(Duas adendas no final deste texto.)
Se não contarmos com Barack Obama, opção constante e inevitável pelo cargo que (imerecidamente) ocupa, a escolha da «personalidade política de 2013» nos EUA só pode ir para Rafael Edward «Ted» Cruz. Aliás, ele esteve entre os «dez finalistas» da revista Time para a escolha da «Pessoa do Ano», que acabou por recair no Papa Francisco. E para muitos nos EUA, entre os quais Glenn Beck, era o compatriota que deveria ter sido o eleito. Num contexto em que são várias as figuras controversas, não subsistem muitas dúvidas de que mais ninguém suscitou tanta discussão e polémica quanto ele neste ano que agora está a terminar.
Se não contarmos com Barack Obama, opção constante e inevitável pelo cargo que (imerecidamente) ocupa, a escolha da «personalidade política de 2013» nos EUA só pode ir para Rafael Edward «Ted» Cruz. Aliás, ele esteve entre os «dez finalistas» da revista Time para a escolha da «Pessoa do Ano», que acabou por recair no Papa Francisco. E para muitos nos EUA, entre os quais Glenn Beck, era o compatriota que deveria ter sido o eleito. Num contexto em que são várias as figuras controversas, não subsistem muitas dúvidas de que mais ninguém suscitou tanta discussão e polémica quanto ele neste ano que agora está a terminar.
Obviamente,
Ted Cruz não é a personagem maléfica que os democratas demagógica e
demoradamente tenta(ra)m construir; na verdade, o novo senador do Texas pelo
Partido Republicano surgiu como o coerente e competente político que de facto
é. E, pormenor da maior importância, não se integrou na «filosofia de comodismo»
que domina em Washington, que afecta ambos os partidos, nem se deixou intimidar
pelos insultos. Que, em crescendo antes, atingiram o seu culminar após o seu
longo – mais de 20 horas! – discurso no Senado feito entre 24 e 25 de Setembro último como forma de protesto contra a implementação do Affordable Care Act. Acusado,
falsamente, de ter sido o principal culpado pelo shutdown que se seguiu àquele,
o posterior descalabro do «grande legado» de Barack Obama mais não fez do que
dar toda a razão a Cruz, e a todos os que o acompanharam na sua (o)posição,
como Mike Lee, Rand Paul e Marco Rubio… Eles merecem um pedido de desculpa; e até
que lhes agradeçam publicamente, pela televisão, em especial Cruz, pela sua
persistência.
Como
com qualquer outra pessoa, nada melhor do que ouvi-lo directamente para se
avaliar a sua personalidade e os seus argumentos… baseados em factos: por
exemplo, entrevistas dadas a Megyn Kelly, Jay Leno, Chris Cuomo e Sean Hannity,
ou um debate com Van Jones. Ted Cruz é articulado, confiante, tranquilo; tem a
força das convicções, mas sabe exprimi-las calma e ponderadamente, além de
recorrer várias vezes ao humor – veja-se aqui e aqui. E tem também a força de
um currículo: apesar de ainda ser relativamente jovem (faz 43 anos de hoje a
uma semana), este diplomado por Princeton e por Harvard (cujo diploma,
imagine-se, alguns alucinados quiseram anular através de uma petição!) tem já
uma carreira jurídica e política assinalável, tanto a nível estadual (foi
solicitador-geral do Texas) como federal – trabalhou na campanha e na
administração de George W. Bush enquanto adjunto do procurador-geral.
São
demasiadas qualidades e experiência(s) que, por isso, assustam muitos do lado «progressista».
Como salientou Noah Rothman, Ted Cruz tem feito «todos os inimigos certos».
Entre os quais estão: Barbara Mikulski, senadora do Partido Democrata pelo
Maryland, que (des)classificou os apoiantes do seu colega como «teabaggers», no
que foi uma inesperada e inadmissível demonstração de «homofobia»; Chris Matthews, que admitiu que Barack Obama enfim encontrou um adversário à altura
(na verdade, Cruz está muito acima…); George Clooney, que ficou em «pânico»
quando (ou)viu o senador pelo Texas ler uma história infantil («Green Eggs and
Ham», de Theodore «Dr. Seuss» Geisel) às suas filhas, o que se «compreende»
porque aquele actor não tem filhos nem quer assumir compromissos familiares; Martin Bashir,
que foi buscar um video de quando Cruz era estudante, e actor de teatro amador,
para lhe chamar – indirectamente – «parasita»; Maureen Dowd, que… se «passou
dos carretos», talvez definitivamente; e Peter King, porque, sim, até no seu
próprio partido o senador pelo Texas tem de lidar com «idiotas (in)úteis».
Filho
de um imigrante cubano opositor à ditadura comunista de Fidel Castro, Ted Cruz
mais não fez do que honrar o seu pai ao sair do estádio de Johanesburgo durante o discurso de Raul Castro na cerimónia em memória de Nelson Mandela – já Barack
Obama cumprimentou o tirano que mantém na prisão o norte-americano Alan Gross.
A diferença entre os dois «colegas» de Harvard não poderia ser maior… Pelo que
tem dito e feito, Ted Cruz é já uma referência. Não receia ser acusado de extremista
por denunciar a tendência da actual administração para cometer ilegalidades sucessivas, e por discutir abertamente a hipótese de uma provável e sustentável impugnação do actual presidente. Avisa que os EUA só têm, talvez, dois anos para evitar um colapso, económico-financeiro e não só. Logo, toda e qualquer
resistência – sustentada nas evidências dadas pelos números (da dívida, do
défice, do desemprego) e na legitimidade dada pelos votos – não é inútil.
O
seu protagonismo teve, e está a ter, consequências. Ann Coulter afirma que o
«cruz control» deveria equipar todos os «futuros modelos» do GOP. Brent Bozell
declara que Ted Cruz, e outros como ele, merece(m) ser apoiado(s) porque já
ficou demonstrado, mais do que uma vez, que os republicanos «moderados» e
contemporizadores para com os democratas pouco mais são do que perdedores que
conduzem o GOP invariavelmente ao fracasso. Matthew Sheffield salienta que o
comportamento e o «método» de Cruz são importantes porque resultam de um
compromisso com aqueles que o elegeram; é assim que a democracia parece e deve
ser. O senador pelo Texas não se importará, pois, de carregar a «cruz» que é a
crença nas suas convicções e na justeza da sua causa e dos seus objectivos…
porque terá sem dúvida muitas pessoas a acompanhá-lo.
(Adenda – Ted Cruz foi apresentado na SIC, aquando do seu «filibuster», como pertencendo à «"fação" (sic!) ultraconservadora dos republicanos», ou seja, ao Tea Party. Sem uma definição imediata do que é um «ultraconservador», e se ele não for ouvido «de viva voz», sem «intermediários», é quase inevitável que o senador pelo Texas seja associado, equiparado, por um telespectador mais desatento, a um «ultra» de uma qualquer claque de futebol, isto é, fanático, intolerante, e até mesmo, quem sabe, violento! Mas, enfim, quem é contra um Estado abusador e gastador – que procede à nacionalização do sistema de saúde, aumentando os custos daquela, colocando em perigo as vidas dos cidadãos pelo cancelamento de (milhões de) apólices de seguros, e prejudicando em simultâneo a economia do país - é, evidentemente, que «horror», um «ultraconservador». Antes um «progressista» incompetente e irresponsável…)
(Adenda – Ted Cruz foi apresentado na SIC, aquando do seu «filibuster», como pertencendo à «"fação" (sic!) ultraconservadora dos republicanos», ou seja, ao Tea Party. Sem uma definição imediata do que é um «ultraconservador», e se ele não for ouvido «de viva voz», sem «intermediários», é quase inevitável que o senador pelo Texas seja associado, equiparado, por um telespectador mais desatento, a um «ultra» de uma qualquer claque de futebol, isto é, fanático, intolerante, e até mesmo, quem sabe, violento! Mas, enfim, quem é contra um Estado abusador e gastador – que procede à nacionalização do sistema de saúde, aumentando os custos daquela, colocando em perigo as vidas dos cidadãos pelo cancelamento de (milhões de) apólices de seguros, e prejudicando em simultâneo a economia do país - é, evidentemente, que «horror», um «ultraconservador». Antes um «progressista» incompetente e irresponsável…)
(Segunda
adenda – Ted Cruz, em (outra) entrevista (mais) recente a Sean Hannity,
expressou a sua surpresa e a sua desilusão por nenhum dos seus colegas
democratas no Senado mostrarem habitualmente vontade e coragem para desobedecer
a Harry Reid. Esperar carácter, personalidade, sensatez, dos «burros»? Algo ingénuo, este texano!)
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