terça-feira, 8 de dezembro de 2015

O «mais perigoso» ou o «mais imbecil»?

(DUAS adendas no final deste texto.)
No passado mês de Novembro, e na sequência dos mais recentes atentados terroristas em Paris, escrevi aqui que «se houvesse um mínimo de vergonha por parte de determinados “líderes” mundiais, o evento (a conferência da ONU sobre o clima) não se realizaria por respeito aos que morreram no passado fim-de-semana.» Infelizmente, e como seria de prever, esse mínimo de vergonha não existiu, não existe, e a mais recente encenação da maior fraude política e «científica» mundial das últimas décadas ocorreu efectivamente, e num espaço ainda sujo do sangue derramado pelos terroristas muçulmanos. E acrescentei: «como eles não o têm, pelo menos que o Sr. Hussein consiga controlar a língua e não acrescente mais um insulto ao seu já longo rol.» Infelizmente, e como seria também de prever, esse controlo continua a não ser feito e não é de prever que venha a ser…
… E nestas últimas semanas a degenerescência discursiva de Barack Obama mais não tem feito do que acentuar-se, sendo frequentemente realçada, agravada, pelo contraste com o que acontece na realidade. Para além dos exemplos adicionais que dei nas adendas a «Um “contratempo” sem “racionalidade”», outros, inevitavelmente, vieram aumentar a lista. Ainda na capital francesa para participar e a promover (n)o gigantesco embuste das «alterações climáticas» e do (suposto) «aquecimento global antropogénico», o Nº 44 arranjou tempo – aliás, como habitualmente – para dar largas à sua imaginação: segundo ele, é habitual, devido a uma «anormal» subida das marés, ver peixes nas ruas de Miami – algo talvez reminiscente dos cadáveres que Brian Williams alegava ter visto a boiar nas ruas de Nova Orleães depois do furacão Katrina. É um pormenor patético, anedótico, um entre vários que marcaram – e ainda marcam, pois a cimeira na «Cidade-Luz» só termina no próximo dia 11 – um encontro internacional não ao mais alto nível mas sim ao mais baixo nível, e em relação ao qual se podem apontar pelo menos 12 motivos para ser, ter sido, uma completa perda de tempo.      
O actual presidente dos EUA conseguiu igualmente que a Turquia o «pusesse no lugar», a embaraçá-lo, a, sim, reduzi-lo à sua insignificância: tendo instado Ancara a fechar, selar, a fronteira com a Síria, os delegados enviados por Recep Erdogan, em resposta, aconselharam Washington a fazer o mesmo, primeiro, com a do México! Porém, e inevitavelmente, isto nem foi o mais grave: sempre disponível para criticar, para desapreciar, o seu próprio país, e comentando o ataque feito por um indivíduo a uma clínica da Planned Parenthood no Colorado, disse, em Paris (!), que «tiroteios de massas (como aquele) simplesmente não acontecem em outros países»! Poderia BHO fazer, dizer, pior? Obviamente que sim! Entre o final de Novembro e o início de Dezembro, não uma mas sim duas vezes assegurou os norte-americanos de que não existia «qualquer informação específica e credível» que apontasse para a iminência de um ataque terrorista em território dos EUA, que, concretamente, o ISIS, «não constitui uma ameaça existencial para nós». Recordam-se do que aconteceu em Paris pouco depois de ele ter garantido que as forças de Abu Bakr al-Baghdadi estavam «contidas»? A segunda declaração foi feita no passado dia 2 de Dezembro, poucas horas antes de o ISIS ter, efectivamente, atacado o país…
… E fê-lo na Califórnia, na cidade de São Bernardino, através de Syed Farook e de Tashfeen Malik, um casal que atacou, com metralhadoras e revólveres e dispondo ainda de engenhos explosivos que acabaram por não detonar, o edifício do Inland Regional Center, entidade que alberga diversos serviços sociais, e onde Farook trabalhava; practicamente todos os 14 mortos e 21 feridos eram colegas de trabalho dele; também todos, ou quase, haviam promovido e participado (n)uma festababy shower») este ano quando a sua filha, agora com seis meses e órfã, havia nascido. Já poucas ou mesmo nenhumas dúvidas subsistem de que ambos agiram em nome da tenebrosa bandeira negra do «califado»: os terroristas terão construído (pelo menos parte d)as armas seguindo instruções dadas na revista da Al Qaeda, e, em relação ao ISIS, absorveram propaganda, foram recrutados e juraram obediência… ou, pelo menos, jurou Malik, que nasceu no Paquistão, viveu na Arábia Saudita (Farook nasceu nos EUA) e foi aprovada durante os testes de controlo e de verificação antiterrorista realizados pelo DHS, uma falha clamorosa que não contribui, muito pelo contrário, para diminuir as muitas desconfianças e dúvidas que existem quanto ao acolhimento de milhares de refugiados da Síria e as potenciais - e prometidas pelo ISIS - infiltrações nesses contingentes, agora reconhecidas por especialistas do governo federal.
Se não fosse o carácter trágico do ocorrido, poder-se-ia rir das reacções ridículas, e previsíveis, de muitos à esquerda, tanto na política como nos media, a este crime na Califórnia quando ainda poucos pormenores eram conhecidos, e que incluíram a especulação de que se trataria do ataque de um «grupo de direita», quiçá à clínica da Planned Parenthood situada «perto» (na verdade, a mais de dois quilómetros de distância)… Barack Obama e outros destacados dirigentes do Partido Democrata, como não podia deixar de ser, aproveitaram logo para reclamar novamente por mais leis, e mais severas, de controlo de armas, «esquecendo-se» de que na Califórnia elas existem e que foram, nesta situação, não só inúteis como até prejudiciais; tal como em Paris, quantos não teriam sido salvos se alguns dos alvos estivessem armados? Não obstante, Barbara Boxer considera que o seu Estado é um caso de sucesso nesta matéria. No entanto, mais preocupante do que a fanfarronice incompetente dos políticos é o medo das outras pessoas, dos cidadãos comuns, de parecerem racistas ou preconceituosos: foi precisamente por isso que vizinhos dos Farook não contactaram a polícia ao se aperceberem de actividades, visitas e movimentos suspeitos na casa daqueles. Sim, o «politicamente correcto» promovido pela esquerda foi de facto, neste caso, culpado por (várias) mortes.      
Entretanto, e cedendo finalmente às evidências, o FBI decidiu investigar o ocorrido em São Bernardino como um «acto de terrorismo» – e não um de «violência no local de trabalho», como, escandalosamente, o de Fort Hood foi em 2009. Esta decisão terá constituído o derradeiro «prego no caixão» de todas as «narrativas esquerdistas» - ou seja, deturpações e desculpas (esfarrapadas) – tentadas para este caso, e que, aliás, também são habitualmente invocadas em outros. Narrativas essas em que a hipocrisia, a dualidade de critérios, desempenha(m) igualmente uma função primordial. Exemplos: os liberais ficam histéricos com a ligação entre (i)migração e terrorismo, mas aceitam a ligação entre «alterações climáticas» e (aumento do) terrorismo; condenam a proibição, e restrição, da entrada de refugiados como não sendo uma atitude cristã, mas não hesitam em ridicularizar e até ofender os que rezam pelas vítimas do terrorismo. Inevitavelmente, há aqueles que se recusarão sempre a encarar os factos para além do razoável, como os muçulmanos americanos Dean Obeidallah e Hussam Ayloush, este director da delegação em Los Angeles do CAIR (Conselho para as Relações Americano-Islâmicas) e que afirmou em entrevista que «algumas das nossas políticas externas, enquanto americanos, enquanto ocidentais, estimularam este extremismo. Somos parcialmente responsáveis». Execráveis declarações? Sem dúvida. Mas, vindas de quem vêm, não causam propriamente elevado espanto…
… E, em última análise, considerando a constância da sua atitude neste âmbito ao longo da sua presidência, Barack Obama até concordará com elas e as subscreveria. Exagero? Nem por isso; afinal, a Casa Branca, dias depois do ataque, continuava a não considerá-lo um acto terrorista; antes, nomeara para o cargo de «conselheiro especial do Presidente para a campanha contra o ISIL no Iraque e na Síria» Robert Malley, notório pelo seu antagonismo para com Israel e pelo seu relacionamento com o Hamas; depois, Loretta Lynch, a substituta de Eric Holder no cargo de procurador(a)-geral dos EUA, achou mais importante garantir – aos muçulmanos, no encontro anual de uma associação daqueles – que o seu organismo controlará e eventualmente punirá qualquer excesso de «retórica anti-islâmica», incluindo a ouvida e sentida por crianças, cujos pais, assegurou Lynch, devem nesses casos contactar o DdJ e queixar-se – o que é uma evidente ameaça à Primeira Emenda da Constituição por parte de uma administração que também não esconde o seu desprezo pela Segunda. Mas nem todas naquela subscrevem a certeza da «contenção» propalada pelo «querido líder»: Ash Carter, secretário da Defesa, teve de reconhecer – numa audição no Congresso a 1 de Dezembro, isto é, na véspera do ataque em São Bernardino – que as (várias) organizações terroristas muçulmanas constituem uma ameaça maior e mais iminente do que o «aquecimento global»; no mesmo local, no mesmo dia e no mesmo sentido se pronunciou o General Joseph Dunford, chefe do Estado-Maior das forças armadas dos EUA (chairman of the joint chiefs of staff), ao afirmar que o ISIS não se encontra, efectivamente, «contido».
Todavia, não há dúvidas sobre a quem Barack Obama dá mais atenção: aos ideólogos incompetentes e irresponsáveis, negadores das realidades, e de que ele próprio é um dos expoentes máximos. Pelo que, cada vez mais, a dúvida há muito instalada se vai agravando: poderá ele ser «o mais perigoso presidente» da História dos EUA em termos de segurança nacional, como sugere Newt Gingrich, ou «simplesmente estúpido», como assevera Ben Shapiro? Um «socialista não mitigado que não se ergue para defender os Estados Unidos da América», como assegura Ted Cruz, ou «o mais imbecil filho da p*t* no planeta», como supõe Glenn Beck? Uma escolha «difícil»… que o discurso proferido no dia 6 do Salão Oval, em resposta ao ataque na Califórnia, não facilitou.
(Adenda – Até na (MS)NBC foi grande a desilusão com o discurso de Barack Obama. Mark Halperin, Mika Brzezinski e Richard Engel concordaram que aquele nada de novo trouxe para a discussão e, mais importante, para a acção contra o terrorismo. Entretanto, outros órgãos de comunicação social não só não valorizam o combate ao radicalismo islâmico como preferem dar prioridade a uma falsa solução… exactamente, o gun control. É ver, por exemplo: a capa da mais recente edição da revista The New Yorker; o editorial de primeira página – o primeiro desde 1920! – do New York Times que Erick Erickson, adequadamente, não tardou em encher de buracos; ou esse outro pasquim da «Grande Maçã», pior do que a «Grey Lady», o Daily News, que não só não se contenta em expelir – uma, duas, três – primeiras páginas ofensivas mas também conta como colunista alguém que acredita e afirma (escreve) que uma das vitimas em São Bernardino foi culpado pelo, e mereceu o, que lhe aconteceu... apropriadamente, o seu apelido é Stasi.)
(Segunda adenda – Enquanto em Paris uma assembleia de loucos, interesseiros e/ou imbecis se afadigavam na utopia de tentarem mudar – e prejudicar – todo o Mundo em nome de uma gigantesca utopia fraudulenta, os sinais da verdadeira grande ameaça planetária – isto é, o terrorismo – continuavam a multiplicar-se. No outro lado do Atlântico, e segundo uma sondagem recente, aquela já é a maior preocupação dos norte-americanos, superando a economia, o que acontece pela primeira vez desde 2006. Obviamente, tal decorre principalmente, mas não só, dos atentados ocorridos em Paris e em São Bernardino. Quanto a este, já não restam dúvidas de que Syed Farook e Tashfeen Malik, radicalizados e disponíveis para a jihad até antes de se conhecerem, com potenciais ligações a extremistas no estrangeiro, pensavam, planeavam e preparavam um ataque há talvez, pelo menos, dois anos – o mesmo é dizer, deixaram quase de certeza «traços» que não foram detectados a tempo, muito possivelmente porque uma investigação que poderia fazê-lo foi terminada por receios de discriminação. No Minnesota tal não tem acontecido: já são dez os homens presos naquele Estado acusados de prepararem atentados. Entretanto, outras provas da incompetência, da negligência, da actual administração nesta matéria continuam a acumular-se: um muçulmano libertado da prisão de Guantánamo voltou a fazer… o que antes fazia; o comité da Casa dos Representantes para as forças armadas concluiu (o que não seria difícil) que a Casa Branca violou «várias leis» ao decidir trocar cinco líderes talibãs por Bowe Bergdahl. Congratulemo-nos, no entanto, por o director do FBI dar mostras de sensatez ao admitir que, sim, está-se perante «terrorismo islâmico radical». E houve (pelo menos) um íman nos EUA que concordou com a (muito polémica) proposta de Donald Trump de fazer cessar temporariamente a entrada de muçulmanos no país. É certo que depois teve de se demitir, mas não deixou de marcar a sua posição.)

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