quarta-feira, 20 de abril de 2022

Bofetadas «boas»

A cerimónia de atribuição dos prémios da Academia das Artes e das Ciências Cinematográficas de Hollywood em 2022, relativa a filmes estreados em 2021, deveria preferencialmente ter-se caracterizado, e ficado para a memória e para a História, como (mais) uma ocasião em que se reconhece e que se distingue o melhor que a «sétima arte» faz, e, particularmente, os filmes e as pessoas que neles trabalharam. Porém, neste ano, e além de, novamente, existirem de facto sérios motivos para duvidar de que as melhores obras e os melhores profissionais tenham recebido o maior número de e/ou os mais importantes galardões, e vários dos premiados – no que já se tornou um (mau) hábito que contribui para o progressivo declínio das audiências – terem aproveitado a ocasião para proferirem ridículas declarações ideológicas, aquilo que será unicamente, ou quase, recordado do mais recente espectáculo é a agressão de Will Smith a Chris Rock...
... E, três semanas depois daquele infeliz incidente, ainda não cessaram os «ecos» da bofetada dada por um apoiante de Barack Obama e dos democratas a outro apoiante de Barack Obama e dos democratas. Ou, dito de outra forma, mais um caso de «black on black violence» que, pelo menos, não implicou o uso de armas de fogo e consequências (para a saúde dos envolvidos) mais graves, como costuma acontecer em Detroit, Nova Iorque e Baltimore. Seria de esperar que, dadas as inclinações ideológicas dos protagonistas do caso, ambos «progressistas», não haveria maneira de ligar aquele a conservadores, republicanos, apoiantes de Donald Trump, certo? Não, errado! Em mais uma demonstração de que não há limite para a degenerescência mental à esquerda e que vale tudo, incluindo os maiores disparates, para «marcar pontos», logo surgiram alegações, feitas nomeadamente por pessoas tão «credíveis» como Asha Rangappa, Howard Stern, Joy Behar, Rosie O’Donnell e Steve Schmidt, de que o Nº 45 era o culpado, indirecto ou mesmo directo, pela agressão! No que estão de acordo com a feia e fracassada fufa Lori Lightfoot, mayor de Chicago, que, apesar de estar protegida em permanência por mais de 70 agentes (!) não obstante ter proposto diminuir o orçamento do departamento de polícia daquela cidade – uma das mais perigosas dos EUA em resultado de décadas de displicência democrata em relação ao crime – em 80 milhões de dólares, não hesitou em responsabilizar DJT pelas ameaças que ela recebe regularmente.
Não se deve acreditar nos «liberais» norte-americanos, incluindo aqueles que dirigem a Academia de Hollywood, quando dizem que condenam a violência. Na verdade, só a condenam verdadeiramente, sinceramente, se, seja real ou imaginária, tiver como alvos os seus «camaradas». Contra os outros, os seus rivais, opositores, inimigos, vale tudo ou quase; para eles há bofetadas «más» e bofetadas «boas», e estas são as que deviam ser dadas, segundo Stephen Colbert e Jimmy Kimmel, a, respectivamente, Peter Doocy, jornalista da Fox News (por fazer perguntas incómodas a Jen Psaki, porta-voz de Joe Biden e mentirosa compulsiva e desavergonhada), e Marjorie Taylor Greene, representante da Geórgia pelo Partido Republicano (por se opor à nomeação de Ketanji Brown Jackson como juíza do Supremo Tribunal); sim, é isto que actualmente passa por «humor» em duas das mais importantes estações televisivas dos EUA.