segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Perder a paciência

(DUAS adendas no final deste texto.)
Afinal, sempre vai haver «boots on the ground» norte-americanas no Iraque contra o ISIS: ao pedir (com atraso) ao Congresso autorização formal para combater o ISIS (algo que não fez em relação a outras intervenções no estrangeiro), Barack Obama, para todos os efeitos, anunciou-o. Depois de dizer que isso não aconteceria. Depois de ter retirado practicamente todas as tropas terrestres do Iraque, na ilusão («wishful thinking») de que «a guerra tinha terminado». Depois de, desse modo, assim ter criado as condições para a expansão daquele exército terrorista, que continua a matar pessoas inocentes e indefesas, não só cristãos mas também outros muçulmanos, às dezenas, às centenas, aos milhares, com cada vez maiores requintes de malvadez.
Este «arrepiar caminho», este (aparente) arrependimento de uma (má) decisão anterior será suficiente para desmentir as análises de Charles Krauthammer, de Chuck Todd e de Bob Woodward, e de outros, que concluíram pela inexistência de um verdadeiro plano por parte do Nº 44 e da sua equipa para combater eficazmente e destruir efectivamente os cruéis homens de negro? O comentador da Fox News afirma que tudo o que Barack Obama faz é no sentido de minimizar o que está a acontecer e de impedir («hold us back») uma (mais forte) reacção dos EUA. O apresentador da NBC reconhece que não parece existir uma estratégia de segurança nacional na actual administração. E o (veterano, prestigiado, famoso, premiado, não conservador) jornalista do Washington Post, além de concordar que não existe uma autêntica estratégia para derrotar o ISIS e que a Casa Branca se limita a «microgerir»micromanages», isto é, vai reagindo no imediato, no dia a dia, ou nem isso), revela que há a agravante de os militares estarem perturbados por Susan Rice lhes dizer como devem lutar!  
Porém, e como que para «contrariar» o cepticismo que se verifica tanto à esquerda como à direita, afinal há – foi apresentada – uma estratégia de segurança nacional (com implicações na política externa e na defesa). Cujo título, e principal conceito, é (o de)… «paciência estratégica». Não, não é uma piada, uma mentira de 1º de Abril antecipada ou um engano, um erro… é mesmo assim. No documento é dado destaque, e prioridade, ao combate à «discriminação» das pessoas LGBT e às «alterações climáticas». Aliás, o «aquecimento global» - que, nunca é de mais lembrar, é uma ficção, uma fraude – é encarado por Barack Obama como uma ameaça mais grave e mais urgente do que o terrorismo islâmico (expressão que, de resto, ele continua a não utilizar), e isso foi confirmado pelo próprio numa entrevista recente concedida ao órgão-de-propaganda-disfarçado-de-sítio-noticioso-vanguardista que é o Vox. A preocupação com o ambiente demonstrada pelo Sr. Hussein só vai, no entanto, até um certo ponto… não é suficiente para o demover de ir jogar golfe a uma região da Califórnia afectada pela seca.
Mais do que isso, qualquer iniciativa que pretenda convencer a opinião pública de que esta administração se preocupa seriamente, constantemente, com a segurança fica desde logo comprometida com o espectáculo ridículo (dado, disse-se, para promoção do «ObamaCare») do Nº 44 a brincar num vídeo do Buzzfeed, fazendo caretas para um espelho, fingindo que está a jogar basquetebol e brandindo um «selfie stick» - tudo adequado ao narcisista empedernido de que já não restam dúvidas de que ele é. Entretanto, no Iémen, país que a actual administração não há muito tempo apontava como um sucesso das suas políticas de cooperação contra o extremismo, a embaixada dos EUA foi evacuada na sequência de um golpe de Estado.
Muitos já perderam a paciência para com um presidente cuja atitude é (tristemente) simbolizada por uma sua porta-voz que afirma que «todos deveríamos estar a gritar quão terrível» é a violação sistemática dos direitos humanos cometida pelos elementos do ISIS. Há os que não se resignam a serem vítimas e que, por isso, encontram um amigo, e um aliado, em George W. Bush. Que não hesita em, na medida das suas possibilidades, em procurar ajuda. Porque, indubitavelmente, «o mal é real».
(Adenda – A «paciência» que esta administração demonstra ter é mesmo muita, mas o seu valor estratégico não parece ser elevado. De facto, Barack Obama é «paciente» - e crente – ao ponto de tomar como certa a «garantia» de Ali Khamenei de que obter uma arma nuclear seria (é) contrário à fé islâmica. Por sua vez, Marie Harf, segunda porta-voz do Departamento de Estado, acredita mais em proporcionar empregos aos terroristas do que em simplesmente aniquilá-los; e, depois de criticada por esta «ingenuidade», defendeu-se citando George W. Bush… favoravelmente. Entretanto, Eric Holder, ainda à espera de ser substituído, continua a ter disposição para censurar a Fox News… mas não, aparentemente, para admitir que os EUA estão em guerra com o ISIS. Representantes deste não terão, tudo o indica, estado presentes na cimeira contra o «extremismo violento» que a Casa Branca organizou esta semana, mas figuras com ligações a outras organizações islâmicas radicais terão efectivamente participado. E ouviram Joe Biden, quase de certeza na sequência das alusões (negativas) do seu chefe às Cruzadas e à Inquisição, lamentou a existência de «milicianos e de supremacistas de direita» que practicam a violência «em nome da Bíblia». Enfim, são tantas as hesitações, os eufemismos e as contradições evidenciadas pelo Sr. Hussein e pelos seus camaradas que até na MSNBC há quem já tenha perdido a paciência.)
(Segunda adenda - «Estratégica» ou não, é muita a «paciência» que a actual administração tem… para com os terroristas. Ao ponto de, através do Pentágono, revelar os potenciais planos do ataque ao ISIS. De não ter convidado para a cimeira sobre «extremismo violento» nem o director do FBI nem muçulmanos «moderados». De continuar a considerar que norte-americanos… de direita constituem uma ameaça tão grande ou maior do que islâmicos fanáticos – o que está em consonância com a circunstância de Marie Harf ter escrito uma tese universitária que afirma que o apoio dos conservadores a Israel dificulta a política externa dos EUA. Pelo que não é de surpreender que o Departamento de Estado, agora liderado por John Kerry, peça ao público, através do Twitter, «soluções para enfrentar o extremismo violento»… que, obviamente, os «extremistas violentos» também podem ler.          

3 comentários:

Unknown disse...

O senhor acha que as atitudes desastradas da administração Obama, irá respingar na candidatura de Hillary?

Outra pergunta: Walker parece, neste momento, o favorito para as primarias; você acha que ele tem condições de superar Jeb e o seu caminhão de dinheiro? E Também conseguir unir o Establishment e a base conservadora?

OCTÁVIO DOS SANTOS disse...

Obrigado pelas perguntas, Fernando, e eis as minhas respostas...

Primeira... sem dúvida: enquanto secretária de Estado (ministra dos Negócios Estrangeiros) de Barack Obama durante o primeiro mandato daquele, ela é co-responsável pelos desastres que se sucederam, e que se vão agravando, na política externa norte-americana, e que incluem, entre outros, o surgimento do ISIS, o expansionismo da Rússia, o apaziguamento com o Irão e o distanciamento em relação a Israel... Porém, Hillary não «precisa» das asneiras de Obama (ou feitas com Obama) para prejudicar a sua (eventual) candidatura: são muitos os «esqueletos no armário», os escândalos, que ela e o marido acumularam ao longo dos anos.

Segunda... sim, tem: as pessoas com dinheiro preferem apostar num vencedor, e Scott Walker é um: ganhou três eleições em quatro anos num Estado (o Wisconsin) que continua a ser fortemente democrata. Quanto mais conservador for o candidato do Partido Republicano, mais motivados ficarão os eleitores de direita para votar. E Jeb Bush prejudica-se a ale próprio por ser «suave» na questão da imigração ilegal, e por não ver grande mal no denominado «Common Core». No entanto, o nomeado pelos elefantes em 2016 poderá não ser um destes dois...

Neo disse...

Tem razão.
Não há pachorra. Habitualmente não dou grande importância à cerimónia de entrega dos óscares. Desta vez, nos preliminares fiquei logo enjoado. A CNN tinha um convidado a perorar sobre o desequilíbrio entre brancos e negros candidatos às estatuetas.
Foi demais. Mudei de canal. Isto já nada tem a ver com cinema.