sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

Ano Quinze

Ao completar, hoje, o seu décimo quarto aniversário, e, logo, e em simultâneo, ao entrar no seu 15º anos de existência, o Obamatório vê mais uma vez renovada a pergunta que se coloca desde a sua criação em Janeiro de 2009: faz sentido, terá justificação, ainda, manter um espaço que, só contra todos os outros, ou quase, se esforça, debatendo-se com uma permanente desigualdade de meios, por dar informações e opiniões que mais e melhor revelam a verdade da politica nos EUA, na actualidade e não só? A resposta, apesar de tudo, continua a ser «certamente que sim»!
E, desde logo, porque material, pretextos, não (nunca!) faltam. Este início de 2023 está a ser marcado pela constatação cada vez mais abrangente – sim, até mesmo junto de alguns «me(r)dia» esquerdistas – de que a «presidência» de Joe Biden, que hoje assinala dois anos, é um completo desastre, em grande medida porque ele é, e há muitos anos, um total traste. Não faltaram no período de transição de ano as listas, não tanto do bom mas sim, mais, do mau, relativas ao senil, demente, ofensivo, corrupto, usurpador. São exemplos os «25 principais piores momentos de 2022» (porque, claro, houve mais), as «10 principais asneiras de 2022 que provam que ele está em declínio cognitivo» (porque, claro, houve mais) e as «21 mentiras espalhafatosas que Biden disse mais do que uma vez» (e, evidentemente, há mais). Como não podia deixar de ser, o ex-vice de Barack Obama não esteve sozinho, no ano passado, no que a dizer – e a fazer – os maiores disparates, pois foram vários os seus «camaradas» do Partido Democrata a darem o seu «valioso» contributo para o sempre degradante, mas frequentemente hilariante, espectáculo permanente que é a «governação» à esquerda norte-americana; obviamente, eu próprio elaboro e publico uma lista deste tipo no início de cada ano. Porém, o que é mais risível é o facto de o «divisionista do Delaware» estar aparentemente convencido de que o ano passado foi excelente, quiçá um dos melhores de sempre, não obstante os diversos recordes negativos alcançados, alguns dos quais superaram valores que não se verificavam há décadas ou até mesmo (mais de) um século!
Houve quem, e logo a 3 de Janeiro, elaborasse e publicasse uma lista dos «10 escândalos para se manter um olho em 2023». Todos, mas mesmo todos, os que nela são mencionados são autênticos, legítimos, graves, e já vêm de trás. Mas, no entanto, a autora, Margot Cleveland, não previu, assim como quase todos os outros observadores e comentadores, que apenas uma semana depois estalaria aquele que é, será, potencialmente, o maior escândalo de todos: a descoberta, em mais de um local relacionado com Joe Biden, e nenhum deles com um nível de segurança aceitável, de documentos classificados como confidenciais – e até secretos – referentes à administração, e aos dois mandatos, de Barack Obama. Inevitavelmente, logo surgiram as comparações com o caso que envolveu, e ainda envolve, Donald Trump. Todavia, há diferenças nítidas entre os dois, e todas são em desfavor do actual «ocupa» da Casa Branca. Trump, enquanto presidente, tinha o poder, a legitimidade e a autoridade para desclassificar qualquer documento e levá-lo para onde quisesse, desde que devidamente guardado num espaço adequado – o que de facto aconteceu na sua casa de Mar-A-Lago, que, para mais, era, e é, protegida em permanência por elementos do Serviço Secreto. Biden, enquanto vice-presidente, não tinha aquelas capacidades, pelo que além de, na prática, ter roubado esses documentos, deixou-os em espaços inacreditavelmente desadequados, como a garagem da sua casa em Wilmington junto ao seu Chevrolet Corvette (!), e em armários na sede de uma «fundação» com o seu nome na Universidade da Pensilvânia, «fundação» essa que se sabe que recebeu financiamentos avultados de entidades chinesas, provavelmente de muitos milhões de dólares. E quanto às consequências, legais e outras, por estas «negligências», dificilmente elas poderiam ser mais opostas: por nada fazer de errado, DT teve a sua casa invadida e revolvida (incluindo as gavetas de Melania) pelo FBI, foi acusado de ser um reles traidor que iria vender segredos nucleares aos russos (sim, era mais uma mentira ridícula) e que por isso merecia, talvez, ser executado em praça pública (!!); JD, até agora, não recebeu a «visita» de forças policiais, muito em especial do FBI, que prescindiu de acompanhar os advogados do decrépito político na «descoberta» dos documentos, descoberta essa que, aliás, aconteceu no início de Novembro e que foi mantida em segredo pelo procurador-geral para não perturbar as eleições intercalares realizadas poucos dias depois. Merrick Garland lá foi forçado a nomear um conselho especial para «investigar» o caso, mas alguém acredita que tal decisão vai ter resultados credíveis?
Joe Biden está convencido de que beneficia de total impunidade, tanto por parte de entidades públicas como da comunicação social, e esta, de facto, não se tem mostrado rogada em arranjar desculpas cada vez mais embaraçosas e pouco ou nada convincentes. Entretanto, ele continua a comportar-se como o arrogante e insultuoso inútil que sempre foi, não tendo hesitado em dar mais uma mostra do seu mau carácter na recente celebração do dia de aniversário de Martin Luther King, que é feriado nacional nos EUA. É bom que a maioria republicana na Casa dos Representantes, liderada pelo novo speaker Kevin McCarthy, eleito a 7 de Janeiro e só à 15ª votação porque antes teve de dar garantias de que grandes mudanças seriam feitas, comece a pôr travões efectivos nas ávidas matilhas democratas que, tal como na guerra civil, hoje mais não querem do que destruir o país.  

quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

A mais estúpida de 2022

Mais uma vez se cumpre uma das «tradições» no Obamatório: a de o primeiro texto do ano ser dedicado à selecção e à divulgação da citação, ou da frase, por mim considerada a mais estúpida do ano anterior no âmbito da política dos Estados Unidos da América e proferida por um democrata-esquerdista, e para tanto podem «concorrer» (des)governantes como «jornalistas-comentadores». Os critérios de análise e de deliberação são, como sempre, o grau de idiotia da afirmação medido pela sua intrínseca e indubitável falsidade, o eventual incitamento à violência explícito ou implícito naquela, e a importância do cargo – ou o estatuto e a fama – de quem a profere. Desta vez, e como é habitual, houve muito de bom – ou, mais correctamente, de mau – por onde escolher.
A seguir são listadas aquelas que, embora afrontosas, mesmo assim não foram consideradas suficientemente revoltantes para merecerem integrar a lista final das 10 piores. «O Sargento-de-Armas (deveria poder) algemar e deter Kevin McCarthy numa cave fechada», Steve Schmidt. «A direita conservadora neste país está a fazer exactamente o que muitos regimes autoritários maléficos fizeram ao longo da história; eles estão a tentar reescrever a nossa história, o nosso ensino, a nossa arte, em ordem a colocaremos alicerces para destruírem a democracia; está a acontecer mesmo à nossa frente», Joe Lockhart. «Não devemos subestimar o facto de os Estados Unidos terem retomado a cadeira de adulto no Mundo; Biden restaurou a liderança americana tão danificada por Trump», Joe Lockhart (pela segunda vez). «Já estamos a ver refugiados do clima à volta do Mundo; se pensam que a migração tem sido um problema na Europa com a guerra na Síria, esperem até verem 100milhões de pessoas para quem a inteira capacidade de produção de comida colapsou», John Kerry. «Os migrantes processados pelo CBP são livres paraviajar (pelos EUA, depois de atravessarem ilegalmente a fronteira)», Jen Psaki. «Para a democracia sobreviver necessitamos de mais moderação de conteúdo, não de menos», Max Boot. «Necessitamos de regulação; não podemos deixar que estes tipos controlem o discurso neste país ou estaremos a caminho do Inferno», David Zurawik. «Não tem havido muitos senadores do Delaware; é um Estado pequeno; como matéria de facto, nunca houve um», Joe Biden. «Os republicanos não irão parar com o banimento do aborto; eles querem banir o casamento inter-racial», Eric Swalwell. «(Donald Trump) escolheu então lançar uma conspiração criminosa para reverter os resultados (da eleição) e prevenir a pacífica transferência de poder pela primeira vez na história americana», Hillary Clinton. «A última sedição que tivémos neste país, em qualquer tipo de escala, foi a de Jefferson Davis, o presidente da confederação; e Trump superou até mesmo Jefferson Davis», Carl Bernstein. «Há pessoas que estão a lutar para serem livres de espingardas de assalto, livres da pobreza, livres da exploração; e há outros que estão a lutar pela liberdade de explorar, liberdade de terem armas, liberdade de manterem a desigualdade», Ibram X. Kendi. «O Partido Democrata é a última, melhor, esperança do Mundo contra o fascismo; contra uma extrema, autocrática, anti-mulher, anti-gay, anti-contracepção, anti-liberdade, colecção de fascistas, que dominam a ala de Trump do Partido Republicano de hoje», Mika Brzezinski. «É melhor teres esperança de que eles não venham por ti, Clarence (Thomas), e que digam que não deverias estar casado com a tua esposa, que acontece ser branca», Whoopi Goldberg. «Mulheres estão a engravidar todos os dias na América, e isto é um verdadeiro problema», Kamala Harris. «O aborto é ainda legal no Michigan, e eu nunca irei parar de lutar para mantê-lo assim; para os meus miúdos, os vossos miúdos, e o futuro do nosso grande Estado», Gretchen Whitmer. «Quando você não está onde a maioria dos americanos estão, então, sabem, isso é extremo; essa é uma forma extrema de pensar», Karine Jean-Pierre. «A administração Biden-Harris fez da equidade racial a peça central da nossa agenda económica», Janet Yellen. «O Presidente Biden, que tem feito um trabalho espectacular, teve uns dois anos melhores do que os de muitos presidentes que possa nomear», Nancy Pelosi. «Se os republicanos parassem de apelar à violência, o crime poderia diminuir», Jennifer Rubin.
As citações precedentes são muito más, não são? Tresandam... a estupidez, mas também a mentira, a insulto, a difamação, a demonização do adversário, a obsessão com a cor da pele e com o aborto, a apelo à censura, a projecção – isto é, acusar falsamente outros do que se é realmente culpado. Não é possível haver piores exemplos, pois não? Só que... há mesmo, infelizmente, por mais que isso custe a acreditar. Ora leia-se as «10 menos», começando pelas nove que não ganharam o «troféu» mais «cobiçado». «Se a Califórnia quer algum dia atingir a verdadeira equidade, o Estado deve exigir aos pais que dêem as suas crianças», Joe Mathews. «Feliz Dia dos Presidentes aos três ou quatro presidentes mortos que não estão a arder no Inferno», Elie Mystal. «Uma ordem mundial liderada pela China seria mais humana; as pessoas que pensam de outra maneira foram lavadas ao cérebro pelos media americanos para saberem os crimes da China mas não os dos Estados Unidos», Richard Hanania. «Se os democratas fossem um pouco que fosse como os republicanos, eles há muito tempo que teriam começado a chamar-lhes o partido pró-estupro e pró-casamento de crianças e a acusá-los de forçarem as mulheres a serem escravas parideiras do Estado,enquanto baniam o ensino do que a escravatura é para manter o gado dócil», Joy Reid. «Em vez de tomarem conta das crianças da nossa nação, os conservadores estão preocupados em banir abortos, o que é doentio», Nina Turner. «(A implementação de leis eleitorais que exigem a apresentação de identificação é mais um exemplo de) Todas as vezes que uma nova América tenta entrar em existência, o cordão umbilical da supremacia branca tem sido enrolado à volta do pescoço do bebé,tirando-lhe a vida por asfixia», Eddie Glaude. «É por terem crianças que vocês estão preocupados com o preço da gasolina, que estão apreensivos com quanto a comida custa; para as mulheres isto não é um assunto redutivo; não se pode divorciar ser-se forçado a levar até ao fim uma gravidez indesejada das realidades económicas de ter uma criança», Stacey Abrams. «O que estava em causa esta noite e esta semana era o facto de se seremos uma democracia no futuro, se as nossas crianças serão presas e, concebivelmente, mortas; estamos à beira de um brutal sistema autoritário, e pode estar a uma semana de distância», Michael Beschloss. «Mulheres brancas republicanas suburbanas vão agora votar no Partido Republicano; é quase como baratas a votarem no Raid», Sunny Hostin. Em resumo, as mesmas manias exibidas nas 20 anteriores citações mas levadas a extremos demenciais. E fica apenas a faltar a que considerei a mais estúpida de 2022...
... Que é de Karine Jean-Pierre: «O que vimos em 6 de Janeiro (de 2021) foi o pior ataque à nossa democracia desde a Guerra Civil; a nossa democracia continua sob ameaça». Seria difícil esta não ser a vencedora porque consegue, em poucas palavras, transmitir tanta m*rd*, explícita e implícita. É mesmo preciso dizer o quão ofensivo é considerar uma «invasão» do Capitólio por uma multidão – que entrou naquele porque polícias abriram as portas, e operacionais do FBI disfarçados acicataram os ânimos – que apenas causou vítimas entre os «ocupantes», e que já antes tinha acontecido (recorde-se os esquerdistas que andaram à solta pelos corredores do Congresso em 2018 e ameaçaram senadores republicanos por apoiarem a nomeação de Brett Kavanaugh para juiz do Supremo Tribunal), como algo pior do que, por exemplo, os atentados de 11 de Setembro de 2001, o assassinato de John Kennedy (no qual parece cada vez mais evidente que a CIA esteve envolvida), o bombardeamento de Pearl Harbor ou as campanhas de intimidação desse braço terrorista do Partido Democrata que era o Ku Klux Klan? E esta afirmação é ainda mais grave por ser da porta-voz da «presidência» do país. Porém, haveria muito a esperar de alguém que conseguiu o cargo não pela sua competência mas sim por ser afro-americana e lésbica?