Como já por
mais de uma vez disse e/ou dei a entender, não é só no Obamatório que eu exerço
uma vigilância mais ou menos constante e rigorosa – à medida da minha
capacidade e da minha disponibilidade – sobre o que se vai dizendo e escrevendo
no espaço público informativo português, com especial enfoque na blogosfera,
intervindo e comentando, sempre que me parece oportuno e relevante, para
corrigir, denunciar e/ou esclarecer erros, mentiras e preconceitos sobre a
política (e a cultura) norte-americana – e, claro, sempre sem anonimato. Eis
alguns casos recentes… e não precisam de agradecer.
Com os meus
«colegas de blogs sobre os EUA» os contactos são regulares, mas practicamente
todos num só sentido – raramente (ou nunca) são retribuídos. Muitas vezes são
feitos, precisamente, para corrigir erros «simples», sem malícia, como os de
João Luís Dias no Máquina Política (um, dois, três) e um de Alexandre Burmester no
Era uma Vez na América – escusado será dizer que espero que façam o mesmo se eu
me enganar (não, não sou infalível… ;-)) Quanto a Nuno Gouveia, nada de recente
da minha parte há a assinalar, mas não porque ele tenha desistido de (tentar)
ridicularizar Sarah Palin persistindo em criancices cada vez menos desculpáveis
– prefere fazê-lo no 31 da Armada, onde não permite comentários e, por isso,
não tem de me «ouvir»… Mas isto não é (muito) grave, ao contrário de, concretamente,
juntar, aos dislates demagógicos a favor de democratas, mentiras sobre factos,
utilizando-se ainda por cima o aberrante, abominável «aborto ortográfico».
Aliás, são dois os blogs a quem eu faço (por enquanto…) o «obséquio» de
mencionar em permanência no Obamatório que já capitularam perante os
perversores da língua portuguesa. Lamentável, ridículo e vergonhoso.
Porém, há
pior no que se refere a delírios e a disparates «tugas» a respeito dos EUA, e
isso, inevitavelmente, é encontrado com frequência nos tugúrios «generalistas» esquerdistas.
Não é de surpreender que: um comunista empedernido, mesmo que «enfeitado com
fruta», não tenha a mínima ideia do que se passa realmente nos EUA; que um
«gato» não consiga reconhecer um dos seus «donos ideológicos»; que alguém que
se assume como «o terrorista» equiparasse republicanos aos talibãs, e que se
revelasse como racista misógino; e que um grupo de pessoas que se assume como
de «Esquerda Republicana» mostrasse a sua reduzida capacidade (e a
desonestidade) intelectual, individual e colectiva, ao lançar acusações sem provas, ao (tentar) desvalorizar factos, a dar credibilidade a «estudos» fraudulentos, a acreditar que a Fox News «desinforma», a mostrar uma hipocrisia demente e mal-agradecida para com aqueles que os acolhem. No entanto, há que
reconhecer e assinalar que também à direita há ingenuidades avaliativas, insuficiências
informativas e desproporções opinativas sobre os EUA em geral e os
conservadores em particular que não devem igualmente ficar sem resposta.
Todavia, a
gravidade da de(sin)formação atinge níveis verdadeiramente preocupantes quando
é practicada por pessoas investidas de especiais responsabilidades, recursos e
«respeitabilidades». Como professores e jornalistas.
Para o seu artigo
«A ficção furiosa de Hunter S. Thompson», saído no Público em Dezembro de 2011, o jornalista Francisco Valente pediu a opinião de Teresa Botelho, professora e investigadora da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas Universidade Nova de Lisboa, cujas declarações – ou algumas em especial, pelo menos – me levaram a
contactá-la por correio electrónico e a escrever que «a senhora poderá ser, eventualmente, “especialista
em estudos americanos” mas não é, de certeza, especialista em (conhecedora da)
comunicação social norte-americana. E, claramente, não vê, não costuma ver - e,
provavelmente, nunca viu - a Fox News. Se visse, não a colocaria ao mesmo
(baixo) nível de um “jornalista” drogado e suicida. Então na FNC não
há “moderação do riso”? Aconselho-a a ver um programa chamado “Red Eye”.
E não duvide de que naquele canal se tem acesso à verdade - a de
numerosos factos (acções, decisões, afirmações), erros, lapsos, que são
omitidos, deturpados, e/ou, sim, desvirtuados em outros órgãos “inclinados
à esquerda”, como a ABC, a CBS, a NBC, a MSNBC, a CNN, o New York Times, o
Washington Post... Já ouviu falar dos casos “Fast and Furious” e “Solyndra”?
São escândalos que abalam actualmente a administração de Barack Obama, mas
dos quais poucas ou nenhumas referências encontrará, sem ser na FNC, naqueles
media...» Respondeu-me a Prof.ª Botelho tentando explicar, esclarecer, o que
havia dito, ao que eu ripostei que «pela
sua resposta, mais fico convencido de que a senhora não vê, e possivelmente
nunca viu, a Fox News. Se visse, nunca compararia... o que não é comparável, ou
seja, um canal que emite 24 horas por dia com um programa que dura meia hora. São
os admiradores de Jon Stewart que procuram no “The Daily Show” uma “confirmação
dos seus pontos de vista”, porque, apesar da presença ocasional, rara, de um ou
outro convidado não liberal (isto é, de esquerda), a tónica do programa é,
claramente, assumidamente, criticar, combater, ridicularizar os conservadores.
O próprio Stewart já admitiu que ele e a sua equipa passam horas todos os dias
a verem a Fox à procura de material para construirem as suas sátiras... mesmo
que se trate de pormenores insignificantes! E quando ocasionalmente fazem troça
de democratas e “progressistas” é invariavelmente para criticarem os seus
fracos desempenhos na defesa dos seus valores, não os valores propriamente
ditos. Stewart é um humorista, não um jornalista; se dá factos é sempre com a
sua interpretação, a sua “mundivisão”... Enquanto que na Fox, apesar de ter uma
posição assumidamente pró-republicana, conta com a participação constante de
democratas, entre trabalhadores permanentes, colaboradores e comentadores. E,
se mais não aparecem, é porque não querem...»
Faço notar, novamente, que Teresa Botelho respondeu às
minhas mensagens, e isto para diferenciar claramente o comportamento dela do de
Nuno Galopim, jornalista do Diário de Notícias, que não o fez. Em Maio deste
ano, no blog Sound + Vision que partilha com João Lopes (e onde não são
permitidos comentários), decidiu divulgar e comentar uma gaffe – esta, sim,
verdadeira (e «gravíssima»!) – d(a equipa da candidatura d)e Mitt Romney, que
«transformou», numa aplicação informática, «America» em «Amercia». Escrevi-lhe:
«é claro que eu sei que,
no vosso blog (que, no entanto, considero excelente e vejo todos os
dias), o Nuno e o João Lopes são claramente... tendenciosos, na
“política externa” e não só. Aliás, há mais de dois anos, em Fevereiro de 2010,
enviei para aí outra mensagem sobre um texto do João em que ele afirmava, mais
ou menos, o seguinte: que bastava assistir às paródias de Jon Stewart sobre a
Fox News para se perceber o que é e como funciona aquele canal de televisão.
Obviamente, apontei e desmontei a falácia de tal “argumento”, inadmissível num
jornalista, mas não só. E até hoje ainda “estou” à espera da resposta... Logicamente,
Mitt Romney e os colaboradores da sua equipa de campanha sabem como se escreve
“America”. Apesar de insólito, nada mais foi do que um erro que terá sido
prontamente corrigido. Apesar da experiência e dos meios de que dispõem, não
estão livres de, uma vez por outra, meterem uma “argolada” e das grandes (como
esta). Eles não são perfeitos, e não alegam sê-lo. Mas o que eu gostaria
de saber é porque é que o Nuno até hoje não referiu e não “reflectiu”
sobre os muitos erros de Barack Obama & Cia. em termos de Geografia (é
claro que há muitos outros relativos a diferentes “áreas do saber”), e muito
mais graves do que escrever «Amercia». É por não os conhecer ou por,
conhecendo-os, optar por não os divulgar nem comentar? Dou só alguns
exemplos... o presidente já disse: que havia visitado “57 Estados” dos EUA; que
o Havai é na Ásia; que existe a “língua austríaca”; que a Europa é um país; que
estava contente por estar no Texas... quando, na verdade, estava no Kansas.
Além de ter escrito, ou pelo menos permitido, que, durante quase 20 anos
estivesse numa sua biografia oficial (fornecida pela sua agente literária) que
ele havia “nascido no Quénia”. Deixo-lhe
um “desafio”: o de descobrir porque é que estes “insignificantes” lapsos nunca
se tornaram “anedotas virais que correram o mundo digital nas mais variadas
formas e variações”.»