quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

… E chama-se Salazar!

Em 2012 Richard Mourdock e Todd Akin, candidatos do Partido Republicano ao Senado dos EUA pelos Estados, respectivamente, do Indiana e do Missouri, fizeram durante as suas campanhas afirmações graves, controversas, ofensivas, e a propósito do mesmo tema.
O primeiro afirmou que uma criança nascida em consequência de uma violação, e apesar de esta ser uma «situação horrível», seria algo que «Deus teve a intenção que acontecesse». O segundo afirmou que «se é uma violação legítima, o corpo feminino tem maneiras de desligar toda a coisa» - isto é, de impedir a gravidez. A reacção na comunicação social e na política norte-americanas foi, previsivelmente, tremenda. Mourdock e Akin foram, correctamente, criticados e (moralmente) condenados. Mais, e pior (para eles), perderam justamente as suas eleições. Ainda mais, e ainda pior (para outros), as suas derrotas contribuíram decisivamente, e injustamente, para que o GOP não obtivesse a maioria de lugares no Senado e para que Mitt Romney – que repudiara aquelas declarações de ambos – não ganhasse a Barack Obama e assim se tornasse presidente.
Estamos em 2013, e esta semana um representante estadual (do Colorado) do Partido Democrata, num debate sobre gun control e em que, não surpreendentemente, defendia uma maior restrição no porte («concealed carry») de armas por parte de cidadãos, «justificou» a proibição do uso daquelas em universidades porque as mulheres «não sabem se sentem que vão ser violadas, se sentem que estão a segui-las, ou sentem que estão em apuros quando na verdade não estão». Em suma, elas não são capazes de raciocinar e de tomar decisões, mesmo que instantâneas, e, logo, arriscam-se a atirar em alguém sem motivo. E não são precisas armas quando existem «telefones em caixas» (call boxes), «zonas de segurança» e… «apitos» (!!) E este «especialista»… chama-se Salazar! Joe Salazar! E na Universidade do Colorado há mais quem concorde com ele, porque, para além dos - «eficazes» - meios de «defesa» mencionados acima, aquele estabelecimento de ensino superior aconselha as eventuais vítimas femininas a descalçarem-se (para correrem mais depressa), gritarem, urinarem, vomitarem e/ou alegarem que estão doentes e/ou em menstruação! Podem e devem fazer tudo, excepto recorrer a uma arma contra um qualquer criminoso que as ameace! Porque, para um «liberal progressista», antes violada(o) e/ou morta(o) do que membro da National Rifle Association! Antes uma vítima indefesa dependente - e à mercê - do Estado do que um(a) cidadã(o) independente e auto-suficiente (pelo menos na sua segurança)!
Confrontada com a notícia de que Joe Salazar tinha, posteriormente, pedido desculpa pelas suas afirmações, Laura Ingraham replicou: «Paciência. Akin também pediu.» Antes, ela interrogara(-se): «Onde estão as feministas todas (que ainda não condenaram Joe Salazar)?» Provavelmente, a prepararem-se para apoiar a mais recente, «urgente» e «relevante» proposta de Andrew Cuomo para o Estado de Nova Iorque de que ele é governador: eliminar restrições ao aborto tardio (late term abortion), isto é, permitir a «interrupção voluntária da gravidez» até aos nove meses. Uma posição que – nunca será demais lembrá-lo – é partilhada por Barack Obama.  

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