A Convenção Nacional Democrata, realizada na semana
passada, entre 19 e 22 de Agosto, em Chicago, constituiu, como era previsível, a
reunião magna dos mais incompetentes, bizarros, degenerados e perigosos políticos
dos Estados Unidos da América. Foi um congresso: que confirmou a substituição...
não democrática de Joe Biden e a sua substituição por Kamala Harris como
candidato(a) principal à presidência dos EUA, e que, por não ter ainda apresentado
qualquer programa eleitoral, a campanha de Donald Trump não hesitou em
«oferecer-se» para lhe criar um; onde abundaram mentiras e mais mentiras sobre
o Partido Republicano e DJT, este referido – negativamente, claro – mais vezes pelos
oradores do que a economia, a segurança e a imigração, como
se fosse ele que está actualmente na Casa Branca; onde não faltaram exemplos de
uma hipocrisia tão descarada que nem Jon Stewart se coibiu de a apontar; que
«beneficiou», qual «cereja no bolo» da perversidade, da presença, ao lado do local
do evento, de um autocarro da Planned Parenthood onde os participantes podiam
ir para efectuar, gratuitamente, abortos e vasectomias (e porque não
eutanásias?); que mereceu a designação de «Commie Con» e justificou a de
«Kamunism» para a «VP» (mas não VIP). Enfim, tratou-se de um evento radicalmente diferente daquele que os
republicanos organizaram em Julho em Milwaukee.
Uma característica recorrente de praticamente
qualquer ano eleitoral nos EUA, e em especial naqueles em que se realiza a
eleição presidencial e as respectivas, prévias, convenções dos dois maiores
partidos, é o «cortejo» de membros e de apoiantes, ou ex-membros e
ex-apoiantes, de um partido que apelam ao voto no outro e/ou nos candidatos
dele. Em Chicago os «burros» contaram com supostos «conservadores» como a
oportunista Olivia Troye, o patético Adam Kinzinger e a traidora Stephanie Grisham – sim, o caso desta é efectivamente mais grave pela confiança que nela
foi depositada durante bastante tempo por Donald e Melania Trump. Há ainda os casos do pomposo ridículo David French e da azeda elitista Liz Cheney, que, porém,
não se deslocaram à «windy city». No entanto, estes nomes nada são, em dimensão
e em impacto, aos que os «elefantes» têm conseguido – e «a procissão ainda vai
no adro» - trazer do «outro lado». Em Milwaukee tiveram Amber Rose e Bobby Bartels, tão diferentes mas idênticos na coragem e na eloquência; mas foi logo
no dia seguinte ao término da convenção democrata, e como que para atenuar ou
mesmo anular o eventual efeito positivo (?) do discurso de Kamala Harris, que
Robert F. Kennedy Jr. – ele próprio até aí um também candidato à presidência
que primeiro quis concorrer no seu partido de sempre, que o sabotou, e por isso
passou a independente – anunciou a sua desistência e o apoio a Trump. É mesmo um
facto de invulgar importância que o filho de Robert Kennedy e sobrinho de John
Kennedy apele ao voto num candidato republicano, e não será a vergonhosa
reacção de alguns familiares, acríticos seguidores caninos do partido, que a
anulará. Três dias depois foi a vez de Tulsi Gabbard confirmar – o que até nem
seria necessário porque não é propriamente novidade – que também apoia DJT; ela tem igualmente um «peso» especial,
pois, afinal, foi representante do Hawaii pelo PD e candidata à presidência em
2020, tendo durante um debate «destruído» Kamala Harris e assim contribuído para a desistência daquela.
Tanto Robert F. Kennedy Jr. como Tulsi Gabbard
afirmam que já não se revêem no actual Partido Democrata, que este se tornou
numa organização belicista, extremista, adversária da liberdade de expressão e
indiferente ao bem-estar dos cidadãos norte-americanos. E são igualmente, no
essencial, estes os motivos que têm levado outros correntes ou anteriores democratas,
sejam eles famosos e influentes ou mais ou menos anónimos, a manifestarem a
intenção de votarem em Donald Trump no próximo dia 5 de Novembro – ou antes,
nos locais em que a votação antecipada é permitida. A lista, continuamente a
ser actualizada (isto é, aumentada), é um verdadeiro exemplo de diversidade, e
inclui, entre outros: Jacob Helberg, executivo em Silicon Valley e que em 2020 contribuiu
para a campanha de Joe Biden; Kwame Kilpatrick, ex-presidente da câmara de
Detroit; Allison Huynh, empresária de novas tecnologias e que em 2008
contribuiu para a campanha de Barack Obama; Amir Odom, influenciador nos media
sociais e antigo apoiante da Black Lives Matter; Will Pierce, activista por
Biden em 2016; David Marcus, ex-presidente da PayPal e ex-vice-presidente da
Facebook; a estes juntem-se ainda os exemplos, e as experiências, de P. Rae Easley, Jade Gilum e Melissa Chapman; e não se deve esquecer os que, por
enquanto, não declararam o seu apoio a Donald Trump, mas que deverão fazê-lo,
ou, pelo menos, votar nele secretamente, como Bill Ackman, além de outros milionários
e bilionários. Sejam ricos ou não, s(er)ão cada vez mais os que reconhecem que certamente
não será com Kamala Harris como Presidente que as suas situações irão melhorar.