(DUAS adendas no final deste texto.)
À partida que fique desde já dito, e esclarecido, o seguinte: não, Hillary Clinton não saiu ganhadora, vencedora, «por cima», da (mais recente) audiência, tida na Casa dos Representantes no passado dia 22 de Outubro, sobre o ataque ao consulado norte-americano em Benghazi; não, ao contrário do que se escreveu em Portugal, ela não saiu «ilesa», e a sua tal «semana de sonho» é uma invenção dos seus apoiantes…
À partida que fique desde já dito, e esclarecido, o seguinte: não, Hillary Clinton não saiu ganhadora, vencedora, «por cima», da (mais recente) audiência, tida na Casa dos Representantes no passado dia 22 de Outubro, sobre o ataque ao consulado norte-americano em Benghazi; não, ao contrário do que se escreveu em Portugal, ela não saiu «ilesa», e a sua tal «semana de sonho» é uma invenção dos seus apoiantes…
…
Porque, principalmente, e como resumiu bem Megyn Kelly, ficou demonstrado que
ela mentiu, e descaradamente, numa questão fundamental: a da causa do atentado
na Líbia no dia 11 de Setembro de 2012. Enquanto, privadamente, tanto à filha Chelsea como ao então primeiro-ministro do Egipto, dizia que se tratara de uma
acção terrorista planeada, publicamente ela anunciava que a causa havia sido
uma demonstração espontânea em resposta a um filme alegadamente anti-Islão… de
que poucos tinham conhecimento ou tinham visto; tudo isto para não prejudicar a
campanha de reeleição de Barack Obama, que também participou activamente na
mentira. Poucas ou nenhumas dúvidas restam de que a falsa narrativa começou, efectivamente, nela, por ela. As mensagens de correio electrónico que o
demonstram foram mostradas no Congresso, e só isto deveria ser suficiente para
a desqualificar da candidatura à presidência. Se depois e durante (d)o ataque o
comportamento de Hillary Clinton foi incompetente, irresponsável e lamentável,
antes não o foi menos, porque ignorou múltiplos – terão sido cerca de 600! –pedidos de reforço da segurança no consulado feitos pelo (ou para o) embaixador
Christopher Stevens, que viria ser um dos quatro mortos, assassinados, em
Benghazi.
A
sessão da passada quinta-feira foi fértil, pródiga, em momentos desconfortáveis…
para a ex-secretária de Estado. Em perguntas incómodas a que ela não respondeu
ou fingiu que respondeu, em reacções embaraçosas àquelas. Como, por exemplo:
porque é que, se ele era assim tão amigo dela, Chris Stevens não tinha o
endereço de correio electrónico pessoal, principal, de Hillary Clinton, ao contrário de outros; ela não se lembrava de se, e quando, havia conversado com o embaixador nos meses anteriores à sua morte, mas acreditava que ele estava
mostrar o seu «bom sentido de humor» ao referir-se à sua compra de gradeamentos
aos britânicos (do – encerrado – consulado destes na cidade líbia, mas que se
mostraram de reduzida utilidade); revelou desconhecer as funções de protecção
que os marines desempenham em instalações diplomáticas; acabou por admitir que não respeitou (um)a lei (ao não assinar documentação necessária); porque é que ninguém foi despedido por ela na sequência do ataque; alegou que perdeu mais horas de sono do que todos os membros da comissão em conjunto; e aproveitou para
promover o seu mais recente (e mal sucedido) livro…
Para
aqueles que insistem que a audiência de pouco ou nada serviu, que foi inútil,
uma perda de tempo, Joel B. Pollak enumerou as nove principais revelações que
saíram daquela; menos… diplomático, Ben Shapiro enumerou por sua vez as cinco maiores mentiras ditas por Hillary Clinton. Repare-se, e repito, que são
«apenas» as cinco maiores, porque outras houve, e, com a esposa de Bill, antes
ainda outras existiram e mais existirão… Não que isso preocupe os admiradores dela, incluindo os da comunicação social. Judy Woodruff, da PBS, não dá
importância ao facto de a agora candidata, sobre a causa do ataque, dizer uma
coisa a um grupo de pessoas e, ao mesmo tempo, dizer outra coisa a outro grupo;
Jeffrey Toobin, da CNN, acusou o representante (obviamente republicano) Jim
Jordan de ter sido o «pior», «menos profissional», «mais enganador» durante o
interrogatório quando, na verdade, foi exactamente o oposto; David Brooks, do
New York Times, que (des)classificou os republicanos de «obsessivos» e
«psicóticos»; Carl Bernstein, ex-Washington Post, que (des)classificou os
republicanos de «demagogos» que usam as tácticas de Joseph McCarthy, e que
parecem «macacos» (!!); menos histérico e mais sensato do que o seu colega na
investigação do caso Watergate, Bob Woodward admite que há semelhanças entre
Richard Nixon e Hillary em termos de secretismo.
O
que muitos dos «jornalistas» que são «membros» - assumidos ou não – do «clube
de fãs» da Sra. Clinton raramente ou nunca fazem é falar com os familiares das vítimas, que não escondem a desconfiança e até o desprezo que ela lhes inspira.
Como Patricia Smith, mãe de Sean Smith, cuja frustração antes de dia 22 passou
a indignação depois; Ben Doherty e Kate Quigley, respectivamente pai e irmã de
Glen Doherty, ele muito menos... diplomático do que ela; como Charles Woods,
pai de Tyrone Woods, que escreveu no seu diário que Hillary lhe prometeu que
iriam prender… o cineasta autor do tal vídeo. Também não é de esperar que os
familiares passem a mostrar boa vontade para com a agora candidata depois de no
seu sítio oficial um dos nomes das vítimas ter sido mal escrito… e, muito pior,
de continuarem a vê-la – e a ouvi-la – a rir-se nos momentos, nas ocasiões
menos oportunas, quando confrontada com questões sérias. Isso aconteceu mais
recentemente… na própria audiência no Congresso, e foi imediatamente
repreendida por isso; antes, gargalhara numa entrevista a Jake Tapper, e, antes
disso, quando proclamara querer ser «a presidente das pequenas empresas» (o
que, com efeito, não é para acreditar). Não,
não é por acaso que se faz (enfim, que eu faço) um jogo de palavras entre Hillary e «hillarity»,
hilaridade…
...
E riso foi o que não faltou igualmente no primeiro debate entre os então cinco
candidatos democratas à presidência dos EUA (entretanto, dois já desistiram),
realizado em Las Vegas a 13 de Outubro. A esposa de Bill só o «venceu» porque os seus supostos «rivais» não a pressionaram, e os apresentadores e
moderadores, da CNN, foram… moderados. Porém,
o destaque maior foi indubitavelmente para a afirmação de Hillary de que os
«republicanos» - ela não especificou, pelo que se pode deduzir que ela se
referia tanto aos eleitos como aos eleitores do GOP – são, ou estão entre, os seus maiores «inimigos». Não foi só dos círculos conservadores – candidatos e
comentadores – que, previsivelmente, as reacções de repúdio irromperam; também,
por incrível que isso possa parecer, David Axelrod criticou a afirmação e
ainda, não uma mas sim duas vezes, Joe Biden, que, entretanto, declarou que não
se candidata a Nº 1 (por agora?). No entanto, o reparo feito pelo vice soa a hipocrisia
da parte de alguém que, em 2012, havia dito aos afro-americanos que os
republicanos queriam acorrentá-los outra vez… A própria Hillary pareceu
arrepender-se, e retractar-se, da – divisiva, nada bipartidária, nada consensual –
afirmação mas, vindo de quem vem, de uma pessoa, e política, com uma longa
história de contradições, mudanças de opinião, «virar casacas», o mea culpa (se
o foi) não oferece grande credibilidade…
…
Quanto mais não seja porque, qual camaleão, a Sra. Clinton adapta o discurso
consoante as circunstâncias. Só durante o debate democrata Ben Shapiro detectou
27 mentiras ditas por ela. Até Martin O’Malley, que só pelos seus mandatos de
mayor de Baltimore e de governador do Maryland deveria ser desqualificado de
concorrer a presidente, e cuja estupidez o leva a dizer que as «alterações
climáticas» estiveram na origem do ISIS, é capaz de perceber e de reconhecer
que a sua rival na nomeação já efectuou «flip-flops» em todos os principais assuntos da campanha. E, na verdade: é vê-la fazer angariações de fundos com magnatas de petróleo… apesar da sua oposição à construção do
oleoduto Keystone; é ouvi-la justificar, enquanto recém-convertida ao «matrimónio
gay», a promulgação, há cerca de 20 anos pelo marido, do «Acto de Defesa do
Casamento» como uma «acção defensiva»; enfim, é saber que não obstante a sua –
ocasional e postiça – retórica anti-Wall Street e contra os «gatos gordos»,
recebeu mais donativos de CEO’s do que os candidatos republicanos.
Hillary
abusa frequentemente do descaramento, da desfaçatez: anunciou o apoio de «camaradas» de partido… que, na realidade, (ainda) não o tinham feito; «estabeleceu» que existe
um «padrão de republicanos a meterem-nos em sarilhos económicos, e presidentes democratas terem de vir e limpar» (o que é factualmente falso, pois não existem casos que
sustentem a ocorrência de um tal «padrão»); elogiou Ellen Sirleaf e convidou-a a participar este
ano no fórum anual da Fundação Clinton… apesar de a actual presidente da
Libéria apoiar a punição e a prisão de homossexuais no seu país; e declarou que
(alegad)as vítimas de abuso sexual «têm o direito de serem acreditadas»… algo,
no entanto, que ela sempre negou às várias mulheres que acusaram o marido de
comportamentos impróprios... ou pior do que isso.
Rand
Paul é de opinião de que, estando as primárias democratas practicamente
reduzidas a uma escolha entre Bernie Sanders e Hillary Clinton (porque Jim Webb
e Lincoln Chafee saíram, Joe Biden decidiu não entrar e Martin O’Malley continua
a não se afirmar como uma opção credível), isso significa escolher entre
«socialismo e corrupção». Impõe-se corrigir o senador do Kentucky e candidato
presidencial: trata-se, na verdade, de uma escolha entre dois tipos de
corrupção.
(Adenda – Não é só Barack Obama que tem sido comparado com Richard Nixon… e não ao nível das – geralmente consensuais – realizações positivas do sucessor de Lyndon Johnson, em especial no campo da política externa; Hillary Clinton também, e, como Bob Woodward – o homem que, indubitavelmente, mais sabe sobre o escândalo Watergate – recentemente reflectiu e reconheceu, o caso das mensagens de correio electrónico da esposa de Bill – e, concretamente, das cerca de 30 mil (metade do total!) que ela decidiu (tentar) eliminar – fazem-no lembrar o das gravações secretas feitas pelo Nº 37, das quais uma quinzena de minutos fora apagadas, um acto que tanto dano político viria a causar ao ex-Nº 2 de Dwight Eisenhower. Porém, o mais significativo neste domínio é que há, efectivamente, uma ligação directa de Hillary com Watergate: ela fez parte de uma comissão do Congresso envolvida nas investigações daquele, e dela foi expulsa por ter tido comportamentos e procedimentos não éticos e mesmo irregulares! Não, não data apenas da presidência do marido, há cerca de 20 anos, o envolvimento da Sra. Clinton em atropelos às leis… estes começaram bem antes, há cerca de 40!)
(Segunda adenda – Só pode ser «coincidência» que as doações à Fundação Clinton registem um aumento desde a entrada de Hillary na corrida à presidência; e também só pode ser outra «coincidência» que a esposa de Bill tenha pedido que se faça uma investigação à Exxon… depois de esta empresa ter deixado de financiar aquela fundação (adenda à adenda - a investigação já começou!). Entretanto, multiplicam-se os indícios de que existem mesmo motivos – isto é, mensagens de correio electrónico com conteúdo confidencial – para o FBI propor ao Departamento de Justiça que a ex-senadora e ex-secretária de Estado seja acusada e constituída arguida por ter utilizado uma conta e um servidor privados. Neste contexto, mais interessante se torna o seu lapso recente – o de afirmar que os presidentes (ela quereria dizer presidiários) não deveriam ter de revelar os seus registos criminais após cumprirem as suas penas e quando tentam reintegrar-se na sociedade.)
(Adenda – Não é só Barack Obama que tem sido comparado com Richard Nixon… e não ao nível das – geralmente consensuais – realizações positivas do sucessor de Lyndon Johnson, em especial no campo da política externa; Hillary Clinton também, e, como Bob Woodward – o homem que, indubitavelmente, mais sabe sobre o escândalo Watergate – recentemente reflectiu e reconheceu, o caso das mensagens de correio electrónico da esposa de Bill – e, concretamente, das cerca de 30 mil (metade do total!) que ela decidiu (tentar) eliminar – fazem-no lembrar o das gravações secretas feitas pelo Nº 37, das quais uma quinzena de minutos fora apagadas, um acto que tanto dano político viria a causar ao ex-Nº 2 de Dwight Eisenhower. Porém, o mais significativo neste domínio é que há, efectivamente, uma ligação directa de Hillary com Watergate: ela fez parte de uma comissão do Congresso envolvida nas investigações daquele, e dela foi expulsa por ter tido comportamentos e procedimentos não éticos e mesmo irregulares! Não, não data apenas da presidência do marido, há cerca de 20 anos, o envolvimento da Sra. Clinton em atropelos às leis… estes começaram bem antes, há cerca de 40!)
(Segunda adenda – Só pode ser «coincidência» que as doações à Fundação Clinton registem um aumento desde a entrada de Hillary na corrida à presidência; e também só pode ser outra «coincidência» que a esposa de Bill tenha pedido que se faça uma investigação à Exxon… depois de esta empresa ter deixado de financiar aquela fundação (adenda à adenda - a investigação já começou!). Entretanto, multiplicam-se os indícios de que existem mesmo motivos – isto é, mensagens de correio electrónico com conteúdo confidencial – para o FBI propor ao Departamento de Justiça que a ex-senadora e ex-secretária de Estado seja acusada e constituída arguida por ter utilizado uma conta e um servidor privados. Neste contexto, mais interessante se torna o seu lapso recente – o de afirmar que os presidentes (ela quereria dizer presidiários) não deveriam ter de revelar os seus registos criminais após cumprirem as suas penas e quando tentam reintegrar-se na sociedade.)
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