Ontem, 24 de Janeiro, o dia ficou marcado por duas comunicações – uma ao início da manhã na Costa Oeste, a outra à noite na Costa Leste – provenientes das duas maiores terras da fantasia dos Estados Unidos da América: Los Angeles e Washington. Porém, a lista das nomeações para os Óscares de 2012, anunciada pelo presidente da Academia das Artes e Ciências Cinematográficas, conseguiu ter uma maior relação com a realidade do que o discurso do Estado da União de 2012 proferido pelo presidente dos EUA… o que é dizer muito do distanciamento da Casa Branca perante o resto do país, já que os habitantes de Hollywood não são propriamente famosos por conhecerem e por se interessarem verdadeiramente pelas opiniões e pelos problemas dos seus compatriotas – ou, pelo menos, de metade daqueles (a que vota no GOP).
Para a grande (e mais antiga) festa do cinema, e quanto aos candidatos deste ano, aconteceu o mesmo que em outros: algumas ausências previstas, outras nem tanto. Não é de surpreender que Michael Fassbender, por «Shame», não esteja nomeado para melhor actor – os hipócritas de Hollywood são muito «prá-frentex» excepto quando se trata de nudez masculina. Mas já é de surpreender que Leonardo DiCaprio, por «J. Edgar», não esteja – afinal, este filme, escrito pelo mesmo argumentista de «Milk» (Dustin Lance Black, que ganhou um Óscar por aquele), reduz na práctica o impressionante percurso profissional do fundador do FBI à questão de saber se ele era ou não homossexual (aliás, não sou o único a pensar isso). Das outras categorias, e passando pela permanente anedota que é a de «melhor canção», destaque para a de «melhor documentário (longo)»: quando vi que um filme intitulado «Undefeated» estava nomeado exultei por um instante… até perceber que não se tratava de «(The) Undefeated» que é uma biografia de Sarah Palin mas sim de… outro. Sinceramente, alguma vez tal seria possível? Claro que não. Aldrabões como Al Gore e Michael Moore podem ser distinguidos na «Meca do cinema» mas nunca uma mulher conservadora que não aborta o seu filho deficiente.
Quanto à «grande (e mais antiga) festa da política norte-americana», viu-se… a «fita do costume» realizada e protagonizada por Barack Obama: retórica populista e divisiva num discurso que pareceu repetir… perdão, «reciclar» frases e expressões utilizadas anteriormente; como é que se pode levar a sério o seu «empenho» em criar empregos quando ele acabou com o oleoduto Keystone, que poderia proporcionar cerca de 20 mil postos de trabalho? Enfim, mais impostos para os «ricos» e mais «guerra de classes» parecem ser as «linhas de força» do «argumento» do Nº 44 para 2012. Na verdade, bem que ele poderia mudar-se permanentemente para Los Angeles, porque thrillers parecem ser a sua especialidade. É que, apesar de algumas reticências que surgiram recentemente quanto aos apoios financeiros e eleitorais que poderá receber dos «figurões» dos estúdios devido à sua posição ambígua face ao «Stop Online Piracy Act», Obama não deverá deixar de receber esses apoios… porque em Hollywood qualquer dúvida quanto a um democrata é invariavelmente e largamente superada pelo desprezo por um republicano.
De facto, e por vezes, parece que o Sr. Hussein já se está a «treinar» para uma carreira pós-presidência… como na semana passada, ao deslocar-se à (e discursar na) terra da fantasia por excelência que é o Walt Disney World. Newt Gingrich não perdeu a oportunidade de satirizar aquela visita, sugerindo que Mickey e Pateta teriam lugares garantidos na actual administração. Porém, a julgar pelo mais recente anúncio do Partido Republicano, construído como um trailer de um «filme» intitulado «1000 Dias sem um Orçamento», o «entretenimento» produzido pelo Partido Democrata não parece ser dirigido a todas as famílias.
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