segunda-feira, 23 de maio de 2016

Suicídio colectivo

(Três adendas no final deste texto.)
Um dos contos que integram o meu primeiro livro a ser publicado (em 2003), «Visões», intitula-se «Decreto-Lei Nº 54», e descreve, sob a forma de uma (obviamente) fictícia nova norma emanada de um qualquer governo e utilizando – ou tentando utilizar – uma «linguagem político-jurídica» que habitualmente caracteriza os textos inseridos no Diário da República (aliás, foi daí que eu retirei a inspiração, a ideia, neste caso), a criação de uma nova instituição estatal, incluindo os seus motivos e os seus objectivos: o «Instituto de Apoio ao Suicídio», abreviadamente… e apropriadamente designado de «IAS».
Aquele meu texto pretendeu ser (mais) um «exercício de absurdo» em que a minha obra de estreia é de facto pródiga, e que António de Macedo, na sua introdução-prefácio, tão bem descreveu. Então, e até recentemente, acreditava que tal entidade, ou actividade, só poderia existir no domínio da (mais distorcida, ou retorcida) imaginação. Porém, seria previsível que a – verdadeiramente «sinistra» - esquerda «liberal» e «progressista» norte-americana, agrupada principalmente no Partido Democrata, mais tarde ou mais cedo, e à semelhança de outros conceitos «fantásticos» (?), de outras «utopias que na verdade se revelam depois serem distopias, faria os possíveis e os impossíveis para a tornar realidade.
E assim foi… na Califórnia, como não podia deixar de ser, terra onde nenhuma loucura é inaceitável, Estado que cada vez mais se afigura como uma gigantesca Disneyland de depravação: o Departamento de Saúde Pública do (cada vez mais «nublado») «sunshine state» decidiu criar, na sequência da aprovação do «End Of Life Option Act», uma linha telefónica gratuita que tem como objectivo prestar informações sobre como… pôr termo à vida; além disso, a California Medical (uma versão estadual do Medicaid) poderá pagar, a cada doente com comprovados menores recursos financeiros, até 5400 dólares para aquisição das substâncias químicas (porque «medicamentos» parece-me ser uma palavra desadequada aqui) necessárias para provocar a morte. No total, cerca de 2,3 milhões de dólares do orçamento californiano para 2016 est(ar)ão reservados para aquela despesa «eutanasiante» (e quiçá… entusiasmante para alguns), no que é mais uma iniciativa da equipa do incansável – no mau sentido – governador Jerry Brown…
… Que, efectivamente, não se cansa de multiplicar, com os seus muitos (demasiados) «camaradas» na Califórnia, as formas e os meios que lhes permitam criar as condições para um autêntico suicídio colectivo – e, se não físico, pelo menos, e primeiramente, mental. Na verdade, há que registar ainda a decisão da cidade de Richmond em pagar até 12 mil dólares a ex-presidiários para não cometerem assassínios com armas de fogo. Isto para não falar da proliferação de «cidades-santuário» como São Francisco, em que criminosos que sejam imigrantes ilegais não são entregues pelas autoridades locais às federais para serem deportados – algo que já causou vários homicídios, como o de Kate Steinle, e outros delitos menos graves. Outro factor de autodestruição generalizada, não tanto física mas sim mais financeira, não imediatamente perceptível mas inevitável, inexorável, nos seus efeitos (negativos, como a diminuição do emprego e a estagnação económica), é o aumento – acentuado e não sustentado – do salário mínimo… algo que até Jerry Brown é capaz de entender e de admitir.
A concretização – para já, e de que eu tenha conhecimento, apenas na Califórnia – de um «Instituto de Apoio ao Suicídio» é tão só mais uma demonstração de que aquilo que vários escritores de ficção científica imaginaram corre o risco de se tornar… não ficção; e, infelizmente, os aspectos negativos dessas previsões parecem sobrepor-se aos positivos. No âmbito político e social, estas «inovações» da esquerda americana não vêm apenas comprovar mais uma vez, como se tal ainda necessário fosse, de que o Partido Democrata é a maior e mais antiga organização criminosa dos EUA, que continua a ter como principal missão, e tarefa, a promoção, a prática e a protecção de crime e de criminosos – esta de pagar àqueles para não assassinarem deveria ser suficiente para eliminar as dúvidas que eventualmente permanecessem; também vêm comprovar que, de um modo mais abrangente, mundial, a «sinistra» está apostada em proceder ao aniquilamento gradual da civilização ocidental, para tal recorrendo a métodos directos e indirectos, rápidos e lentos, concretos e simbólicos: massificação facilitada, financiada e incentivada do aborto e da eutanásia; «normalização» e até imposição da homossexualidade em todas as áreas da vida pública; cedência crescente à radical infiltração (demográfica e ideológica) muçulmana; restrição das liberdades de expressão e de associação, em especial (mas não só) nos estabelecimentos de ensino; aplicação de políticas de retrocesso tecnológico e económico alegando como causa o inexistente, fraudulento, «aquecimento global antropogénico».    
A todos os soldados dos novos totalitarismos, qual exército de zombies que nem as – muito criativas – mentes de autores como Aldous Huxley, Anthony Burgess, George Orwell, e outros, conseguiram prever, deve-se pelo menos começar por se dizer o que Nancy Reagan aconselhava que se respondesse aos traficantes de droga: «não». (Também no Simetria.)
(Adenda – Mais anormalidades (e outras se seguirão, evidente e infelizmente) ao estilo «California Uber Alles» (recorde-se que, nesta – premonitória – canção de 1980, os Dead Kennedys atacam Jerry Brown, então na sua primeira «encarnação» enquanto governador, como sendo um aspirante a ditador): o procurador-geral de Los Angeles quer obrigar os centros de gravidez (pró-vida) da cidade a fazerem igualmente promoção do aborto enquanto alternativa e dos locais onde ele é feito; e a Assembleia Estatal quer proibir a utilização de gravações das suas reuniões em anúncios políticos e/ou comerciais, no que constitui uma violação da Primeira Emenda. Ambos estes abusos de poder estão a ser, como seria previsível, contestados em tribunal.)
(Segunda adenda – Uma das «melhores» formas de concretizar um suicídio colectivo é proceder-se ao desarmamento geral dos bons cidadãos, tornando-os indefesos perante criminosos que não obedecem às directivas do «gun control»; infelizmente, mais uma prova disso foi dada esta semana na Universidade da Califórnia-Los Angeles, obviamente uma «gun free zone»… menos para o maníaco que assassinou um professor e que depois se suicidou; porém, para os idiotas do costume, a culpa é sempre da NRA.)
(Terceira adenda – Mais três recentes demonstrações do – mau – carácter degenerado, fascizante e suicidário dos legisladores democratas californianos… eles querem: dar aos presidiários o direito de voto; acusar e levar a tribunal os cépticos do «aquecimento global antropogénico»; e alargar – gratuitamente – a cobertura do «ObamaCare» aos imigrantes ilegais.)

sexta-feira, 13 de maio de 2016

«Hillarity» (Parte 5)

Quem diria, há não muitos meses, que ainda antes de Maio de 2016 as primárias do Partido Republicano para a eleição do próximo presidente dos EUA, que começaram com 17 candidatos e nenhum favorito destacado, já estariam praticamente terminadas, enquanto que as primárias do Partido Democrata, com cinco candidatos e uma favorita destacada, ainda não?
Porém, é esse o real cenário actual: Donald Trump já estava à frente em votos e em delegados, e, após as desistências (formalmente, «suspensões de campanha») de Ted Cruz e de John Kasich, ficou sozinho na corrida e é, pois, o «nomeado presuntivo» entre os «encarnados»; Hillary Clinton continua a ter a (cerrada) concorrência de Bernie Sanders, mas continua a ser apontada como a virtual vencedora entre os «azuis». No entanto, enquanto o milionário continua a ter as suas (muitas) afirmações e acções contraditórias, controversas, duvidosas, quando não ofensivas, devidamente divulgadas e escrutinadas, as da ex-primeira-dama, ex-senadora e ex-secretária de Estado nem tanto. Pelo que novamente no Obamatório se procede a uma inventariação… longe de ser exaustiva dos momentos de «hilaridade» (ou nem tanto) que a campanha da esposa de Bill Clinton – que, definitivamente, não é tão sensata quanto ele, o que é dizer muito – tem proporcionado, em especial desde Outubro último.
E há tanto por onde escolher… sabiam que ela alega que, quando era mais jovem, tentou alistar-se nos Marines, mas foi recusada? Que se riu quando um dos seus apoiantes lhe disse que lhe apetecia estrangular Carly Fiorina? Que deu números errados (pronto, está bem, mentiu…), durante um debate, sobre a quantidade de mortos por armas de fogo? Isto como mais uma forma de apelar a um maior «gun control», apesar de, confirmou-se depois, tanto ela como o marido já beneficiarem há décadas de segurança armada… paga pelos contribuintes. Entretanto, e porque não lhe bastou criar (ou participar n)uma falsa narrativa envolvendo um vídeo (aquele que supostamente causou o ataque ao consulado em Benhazi), decidiu criar (ou participar n)outra, dizendo que Donald Trump estava a ser «usado (mostrado) literalmente» em vídeos de propaganda do ISIS, o que não era verdade.. mas o marido foi; depois, e pior, chamou indirectamente (ou será que foi directamente?) de mentirosos aos familiares das vítimas do atentado na Líbia.     
As fontes do seu financiamento – pessoal, familiar, político – constituem outro factor de perturbação constante para Hillary Clinton e para a sua campanha. Às perguntas sobre se o dinheiro que a Goldman Sachs, e outras empresas de Wall Street, lhe pagaram por discursos não poderia ser considerado excessivo, ela respondeu «foi o que eles ofereceram…» Tal como «não é muito» os 150 mil dólares em contribuições que ela recebeu de companhias de petróleo e de gás… e, de facto, não é, mas para os fanáticos contra as energias fósseis um dólar já seria demais. Já das empresas mineiras de carvão, e respectivos trabalhadores, não é de esperar grandes donativos, pois ela prometeu levá-los à falência. Será por isto também que ela afirma ser, nos EUA, «o (a) funcionário(a) público(a) mais transparente dos tempos modernos»? As funcionárias… privadas da Fundação Clinton não deverão tirar disso grande satisfação, já que ganham em média menos 38% do que os seus colegas masculinos. Mais uma vez, não acreditem quando os democratas se queixarem - acusando frequentemente, em simultâneo, os republicanos - de discriminação salarial. 
Outra constante na campanha de Hillary Clinton – e que quase começa a  parecer uma «maldição» (auto-infligida) – tem sido a de proferir frases que são imediatamente anuladas, ou contraditadas, por acontecimentos passados, mais ou menos remotos. A candidata afirmou que se deve acreditar em todas as mulheres que alegam ser vítimas de violação… e, numa acção de campanha, em Dezembro último, em New Hampshire, perguntaram-lhe se isso também se aplicava às mulheres que acusaram o marido; criticou, em Fevereiro, Bernie Sanders por assentar a sua campanha em promessas sucessivas de «coisas grátis»… mas, antes, criticou Jeb Bush por este acusar os democratas de fazerem isso; ao seu concorrente directo perguntou, em Março, onde é que ele estava nos anos 90, quando a então primeira-dama lutava por alterar o sistema de saúde do país… e a equipa do senador do Vermont respondeu «literalmente, atrás de si»; no mesmo mês, e em entrevista a Chris Matthews, disse que «não perdemos uma só pessoa na Líbia» (!); um dia depois, disse, referindo-se a Donald Trump, que «o nosso comandante-em-chefe tem de ser capaz de defender o nosso país, e não de o embaraçar»… o que levantou a possibilidade de ela também se estar a referir ao marido.         
Tantas falhas de memória e até de conhecimento como que dão razão à sua assistente (e esposa do infame Anthony Weiner) Huma Abedin, que chegou a confidenciar, no início de 2013, numa mensagem de correio electrónico dirigida a uma colega, que Hillary Clint «está (estava) confusa frequentemente». E vários outros exemplos recentes existem dessa… desorientação. Como: afirmar que quer «começar boas coisas antes que aconteçam» (?!); pôr-se a ladrar, literalmente, num comício; garantiu que sempre tentou dizer a verdade e não acredita que alguma vez tenha mentido; e confundiu a Constituição com a Declaração da Independência! E há que não esquecer a sua já longa lista de «flip-flops», de mudanças de opinião e de posição sobre uma série de assuntos. E a pressão vinda da sua esquerda, de Bernie Sanders e dos seus apoiantes, é tal que as «cambalhotas» a levam a extremismos indignos, que incluem: afirmar que os fabricantes de armas transformam cidadãos em terroristas; prometer que serão derrubadas todas as barreiras existentes à obtenção de cidadania por parte de imigrantes, para isso criando, eventualmente, uma nova agência federal para auxiliar ilegais; condenar – na sequência de uma acção em tribunal interposta pela (cada vez mais desprezível) ACLU – uma lei recentemente aprovada no Indiana que proíbe qualquer forma de aborto selectivo.
Para piorar o panorama, alguns dos seus aliados e «camaradas» não a têm propriamente ajudado com as declarações que fazem, com as atitudes que tomam… aliás, em alguns casos, por serem quem são. É caso para dizer: «com amigos destes, quem precisa de inimigos?» Nomeadamente: Lena Dunham, convidada para gerir (durante um dia) a conta oficial de Instagram da candidatura de HC; David Axelrod, que fez pelo menos não uma mas sim duas críticas a Hillary em campanha; Madeleine Albright, que mostrou não ser muito… «bright» ao afirmar que «há um lugar especial no Inferno para as mulheres que não se ajudam umas às outras» - ou seja, neste caso, votar na mãe de Chelsea; Dianne Feinstein, que não soube responder, quando lhe perguntaram numa entrevista, quais os feitos da Sra. Clinton enquanto senadora… até disse a um assessor para pesquisar no Google (!); Peter Schumlin, governador do Vermont e «superdelegado» de Hillary, que negou a asserção daquela de que vêm daquele Estado muitas das armas usadas em crimes cometidos no de Nova Iorque; e até Bill Clinton, que confessou que «às vezes desejava não ser casado com ela para poder dizer o que realmente penso»… embora, o que é um facto, ele já se tenha comportado muitas vezes como se não fosse! De tal forma, aliás, que, segundo um livro publicado em Dezembro último, Hillary obrigou-o a fazer o teste do HIV (ela também o terá feito, e deu negativo para ambos), o que terá tornado verdadeira a piada de Jay Leno
O que já não é de todo hilariante, muito pelo contrário, é a investigação - e não o «inquérito sobre segurança» - que o FBI tem estado a realizar há vários meses sobre a utilização, por parte de HC (e da sua equipa) nos quatro anos que serviu como secretária de Estado, de um servidor privado para enviar, receber e guardar mensagens de correio electrónico contendo informações classificadas, confidenciais, sensíveis, secretas. Juridicamente falando, o «cerco» estará a apertar-se, a «tempestade perfeita» estará a formar-se. Mais detalhes, mais novidades, deverão surgir em breve.               

quarta-feira, 4 de maio de 2016

O «legado horrível»

(Uma adenda no final deste texto.)
Foi há mais de um mês – concretamente, a 21 de Março último – mas merece ser assinalado, e não só porque «mais vale tarde do que nunca»: então, entre o frenesim provocado pela visita a Cuba de Barack Obama e também pelos atentados terroristas em Bruxelas, não terão sido muitos os que se aperceberam do que Bill Clinton disse, e fez, num comício eleitoral da sua esposa em Washington: denunciou, e condenou, o «legado horrível dos últimos oito anos»; que, por «coincidência», são, foram, os da presidência de Barack Obama… e em que Hillary Clinton também participou, enquanto secretária de Estado, ou seja, chefe da diplomacia (… macia ;-)) dos Estados Unidos da América.
Uma semana depois, no Arizona, nova afirmação… surpreendente – ou nem tanto, porque é verdade – do Nº 42: a maioria dos trabalhadores norte-americanos não vê o seu salário aumentado desde 2008; quase ao mesmo tempo, e curiosamente, o principal conselheiro económico do Sr. Hussein como que (involuntariamente) concorda. Mais sete dias se passam, e um ainda mais notável acontecimento ocorre: o ex-presidente dos EUA confronta – e critica – membros do movimento «Black Lives Matter» que haviam penetrado outro comício de Hillary, em que ele participava, para protestarem (ruidosamente), e à semelhança do que já haviam feito em outras ocasiões, contra a ex-senadora de Nova Iorque. O ex-«primeiro presidente negro da América» não se conteve e acusou os manifestantes de serem cúmplices dos que, na comunidade afro-americana, leva(va)m os seus irmãos de etnia ao crime e à destruição familiar. É este o principal «problema» com Bill Clinton: por mais que o queiramos denegrir, detestar, definitivamente, não só, ou não tanto, por ser democrata mas também, e principalmente, por ser um adúltero e abusador sexual, de vez em quando ele sai-se com demonstrações de razoabilidade, de sensatez, como estas mais recentes. Na verdade, e estritamente enquanto político, ele não foi, não é, dos piores; não foi um mau presidente – embora, nunca é demais recordar, tenha para isso beneficiado muito da colaboração de um Congresso então dominado pelos republicanos e que tinha Newt Gingrich como speaker.     
Como seria previsível, depois do «arrufo» com os BLM «Slick Willie» veio de certa forma desculpabilizar-se pelo que disse, atenuar o impacto das suas acusações, retractar-se de algum modo. Tal terá, provavelmente, acontecido por pressão de Hillary, que não pode dar-se ao luxo de desperdiçar um único voto de racistas negros. Aliás, e como que para provar esta suspeita, logo depois de o marido ter falado do «legado horrível», ela veio «esclarecer» que a expressão era dirigida ao Congresso, actualmente e novamente controlado pelo GOP, e não a Barack Obama. Porém, os republicanos só são a força (maioritariamente) dominante há menos de dois anos, e não há oito… Entretanto, e ironicamente, se não é o pai (contra a vontade da mãe) a ouvir a boca fugir-lhe para a verdade, é a filha: Chelsea Clinton lamentou que os custos com a saúde sejam «esmagadores» apesar – ou melhor (pior), por causa – do «ObamaCare»; este, seis anos depois da sua aprovação, acumula falhanços. Virá a Sra. Clinton dizer que também neste caso a culpa é dos «elefantes», não obstante nem um só de entre eles então nas duas câmaras legislativas ter votado a favor da coisa?
Evidentemente, não seria preciso esperar pelas intervenções da família Clinton para se ter a certeza do tipo de «herança» que Barack Obama lega ao país e ao Mundo. O «testamento» é desolador em vários aspectos, como tenho vindo indubitavelmente a demonstrar, logo desde o primeiro dia, aqui no Obamatório. Ainda estão por avaliar completamente – mas tal já começou a ser feito – os estragos que a actual administração causou na (e com a) NASA e no (e com o) IRS, (maus) exemplos extremos do que as «bur(r)ocracias» podem causar. Na comunicação social o panorama é sem dúvida desolador: Brian Stelter é o mais recente jornalista… inclinado à esquerda a afirmar que a actual administração é «a menos transparente de sempre», e até os Repórteres Sem Fronteiras se pronunciam formal e negativamente sobre o que os seus colegas norte-americanos sofrem. Algo que, obviamente, não é divulgado pela «isenta» comunicação social portuguesa, com (lamentável) destaque para as «amestradas» RTP, SIC e TVI, que ao invés, e jovialmente, passam reportagens sobre o recente jantar anual dos correspondentes da Casa Branca, animado desta vez pelo «cómico» Larry Wilmore, que, entre outras inanidades, chamou de «nigga» ao Sr. Hussein… e este gostou! Como notou, e bem, Rush Limbaugh, este episódio demonstra até que ponto, com o Nº 44, a presidência foi «desvalorizada» (ao nível, digo eu, de um «reality-show»), e este é apenas mais um item do «legado horrível».  
Não que BHO, naturalmente (para ele), pense isso. Pelo contrário, ele está convencido da qualidade e da importância do que deixa para trás, e agora está decidido a aproveitar da melhor maneira, e até alegremente, o tempo (felizmente pouco) que lhe resta no Salão Oval. É ver as figuras... tristes que ele fez aquando da cimeira sobre segurança nuclear realizada em Washington a 1 de Abril último (pois…), e que incluíram adoptar poses… inadequadas nas fotografias oficiais e permitir que François Hollande fosse censurado. Não foi um «corte» qualquer, logicamente: o presidente francês «atreveu-se» a proferir a expressão «terrorismo islâmico», e isso continua a ser «tabu» para os democratas. Alguns dias antes, Obama insistia novamente que não se deve «estigmatizar os muçulmanos americanos»… ou quaisquer muçulmanos, o que Hollande deve ter sem dúvida «aprendido». E, não, ao contrário do que Ted Cruz exigiu, não parece que Barack vá deixar de dar «lições» sobre (contra) «islamofobia» aos seus compatriotas enquanto o ISIS continua a ser, literalmente, uma «ameaça existencial» (muitas vidas já deixaram de existir por causa dos infames jihadistas) para todos… mas não para o Sr. Hussein, que tem «muito (mais) no prato» para se ocupar (e comer?)…
… Como brincar com crianças durante uma festa da Páscoa na Casa Branca, e preparar-se para os «três a quatro meses» que passará a dormir depois de deixar o cargo. Sim, tanto golfe pode ser, e é, cansativo… tal como «ralhar» com os verdadeiros «inimigos», os republicanos, que insistem, ao contrário (diz ele) dos seus congéneres direitistas europeus, negar a existência de aquecimento global antropogénico, e que, além disso (diz ele), não mostram «respeito por esta incrível experiência democrática que os nossos fundadores criaram». É caso para dizer: olha quem fala…
(Adenda – O «legado horrível» também abrange, o que não é novidade, a mais descarada hipocrisia. O mais recente exemplo, após dezenas (centenas?) nos últimos anos? Barack Obama a afirmar, a propósito do… estilo de Donald Trump, que a corrida para a presidência dos EUA «não é um reality-show»… quando ele próprio já participou em vários desde que tomou posse. Porém, pior do que a hipocrisia é a mentira, em especial quando referente a assuntos de segurança nacional: Ben Rhodes, conselheiro naquela área do Sr. Hussein, admitiu ao New York Times que a actual administração mentiu à comunicação social quanto ao contexto e às características do «acordo» nuclear com o Irão…. E, ainda por cima, gabou-se disso! Não espanta, pois, que, emulando práticas tipicamente estalinistas e assim procurando evitar embaraços maiores, tentem não tanto «retocar» fotografias mas mais, sim, «apagar» de vídeos perguntas incómodas que lhes fizeram.       

terça-feira, 26 de abril de 2016

«Saudades»? Nenhumas! (Parte 2)

Segue-se a segunda (e última) parte do «especial» dedicado, no Obamatório, à minha recente discussão virtual com Pedro Correia a propósito do texto «Saudades antecipadas de Obama» que aquele escreveu e publicou no blog Delito de Opinião, e que acabou por constituir um pretexto para uma (breve) «revisão da matéria dada» nos últimos sete anos. Na primeira parte terminei expressando o meu espanto – sim, ainda é possível ele dizer e/ou fazer algo que até a mim surpreende – por Barack Obama ter equiparado o capitalismo ao comunismo… isto na Argentina onde dançou o tango enquanto em Bruxelas se choravam os mortos de mais um atentado terrorista perpetrado por muçulmanos extremistas, e depois de Cuba, onde confraternizou com repressores comunistas…
… E Pedro Correia ripostou com a relativização que já usara antes, recordando episódios, factos históricos anteriores de presidentes norte-americanos que foram ao encontro… de homólogos pouco respeitáveis e recomendáveis, e isto porque «os interesses são permanentes e as alianças variam em função dos interesses e submetem-se a eles.» Eu contrapus: «O que diria hoje eu se visse um presidente americano a deslocar-se ao encontro de um Estaline? Ou de um Mao (e a Revolução Cultural, em 1972, já terminara ou estava a cessar)? Reitero o que disse no meu comentário anterior: dependeria da confiança que esse presidente inspirasse. Roosevelt, Nixon, Reagan, e até Bill Clinton, inspiravam. Apesar das suas falhas em algumas (e diferentes) matérias, ninguém duvidava de que acreditavam na supremacia do capitalismo sobre o comunismo, e lutavam efectiva, contínua e consistentemente nesse sentido. Barack Obama não. Sem dúvida que há que enterrar os últimos resquícios da Guerra Fria. O problema é que esses... resquícios não querem ser enterrados. Cuba e Coreia do Norte não só não melhora(ra)m como estão cada vez mais arrogantes, agressivos. O Pedro soube, leu, (d)o artigo (supostamente) escrito por Fidel Castro depois da visita de Obama? Nenhuma abertura promete(u), tal como não são sinais de desanuviamento as constantes ameaças apocalípticas feitas pelo mais novo dos Kim. Ambos não respeitam, não receiam, o actual presidente dos EUA... e também por o terem visto a fazer vénias, a curvar-se, perante o rei da Arábia e o imperador do Japão. Concordo que há uma equivalência entre o nazismo e o terrorismo de matriz islâmica - que, aliás, não é só de agora, porque muitos muçulmanos, incluindo o seu então líder “espiritual” máximo, eram apoiantes declarados de Hitler. Porém, é uma ingenuidade falar-se apenas do “terror sunita” quando existe um “terror xiita” pelo menos tão perigoso e preocupante quanto aquele. No Irão também se executam “blasfemos” e homossexuais. O regime de Teerão, além de ser ele próprio uma organização terrorista, apoia terroristas no estrangeiro há quase 40 anos. E, agora, com a “generosa” contribuição da actual administração norte-americana, esse apoio vai aumentar.»
O meu interlocutor «voltou à carga» e (re)começou por dizer que «a história precisa de tempo para sedimentar-se. Roosevelt e Truman, por exemplo, beneficiam hoje de uma distância temporal para serem avaliados com a justiça que só o distanciamento permite. Mas você certamente não ignora que foram ambos alvos das mais duras críticas enquanto exerceram funções. A corrente isolacionista, muito forte nos EUA, lançou os insultos mais desprimorosos a Roosevelt, acusando-o de envolver o país no conflito mundial. E só Pearl Harbor silenciou essas críticas. Truman, por sua vez, foi acusado de ser um dos mais impreparados presidentes de sempre - incluindo por gente do Partido Democrata. Foi reeleito à tangente e impiedosamente ridicularizado por cartunistas e colunistas até ao último dia na Casa Branca. Chamaram-lhe de tudo, incluindo "criminoso de guerra" por ter mandado arrasar Hiroxima e Nagasáqui.» Depois regressou a casos mais recentes… Pela minha parte, reconheci e concordei que «o Pedro - tal como muitas outras pessoas - é “incapaz de compará-lo (o regime cubano) com o regime totalitário da Coreia do Norte, imensamente pior.” Sem dúvida. Porém... Cuba e Coreia do Norte mantêm relações - diplomáticas, culturais, económicas e militares (incluindo tráfico de armas... há três anos um navio norte-coreano carregando armamento cubano foi arrestado no Panamá) - muito próximas há mais de 50 anos. Aliás, Teerão tem em Havana outros dos seus maiores amigos. Um autêntico (outro) “eixo do mal” que a fraqueza, a incompetência e o relativismo ideológico de Barack Obama e dos “democratas” norte-americanos mais não têm feito do que reforçar.»
O criador e coordenador do DdO considerou, enfim, que seria preferível esperar «pelo próximo ciclo político para avaliar inteiramente o que ainda não se esgotou. O tempo é o melhor juiz, como creio já ter dado alguns exemplos.» No entanto, neste caso a minha opinião é a de que já passou tempo suficiente: «eu não preciso de esperar pelo próximo ciclo político (norte-americano) para avaliar (quase) definitivamente a presidência de Barack Obama. A menos que aconteça um milagre de autênticas características mágicas, avassaladoras, a apreciação será sempre negativa. E desde 2007-2008 que eu sei que tipo de pessoa ele é: educado, inspirado, por Frank Marshall Davis, comunista; na juventude (ele admite-o) procurava rodear-se de marxistas - aliás, os seus registos universitários (incluindo trabalhos, teses, que escreveu) continuam selados, o que só aumenta as suspeitas de que proporcionariam revelações desagradáveis; já na idade adulta, e em Chicago, tornou-se próximo de fanáticos (Jeremiah Wright, seu pastor durante 20 anos, que o casou, conhecido por gritar “God damn America!”), terroristas (Bill Ayers e Bernardine Dohrn, casal em cuja casa iniciou a sua carreira política), corruptos (Rod Blagojevich, actualmente preso) e mafiosos (Tony Rezko, que lhe arranjou uma casa em condições favoráveis). Entrado na Casa Branca, mostrou-se pior do que Richard Nixon: ameaças a jornalistas e a “whistleblowers”, escutas telefónicas e processos em tribunal; assédio, perseguição e sabotagem a/de opositores políticos (republicanos, conservadores) através, principalmente, do serviço de IRS; libertação (perdão) constante de criminosos, tanto nacionais (traficantes de droga) como estrangeiros (jihadistas); instrumentalização de todo o aparelho do Estado, do governo federal, na prossecução de causas “fracturantes” e “politicamente correctas”, em especial a “agenda LGBT” e as “alterações climáticas”. Não, nem é necessário considerar a sua (desastrosa) diplomacia, feita de fraqueza, “linhas vermelhas” transpostas sem consequências, negligência e até desrespeito por aliados, e transigência com inimigos, para se poder afirmar, com certeza, que estes oito anos constituem uma catástrofe para os EUA e para o Mundo. “Saudades”? Nenhumas!»
Pedro Correia não é, no entanto e infelizmente, o único jornalista português a manifestar antecipadamente «saudades» por Barack Obama deixar de ser presidente dos EUA. Teresa de Sousa, em artigo no Público do passado domingo, exprimiu exactamente o mesmo sentimento. O que demonstra, mais uma vez, que a experiência e o (suposto) conhecimento adquirido dos assuntos proporcionado (em princípio) por aquela não são obstáculos a que se caia em equívocos e se passe por situações embaraçosas, e não propriamente dignas da profissão que se tem. 

domingo, 17 de abril de 2016

«Saudades»? Nenhumas!

Há cerca de três meses escrevi aqui no Obamatório que, quanto ao «balanço» da actividade deste meu blog, a fazer no próximo ano, seria pouco provável que a avaliação final resultante desse balanço não fosse «de desilusão, de fracasso, de “missão não conseguida”: a minha meta de influenciar, de alterar, mesmo que ligeiramente, a perspectiva predominante em Portugal sobre a realidade política norte-americana, não foi alcançada; a desinformação, a omissão, e por vezes a pura e simples mentira, beneficiando “burros” e prejudicando “elefantes”, ainda são constantes e até ridiculamente hilariantes. (…) Consequência habitual e quase inevitável: a multiplicação de leitores-consumidores-cidadãos ignorantes, iludidos, pouco exigentes, prontos a ceder aos seus preconceitos, e capazes de escreverem – e de acreditarem – em imbecilidades.»
Se já é grave que isto aconteça com alguém mais ou menos anónimo e não muito atento a estes assuntos (e facilmente manipulável), que dizer quando acontece com pessoas já com algum estatuto e perfil público, que estimamos e de quem esperaríamos muito mais e melhor? Foi essa a situação com que me deparei quando li – e me espantei – com o texto «Saudades antecipadas de Obama», escrito por Pedro Correia no seu blog Delito de Opinião no passado dia 30 de Março. Tal como eu um jornalista que «cresceu» no papel mas que encontrou no digital o seu espaço preferencial, PC não é um comentador qualquer mas «apenas» um dos mais atentos, conhecedores, lúcidos, multifacetados e sensatos da blogosfera portuguesa. Tal como eu um opositor incansável do AO90, quase sempre me revejo no que escreve e faço minhas as palavras dele… e não só em questões de ortografia. É por isso que a desilusão foi muita quando li… «inexactidões» como: «Barack Obama não foi o santo milagreiro que alguns desejavam. Mas prepara-se para deixar um país melhor do que encontrou ao tomar posse, em Janeiro de 2009. Os Estados Unidos, embora longe da prosperidade de outrora, registam crescimento económico, o desemprego foi reduzido para metade, a inflação situa-se a níveis residuais e nunca tantos americanos beneficiaram de medidas de protecção social como no seu mandato. No plano externo, o Presidente agiu com prudência no vespeiro do Médio Oriente, enfrentou com firmeza as tentativas de expansionismo russo e pôde anunciar ao mundo a captura (na verdade, foi a morte) de Bin Laden. (…) Venha quem vier depois dele, pressinto que não tardaremos a ter saudades de Obama. Do seu gesto inspirador, da sua palavra eloquente, da sua apaziguadora bonomia. Em suma: da sua decência, que parece um pouco fora de moda e muito deslocada no tempo.»
Estava dado o «mote» para uma discussão virtual (porque não presencial mas à distância, electrónica) intensa mas cordial. Respondi ao texto notando que «nada nele corresponde à verdade; pelo contrário, e como demonstro há mais de sete anos em blog próprio, Barack Obama deixa(rá) os EUA e o Mundo piores do que os encontrou. Por arrogância, cobardia, incompetência, inexperiência, extremismo ideológico. “Apaziguadora bonomia”? Sim... para inimigos e ditadores estrangeiros, não para aliados e opositores domésticos. “Decência”? Não a tem quem é a favor do “late term abortion” e considera o (inexistente) “aquecimento global” uma ameaça mais grave do que o terrorismo islâmico. “Saudades”? “Tantas” vou ter que, provavelmente, darei uma festa no dia em que ele sair da Casa Branca, mesmo que seja substituído (“vade retro, Satanás”!) por outro democrata.» Pedro Correia justificou a sua avaliação: «Comparo os EUA de 2009 com o país actual. E verifico que no mundo ocidental são uma ilha de prosperidade - o que basta para constituir um sinal de esperança. Tímida prosperidade, é certo, mas tomáramos nós aqui na Europa termos a dinâmica de crescimento deles aliada à baixíssima taxa de desemprego lá existente. (…) Dizer que o actual inquilino da Casa Branca cortejou ditadores estrangeiros é ignorar décadas de política externa norte-americana. Roosevelt reuniu-se em três cimeiras com Estaline - e é difícil conceber pior interlocutor para o chamado líder do mundo livre. Nixon visitou Mao e Brejnev. Na altura recebeu críticas muito mais duras do que aquelas agora escutadas por Obama nesta deslocação a Cuba.»
Eu reafirmei qual é a minha perspectiva permanente nesta área (e em outras) e esclareci que não se deve comparar, ou mesmo confundir, o que é diferente, factual e/ou contextualmente: «O Pedro não consegue “raciocinar - ou escrever - sobre política com base em ódios ou animosidades viscerais”, é “absolutamente incapaz disso”. Eu também: raciocino e escrevo com base em factos. E, no que se refere a Barack Obama e à sua presidência, repito que observo, registo e comento... factos (afirmações, atitudes, comportamentos, acções, decisões) há mais de sete anos. Não só se pode como se deve “retirar mérito à administração Obama na gestão da economia.” Se esta melhorou (pouco) tal aconteceu apesar dele, e não por causa dele. Sobre o desemprego, existem muitos norte-americanos - segundo os últimos dados, mais de 93 milhões (!) - que desistiram de procurar trabalho. Além de que o intervencionismo estatizante da actual administração causa estagnação e mesmo retrocesso nos EUA: na saúde, o “ObamaCare”, autêntica (tentativa de) nacionalização do sector da prestação de cuidados médicos, tem causado o aumento dos preços dos seguros, afastado utentes dos seus médicos e diminuído a liberdade de escolha, enquanto as empresas diminuem as horas de trabalho e até despedem para reduzir as despesas de saúde dos seus funcionários; no ambiente, a EPA, apenas para “demonstrar liderança” (a sua directora admitiu-o recentemente), está empenhada em destruir as indústrias assentes na utilização de carvão e em sustentar (artificialmente) as ditas “energias renováveis”, despendendo milhões em projectos que depois não revelam eficiência... ou entram em falência. Quanto à política externa, as épocas e os protagonistas não são propriamente comparáveis. Franklin Roosevelt encontrou-se com Josef Stalin... porque havia que derrotar Adolf Hitler. E Richard Nixon e Ronald Reagan visitaram a China e a União Soviética em contextos de “arrefecimento internacional”. Moscovo, com Brejnev, aceitara reduzir o número de armas nucleares, e, com Gorbatchov, iniciara mesmo, com a “Perestroika”, um processo de incipiente democratização. Pelo contrário, agora, Barack Obama nada de concreto, nenhuma melhoria efectiva, consegue de Cuba e do Irão, tendo inclusivamente facultado aos “ai-as-tolas” 150 biliões de dólares em fundos “descongelados” que o próprio John Kerry admitiu que serão canalizados, em parte, para apoiar terroristas! Mais: nenhumas dúvidas existem de que Roosevelt, Nixon e Reagan - aliás, todos os presidentes até 2008 - eram anticomunistas. Porém, com BHO não há essa certeza; não só por ter sido educado por esquerdistas, marxistas, comunistas; também por, há dias na Argentina, ter dito a uma audiência de jovens que, entre o capitalismo e o comunismo, escolhessem o que funcionasse (“choose from what works”)! Digamos que não é (não era) suposto, mais de 25 anos depois da queda do Muro de Berlim, o suposto “líder do Mundo livre” dizer isto.»

sábado, 9 de abril de 2016

Não é «Verdade»

Estreou em Portugal no passado dia 7 de Abril o filme «Verdade» - «Truth», no original – que tem Robert Redford e Cate Blanchett como protagonistas e James Vanderbilt como realizador. Porém, seria mais apropriado ter-se estreado no dia 1 porque, ao contrário do que o título indica, tem por base uma (enorme) mentira. E, 12 anos depois dos «factos» que lhe deram origem, continua a haver muitas pessoas que acreditam nela – as suficientes, pelo menos e precisamente, para fazer um filme com um orçamento e um elenco consideráveis pelos actuais padrões de Hollywood…
… Mas que, no entanto, não foram suficientes para evitar que fosse um fracasso de bilheteira assim que estreou nos EUA, em Outubro do ano passado. Pior, além de falhanço comercial foi também um falhanço crítico – até em órgãos de comunicação social mais à esquerda, como Bloomberg, New York Times, Vox, e em vários outros, entre os quais o Daily Beast e o Guardian, se sucederam as apreciações desvalorizadoras, quando não arrasadoras. A CBS, estação de televisão insuspeita de simpatias pró-republicanas e onde o «caso» em causa originalmente ocorreu em 2004, recusou inclusivamente exibir qualquer publicidade ao filme – digamos que preferiram perder (algum) dinheiro a colaborarem em algo que os incluía entre os «maus da fita» e os deixava – injustamente, reconheça-se – mal vistos.
Para os que não sabem e/ou que já se esqueceram, eis, em poucas palavras, o que aconteceu: aquando da campanha eleitoral para a presidência dos EUA em 2004, Dan Rather, principal jornalista, apresentador, «rosto» da informação da CBS, e a sua produtora Mary Mapes, decidiram realizar e difundir uma reportagem numa emissão do programa «60 Minutos» sobre documentos que tinham obtido e que alegadamente demonstrariam que George W. Bush – então a procurar a reeleição e um segundo mandato contra John Kerry – teria sido beneficiado ilegítima e ilegalmente de facilidades e de favores no seu serviço militar, cumprido n(a Guarda Aérea Nacional d)o Texas e não no Vietnam. A palavra fundamental aqui é «alegadamente»… porque os documentos foram desmascarados como falsos por vários «cidadãos-jornalistas» na Internet, em especial no blog Powerline. O que aconteceu depois? Rather e Mapes demitiram-se – ou foram demitidos – da CBS; as suas carreiras praticamente terminaram. Desde então, ele aparece ocasionalmente neste ou naquele canal mandando «bitaites» invariavelmente irrelevantes e ocasionalmente ridículos – incluindo equiparar insultuosamente Barry Goldwater a George Wallace e, incrivelmente, aconselhar o GOP a «colocar-se em contacto com um Mundo baseado em factos»!..
… E ela decidiu escrever um livro – de que o filme em questão é uma adaptação – em que procura desculpar-se, desresponsabilizar-se, juntamente com Rather, do que aconteceu; na sua perspectiva, ambos foram vítimas inocentes e manipuladas num processo em que outros – políticos republicanos, executivos da CBS, indivíduos indeterminados movendo-se na sombra – cometeram erros… ou crimes; não admitem que o que aconteceu se deveu à sua falta de prudência, de profissionalismo, algo à partida inadmissível e incompreensível em pessoas com os anos de experiência deles… a não ser que dessem prioridade, como acabaram por dar, aos seus preconceitos ideológicos, aos seus «bias», falta de isenção, e assim tentarem destruir a candidatura, e a presidência, de um homem de quem não gostavam. Tal como não gostavam do pai dele: outro ponto baixo da carreira de Dan Rather foi, é, a entrevista que fez em 1988 ao então vice-presidente e candidato à presidência George H. Bush, e em que, tentando encurralar o Nº 2 de Ronald Reagan com o escândalo «Irão-Contras», acabou por se aperceber de que tinha «telhados de vidro».
Rather é tão desavergonhado que ainda hoje continua a acreditar, e a afirmar, que era… verdade o que ele transmitiu naquela famigerada emissão. Sem vergonha é também Mary Mapes, que, igualmente em promoção de «Truth», inventou – isto é, mentiu – que o próprio pai tinha dado uma entrevista a Rush Limbaugh em que a criticava! E, enfim, tão ou mais desavergonhado é Robert Redford, um dos maiores e mais patéticos liberais de Los Angeles, que decidiu gastar o seu tempo e o seu talento com esta treta, com esta teoria da conspiração, com esta tentativa de reescrita da História levada ao cinema. Para ele tudo não passou de uma «tecnicalidade». Que distância, em anos (em 2016 passam 40) e em qualidade, de «Todos os Homens do Presidente», de que ele também foi protagonista. Só que Bob Woodward não é Dan Rather, e Richard Nixon não é George W. Bush. 

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Até parece mentira… (Parte 7)

… Que Barack Obama tenha culpado as «alterações climáticas» pelos ataques de asma que a filha Malia teve, mas não o seu vício de fumador. Mas, sim, é mesmo verdade.
… Que Geil Lundestad, ex-director do Instituto Nobel da Noruega, tenha confessado num seu livro que a atribuição, em 2009, do Prémio da Paz a Barack Obama havia sido um erro. Mas, sim, é mesmo verdade.
… Que Jimmy Carter, que continuamente critica Israel e compara este país à África do Sul do apartheid, e apoia o movimento BDS (boicote, desinvestimento e sanções) contra o Estado judaico, tenha recebido e beneficiado de um tratamento com um medicamento contra o cancro desenvolvido inicial e principalmente naquela nação. Mas, sim, é mesmo verdade.
… Que a Casa Branca tenha convidado vários sacerdotes homossexuais e activistas transsexuais para a recepção ao Papa Francisco realizada naquela aquando da visita do pontífice aos EUA em Setembro último. Mas, sim, é mesmo verdade. 
… Que James Carville tenha afirmado que o comité do Congresso que investiga(va) o ataque ao consulado norte-americano em Benghazi é(ra) «uma criação de Rupert Murdoch e dos irmãos Koch». Mas, sim, é mesmo verdade (que ele o disse, não o que disse).
… Que Kareem Abdul-Jabbar tenha escrito um artigo (publicado na revista Time) intitulado «Ben Carson é terrível para os americanos negros». Mas, sim, é mesmo verdade (que ele o escreveu, não que Carson fosse, ou seja, terrível).
… Que Dan Kimmel, democrata candidato a um lugar de representante no congresso estatal do Minnesota, tenha afirmado (num tweet) que o «ISIS não é necessariamente mau («evil»)». Mas, sim, é mesmo verdade (e, o que não surpreende, depois desistiu de se candidatar).
… Que a 27 cristãos iraquianos tenha sido recusado asilo por perseguição religiosa e sido dada ordem de expulsão dos EUA (enquanto milhares de imigrantes ilegais conseguem permanecer no país). Mas, sim, é mesmo verdade.
… Que Barack Obama tenha cometido, durante o discurso que proferiu ao país aquando do atentado em São Bernardino, um (relativamente grave) erro na definição do estatuto de Tashfeen Malik, uma de dois terroristas (o outro era o marido) culpado daquele – um erro que a Casa Branca, à semelhança de tantos outros anteriores, teve de corrigir. Mas, sim, é mesmo verdade.  
… Que uma caricaturista do Washington Post tenha «retratado» as duas filhas (menores, ambas com menos de 10 anos) de Ted Cruz como macacas. Mas, sim, é mesmo verdade (e imaginem se fizessem algo semelhante às duas filhas do Sr. Hussein).
… Que o Departamento de Estado tenha considerado, no seu balanço de 2015, como um dos seus maiores sucessos «estar a levar («bringing») paz e segurança à Síria». Mas, sim, é mesmo verdade (que eles se vangloriam de algo que não acontece(u).) 
… Que Barack Obama não saiba quantos anos os EUA têm enquanto nação independente. Mas, sim, é mesmo verdade.
… Que 40% das cartas de condução emitidas na Califórnia em 2015 tenham sido para imigrantes ilegais, «não documentados», que deste modo passaram a ser (indevidamente) documentados. Mas, sim, é mesmo verdade.
… Que políticos democratas tenham recebido de sindicatos cerca de 420 milhões de dólares entre 2012 e 2014. Mas, sim, é mesmo verdade.
… Que (pelo menos) um batalhão do exército dos EUA tenha sido obrigado a assistir a um seminário sobre «privilégio branco». Mas, sim, é mesmo verdade.
 … Que o Departamento de Justiça tenha considerado a possibilidade de, em colaboração com o FBI, acusar criminalmente os «negadores» da existência de «alterações climáticas» (causadas pela humanidade). Mas, sim, é mesmo verdade (Loretta Lynch admitiu-o).  
… Que uma «jornalista» do Politico, Susan Glasser, tenha afirmado que a administração de Barack Obama nunca foi afectada por escândalos. Mas, sim, é mesmo verdade (que ela o disse, não o que disse).
… Que Barack Obama tenha considerado Cecile Richards, presidente da Planned Parenthood, uma «super-heroína da vida real». Mas, sim, é mesmo verdade (que ele o disse, não o que disse).
… Que Gina McCarthy, directora da Agência de Protecção Ambiental, tenha admitido que as directivas que a EPA tem imposto às indústrias, com destaque para as centrais a carvão, servem não para diminuir eventuais impactos negativos no ambiente mas sim para demonstrar «liderança». Mas, sim, é mesmo verdade.
… Que Jill Abramson, ex-editora executiva do New York Times, considere que Hillary Clinton é «fundamentalmente honesta». Mas, sim, é mesmo verdade (que Jill acredita, não que Hillary seja). 

sexta-feira, 25 de março de 2016

Não fechem Guantánamo!

Continuando a falar em «Obamadorismos»… «foi a hora do amador»: desta vez Donald Trump teve razão, e a não presença de Raul Castro, no aeroporto de Havana, para receber Barack Obama foi apenas o primeiro de vários momentos embaraçosos, humilhantes, vergonhosos da primeira visita oficial de um presidente dos EUA a Cuba desde 1928. Mas, também, o que seria de esperar quando se decide tentar «reabilitar» um regime iníquo de censores e de torturadores que não dá quaisquer sinais reais de, efectivamente, se regenerar, se democratizar?
Na véspera da chegada do Sr. Hussein ainda estavam a prender (mais) opositores. Depois, foram umas atrás das outras… A fotografia junto ao mural de Che Guevara, que posteriormente seria «retocada» de uma forma mais adequada – e àqueles que vieram dizer que prévios (e republicanos) presidentes também haviam sido gravados perto de outras imagens (de) comunistas, há que responder que deles não havia dúvidas quanto às suas filiações ideológicas. A participação num programa de «comédia» local. Uma conferência de imprensa que viverá na infâmia, onde, entre outros momentos «dignos» de Neville Chamberlain, o Nº 44 disse que ambos os países podem «aprender um com o outro», e que «pessoalmente não discordaria» de críticas feitas pelo irmão mais novo de Fidel; este assegurou que a posição do seu governo quanto a direitos humanos não mudará, desafiou os jornalistas presentes a apresentarem-lhe uma lista de prisioneiros políticos, e, no final, tratou literalmente BHO como um boneco, um fantoche
Compreende-se agora quando ele disse que ia a Cuba para «avançar os objectivos que nos guiam». Um dos seus lacaios até fez de porta-voz oficioso do castrismo! E, através de Valerie Jarrett, ficou-se a saber o quanto o suposto «líder do Mundo livre» admira a mais-que-cinquentenária ditadura: ele acha que «Cuba tem um recurso extraordinário… um sistema de educação que valoriza cada rapaz e cada rapariga»! E porque não se disse e se fez mais, se foi mais longe, nesta viagem ideológico-turística a Havana? Em coerência com os seus recentes elogios ao movimento «Black Lives Matter», feitos num encontro pessoal com representantes daquele, Barack Obama «deveria» ter visitado, em Cuba, JoAnne Chesimard, mais conhecida por Assata Shakur, que fugiu para a ilha em 1984 depois de assassinar um polícia em 1973 em Nova Jersey. Ou então, «obviamente», anunciar o encerramento não só da prisão de Guantánamo mas de toda a base, como o seu «anfitrião» regularmente exige. Considerando os antecedentes, a acontecer tal não seria inteiramente surpreendente…
Porém, e como habitualmente, os factos – e, em especial, as más notícias, os terríveis acontecimentos – vieram intrometer-se nas fantasias, e os atentados em Bruxelas ocorridos no passado dia 22 de Março demonstraram a todos – excepto, claro, aos que recusam conhecer e/ou encarar a realidade – que é de todo indispensável manter aberta aquela prisão. Provas? Há um mês foi detido em Espanha um antigo «hóspede» de Guantánamo que, depois de ser libertado, aderira ao ISIS e se preparava para participar num ataque no país vizinho. E, um dia depois da ofensiva terrorista na Bélgica, um funcionário do Departamento de Defesa admitiu, em audiência no Congresso, que norte-americanos haviam sido mortos por ex-presidiários em Cuba. Entretanto, pelo menos dois morreram em Bruxelas, e ainda está por saber se, entre os islamitas extremistas culpados do ocorrido, estará alguém que passou uma temporada a ver o sol «aos quadradinhos» nas Caraíbas… Assim, por tudo isto, fica o apelo: não fechem (a prisão de) Guantánamo! E muito menos a base naval, obviamente… Pelo contrário, deviam aumentá-la, expandi-la… para lá serem metidos outros criminosos, terroristas, ditadores de todo o Mundo… a começar pelos irmãos Castro e pelos seus muitos capangas.
Depois de saber o que acontecera do outro lado do Atlântico, o Sr. Hussein fez o que já tinha feito em anteriores e semelhantes ocasiões: continuou a divertir-se. Neste caso, assistindo a um jogo de baseball com Raul Castro, onde até fez, com o ditador cubano e os outros espectadores, a hola! Antes, dedicara apenas cerca de um minuto ao mais recente ataque terrorista na Europa, uma adição de última hora num discurso já preparado e focado no carácter (tristemente) «histórico» da sua visita. Não foram só comentadores conservadores como Charles Krauthammer a indignarem-se com este comportamento do Nº 44 e dos seus serviçais; também liberais como Brian Williams, Chris Matthews (!) e Tom Brokaw ficaram mal impressionados. Compare-se a atitude de BHO com a de Marco Rubio, que, no último debate presidencial em que participou, enunciou claramente o que seria um «bom acordo» com Cuba, e as respectivas exigências prévias indispensáveis a um relacionamento normal entre as duas nações. Muito mais do que a actual administração, que, aparentemente, contenta-se com a devolução de um míssil e pouco mais. 

quinta-feira, 17 de março de 2016

«Obamadorismos» (Parte 6)

Tal como afirmei há pouco mais de um mês, a presente «corrida» à presidência dos EUA, e a respectiva sucessão de eleições primárias, partidárias, em outros tantos Estados não me afasta nem me distrai do essencial da minha missão no Obamatório – relatar e comentar o que o actual presidente diz e (não) faz. Não que, obviamente, não saiba plenamente o que está a acontecer na campanha, tanto do lado democrata, em que Hillary Clinton continua a dar muitos motivos de… hilaridade, como do lado republicano, em que Donald Trump, surpreendentemente, se assume cada vez mais como frontrunner, como favorito principal à nomeação pelo GOP – mas tal ainda não se concretizou nem é absolutamente garantido que acontecerá, ao contrário do que vários querem fazer crer. Tanto sobre um lado da disputa como sobre o outro pretendo fazer, em breve, comentários. Porém, e por agora, regressemos ao mais importante, às afirmações e às in(acções) incompetentes e/ou insultuosas, invariavelmente hipócritas que Barack Obama não cessa de fazer…
… Como, numa cimeira internacional – EUA-ASEAN – queixar-se de que todos os candidatos republicanos negam a existência de alterações climáticas, o que é «problemático para a comunidade internacional» - uma asserção que é altamente duvidosa, empolada, até mentirosa, mas que não seria a primeira vinda do Sr. Hussein; de qualquer forma, que crédito merece a dita «comunidade internacional», onde abundam líderes ineptos, ditatoriais e corruptos, dos conservadores norte-americanos? Entretanto, e ainda no âmbito de uma política externa conduzida por amadores, da Rússia e da Coreia do Norte vieram (outras) demonstrações de como o Departamento de Estado «obamista» - tanto na «versão Hillary Clinton» como na «versão John Kerry» - apenas aumentaram a insegurança internacional: da primeira, Dmitry Medvedev afirmou que existe uma «nova guerra fria» - sinal de que o famigerado «botão de reinício» não terá (que «surpresa»!) funcionado; com a segunda, a actual administração concordou realizar «conversações de paz»… poucos dias antes de Kim Jong-Un ter realizado mais um teste nuclear – algo que, recorde-se, o regime de Pyongyang era suposto não fazer na sequência da «brilhante» diplomacia durante os mandatos de Bill Clinton, e que augura o mesmo, «tranquilizador», desenlace com o Irão. E pode a abordagem de Obama de temas internacionais tornar-se mais ridícula? É uma pergunta retórica… claro que pode! O Nª 44, na sua contínua campanha de desvalorização do ISIS, lembrou-se de o comparar ao Joker… sim, o (fictício) inimigo principal do (também fictício) Batman! Uma personagem de «banda desenhada» que – admitiu finalmente Kerry – tem estado a cometer genocídio nos territórios que ocupou.
Domesticamente, o «obamadorismo» igualmente não pára de aumentar, e que bom que seria que apenas fosse embaraçoso. Que dizer do facto de BHO ter-se encontrado, reunido e dialogado com líderes do movimento «Black Lives Matter», que elogiou pelo «trabalho notável» («outstanding work»), «sério e construtivo», que aqueles supostamente têm desenvolvido? Esse «trabalho», recorde-se, mais não é do que, basicamente, o fomento de racismo e o incitamento à ocorrência de motins e ao assassínio de polícias. Por isso, quando o líder de um país torna criminosos em heróis, não é de espantar que tenha outras manifestações de inversão – ou de negação – da realidade. Tais como (continuar a) queixar-se de uma «viciada atmosfera política (que tem de acabar)», apelar a um aumento da «civilidade na política», alegar que «certamente não contribuí» para aumentar a divisão e a polarização no país – quando ele é, tem sido, o principal culpado disso tudo nos últimos oito anos. E a nomeação de um juiz – concretamente, (o previsivelmente liberal) Merrick Garland – para ocupar o lugar deixado vago no Supremo Tribunal dos EUA pelo recentemente falecido e conservador Antonin Scalia mais não é do que uma nova provocação – e uma perda de tempo – ao Senado maioritariamente republicano, que já avisara que não aprovaria qualquer nome proposto por Barack Obama a menos de um ano de terminar o seu segundo e (felizmente) último mandato. E, não, não por causa de um suposto «atoleiro Trump», como alguém insuficientemente informado, e desconhecedor da História, perorou: devido, sim, a uma prática verdadeiramente bi-partidária seguida há cerca de 80 anos – e que, aliás, figuras influentes do Partido Democrata como Joe Biden e Chuck Schumer invocaram quando eram de outra «cor» política os que estavam na Casa Branca. E, aliás, porque fariam os senadores «elefantes» a vontade a um presidente «burro» num assunto tão fundamental, para mais depois de anos em que, em várias ocasiões, através de ordens executivas, depoimentos assinados e não só, ele os desrespeitou, e ao Congresso...
… E à Constituição? A lei fundamental que, num cúmulo de descaramento, os democratas dizem aos republicanos para respeitar? Descaramento esse também desmesurado quando o presidente, e o seu porta-voz, se queixam de «obstrucionismo» por parte da oposição! Na verdade, a haver – e há – queixas, é contra a reduzida, fraca, oposição «vermelha» (no Capitólio) à situação «azul». Enfim, descaramento ainda do Sr. Hussein quando, ao enunciar os motivos porque Donald Trump não é qualificado para ser o comandante-em-chefe, não se apercebe de que está a descrever-se… a ele próprio, e ao seu amadorismo.  

quarta-feira, 9 de março de 2016

Enfim, ilibado!

Há quase dois anos que esperava referir este assunto… com, de preferência, a sua conclusão. E ela aí está: no passado dia 24 de Fevereiro Rick Perry foi ilibado em tribunal da segunda e última das acusações de abuso de poder que lhe haviam sido feitas em Agosto de 2014 … acusações essas vindas de um grande júri da (liberal) cidade de Austin – a capital do Texas, e palco também do Festival SXSW que Barack Obama decidiu visitar em vez de participar no funeral de Nancy Reagan – depois de o então governador do «Lone Star State» ter ameaçado vetar a atribuição de verbas ao gabinete da procuradora distrital – e democrata – Rosemary Lehmberg por esta se ter recusado a demitir-se após ter sido detida por conduzir embriagada, e, pior, ter ameaçado com represálias os polícias que a prenderam!
O mais surpreendente neste caso – e nem o devia ser – é o facto de, quando «rebentou», não terem sido apenas os comentadores mais à direita, simpatizantes de republicanos, a considera-lo sem mérito, injusto, politicamente motivado, vingativo, até estúpido e ridículo. Também os mais à esquerda, simpatizantes de democratas, o fizeram, com destaque para Ari Melber, Jonathan Chait, Mark Halperin e Timothy Noah. O argumento comum era, e é, o seguinte: onde iremos parar se a ameaça – e o exercício legítimo, por parte de quem legalmente o detém – de vetar algo com que não se concorda ou que lhe desagrada for considerado um crime? Por essa «lógica», Barack Obama pouco mais faria nos últimos anos do que ir a tribunal… Aliás, o director de uma das organizações que formaram uma «coligação progressista» nesta acção contra Rick Perry, apoiada financeiramente – que «surpresa»! – por George Soros, admitiu involuntariamente (?) em entrevista televisiva tratar-se de uma autêntica «caça às bruxas». Segundo Kevin D. Williamson, este desagradável episódio é o resultado de uma «cultura de corrupção» com que, apesar de todos os seus progressos em outras áreas, o Texas ainda se debate.   
Aquando do início deste processo a generalidade da lamestream media, como não poderia deixar de ser, deu-lhe larga cobertura; aliás, até em Portugal foi notícia… Agora, a decisão definitiva de ilibar o ex-governador não mereceu por parte dos «suspeitos do costume» um tempo de antena idêntico – na verdade, o silêncio total foi a reacção deles. E porque haveria de ser diferente? Haviam feito o «mais importante»: contribuído para fragilizar a (segunda) candidatura presidencial de um homem que tinha e tem para apresentar um dos mais notáveis – em quantidade e em qualidade – currículos políticos, e, mais especificamente, governativos, com obra(s) feita(s). O próprio Rick Perry admitiu que a não resolução da sua situação jurídica havia prejudicado grandemente a recolha de fundos para a sua campanha - e daí ele ter sido um dos primeiros a desistir. Neste momento, e superado a seu contento o problema, ele mostra-se disponível para, se tal se proporcionar, ser de novo uma alternativa viável para a presidência dos EUA pelo Partido Republicano se a disputa actualmente em curso não proporcionar um vencedor inequívoco. E porque não pensaria assim? Tem todo o direito a isso. Afinal, há quem tenha tido «deslizes» muito, muito mais graves do que esquecer uma das agências federais que se quer(ia) extinguir…

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Estúpidas «estrelas»

(Três adendas no final deste texto.)
Nos EUA o início de cada ano é também, já se sabe, e desde há bastante tempo, marcado pela realização de diversas cerimónias de entrega de prémios nas artes e nos espectáculos, com destaque para o cinema e para a música. Numa tendência que se vem agravando na última década, essas ocasiões constituem igualmente oportunidades para muitas «estrelas» exporem a sua estupidez em assuntos de política, assim dando a entender que não se incomodam com alienar grande parte – talvez metade, ou até mais – da sua potencial audiência. E, num ano de eleição presidencial, é inevitável que os disparates aumentem consideravelmente em quantidade e em «qualidade». Seguem-se alguns exemplos…
… E pode-se começar com alguns ocorridos no âmbito da música. Quando não estão a tentar conquistar Grammy’s e prémios MTV, Beyoncé e Katy Perry não se importam de ser instrumentalizadas – ou de se instrumentalizarem – a favor de figuras e de causas «progressistas». A cantora de «I Kissed a Girl» continua a ser fiel aos Clinton, participando – e cantando – em comícios de Hillary e com ela tirando fotografias. Já a cantora de «Single Ladies», comprovando mais uma vez que tipo de «dama» ela é, decidiu homenagear racistas negros, como os dos Black Panthers e dos «Black Lives Matter» (aos quais, com o marido Jay-Z, doou dinheiro) na sua segunda actuação no (intervalo do) «Super Bowl» em três anos; ou seja, e mesmo que indirectamente, apoiou a retórica violenta contra polícias, apesar de ter beneficiado da escolta e da protecção daqueles no percurso para o estádio…              
No cinema, vejamos os casos de algumas das pessoas nomeadas para os Óscares que ontem foram entregues em Hollywood. Como Matt Damon, que não se conseguiu conter e criticou… a embaraçosa «branquidão» das estatuetas para as quais ele competia (e que já ganhou), e até, por causa da água de Flint, que exigiu que o governador do Michigan se demitisse – porém, não consta que tenha feito o mesmo em relação a Jerry Brown, governador da Califórnia, que procedeu a pesquisas petrolíferas em propriedades suas, algo «herético» para ambientalistas extremistas como o protagonista de «O Marciano». Como Bryan Cranston, que pode saber de representação mas não de como funcionam as nomeações para o Supremo Tribunal dos EUA. Como (o mexicano) Alejandro Iñárritu, «vendedor de banha da cobra» (não sou eu que o afirmo), que ontem ganhou o seu segundo Óscar consecutivo de melhor realizador, provavelmente devido a todos os membros da Academia com sentimentos de culpa que têm criados hispânicos – talvez ilegais e mal pagos – nas suas casas, e que afirmou que a (eventual) construção de uma «muralha» na fronteira com o México constituiria uma «traição à fundação deste país»…
… Embora, e entretanto, não tenha constado que o realizador de «O Revelante» alguma vez tivesse aberto as portas do seu (supõe-se que espaçoso e confortável) lar em Los Angeles para acolher os seus compatriotas. No mesmo tipo de dilema costuma encontrar-se George Clooney, que, ao mesmo tempo que apela aos políticos do seu país para acolherem mais refugiados sírios e se encontra com Angela Merkel para lhe agradecer o ter feito isso mesmo na Alemanha, faz por se entrincheirar cada vez mais nas suas mansões, em especial na de Itália; talvez para fugir dos seus frequentes fracassos na bilheteira? No entanto, não faltaram outros anteriores nomeados e vencedores de Óscares a pronunciaram-se igual e recentemente sobre temas da actualidade política. Foram os casos de Danny DeVito, para quem «o país inteiro é racista»; Michael Moore, que se espanta por saber «quão segregada esta cidade (a dos «anjos»), esta indústria (a do cinema), é» - não devia, porque, sendo os democratas quem mandam em Hollywood, é claro que há segregação… aliás, Chris Rock, ontem durante o seu monólogo de abertura no Teatro Dolby, também salientou isso; Jane Fonda, que acusou Donald Trump de, com a sua retórica, incentivar os jovens muçulmanos ao terrorismo; Emma Thompson, que propôs (a brincar?), como solução para a falta de diversidade no cinema, matar lentamente todos os membros brancos e velhos da Academia das Artes e das Ciências Cinematográficas; Bette Midler, que, como se fosse uma «especialista» em Direito Constitucional, alegou que os «obstrucionistas» do GOP no Senado que se recusam a ouvir e a votar um substituto para Antonin Scalia proposto por Barack Obama são «criminosos»…
Não é novidade que muitas das «estrelas», muitas das «celebridades» que tomam uma posição política o fazem a favor de democratas. E, neste ciclo eleitoral, o interesse (?) está em saber quantos estão com Bernie Sanders e quantos estão com Hillary Clinton. Esta pode contar com Will Ferrell, Morgan Freeman… e Kendall Jenner, que, nitidamente, neste aspecto não se deixou influenciar pelo pai… perdão, (segunda) «mãe» Caitlyn Jenner, que, garante, é mais criticada por ser conservador(a) (?) do que por ser transgénero. Já o senador socialista de Vermont conta com Emily Ratajkowski, também porque, segundo ela, Hillary é de «extrema-direita»! Habituada como está a posar nua, ou quase, para milhentas fotografias, «EmRata» talvez não se desse mal, efectivamente, com uma presidência de Bernie, que, por pretender impor impostos sobre o rendimento com uma taxa de pelo menos 75%, deixaria os norte-americanos com pouco mais do que a roupa que têm no corpo. Enfim, apenas mais um caso de uma mulher muito bonita que, contudo, pouco deve à inteligência.  
Enfim, e voltando à grande «festa do cinema» ocorrida na «cidade dos anjos» neste domingo que passou… Leonardo DiCaprio, que tem tanto de talentoso e de trabalhador como de imbecil, conseguiu estragar o momento culminante da sua vida e da sua carreira ao aproveitar o palco do Teatro Dolby para apregoar, mais uma vez, a fraude do aquecimento global antropogénico (ou «alterações climáticas», embora estas não sejam entendidas como a natural sucessão de estações), incluindo a mentira de que 2015 foi o ano mais quente registado. Mas ele não foi o único a protagonizar uma situação embaraçosa nesta ocasião. Alusões a abusos sexuais, reais ou imaginários, rigorosas ou empoladas, não faltaram: pela canção co-escrita e cantada por Lady Gaga, que mereceu a «honra» de ser apresentada por… Joe Biden (!) e que contou com a presença de alegadas vítimas; e, principalmente, pelo filme considerado o «melhor», «Spotlight», cujo tema é o caso das violações de crianças por padres católicos em Boston – o realizador, Tom McCarthy, desafiou o Vaticano a «restaurar a fé», e Mark Ruffalo, um dos actores, antes da cerimónia foi protestar em frente da catedral de Los Angeles, e, mais, revelou ser («surpresa»!) um racista paternalista! Ainda estamos à espera de ver as mesmas pessoas indignarem-se contra crimes bem piores cometidos por muçulmanos, e actualmente, não há 10, 20 ou 30 anos. Sam Smith, co-autor e intérprete da (considerada) «melhor canção», «Writing’s on the Wall», de «Spectre», o mais recente filme da série «James Bond», que, mais do que se apresentar como «homossexual orgulhoso» e assumido, pensou que era o primeiro do… género a vencer um Óscar – não foi ele mas sim Dustin Lance Black, argumentista de «Milk», e os dois depois envolveram-se numa controvérsia que, mesmo à distância e electrónica, fez(-me) lembrar um sketch da série «Little Britain» sobre o «only gay in the village».
Quando se pensa que os Óscares não podem ficar mais ridículos… somos mais uma vez desmentidos. Antes dedicar mais atenção aos Prémios Duranty.
(Adenda – Quando até Tina Fey se queixa do excesso de proselitismo de várias causas «politicamente correctas» promovidas por vencedores dos Óscares, mas que, em última análise, só demonstram a hipocrisia daqueles, percebe-se melhor porque a cerimónia, apesar de toda a polémica do alegado racismo nas nomeações e da popularidade – isto é, sucesso comercial – de vários dos filmes a concurso (o que nem sempre acontece), traduziu-se num novo mínimo histórico em termos de audiências televisivas. Entretanto, confirmou-se o que Leonardo DiCaprio (que, definitivamente, é do tipo «atenta no que eu digo, não no que eu faço»), Barack Obama e Osama Bin Laden têm (enfim, no caso do líder terrorista, tinha) em comum.)
(Segunda adenda - Hoje, 6 de Março, faleceu Nancy Reagan. Tal como o seu marido Ronald Reagan, também se iniciou na arte da representação; ambos pertenceram a uma Hollywood bem diferente da actual. As condolências e os pêsames sucederam-se, não se limitando a uma só das metades da arena política, mas as abordagens bizarras feitas na NBC, no New York Times e no Washington Post ao óbito da antiga primeira-dama não deixaram de surpreender... pela negativa, como é óbvio. E Bernie Sanders mostrou, mais uma vez, classe, embora muitos dos seus adeptos nem tanto...)
(Terceira adenda - Barack Obama não irá comparecer, na próxima sexta-feira, 11 de Março, no funeral de Nancy Reagan, sendo representado pela esposa Michelle. Acaso esta notícia surpreende, em especial depois de, há poucas semanas, ele ter igualmente faltado ao funeral de Antonin Scalia? Não que ele não tenha uma «justificação», porém: no mesmo dia ele estará no Texas para participar no Festival (multimédia, e, sim, também cinematográfico) South by Southwest, em Austin. Enfim, há que ter prioridades... e prestar uma derradeira homenagem a alguém que insultou logo após ter sido eleito não é a maior para o Sr. Hussein.)