terça-feira, 5 de novembro de 2013

Escândalos à escolha (Parte 3)

(Três adendas no final deste texto.)
Indo directamente ao assunto (principal), ao que (mais) interessa, sem «preliminares» nem rodeios: a CGI, empresa que obteve a empreitada, a que foi atribuído o projecto de produzir o sítio healthcare.gov, a partir do qual todo o processo de aplicação do Affordable Care Act, ou «ObamaCare», se inicia, tem como vice-presidente Tony Townes-Whitley, uma amiga e ex-colega de universidade de Michelle Obama; as duas, enquanto estudantes, estiveram envolvidas em actividades radicais, promovendo a visita de um extremista palestiniano e entrando em conflito com colegas judeus; já adultas, ambas (re)encontraram-se na Casa Branca com os respectivos maridos.    
Mesmo que o sítio tivesse funcionado bem desde o início, que nunca tivesse registado os muitos e graves problemas que o têm de facto afectado, isso em nada diminuiria a gravidade desta «ligação perigosa» que agora foi revelada. Os mais «ingénuos», e/ou os aduladores habituais e impenitentes, poderão dizer que tudo não passa de uma coincidência. Porém, eles que respondam a esta pergunta: por que motivo a tarefa foi entregue a uma companhia canadiana – ainda por cima com um «mau currículo», que inclui uma gestão deficiente dos fundos de apoio às vítimas do furacão Sandy – em vez de para uma das várias e excelentes, com provas dadas, empresas norte-americanas de alta tecnologia? E, para cúmulo, por «ajuste directo», sem concurso público? Tal como no famigerado «caso Solyndra», estamos perante mais um exemplo de «crony capitalism», em que amigos, apoiantes e/ou familiares são agraciados como compensação pela sua fidelidade e/ou por «serviços prestados». Numa palavra: corrupção.
Este (novo) escândalo, mais um de muitos a conspurcar Barack Obama e a sua administração, mais não é, no entanto, do que uma parte de outro escândalo maior que é… a própria lei, o próprio «ObamaCare», a sua forma e conteúdo, como foi elaborado, apresentado, votado e implementado. E nesse processo ressalta neste momento, e com cada vez maior evidência, não apenas a incompetência de Kathleen Sebelius, secretária da Saúde e dos Serviços Humanos, (ir)responsável nominal pelo programa, e que, enquanto governadora do Kansas, acumulara um «cadastro» pessoal deplorável em termos de gestora de projectos de tecnologias de informação que a desaconselharia para o cargo e para a função; ressalta principalmente a enorme mentira que o próprio presidente repetiu dezenas de vezes: a de que «se gostar do seu plano de saúde poderá mantê-lo». Milhares, milhões de norte-americanos sabem agora que tal não é verdade, ao receberem cartas das suas seguradoras avisando-os de que as suas apólices foram canceladas – e as que são propostas em substituição são muito mais caras. Uma vez mais, os «suspeitos do costume» poderão dizer que ele não sabia, que exagerou, que é daquelas coisas que se dizem para ganhar eleições… Todavia, também se sabe agora que estudos, estimativas, projecções, do governo federal já avisavam para a possibilidade de muita gente ficar sem a protecção que escolhera. Até Bill Maher e Clarence Page concordam que ele não disse, deliberadamente, a verdade.
E que faz Barack Obama? Reconhece que errou? Que mentiu? Não, pelo contrário, insiste e insulta mais, novamente, de maneira diferente, os seus compatriotas. Agora ele (e os seus comparsas) culpa(m), além dos republicanos(!), não só as companhias de seguros – que foram obrigadas a mudar as apólices existentes porque não cobriam todas as exigências estipuladas (e estúpidas) pelo ACA (como idosos a terem de pagar por concepção e maternidade) – mas também os próprios cidadãos que informam, denunciam e se queixam de que os seus seguros, que eles escolheram, que eles queriam, foram anulados; eles, segundo o Sr. Hussein, é que estão a «enganar exageradamente» («grossly misleading»)! Entretanto, o «if you like your plan you can keep it» - porque, afinal, «no, they can’t» - foi alterado, «actualizado», para «just shop around in the new marketplace». Aliás, ele alega que nem fez aquela promessa… tal como a fez: havia um «se»… que mais ninguém ouviu, a não ser ele! Isto já é mais do que completo descaramento, do que não ter qualquer vergonha na cara; é, como diz Charles Krauthammer, «viver num universo (paralelo) em que a retórica se sobrepõe à realidade»; o mesmo acontece com alguns «jornalistas» que insistem que a actual administração é «livre de escândalos»!
O «ObamaCare» tem pelo menos a «vantagem» de dar uma nova – e correcta – perspectiva do recente shutdown do governo federal. Recorde-se que os republicanos foram – aliás, continuam a ser – acusados de encerrar o governo… o que não é verdade. Mas, fossem ou não, nesse processo o seu objectivo era que não se implementasse, primeiro, e que não se financiasse, segundo, o «ObamaCare»; depois, queriam apenas adiar o mandato individual, isto é, a obrigação de inscrição/aquisição de seguro de saúde sob pena de se pagar uma multa; enfim, os «malandros» dos «elefantes» foram vencidos e lá se «reabriu» o governo – na verdade, nunca esteve fechado – e o Affordable Care Act seguiu o seu curso. Só que este revelou-se, obviamente, um desastre. De dimensões colossais. Com um custo – ou seja, desperdício de dinheiro – no valor, para já, de um bilião de dólares… por um sítio na Internet! A enorme anedota – de mau gosto, sem graça – que é o ACA (só a designação «affordable» já é uma piada) conseguiu ser mais ridícula do que um sketch do «Saturday Night Live», em que se acertou no número de pessoas inscritas no primeiro dia: seis! E agora, ironia das ironias, são vários os democratas que, aparentemente, estão a transformar-se em tea partiers «racistas, extremistas e raptores» ao quererem, também, o adiamento da entrada em vigor da lei! O «problema» é que todos os «burros» votaram, antes, contra todas as tentativas de adiamento propostas pelos republicanos…
A nível interno, é a acelerada desagregação: como se não bastasse a catástrofe que é o «ObamaCare», o Nº 44 e os seus cúmplices têm de se haver com novas revelações, reportagens, relatos, relativos a outros escândalos, como (a reacção ao ataque a) Benghazi e o (tratamento discriminatório dado a organizações conservadoras pelo) IRS – como eu já referi antes, são «a morte e os impostos», os dois mais graves, mais revoltantes, a comprometerem a actual administração. A nível externo, e como admitiu Jon Stewart depois de mais algumas sessões pueris de ataque ao GOP, «todos nos odeiam». O que está longe de ser um exagero, se «somarmos» aos ataques com drones as escutas realizadas em diversos países, incluindo a chefes de Estado de países aliados… e até o próprio Papa! Nem a Arábia Saudita quer mais ter um relacionamento diplomático privilegiado com a América de Obama! Que é feito da ideia, da promessa «obamista» de que o Mundo iria gostar mais dos EUA depois da saída de George W. Bush? Onde isso já vai…
Como realçou Bill O’Reilly, há um padrão no comportamento de Barack Obama e da administração: face a vários erros e escândalos, ele promete quase sempre que vai investigar a fundo, que as responsabilidades serão atribuídas… o que nunca acontece. O que, em última instância, pode dar – e tem dado – origem a todo o tipo de abusos. Ou, numa palavra, ao socialismo. E acaso é credível a «teoria» de que ele nada sabe, ou que é o último a saber? A mais bem-humorada síntese deste estado de coisas talvez tenha sido dada por Jay Leno: a melhor solução seria colocar os técnicos da NSA a gerir o «ObamaCare» e o sítio healthcare.gov… porque, afinal, eles já têm todas as informações sobre toda a gente!
(Adenda – O «problema» com os escândalos é que, quando começam a afectar determinado indivíduo ou instituição, parecem replicar-se, multiplicar-se. E com Barack Obama e a sua administração, com o Partido Democrata, as «broncas» não têm fim. Eis mais uma: 100 mil dólares foram pagos por ajuste directo à SS+K, uma empresa de comunicação onde trabalham antigos colaboradores do presidente, pela concepção e consecução do programa «Let’s Move». É outra «prenda para amigos» que, porém, parece insignificante quando comparada com mais uma alteração ao ACA para que os sindicatos não sejam (tão) prejudicados pelas taxas inerentes ao «ObamaCare», cujos respectivos sete «factos devastadores» podem agora ser enunciados. Entretanto, mais uma prova surgiu de que o Sr. Hussein mentiu conscientemente quando garantiu que quem quisesse manter o seu seguro de saúde o poderia fazer: numa reunião em 2010 com congressistas republicanos admitiu que entre oito a nove milhões de pessoas teriam de alterar a sua cobertura. Já Max Baucus, senador democrata, parece querer juntar-se aos «extremistas, inimigos domésticos e terroristas», pois sugeriu que o sítio healtcare.gov fosse fechado… sim, «shut it down»!)
(Segunda adenda – David Limbaugh pergunta: quem cometeu a maior fraude, Barack Obama ou Bernard Madoff? A resposta é indiscutível… Entretanto, na MSNBC e no New York Daily News continua a demonstrar-se que os seus «jornalistas» se integrariam perfeitamente na televisão da Coreia do Norte.)
(Terceira adenda – Até já Bill Clinton critica abertamente Barack Obama, afirmando que o Nº 44 deveria «honrar o compromisso que fez» de os norte-americanos poderem manter o seu seguro de saúde se gostassem dele! E Kurt Schrader, representante democrata pelo Oregon, considera que o presidente «enganou exageradamente» («grossly misleading») os seus compatriotas; falta pouco para lhe chamar «mentiroso». Entretanto, Sean Hannity perguntou a Ellen Qualls, ex-conselheira do Sr. Hussein e de Nancy Pelosi, e que duvida da qualidade das apólices canceladas, se ela é ou não «pró-escolha».) 

2 comentários:

Fernando disse...

Atão? Onde está o post desta semana? Já não conseguimos passar sem ele!!!

OCTÁVIO DOS SANTOS disse...

Calma! Isto não é (eu não sou) uma máquina! ;-) Tenho outras coisas para fazer. Mas muito obrigado pelo interesse e pela expectativa. Tentarei, durante esta semana, e se possível até sexta-feira, colocar um novo texto. E, enquanto espera, o Fernando pode ler entradas anteriores que eventualmente ainda não conheça. Desde 2009 que há bastante por onde escolher...