliás, que vem na sequência de Robert Menendez falar também em «reféns» e que lidar com o GOP é como «negociar com terroristas». Reconheça-se, porém, que Barack Obama apenas está a ser coerente na sua habitual retórica de «bully» - recordem-se recentes afirmações anteriores nas quais os republicanos eram «inimigos» com os quais se iria ter «combates corpo a corpo». Ou seja, estes exemplos «comprovam» a asserção de Joseph Scarborough de que o presidente se portou como um «adulto» ao lidar com o GOP; não há dúvida de que para o «Morning Joe» os seus «camaradas de partido» são pouco mais do que uns «rapazinhos» - afinal, ele desafiou-os a «portarem-se como homens» («man up») perante Sarah Palin.
No entanto, e «infelizmente», nem todos os democratas apreciam a «maturidade» de Barack Obama. Há relatos de uma reunião de «burros» em que a palavra «f*ck» foi bastante usada a respeito do Nº 44 – incluindo «F*ck the president!» e «I don’t know where the f*ck Obama is.» Há que compreender, e «perdoar», a sua frustração, e até desespero, quando duas sondagens recentes indicam que a maioria dos norte-americanos não só pensa que estão pior do que há dois anos mas também - «inacreditável»! – que George W. Bush foi melhor presidente do que o seu sucessor!
A verdade é, pois, que muitos «azuis» já não estão muito convencidos da «virilidade» de Barack Obama. E o «espectáculo» de ele abandonar uma conferência de imprensa e deixar Bill Clinton a responder sozinho às perguntas dos jornalistas – porque Michelle estava à espera dele para a festa de Natal da Casa Branca (!) – não deve ter contribuído muito para os tranquilizar. Então o «Barraca» não consegue «man up» para a mulher? Ao menos, e por o ter ajudado, bem que «Barry» podia e devia ter levado depois um café a Bill… É certo que muitos foram os que o aconselharam a seguir o «modus operandi» de «Bubba» quando este, e o Partido Democrata, perderam as midterms de 1994, mas era preciso exagerar ao ponto de deixar o – anterior - «primeiro presidente negro dos EUA» no comando das operações como se tivesse acabado de regressar à Sala Oval? Caramba, onde é que está Joe Scarborough quando ele é preciso?
Enfim, tudo isto como que dá razão a James Carville, que afirmou, no mês passado, que «se Hillary desse a Obama uma das suas “bolas” ambos passariam a ter duas» - convém lembrar que o «Ragin’ Cajun», natural do Louisiana, ficou furioso com a fraca reacção federal ao derrame de petróleo no Golfo do México. Sim, o Jimmy deve saber qual é a sensação: lá em casa parece ser a sua esposa, (a republicana) Mary Matalin, que «tem» três, ou até os quatro, testículos do casal. Em conclusão: homem ou mulher, é tudo uma questão de «tê-los» no sítio… ou não.
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