A vitória de Donald Trump na votação realizada no passado dia 5 de Novembro e a sua consequente reeleição para um segundo mandato
(não consecutivo) teve, e terá, como grande benefício, como principal vantagem,
parar e reverter a rota de (auto-)destruição deliberada, acelerada e
generalizada que o Partido Democrata prosseguiu nos últimos quatro anos. Porém,
há uma outra consequência, muito positiva, da retomada do poder executivo – e
da Casa Branca, além do legislativo e do Congresso – pelo Partido Republicano:
a de quando os Estados Unidos da América celebrarem a sua próxima grande
efeméride – mais concretamente, os 250 anos da sua fundação, em 2026 – não será
um «azul», mais uma vez, a ter o cargo de comandante-em-chefe.
Na verdade, e felizmente, nunca um representante do
partido dos «burros» era o presidente quando a nação assinalou uma data
fundamental na sua história. Nos 50 anos, em 1826, era John Quincy Adams –
filho do «pai fundador» e segundo presidente John Adams – que não era
republicano (o GOP ainda não existia, e só seria criado 28 anos depois, em
1854) mas também não era democrata (o PD só foi excretado dois anos depois, em
1828). Nos 100 anos, em 1876, era Ulysses S. Grant, segundo presidente pelo PR
(o primeiro havia sido Abraham Lincoln) e o herói militar que durante a Guerra
Civil conduzira o exército da União, do Norte, ao triunfo contra o dos
confederados, do Sul, liderado por Robert E. Lee. Nos 150 anos, em 1926, era
Calvin Coolidge, também um «elefante». Nos 200 anos, em 1976, era Gerald Ford,
que sucedera a Richard Nixon. Teria sido, e seria sempre, uma contradição, um
completo contra-senso, que uma organização política que sempre preconizou – com
maior ou menor intensidade e de diferentes formas – o término dos EUA como o
conhecemos ou, o que vai dar praticamente ao mesmo, a sua (Barack Obama foi
quem primeiro a referiu) «transformação fundamental» tivesse a seu cargo a
honra e a responsabilidade de dirigir os festejos da criação do país; e,
efectiva e felizmente, tal não acontecerá daqui a dois anos.
O dia 4 de Julho de 2026 deverá ser o de maior festa
durante a presidência de Donald Trump, o que se compreende: a evocação do
quarto de milénio sobre a Declaração da Independência constituirá um pretexto
óbvio, lógico, imperdível para uma enorme, exaustiva e imaginativa
retrospectiva de tudo o que os EUA alcançaram e realizaram desde 1776. No
entanto, outros dois eventos de grande dimensão ocorrerão no país enquanto DJT
estiver na Casa Branca: também em 2026 haverá o Campeonato do Mundo de Futebol,
que se desenrolará igualmente no Canadá e no México; e em 2028 haverá os Jogos Olímpicos (de Verão) em Los Angeles – a terceira vez que a suprema competição
desportiva mundial tem como cenário aquela cidade californiana depois de 1932 e
de 1984. Trump, com o seu apurado instinto para o espectáculo, estará como que
no seu ambiente natural nos três acontecimentos. Agora, imagine-se se Kamala
Harris tivesse ganho e coubesse a ela representar o país em tão importantes
palcos... seria um autêntico cenário de pesadelo, mais adequado a narrativas de
história alternativa. À maior e melhor parte do eleitorado norte-americano se
deve o facto de tal hipótese se manter para sempre no domínio da imaginação.