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Hoje o
Obamatório completa 11 anos de existência e entra pois no seu décimo segundo…
que será o último. Hoje inicia-se igualmente o quarto e último ano do primeiro
mandato de Donald Trump, e, de hoje a um ano, exactamente no dia em que este
blog deverá «encerrar as portas», o actual (e 45º) presidente dos Estados
Unidos da América deverá também, espero, estar a tomar posse para o seu segundo
mandato.
O término
deste projecto, o maior – em duração, em quantidade e talvez ainda em qualidade
– a que alguma vez me dediquei já vinha sendo preparado e até previsto há pelo
menos dois anos. E só haveria motivo para continuar além de 20 de Janeiro de
2021 se entretanto o (primeiro) livro que dele resultou, feito a partir de
vários textos (devidamente adaptados, actualizados e corrigidos) que publiquei
aqui, e concluído em 2017, já tivesse sido publicado. Porém, tal não aconteceu
apesar dos meus múltiplos esforços nesse sentido e também muito provavelmente
nunca acontecerá. Não consegui igualmente ter uma presença mais ou menos
regular na comunicação social portuguesa enquanto analista, comentador,
especialista de política nos EUA, o que indubitavelmente sou, e que
justificaria a continuação do Obamatório por, quiçá, mais algum tempo – aliás,
só neste mês, dois jornalistas que costumam lidar com temas internacionais, um de um importante jornal diário e outro de
uma importante estação radiofónica, recusaram entrevistar-me, apesar de há
muito me conhecerem e/ou ao meu trabalho.
Assim, porque as condições, as realizações, as
situações propícias à (minha) persistência não se verificaram, é, será, tempo
de parar. Este «terreno», pelo menos no que ao nível nacional se refere, pode ficar
totalmente desimpedido, livre, para a (continuação da) proliferação de vários arrivistas, ignorantes e vigaristas… a não ser que vozes alternativas, jovens, como Ricardo Campelo de Magalhães e Tiago Caridade, se façam ouvir, que alcancem, quem sabe, o que eu
não alcancei.
Já não é
novidade que, no início de cada ano, o primeiro texto aqui no Obamatório é
sobre as afirmações mais estúpidas do ano anterior, e as pessoas que as
proferiram. Recorde-se que, em 2018, a (vil) vitória coube a Mika Brzezinski. E
em 2019? Posso já revelar que a apresentadora da MSNBC e esposa de Joe
Scarborough não repetiu o triunfo, embora tenha começado 2020, aparentemente, com vontade de o reconquistar, no que será sem dúvida auxiliada pelo marido,
que praticamente todos os dias se esforça por expelir a maior parvoíce que consegue imaginar.
Muito havia de
mau, de péssimo, de onde escolher no ano passado, e o apuramento das três «finalistas»
que integram o «pódio» da vergonha (ou falta dela) não foi, de todo, fácil. Contudo, ele foi feito… O terceiro lugar vai para Nicole Wallace, que, tal como
Joe Scarborough, deixou o Partido Republicano depois de, pelo GOP, ter
desempenhado cargos de responsabilidade – ele representante da Flórida no
Congresso, ela membro da administração de George W. Bush e, depois, da campanha
presidencial de John McCain – e se passou para o «lado negro da Força», para a
MSNBC, onde se esmer(d)a para ser «mais papista do que o Papa» (seja ele qual for)
dos esquerdistas e «progressistas», mais radical do que os radicais da
sinistra. A «medalha de bronze» foi-lhe atribuída por esta mentira ridícula:
«Não existe uma estirpe de racismo na esquerda». Claro que «não»: o
facto de ser impossível a qualquer liberal referir-se a alguém sem salientar,
positiva ou negativamente, a cor da pele, invariavelmente atribuindo a quem é
branco as culpas e os defeitos (como que numa «penitência» pelos antecessores
que praticaram a escravatura e a segregação, que criaram o Ku Klux Klan e emitiram as denominadas «leis de Jim Crow», que criaram a falaciosa «Grande Sociedade), «não» demonstra racismo!
A «medalha de
prata» vai, adequadamente, para um traidor. Traidor dos seus antepassados, dos
afro-americanos escravizados pelo Partido Democrata de que ele é membro, tal
como aliás muitos dos homens e das mulheres norte-americana(o)s da sua etnia,
que, quais «Tios Tom» e «Tias Jemima», apoiam, votam, integram a organização
político-criminosa que, no passado como no presente, e sob diversas formas,
mais não f(e)az do que deles se aproveitar. É de James Clyburn, representante
da Carolina do Sul (e que nessa posição já recebeu muito mais do que 30
dinheiros), a segunda mais estúpida frase de 2019, e até que poderia ser a
primeira: «Este gajo é realmente um cancro neste país, não apenas nesta presidência».
Referia-se a Stephen Miller, conselheiro político de Donald Trump… e que é
judeu. Depois de, recentemente (final de Dezembro e princípio de Janeiro),
terem ocorrido várias agressões, ataques, atentados anti-semitas graves em Nova
Iorque e em Nova Jérsia cometidos por afro-americanos (insuspeitos de serem
republicanos), a odiosa declaração de Clyburn ganha outras, e deveras desagradáveis, relevância
e ressonância.
Enfim, quem foi a vencedora, a mais estúpida
(afirmação e pessoa) de 2019? A «medalha de ouro»? Alguém que, mais do que ser uma
das colegas de James Clyburn, é de facto a sua «chefe»: sim, Nancy Pelosi, novamente
(e como ela mente…) e infelizmente speaker, presidente, da Câmara dos
Representantes, voltou a vencer o desonroso «galardão». Efectivamente, ela já havia ganho o de 2017, e também com uma «bujarda» do mesmo tipo da de agora:
equiparar um triunfo e/ou uma acção dos republicanos a uma catástrofe apocalíptica,
ou quase. Se de uma cidadã comum tal pronunciamento já seria anedótico, que
dizer quando vem de quem tem altas responsabilidades políticas? Há dois anos era
a então nova reforma fiscal e consequente redução generalizada de impostos que
correspondia a «o fim do Mundo, o Armagedão», entre outros dramáticos, patét(r)icos
qualificativos. Agora, é a possível (e, neste momento, mais do que provável) reeleição
de Donald Trump a maior das desgraças: «A civilização, tal como a conhecemos hoje, está em causa na próxima eleição, e certamente o nosso planeta (também)».
Sabendo-se, porém, que quem disse este disparate pertence a uma corrente
ideológica-idiótica que tem como certo que a raça humana entrará em extinção
dentro de uma década a não ser que o alegado «aquecimento global» seja contido,
a surpresa e até a indignação não têm que ser elevadas.