Escrevi
anteriormente que Barack Obama, ao participar na campanha presidencial que
terminou no passado dia 8 (na verdade, já se estava no dia 9) de Novembro com a
eleição de Donald Trump, se havia comportado claramente «de uma maneira indigna; fez o que, creio,
nunca nenhum outro presidente antes dele fez: participar activa e intensamente
na campanha sem estar em causa a sua reeleição. Ronald Reagan não fez isso a
favor de George H. Bush, Bill Clinton não fez isso a favor de Al Gore, George
W. Bush não fez isso a favor de John McCain.» Passo a demonstrar esta
asserção…
… Com
afirmações que ele fez nos comícios a favor de Hillary Clinton em que
participou. Essas aparições não foram muitas mas destacaram-se pelo excesso
retórico e demagógico; pela mais descarada hipocrisia e memória curta; acabaram por constituir como que um concentrado de arrogância, um resumo da
fanfarronice, das dualidades de critério que predominaram e proliferaram nestes
últimos oito anos, um «catálogo» de insultos e de invectivas que hoje como que
formam o «programa político» do Partido Democrata, um «recapitular da (má)
matéria dada» desde 2009. Ao defender a sua ex-secretária de Estado, o Sr.
Hussein não se limitou a desprezar Donald Trump mas também todos os seus
apoiantes e todos os seus (potenciais) votantes, metade dos quais foram
(des)classificados como estando num «cesto de deploráveis» pela esposa de Bill
Clinton – que, recorde-se, apontara os republicanos como estando entre os seus maiores inimigos, inimigos esses que, lembremos também, em 2010 BHO apelou a que fossem punidos.
Aliás, nesta campanha Barack Obama instou a que os republicanos «pagassem o preço» de causarem «bloqueio» («gridlock»), ou seja, de exercerem os seus normais
direitos de oposição…
… E, de facto, neste ano de 2016, as palavras podem ter sido (ligeiramente) diferentes mas o tom foi basicamente o mesmo. O Sr. Hussein acusou DJT, imagine-se: de não respeitar a Constituição por (supostamente) ameaçar encerrar jornais que não dizem o que
ele gosta, prender oponentes ou discriminar pessoas de diferentes crenças –
tudo actos, note-se, que ele próprio e a sua administração fizeram, ou
tentaram fazer, nestes últimos oito anos… além de que, na verdade, ele não conhece verdadeiramente o documento fundamental do país; de empolar a sua própria capacidade em relação à dos seus colaboradores – algo de que BHO também é «culpado». Sobre
a intervenção de James Comey e do FBI durante a campanha, o (ainda)
comandante-em-chefe assegurou que «não operamos com base em insinuações» (a sério?!). Garantiu que
nunca pensou que a república estaria em risco se John McCain ou Mitt Romney tivessem sido eleitos – embora a propaganda dos democratas em 2008 e em 2012
desse a entender o contrário. Queixou-se de que Donald Trump «gasta(va)» muito tempo junto de celebridades» (acaso não há outro homem - um presidente ainda em
funções – notório por isso?); alvitrou que Vladimir Putin é «compincha»
(«buddy») daquele – mas quem é que prometeu maior «flexibilidade» ao actual
presidente da Rússia? Enfim, que impressionantes – e sucessivos – exercícios de
projecção, e que formam como que uma enorme e adequada «catarse» no final do mandato.
Entretanto,
e ironicamente, e apesar da (aparente) «paixão» com que a apoiou, não
condizente com a circunspecção que se exige a quem ainda exerce funções que são
as suas, Barack Obama acabou por dar a entender que o seu entusiasmo por Hillary
Clinton não era assim tão grande. Na verdade, antes de ajustar o pódio para ela
num dos comícios, dizendo-lhe ao mesmo tempo que estaria permanentemente disponível para ela (caso fosse eleita), e de, pedindo à audiência que
«confiassem» nele desta vez, assegurando àquela que o país estaria «em boas mãos» com a ex-secretária de Estado na Casa Branca, o Sr. Hussein declarou que
votar na candidata democrata constituía um exemplo de como por vezes «nem tudo é suposto ser inspirador»! Ao contrario, nitidamente… dele próprio, já que, só
em duas acções de campanha realizadas na Flórida, o presidente cessante se auto-referenciou
um total de 207 vezes! Também não contribuiu de modo algum para a vitória de
Hillary que o seu ex-chefe afirmasse que só «uma mão cheia de pessoas» haviam
visto os custos do seus seguros de saúde subirem devido ao «ObamaCare» - na
verdade, foram (pelo menos) mais de dois milhões…
Por
tudo isto, não pode ter deixado de ser especialmente – aliás, muito,
imensamente – constrangedor o encontro entre o Nº 44 e o Nº 45 na Casa Branca,
dois dias depois do triunfo do segundo. Mais constrangedor para o primeiro,
obviamente, dadas as afirmações que fez, convencido como estava, tal como
muitos dos seus «camaradas», que seria impossível haver outro desfecho que não
a eleição da esposa de Bill Clinton. Num evidente e bem humorado exagero, Ben Shapiro classificou uma fotografia
específica da ocasião como «a melhor da história da Humanidade», também porque nela Barack Obama parecia ter «um poste
enfiado tão acima pelo seu recto que o brilho do metal era visível atrás dos
olhos dele»! O mesmo é dizer que havia sido submetido a um «tratamento» de
humildade depois de tanta arrogância.
1 comentário:
Foi talvez o maior perdedor da noite. Arrogante pensava que arrastava multidões para votar em Hilary mas não arrastou.
Nem ele nem a moralmente decadente casta de Hollywood e os habituais artistas de ocasião.
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