quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Sem respostas (Parte 3)

Infelizmente, não é surpreendente: continua a haver em Portugal várias pessoas que, porque não têm capacidades nem conhecimentos mínimos para o fazer correctamente, difundem informações – e opiniões – deturpadas ou até mesmo falsas sobre o panorama político nos Estados Unidos da América. E eu, tanto quanto me é possível, ou, melhor dito, me é permitido, contrario-as.
João Lopes, «jornalista» do Diário (agora semanário) de Notícias mantém-se como um dos mais notórios – e irritantes – reincidentes. Eis as suas duas mais recentes «recaídas», ambas no blog Sound + Vision, que eu lhe «diagnostiquei» por correio electrónico porque aquele continua a não aceitar comentários. A 24 de Agosto, a propósito deste texto, escrevi-lhe que nele «há dois erros relativamente graves: um, David Axelrod nunca foi “procurador federal” mas sim consultor político de Barack Obama; outro, Michael Cohen não foi condenado porque (ainda) não foi a julgamento, ao contrário de Paul Manafort. Estas são falhas normalmente inadmissíveis num jornalista já com muita experiência e anos de serviço... a não ser que consideremos, como “circunstância atenuante”, o facto de esse mesmo jornalista se ter “especializado” em, de abordar quase sempre, temas de cultura, cinema, música. Então, melhor seria não mandar “bitaites” sobre o que não compreende.» Porém, JL mandou mesmo mais «bitaites» desse tipo e, a 9 de Outubro, a propósito deste texto, escrevi-lhe: «Não, não é um “facto” que Brett Kavanaugh protagonizou um episódio de agressão sexual contra ela. O que há, houve, é uma alegação, uma acusação... sem provas; ela não sabe, não recorda, exactamente onde e quando essa agressão ocorreu, a não ser que teria sido, talvez, algures no início dos anos 80; as testemunhas que ela própria indicou não confirmaram a sua versão dos acontecimentos - e, aliás, um ex-namorado revelou que, ao contrário do que foi dito, ela não tem medo de voar de avião nem de estar em espaços pequenos e fechados; e, pior ainda, ela não se lembra, não tem a certeza, de pormenores relativos a eventos recentes, deste ano, acontecidos apenas há algumas semanas ou meses! Portanto, não foi uma acusadora credível. (…) A postura não foi grosseira e não houve gozo, insultuoso ou outro - o Presidente limitou-se a destacar as contradições e as debilidades evidentes no testemunho de Christine Blasey Ford, que eu apontei acima (e várias outras existiram). Agora, verdadeiramente grosseiro e insultuoso foi o comportamento dos democratas - políticos, advogados, “jornalistas”, manifestantes - neste processo. Para eles vale(u) tudo, ou quase: sucessivas acusações - na verdade, calúnias - cada vez mais graves e disparatadas (Kavanaugh seria o líder de um bando de violadores em série!); recusa da presunção de inocência (quem não acreditasse em Ford ou nas outras “vítimas” estaria “contra as mulheres”); intimidação por rufias esquerdistas (muitos deles pagos), por vezes quase a chegar à violência efectiva, a políticos republicanos na rua, em restaurantes, em aeroportos, nas suas casas e até nos próprios edifícios do Congresso, junto aos gabinetes e às salas de audiência! Enfim, e mais uma vez, o João Lopes difundiu “fake news”. Por incompetente (e inadmissível) ignorância ou por intencional, premeditada, malícia, isso é algo que continua por apurar.» Cada vez mais acredito que é por malícia…
Outro caso – inesperado – de persistente falta de sensatez (para não usar outra expressão, mais desagradável) neste âmbito é o de Nuno Gouveia. Com o blog Era Uma Vez Na América estando aparente e definitivamente desactivado, é na sua conta de Twitter que ele comenta também o que se vai passando na grande nação do outro lado do Atlântico. Digamos que tem havido vários motivos para as minhas mensagens se sucederem no último ano. Exemplos? Sobre isto, eu disse: «Se Donald Trump e Jeremy Corbyn são “duas faces da mesma moeda”... então trata-se de “dinheiro” muito estranho. Em relação a Israel e aos judeus, suponho que não há dúvida de que estão em campos opostos. Quanto à Rússia... também: o actual presidente dos EUA não só manteve como aumentou as sanções a Moscovo, forneceu armas à Ucrânia (algo que Barack Obama se recusou a fazer), permitiu que mais de 200 mercenários russos fossem mortos na Síria, exigiu que os outros membros da NATO aumentassem as suas contribuições financeiras (para os mínimos obrigatórios), criticou o gasoduto que liga a Rússia à Alemanha... enfim, um comportamento muito estranho para um “agente do Kremlin”.» Sobre isto, eu disse: «É claro que Donald Trump “adora”, prefere, preconiza, o comércio livre. Aliás, ele desafiou os parceiros do G7, na cimeira realizada este ano no Canadá, a acabarem com todas as tarifas, subsídios e barreiras. Porém, e esse é um aspecto fundamental da sua posição neste âmbito que, "surpreendentemente", não é devida e frequentemente salientado, ele é um adepto do comércio que seja, além de “free”, “fair”, justo; e não há justiça quando os EUA impõem tarifas reduzidas ou até nulas a produtos de países que, por sua vez, “retribuem o favor” aplicando tarifas elevadíssimas a produtos dos EUA; é disto que se trata com as actuais acções da administração norte-americana – “level the playing field”. E, obviamente, o caso pior, mais grave, é o da China, que, deve-se nunca o esquecer, é a maior e a mais antiga ditadura do Mundo. Está o Nuno, com o “tweet” acima, a defendê-la? Com o “Império do Meio” os problemas num comércio que se pretende livre não se limitam à desigualdade de tarifas de importação e de exportação: há a exploração de mão-de-obra (que não tem sindicatos, tribunais e meios de comunicação social verdadeiramente independentes para onde recorrer), as catástrofes ambientais e a violação dos direitos de propriedade intelectual.» 
Nem João Lopes nem Nuno Gouveia responderam às mensagens que lhes enviei assinalando e corrigindo os seus erros em relação ao que acontece nos EUA. Já com John Wolf a situação foi algo… diferente. No Estado Sentido, blog em que colabora, ele publicou em Julho último uma «posta» em que se pode ler o seguinte: «O presidente dos EUA entregou o Uncle Sam a Putin. A loucura a que assistimos é inédita na história dos EUA. A negação categórica do envolvimento russo no processo eleitoral americano (não obstante a reunião de provas realizada pelo special counsel Robert Mueller), o ataque aos serviços de inteligência dos EUA, ao próprio sistema de justiça, e às demais instituições de credibilização democrática dos EUA deve ser interpretado sem reservas como um acto de traição. Servindo-nos de uma lógica relativamente simples, tudo isto significa que Putin dispõe de meios para eleger presidentes norte-americanos, mas também para deselegê-los. (…) The russians aren´t coming. Já lá está o Trump.» Inseri, na caixa respectiva, o comentário seguinte: «”Parabéns”, John Wolf! Creio que, com este texto, você alcançou um novo “recorde” no maior número de disparates com o menor número de palavras.» Porém, ele não foi autorizado e publicado, apesar de outros dois, anónimos, o serem. Pois, há quem não goste que as suas parvoíces sejam apontadas…

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