sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Escândalos à escolha (Parte 4)

Há mais de um ano – desde que Donald Trump foi eleito como 45º Presidente dos Estados Unidos da América – que tem sido o tema, a narrativa, a suspeita, a acusação, mesmo a obsessão principal (e várias outras têm existido) na comunicação social e na discussão política, norte-americana e até mundial: a Rússia interferiu no processo eleitoral que culminou na votação do dia 8 de Novembro de 2016, podendo mesmo ter determinado, com a aceitação, a cumplicidade, de um dos partidos, uma das campanhas, um dos candidatos, o resultado final. Pois bem, hoje eu próprio venho reconhecer, admitir, aceitar, que tal é verdade. Porém, não foram o republicano bilionário de Nova Iorque, e os seus colaboradores, a sua equipa, os «cúmplices»: foi a ex-secretária de Estado e o seu bando de admiradores e de servidores! Segue-se, de uma forma resumida, um «crash course» em «Russian collusion for dummies», que, obviamente, não é dado nos media nacionais… 
Hillary Clinton, a sua campanha e o Partido Democrata (através do DNC), encomendaram, financiaram, uma investigação/dossier a uma empresa especialista em «opposition research», Fusion GPS, que por sua vez contratou um (ex?) espião inglês, Christopher Steel, que por sua vez contactou russos que trabalha(ra)m no Kremlin, para Vladimir Putin (de salientar que a lei dos EUA proíbe o pagamentos a estrangeiros em campanhas eleitorais), que inventaram as mais incríveis, desgostosas mentiras sobre Donald Trump… e porque não o haveriam de fazer? Afinal, muito têm a agradecer a Hillary (enquanto Secretária de Estado), ao PD, à administração de Barack Obama, ter autorizado a compra da empresa Uranium One, e, logo, 20% das reservas de urânio dos EUA – o que se traduziu também em cerca de 150 milhões de dólares para a Fundação Clinton e em 500 mil dólares para Bill por um discurso em Moscovo. Sim, tal decisão, tal negócio, pode ser vista como autêntica alta traição… mas isso não é problema para os «burros», que, aliás, no passado, várias vezes procuraram entendimentos com os soviéticos (lembrar Edward Kennedy quando queria derrotar Ronald Reagan). Além de que tal venda aconteceu porque Obama e companhia (muito limitada) decidiram que estava na altura de uma nova fase nas relações com os russos, e estes passaram a ser amigos e até parceiros – veja-se o «botão de reset» (mal escrito), a «flexibilidade» prometida pelo Nº 44 a Dmitri Medvedev, a ridicularização de Mitt Romney por este ter apontado, em 2012, a Rússia como «principal rival geopolítico dos EUA», tendo BHO respondido com «os anos 80 ligaram e querem a sua política externa de volta», e acusado o então candidato republicano de ainda ter uma mentalidade típica da Guerra Fria. No entanto, e contrariando as expectativas das «elites», Trump venceu…
… E, num enorme, desavergonhado, exercício de projecção, mentira e cobertura, a Rússia voltou a ser o grande inimigo para os democratas, que, incapazes de assumir as suas culpas na derrota, não perderam muito tempo a acusar Moscovo de ter ajudado Donald a vencer, mas nenhumas provas disso existem até agora, e o facto de o então empresário ter organizado um concurso de «Miss Universo» em Moscovo não conta, tal como a reunião de Don Jr. com uma russa que lhe prometeu «dirt» sobre Hillary embora, afinal, não tivesse… e, significativamente, ela estava em contacto com a Fusion GPS, o que permite a suspeita de uma tentativa de armadilha. Pior, esse dossier, e as mentiras, os rumores contidos naquele serviram de desculpa, «justificação», pretexto, para o Departamento de Justiça «obamista», liderado por Janet Lynch, e o FBI de James Comey pedirem a um tribunal especial (FISA) autorização para vigiarem, escutarem, Donald Trump, a sua equipa, os seus colaboradores, aproveitando para fazerem o dito «unmasking», a revelação de pessoas «apanhadas» sem culpa nas escutas, e permitirem fugas de informação para a imprensa, invariavelmente com insinuações e alegações que se revelavam depois sem fundamento. Entretanto, para «esclarecer» o assunto, e em (mais) uma demonstração de cobardia, republicanos no Congresso e até na Casa Branca aceitaram fazer investigações e uma comissão respectiva para averiguarem a suposta «collusion», e para a liderar nomearam Robert Mueller… que foi director do FBI (quando a venda do urânio aconteceu) antes de Comey (que, depois de demitido, passou, talvez ilegalmente, informações a um amigo para as dar ao NYT e assim forçar a formação de uma comissão, o que aconteceu); Mueller encheu a sua comissão de democratas; após mais umas fugas de informação, apresentaram – a uma juíza nomeada por Obama e apoiante dos Clinton, e perante um grande júri reunindo pessoas de uma cidade (Washington) que vota 90% democrata – queixas contra três ex-elementos da campanha de Trump… mas nenhuma das queixas se relaciona com «conluio», colaboração com russos para alterar o resultado das eleições – aquelas prendem-se, essencialmente, com crimes fiscais, financeiros. Isto num processo cuja legalidade suscita muitas dúvidas a diversos juristas, que acreditam que os arguidos – que se declararam inocentes – terão boas hipóteses de serem ilibados e saírem em liberdade.   
Foi muita informação, muitos factos, muitas ligações em (relativamente) poucos caracteres? É melhor recuperarem o fôlego depressa, porque há mais. É de notar, e de realçar, que Hillary Clinton constitui quase sempre a personagem principal – frequentemente coadjuvada pelo marido Bill – em todos estes, mais recente(mente divulgado)s escândalos. Três deles são pelo menos ao nível de Watergate, e o casal exibiu um comportamento acima e/ou fora da lei habitualmente conhecido, tolerado e até apoiado por Barack Obama e/ou os seus (e deles) «camaradas». E como se não fosse suficiente ter feito – mesmo que indirectamente, mas não acidentalmente - «collusion» com a Rússia, Hillary Clinton e/ou a sua campanha fizeram «collusion» com o Comité Nacional Democrata durante as eleições primárias do PD, que foram «rigged», adulteradas, viciadas, e desde o início, em favor dela e em desfavor dos outros candidatos, com destaque para Bernie Sanders; e não foram direitistas, conservadores, a darem a notícia… foi sim Donna Brazile, operacional veterana do Partido Democrata, a fazer a espantosa revelação no seu novo livro! E Elizabeth Warren concordou e confirmou a batota! Entretanto, o parceiro da antiga primeira-dama nas presidenciais de 2016, o senador Tim Kaine, admitiu que o pagamento do famigerado dossier foi feito, pelo menos em parte, pela sua campanha! Não é pois de surpreender que, talvez em tentativas de controlo de danos e/ou de distracção, «progressistas» existem que preferem mudar de assunto… como o próprio senador por Vermont, que tem preferido não comentar a sabotagem de que a sua candidatura foi alvo, e que acredita que, actualmente, os americanos têm mais com que se preocupar além da interferência russa nas eleições. E Martin O’Malley, outro ex-candidato democrata, confessou que as tácticas eleitorais do Nº 44 – privilegiando a sua reeleição numa organização distinta (Organizing for America, OfA) em vez das estruturas existentes do PD – tiveram como efeito arrasar («wipe us out») aquele aos níveis estadual e local como um «mau fogo florestal»! OfA que, entretanto, também pagou à mesma sociedade de advogados - Perkins Coie - que, em nome do DNC e da campanha de HC, contratara os serviços da Fusion GPS!
Nestes últimos anos afirmei-o e previ-o várias vezes, e as confirmações sucedem-se: não só a administração de Barack Obama – e a actividade do Partido Democrata durante os seus dois mandatos – não foram, de todo, «scandal free», como adicionais pormenores… escandalosos vão sendo conhecidos com regularidade, como que estando à vista e à «escolha» de todos… As organizações conservadoras assediadas e discriminadas pelo IRS foram indeminizadas, e Lois Lerner, famigerada (ir)responsável da entidade fiscal sob a égide do Sr. Hussein, receia retaliações no caso de o seu depoimento deixar de estar em segredo de justiça (pois, porque será? «Mistério»)… No início deste mês soube-se que a Casa Branca sob BHO não divulgou, antes da eleição de 2012, quase 500 mil documentos (!) relativos à eliminação de Osama Bin Laden porque aqueles provavam que a Al Qaeda então não só não estava «dizimada» como tinha uma parceria com o governo do Irão – uma «verdade inconveniente» para quem queria assinar um acordo sobre energia (e armas) nuclear(es) com o regime dos «ai-as-tolas»… E soube-se que a Casa Branca sob BHO ameaçou, antes da eleição de 2016, um informador do FBI para o impedir de revelar as (dúbias) negociatas relativas à aquisição, por russos, de urânio norte-americano…
Jonathan Turley, professor de Direito insuspeito de simpatias direitistas, tem razão: há que investigar tanto Donald Trump como Hillary Clinton. De uma forma ou de outra, seja por quem for, isso já está a acontecer. 

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