sexta-feira, 26 de março de 2021

Revisionismo discrimino-censório

No início desta semana que agora termina, e em dias consecutivos, duas pessoas que podem ser colocadas (eu coloco-as) entre os mais destacados «bloguistas» portugueses publicaram «postas» sobre o que é, praticamente, o mesmo tema: as consequências do que vamos designar de um extremo revisionismo dicrimino-censório – versão mais recente e demente do já de si duradouro e detestável «politicamente correcto» - na literatura mundial e até no mercado literário português e nos autores nacionais, revisionismo esse que tem origem em muitas universidades dos Estados Unidos da América, e que a partir daí «contaminou» bastantes – demasiado(a)s) – indivíduos e instituições (incluindo empresas privadas), não só naquele país mas também noutros.
A 21 de Março, no Malomil e em texto intitulado «A traição dos intelectuais», António de Araújo aborda as controvérsias decorrentes da tradução do primeiro livro daquela que é supostamente a mais jovem vedeta das letras norte-americanas: «(…) Porque é que Amanda Gorman e os seus agentes levantaram objecções a que a sua poesia fosse traduzida para catalão por um branco, Victor Obiols, mas não objectaram a que fosse traduzido para espanhol por uma branca, Nuria Barrios, dita “sem historial activista”? Porque é que só agora, à boleia desta nova polémica, é que Grada Kilomba vem questionar e criticar a tradução para português do seu livro, “Memórias da Plantação”, feita por um homem branco, Nuno Quintas, e nada disse nem objectou quando essa tradução foi feita, em 2019? (…) Que características de um determinado autor devem ser valorizadas na escolha do seu tradutor? No caso de Amanda Gorman, vemos apontadas as seguintes características: “jovem”, “mulher”, “negra”, “filha de mãe solteira”. Dessas, qual a decisiva na escolha do tradutor? Apenas uma, a etnia? Todas? Porque não o facto de ser mulher? Ou jovem? Ou filha de mãe solteira? Com que legitimidade se erige a etnia em detrimento do género, por exemplo? Se escolhemos a etnia como ponto decisivo do “lugar da fala”, isto significa que apenas negros podem traduzir negros e brancos podem traduzir brancos? Se sim, porquê? Se não, porquê? Porque é que a etnia de um tradutor lhe confere especiais qualificações para o seu ofício? Isso não será racismo, no fim de contas? (…) Quem pode traduzir Amanda Gorman? Uma homem de meia-idade pode fazê-lo? Ou apenas Amanda Gorman pode traduzir-se a si própria? Um homem pode traduzir literatura feminista? Um heterossexual pode traduzir escritos gay? Um agnóstico pode dar voz à “Bíblia”? E quem pode traduzir os clássicos, Aristóteles ou Platão, Joyce ou T. S. Eliot? Um judeu não pode traduzir “Mein Kampf”? Ou, pelo contrário, só um judeu pode fazê-lo? Não haverá aqui o risco, mais do que evidente, de se criarem novos casulos e barreiras, contrariando a essência própria, universalista, dialogante, do acto de traduzir? (…)»
A 22 de Março, no Horas Extraordinárias e em texto intitulado «Estupidez», Maria do Rosário Pedreira aborda a – inesperada – dificuldade em conseguir editar nos EUA um (por ela não identificado) escritor nacional: «Disse-se ao longo de mais de uma centena de anos que a América era a terra das oportunidades; infelizmente, passou a ser a terra da oportunidade de ficar calado, pois não se pode agora falar de nada sem que todas as nossas palavras, por mais inocentes que sejam, acabem julgadas da pior maneira. Recentemente soube que recusaram a obra de um autor português com um relatório em que, antes de mais nada, o descreviam como muitíssimo talentoso; mas esse talento era secundário para a editora norte-americana que decidiu não o publicar porque um dos romances falava de forma muito directa de um tema que, para a imprensa norte-americana, era muito sensível (a deficiência); e o outro tinha, entre as suas personagens, uma transsexual (mas, como o autor não o é, certamente iria ser acusado de falar do que não sabe; ainda pensaram pedir um segundo relatório de leitura a alguém da comunidade LGBT lá do sítio, mas não encontraram nenhum trans que lesse português). (…) É uma outra forma de preconceito que em nada ajuda as minorias, fingindo que as protege. Se os autores não podem falar do que não sentiram na pele, não é isso uma negação da imaginação? (…)»
Nestes seus textos tanto António de Araújo como Maria do Rosário Pedreira colocam questões pertinentes, resultantes também do que parece ser genuína supresa e até indignação perante o que acontece – no âmbito cultural, pelo menos – no outro lado do Atlântico. Porém, ambos não podem alegar que não foram avisados, e nomeadamente por mim, sobre as mais do que prováveis e previsíveis consequências de a pérfida perversão, atentatória dos mais bons e básicos valores civilizacionais, inerente à esquerda norte-americana e núcleo perene do Partido Democrata se expandir e se consolidar, talvez e infelizmente de uma forma permanente. Recordo que o actual consultor da Presidência da República me «convidou» a deixar de comentar no Malomil depois de eu ter respondido, discordando (com factos), a alguns posts em que criticava Donald Trump; e que a actual editora da Leya não pareceu ter reconhecido o erro que cometeu ao elogiar uma bibliotecária luso-descendente de Boston que rejeitou livros oferecidos por Melania Trump, e, na prática, ofendeu a primeira-dama… e no meu comentário já alertava para o perigo de a proibição de certas obras e artistas por parte dos novos «inquisidores» se tornar uma rotina – e o certo é que, menos de quatro anos depois, são (alguns d)os de Theodor «Dr. Seuss» Geisel, que Liz Soeiro desprezou, que estão entre os primeiros (porque, sim, há outros) a serem «apagados» na vigência do regime que foi instaurado a 20 de Janeiro passado numa Washington pejada de soldados e de barreiras com arame farpado.    
No entanto, nestes seus textos António de Araújo e Maria do Rosário Pedreira dão igualmente mostras de uma surpreendente ingenuidade… ou de algo pior. Ele também pergunta: «Como é possível conciliar este debate com o propósito de união anunciado no discurso da tomada de posse de Joe Biden, sem o qual poucos saberiam sequer quem é Amanda Gorman?» Obviamente, isso não é possível, porque os democratas não são nem nunca foram pela união e pela integração (racial e outras) mas sim pela secessão e pela segregação; e estar na Casa Branca um ilegítimo e xexé «chefe de Estado» é uma garantia de que vai continuar a invasão por imigrantes ilegais, a perseguição policial e judicial de opositores políticos e a promoção de campanhas de menorização (ou seja, de discriminação e mesmo de ódio) contra brancos, além de que se irá tentar proceder ao desarmamento da sociedade civil e a «purgas» ideológicas nas forças armadas – tudo acções que provavelmente levarão, não à unidade, mas à implosão do país, quiçá até a uma nova guerra civil; quando alguém que tem uma licenciatura em Direito e um doutoramento em História, e com actividades importantes e influentes, e que apesar disso revela não ter um conhecimento suficiente de factos fulcrais relativos aos EUA, é de duvidar da qualidade dos conselhos políticos que dá no Palácio de Belém. Ela também pergunta: «Então hoje para uma editora o talento é menos importante do que o assunto de um romance? E um agente cultural como uma editora mete o rabo entre as pernas, recusa-se a arriscar e abdica de mudar mentalidades mesmo quando diz que o autor tem muito talento?» A verdade é que – e sei-o por experiência própria – MRP já se recusou a arriscar por causa do assunto de um romance e não ponderou devidamente o talento do respectivo autor; todavia, é elementar e da mais básica justiça reconhecer que, neste aspecto, ela está longe de ser um caso único.
Ainda sobre o texto citado do Horas Extraordinárias, é quase certo que o autor nele mencionado é Afonso Reis Cabral, trineto de José Maria Eça de Queiroz. E este, curiosamente, tornou-se igualmente uma «vítima» do revisionismo PC devido a alegados «preconceitos raciais» existentes n’«Os Maias», que foram primeiro «denunciados» por uma «investigadora» que estudou… nos EUA. Ela será certamente bem vinda se quiser participar no segundo congresso – por mim proposto, e organizado pelo Movimento Internacional Lusófono – sobre EdQ, que deverá decorrer no próximo mês de Outubro e que terá como temas os 150 anos da publicação de «O Mistério da Estrada de Sintra», da realização das Conferências do Casino e do início da edição d’«As Farpas». Imagine-se o que ele teria dito e escrito sobre estes novos «puritanos» da treta! (Também no Octanas.)

quinta-feira, 11 de março de 2021

Um «chefe de Estado» xexé

(Uma adenda no final deste texto.)
Nunca é – nunca será – demais, desajustado, despropositado, recordar e reafirmar que Joe Biden não venceu de facto a votação presidencial de 2020 e que a sua chegada à Casa Branca se deveu a uma enorme fraude eleitoral, que muitas pessoas – isto é, muitos (supostos) republicanos, aos níveis executivo, legislativo e judicial – decidiram não confrontar decidida e decisivamente. Do mesmo modo se deve salientar repetidamente que além de bastantes outras eleições não tão importantes, concretamente as de âmbito local e estadual (há que lembrar a alegada «vitória» de Al Franken sobre Norm Coleman em 2008 para o Senado pelo Minnesota), sonegadas pelos democratas ao longo dos anos, a presidencial de 1960 constituiu a anterior «grande roubalheira» por eles perpetrada. 
Porém, entre o que aconteceu há mais de 60 anos e o que aconteceu no ano passado há uma diferença fundamental: John Kennedy não era, tanto quanto se sabe hoje, nem um incapacitado mental nem um traidor a soldo do principal país inimigo dos EUA; e era um verdadeiro católico, se não no sentido da fidelidade conjugal, pelo menos no que se refere ao aborto – e se fosse vivo hoje certamente não concordaria com a «interrupção voluntária da gravidez» até ao momento do nascimento, com o dito «casamento» entre pessoas do mesmo sexo, e com a entrada de homens, fingindo ser mulheres, nos balneários daquelas e/ou em provas desportivas para sabotarem as suas carreiras; além de que JFK era um autêntico anti-comunista que certamente não desculpabilizaria violações de direitos humanos, quiçá genocídio…
Que foi o que Joe Biden fez ao desvalorizar a repressão da minoria uighur na China como sendo uma questão de «diferentes normas» - dir-se-ia que, com este comentário, fez por merecer o dinheiro que recebeu (e ainda recebe?) de Pequim. Só isto, de tão mau que é, seria suficiente para o impedir de se tornar (p)residente. E, no entanto, há mais: sucessivas demonstrações de crescente senilidade, tanto na campanha como na Casa Branca, que os media «amigos» se esforçam por disfarçar; regulares expressões de racismo, que, aliás, já vêm de longe; credíveis acusações de assédio sexual – todavia, a Tara Reade não se dá a atenção e a protecção que outras queixosas mais duvidosas (ou seja, contra republicanos) receberam. Entretanto, o Congresso agora dominado por democratas cada vez mais fanáticos aprova legislação que tenta transformar o país numa ditadura distópica que subverte a Constituição nos seus princípios fundamentais, consagra a supremacia do movimento LGBTQ e institucionaliza a fraude eleitoral permanente – a favor dos «burros», obviamente, tendo eles a certeza de que os tribunais, incluindo o «supremo», nada farão para a neutralizar
Como seria de esperar, e compreensivelmente, as dúvidas e as queixas acumulam-se. Não é só do GOP, contudo, que elas chegam – também de diversos «azuis», mais sensatos e/ou menos estúpidos, que pressentem os perigos da loucura que aumenta em seu redor. Por exemplo: aqueles que sugerem (exigem?) que o usurpador prescinda de alguns dos seus «poderes de guerra» e também da autoridade exclusiva para ordenar ataques nucleares; Michelle Grisham, governadora do Novo México, que se insurgiu contra as novas directivas sobre energia vindas de Washington; aqueles que alertam contra a excessiva tolerância com a entrada de imigrantes ilegais na fronteira com o México, nomeadamente o representante Henry Cuellar e o mayor Bruno Lozano; os que se indignam com o atraso nos apoios aos (muitos) cidadãos prejudicados pela pandemia, e com o valor reduzido daqueles, realçando que nesse âmbito a situação piorou em comparação com o que Donald Trump fez (!), como é o caso de Alexandria Ocasio-Cortez, Cenk Uygur, Ja’Mal Green e Shaun King; Naomi Wolf, ex-conselheira de Bill Clinton, que receia (justificadamente) que um estado policial seja instituído; ingénuos (ou imbecis?) votantes no PD que, proponentes da reabertura das escolas e do combate ao aborto, «descobrem», muito espantados, que a actual (e ilegítima) administração não vai de encontro aos seus interesses. 
Perante este panorama, em que o número de mentiras vai aumentando e em que as promessas (à partida não muito credíveis) são quebradas, não é de admirar que Biden já tenha batido o «recorde» do tempo (dos dias) que um «presidente» demora até fazer a sua primeira conferência de imprensa desde que tomou posse; aliás, uma confirmação conclusiva de que o ex-número dois de Barack Obama não está na posse plena das suas (à partida não muito altas) faculdades mentais e não inspira confiança à sua «equipa» está nas repetidas vezes em que os jornalistas são «enxotados» de eventos públicos com o xexé «chefe de Estado» para não lhe fazerem perguntas que correm o risco de lhe suscitar respostas bizarras… para as quais, todavia, ele está disponível «se for isso que é suposto» ele fazer.
(Adenda - Os exemplos da debilidade mental e até física de Joe Biden - para não falar do seu mau carácter - já são muitos, mas há sempre lugar para mais, em especial se forem particularmente graves: voltou a designar Kamala Harris de «presidente»; e caiu três vezes ao subir as escadas para embarcar no Força Aérea 1 para uma viagem a Atlanta. Entretanto, não comentou - ou seja, na prática recusou - um convite de Vladimir Putin para um debate com o líder russo depois de chamar a este de assassino; e os principais dirigentes do seu Departamento de Estado foram humilhados e insultados pelos homólogos chineses em território norte-americano durante um encontro solicitado pela Casa Branca, e isto depois de o mesmo DdE não ter recebido resposta às mensagens que enviou ao regime norte-coreano. Citando Peter Navarro, «eleições roubadas têm consequências»... péssimas e perigosas.)