O
Obamatório foi criado, como já o referi e aliás está explicito no seu
cabeçalho, para (tentar) contrabalançar, equilibrar, o desvio constante na
(des)informação, em quase todos os órgãos de comunicação social em Portugal,
sobre a política (e também a sociedade e a cultura) nos Estados Unidos da
América, a favor do Partido Democrata e em desfavor do Partido Republicano. Não
há que negar que não tem tido muito sucesso nesse âmbito, também porque já foi, ou é, activamente discriminado. Porém, não sou arrogante e pretensioso ao
ponto de acreditar que só eu e que só este blog – ou qualquer pessoa e qualquer
blog, isoladamente – fariam uma (grande) diferença…
…
Tanto mais que a qualquer leitor, a qualquer consumidor de notícias e de
opiniões, cabe igualmente a responsabilidade, o dever de questionar tudo o que
lhe põem à frente como facto. E são tantos os disparates, tantas as distorções
que continuam a escrever-se em português sobre a situação nos EUA, que as
desculpas são cada vez menos e menores. Veja-se, por exemplo, um artigo de
Mário Vieira de Carvalho, identificado como «professor catedrático jubilado da
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade de Lisboa», e que
afirma que «tão
levianamente radical como o discurso de (Pedro) Passos (Coelho), nos dias de
hoje, só mesmo o do Tea Party nos EUA. Este ainda não chegou à Casa
Branca, mas já se instalou em S. Bento.» Aliás, o título do artigo é mesmo «O Tea Party em S. Bento». Quão mau é o estado do ensino superior em Portugal que
alguém que acredita, e escreve, (n)uma tal parvoíce consegue chegar ao topo da
carreira docente? No entanto, há quem faça, e seja, pior… e, obviamente, tinha
de ser Mário Soares. Não é insólito – sabendo como ele se tem comportado nos
últimos anos – que ele tenha escrito, e que acredite, que «Barack Obama, um
político de uma inteligência e visão extraordinárias, fez baixar o preço do
petróleo por toda a parte, tentando ao mesmo tempo limitar a fúria dos oceanos
e a consequente formação de gelo que este ano, exce(p)cional, atingiu as duas
costas dos Estados Unidos e outros continentes». O que é insólito é que,
aparentemente, ninguém na fundação com o seu nome, nenhum assessor ou
colaborador, e, enfim, ninguém no Diário de Notícias tenha dado a entender ao
ex-presidente da república que aquele excerto era, e é, de uma enorme estupidez
e de um ridículo atroz.
Como é
evidente, há mais quem se dedique a criar uma versão alternativa, adequada à
sua ideologia e aos seus delírios, dos EUA, e que, não sofrendo (ainda) da
senilidade patética de outros, opte por mentir insidiosa mas descaradamente,
talvez confiante de que ninguém saberá, ou se atreverá, (a) desmascará-lo. É o
caso de Eduardo Pitta, que, incansável no seu activismo homossexual, no qual,
aparentemente, vale tudo, escreveu que «a lei estava aprovada desde o ano
passado, mas só hoje entrou em vigor na Flórida, tendo-se realizado já os
primeiros casamentos entre pessoas do mesmo sexo», e que «na Carolina do Sul a
lei também foi aprovada, mas ainda não entrou em vigor.» Eis a verdade: na
Carolina do Sul não foi aprovada ainda qualquer lei, num sentido ou noutro, e
na Flórida foi efectivamente aprovada uma… mas proibindo o «casamento» entre
pessoas do mesmo sexo; todavia, escandalosa e incompreensivelmente, e à
semelhança do que tem acontecido em outros Estados, a decisão legítima tomada
directamente pelos eleitores ou indirectamente pelos seus representantes foi,
no «Sunshine State», revertida por um juiz. Que ninguém se iluda com
a lista que o Pitta apresenta: 31 Estados já votaram contra a redefinição do casamento. Alguém minimamente conhecedor da realidade dos EUA alguma vez acreditaria
que a maioria dos cidadãos, por exemplo, do Alaska, do Idaho, do Oklahoma e do
Utah concordaria com uma tal mudança? Nem na Califórnia isso aconteceu! Pelo menos
no Alabama há quem não esteja, e muito bem, disposto a curvar-se e a aceitar decisões judiciais
não democráticas e mesmo ditatoriais.
Eduardo Pitta
não permite comentários no Da Literatura, pelo que a sua manipulação
propagandística não pode ser lá confrontada. Contudo, outros blogs há em que
tal restrição não é colocada, e em que, quando tal se justifica, eu posso continuar
a denunciar e a questionar as incorrecções que neles surgem. Foram os casos,
neste último ano (e por ordem cronológica), de: Malomil (um, dois); Estado Sentido; Aventar (um, dois, três); Delito de Opinião (um, dois, três, quatro,
cinco, seis); Prosimetron; Corta-Fitas. Incorrecções essas em temas que vão
(ainda!) da Guerra do Iraque ao restabelecimento de relações diplomáticas com
Cuba, passando pelo controlo de armas e pela corrupção.
Tenho
perfeita consciência de que o meu esforço é pouco menos do que inglório. Afinal,
trata-se de contrariar (maus) hábitos há muito tempo instalados, em que os
«bons» e os «maus» estão previamente determinados e continuam a ser os mesmos. Inclusive
quando se fala, não do presente, mas do passado: regularmente, lá vem mais uma
«notícia» de como Ronald Reagan – ou, no caso, Nancy Reagan – era «estúpido(a)» ou até «cruel», mas não se vêem nos órgãos de comunicação social portugueses
(e, se eu estiver errado, façam o favor de me corrigir) referências às acusações de violação de que Bill Clinton foi, e é, alvo. «Descansem» todos, porém, porque essas
referências, e outras igualmente «incómodas», continuarão a ser feitas aqui.
2 comentários:
E faz muito bem!
Não pense que o seu trabalho não é apreciado. Passo por cá frequentemente para o ler com o maior agrado.
A imprensa portuguesa está prisioneira de uma ideologia que imensos prejuízos tem trazido à nossa nação. Não há jornalismo, porque tal coisa implica independência e procura da verdade.
Os informativos das TV's são distorções bizarras da realidade e destinados a confundir em vez de informar.
O Marxismo cultural domina arrasadoramente todos os mídia.
É preciso o cidadão dar-se ao trabalho de destrinçar a verdade da manipulação e isso implica tempo e busca na Net. A maioria dos portugueses, devido a obrigações profissionais e familiares ou porque já estão formatados neste Matrix que vigora há 40 anos, não o faz e embarca na manada que elege os Sócrates e enche a AR com comunistas que nada mais fazem que semear o caos na economia, na educação e a minar tudo o que pode levar o país à recuperação da catástrofe das políticas socialistas.
Todo o mérito para o Obamatório e restante blogosfera que ruma contra esta maré vermelha.
Cumprimentos
Obrigado pelas suas simpáticas e generosas palavras, Neo. É o seu continuado interesse, e o de outras pessoas, que representa um apoio que me dá força e motivação para persistir.
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