quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Não um mas sim dois

(DUAS adendas no final deste texto.)
11 de Setembro já não é apenas sinónimo de um ataque terrorista contra os Estados Unidos da América mas sim de dois. E, por culpa da administração de Barack Obama, o país perdeu nos últimos cinco anos grande parte da atitude, da firmeza, da vontade, da eficácia, que teve de adquirir para combater, moral e materialmente, os fundamentalistas islâmicos na sequência dos atentados de 2001 em Nova Iorque, Washington e Pensilvânia. Isso viu-se, precisamente, em 2012 na Líbia. Mais do que se ser hesitante ou negligente perante o inimigo, têm existido instâncias, exemplos, casos, em que, na práctica, se colabora efectivamente com ele.  
Esta trágica tibieza não é, contudo, característica de Barack Obama. Já antes outros democratas demonstraram não ser capazes de lidar adequadamente com adversários externos. Corporização, autêntico «fóssil vivo», dessa desonrosa «tradição» é Jimmy Carter que, ainda recentemente, aquando de mais um conflito em que Israel se viu forçado a reagir e a defender-se, reiterou o seu apoio ao Hamas, o que até pode ter constituído um crime. Aliás, e como já referi anteriormente, Israel tem motivos para se sentir enganado, e até traído, pela equipa de BHO. Já Charles Krauthammer indigna-se, e justificadamente, pelo Nº 44 afirmar que o Hamas é (apenas) «irresponsável» quando, mais do que isso, é um bando de criminosos de guerra e genocidas. Facto que, na CNN, não foi, ou não tem sido, devidamente salientado.
Porém, é perante essa nova e assustadora ameaça designada por ISIS, o «Estado Islâmico do Iraque e da Síria», que a incompetência da Casa Branca se revela mais alarmante. Na verdade, não será tão «nova» assim, porque o Sr. Hussein tem vindo a ser alertado detalhadamente quanto ao crescimento deste exército terrorista desde há pelo menos um ano. Ele bem que tentou, mais uma vez, «sacudir a água do capote», isto é, culpar outros, neste caso os próprios serviços (civis e militares) de inteligência (George W. Bush desta vez não servia), mas aqueles não demoraram, mesmo que informalmente, a repor a verdade; e não é de agora, porque há mais tempo asseguravam, contrariando as fanfarronices do presidente, que a Al Qaeda e as suas associadas não estavam em fuga… E se os massacres de cristãos estrangeiros, «temperado» com raptos, violações e escravatura de mulheres, e crucificações, não foram suficientes para arrancar ao presidente uma posição e um plano inequívocos de repúdio e de retaliação, a execução por decapitação, registada em vídeo, do compatriota, jornalista, James Foley obrigou Barack Obama a interromper as férias para uma declaração – pouco convicta – de circunstância, após o que rapidamente (em menos de vinte minutos!) regressou ao campo de golfe… e à alegre confraternização com os amigos.
Após esse episódio vergonhoso, um dos mais indignos desta presidência (o que é dizer muito, pois têm sido bastantes!) e que o próprio BHO admitiu que não devia ter acontecido, a situação não melhorou assim tanto no que se refere à definição de um plano para «vingar» James Foley e combater o ISIS. Abundam as hesitações, as indecisões, as indefinições, as contradições. Há essa – espantosa – admissão do Sr. Hussein de «ainda não haver uma estratégia» para lidar com Al-Baghdadi e os seus (mais de) «40 ladrões»… que depois a Casa Branca, em pleno modo de «controlo de danos», procurou explicar e justificar; há a garantia de que os EUA «não estão em guerra com o ISIS», apesar de a força aérea norte-americana já ter começado a bombardear posições e forças daquele; há a promessa de que o(s) assassino(s) de James Foley seriam encontrados e punidos… mas semelhante promessa foi feita há dois anos a propósito dos atacantes de Benghazi, e até agora, nada…
… E há a revelação de que chegou a ser preparada uma acção para libertar James Foley e outros reféns (como outro jornalista, Steven Sotloff, que também foi decapitado), mas que não se realizou por Barack Obama, que sabia do perigo que a vida de Foley corria, ter demorado a dar a autorização… até ser demasiado tarde. Como se tal não fosse bastante, a administração confirmou a intenção de se fazer a operação, assim dando ânimo aos terroristas que certamente festejaram o fracasso, e que agradecem a revelação do que correu mal para estarem melhor preparados aquando de uma próxima ocasião… Talvez tenha sido por isso que não enviou um representante ao funeral de Foley, apesar de ter enviado um ao de Michael Brown (o jovem abatido pela polícia em Ferguson).
A seguir, bem que se pode falar de «pior a emenda do que o soneto»: se já tinha sido mau admitir que (ainda) não havia estratégia (depois de, pelo menos, um ano a conhecer-se e a analisar-se a ameaça), então afirmar que o ISIS pode ser «um problema “gerível” (manageable) se a comunidade internacional se juntar» foi ainda pior. A flacidez de Barack Obama contrasta com a bravata de Joe Biden, que, imitando John McCain, prometeu que os «homens de negro» seriam perseguidos «até aos portões do Inferno»… mas como, se, segundo revelações de um dos (poucos, e regressados) militares norte-americanos no Iraque, eles nem podem sair de onde estão? Contrasta também com a firmeza de David Cameron, que, ao contrário de Obama, interrompeu as férias e voltou ao seu local de trabalho (no caso dele, o nº 10 de Downing Street) para proferir uma declaração com muito mais clareza e substância… A verdade é que o Sr. Hussein também aqui está a falhar, e muitos dos seus camaradas sabem-no e reconhecem-no; o discurso de ontem pouco ou nada fez para alterar a percepção… de passividade, de insuficiência, de ir atrás dos acontecimentos – curiosamente, tanto Charles Krauthammer como Chris Matthews concordaram nas avaliações que fizeram da alocução. Nancy Pelosi bem pode balbuciar que «a liderança do presidente tem sido forte», mas será que ela acredita mesmo no que diz?
Na verdade, e significativamente, nem a MSNBC está inteiramente confiante, e parece dividida: por um lado, Michael Eric Dyson duvidou que o ISIS fosse um grupo terrorista e Thomas Roberts equiparou uma (maior) intervenção norte-americana no Iraque a uma ditadura, mas, por outro lado, Chris Matthews interrogou-se se o ISIS só seria derrotado após «60 decapitações» e Chuck Todd pôs a hipótese de Barack Obama estar a causar um dano duradouro ao Partido Democrata, ao nível da política externa, ao nível do que Jimmy Carter fez há quase 40 anos. Na verdade, o dano deverá ser superior ao causado, ou possibilitado, pelo plantador de amendoins: este «apenas» perdeu o Irão para os fundamentalistas, enquanto o organizador comunitário quase perdeu o Egipto, e, neste momento arrisca-se a perder, além do Iraque, também a Líbia… Neste país em particular os «fantasmas de Benghazi» continuam a assombrar: há cerca de duas semanas 12 aviões (jactos comerciais de passageiros) desapareceram do aeroporto de Tripoli, practicamente na mesma altura em que milícias muçulmanas ocupavam a (abandonada) embaixada norte-americana e faziam uma festa na piscina… Contra a Fox News é que a Casa Branca está sempre pronta a actuar: uma reportagem com uma investigação sobre o que aconteceu na segunda cidade da Líbia há dois anos, que revelou (outros) pormenores incómodos (para os democratas) sobre a deficiente ajuda aos norte-americanos ali colocados, suscitou uma tentativa de pressão junto da estação de Roger Ailes para que não fosse emitida!
Aqui chegados, como não concordar com Mark Levin, que afirma que os terroristas nunca estiveram tão bem, e que, se fosse esta a liderança que os EUA tivessem aquando da Segunda Guerra Mundial, teriam perdido esta? O presente e desolador panorama não se deve, é certo, exclusiva e directamente à incompetência e à inexperiência «obamistas»: as fugas de informação perpetradas por Bradley Manning e Edward Snowden causa(ra)m muitos e graves problemas, e terão sem dúvida auxiliado grupos como o ISIS… mas também é verdade que tais quebras de segurança ocorreram «under the watch» desta administração. Que, sob a (deficiente) direcção do Sr. Hussein continua não só a mentir sobre afirmações passadas e polémicas, mas também a adoptar procedimentos perigosos… como trocar um soldado norte-americano desertor por cinco altos comandantes dos talibãs, decisão que, confirmou-se agora (mas já se sabia antes), foi, obviamente, ilegal.
Enfim, e tendo tudo isto em consideração, Allen West poderá não estar a ser hiperbólico ou injusto quando ele acusa Barack Obama de ser um islamita. Afinal, e desde que ele é presidente, os democratas, «progressistas» e liberais têm conduzido, não só na sociedade civil mas também na estrutura burocrática central, no governo federal, nas forças armadas, um ataque a instituições e a individualidades cristãs, e até à iconografia, aos objectos e aos rituais da religião de Jesus… ao mesmo tempo que promovem, extemporaneamente, o Islão. Três exemplos (e confirmações) recentes de uma longa série: enquanto exemplares da Bíblia eram retirados coercivamente de alojamentos da Marinha, o Departamento de Justiça intentava um processo em tribunal contra uma cidade do Minnesota (St. Anthony) por os seus autarcas terem reprovado a construção de um «centro cultural islâmico», e o Sr. Hussein celebrava o final do Ramadão agradecendo aos muçulmanos norte-americanos as suas muitas «realizações e contribuições para a construção do próprio tecido da nossa nação e para o fortalecimento do essencial da nossa democracia»!
Mas quais «realizações e contribuições»?! As do arcaísmo, da intolerância e do obscurantismo? As da ameaça, da cobardia e do medo? Há menos de um mês os proprietários de um restaurante no Vermont decidiram retirar um anúncio ao seu estabelecimento em que exaltavam o bacon que servem… depois de uma muçulmana se ter queixado de que o dito anúncio era «ofensivo» (para ela). Treze anos depois do 11 de Setembro de 2001, é a isto que está reduzida a América de Obama?
(Adenda – É evidente que a ameaça islâmica nos EUA tem aspectos muito mais graves do que a mera imposição de hábitos alimentares… provavelmente, não muito diferente da que é preconizada por Michelle Obama. Depois do 11 de Setembro de 2001 outros atentados existiram por parte de muçulmanos que tiraram vidas a norte-americanos, como o de Fort Hood em 2009 e o de Boston em 2013; mais recentemente, pelo menos dois outros casos, já neste ano, ocorreram, um deles envolvendo a morte de quatro pessoas e o outro de uma. Anjem Choudary, repulsivo iman inglês (?), apologista e apoiante de terroristas, avisou Sean Hannity há menos de um mês que a Sharia seria imposta nos EUA, pelo que os «infiéis» deveriam inquietar-se… Entretanto, na administração de Barack Obama, nomeadamente por John Kerry, e mesmo depois do discurso do presidente, continua a não se querer utilizar a palavra «guerra» para caracterizar o combate ao ISIS… O que se compreende: isso implicaria pedir autorização ao Congresso e, simultaneamente, admitir que George W. Bush tinha toda a razão em 2007 quando antecipou o que poderia acontecer no Iraque em caso de retirada total e/ou prematura dos militares norte-americanos. As previsões são agora «factos teimosos» que John McCain recordou a Jay Carney.)     
(Segunda adenda – O ressurgimento do terrorismo islâmico já é suficientemente mau e preocupante, mas pode-se sempre contar com os democratas para o piorarem… quanto mais não seja através do desleixo e da demagogia. Barack Obama, aparentemente, não tem qualquer problema em recorrer a um dispositivo legal implementado por George W. Bush… que ele não só condenou como também tentou revogar enquanto senador. E que dizer das suas divagações enquanto «conselheiro do ISIS»? Mais ou menos afrontosas do que «comemorar» o 11 de Setembro com uma associação chamada «Kaboom»?)

3 comentários:

Lura do Grilo disse...

Uma tragédia, um povo anestesiadoe parcialmente embrutecido e um presidente nas mãos não sei de quem.

Chega a ser assustador

OCTÁVIO DOS SANTOS disse...

Anestesiado e embrutecido, sem dúvida: por muitos anos de esquerdismo na comunicação social, no entretenimento e, principalmente, no ensino.

Diogo disse...

«11 de Setembro já não é apenas sinónimo de um ataque terrorista contra os Estados Unidos da América mas sim de dois.»

Octávio, leia isto:

Há males que vêm por bem... e que rendem lucros incomensuráveis aos complexos militar-industriais privados...

É de ir às lágrimas...